Abre-te sésamo

Salada Árabe e Molho de Tahina

Hoje eu quero dividir com vocês uma das maiores descobertas culinárias que fiz desde que me mudei pra Palestina: tahina. Tahina, ou tahini, é uma pasta de gergelim (as sementes são moídas até liberarem o óleo e se transformar em pasta) usada em vários pratos por aqui e nos países vizinhos. Ela entra na composição do famoso humus e de outras delícias pra espalhar no pão. Também é a base de um molho super cremoso usado em saladas cruas mas que também gosto de usar em saladas cozidas, no lugar da maionese. Os palestinos e israelenses gostam tanto desse molho que eles comem puro, com pão.

O gergelim, chamado de “sésamo” em Portugal, é uma excelente fonte de cálcio (100g de tahina contém 420mg de cálcio, enquanto que a mesma quantidade de leite de vaca contém 125mg de cálcio), fósforo, zinco, fibras, proteínas, vitamina B1 e antioxidantes (vitamina E, entre outros). Como se não bastasse, essa sementinha também contém fitoesterois e ácidos graxos insaturados, que reduzem o nível de colesterol no sangue. Parece que os nutrientes do gergelim são mais facilmente absorvidos pelo organismo quando ele é consumido triturado. Uma razão a mais pra introduzir a tahina na sua alimentação. E além de ser um super alimento, tahina é uma delícia.

Assim que me tornei vegana, corri pra uma loja de produtos naturais perto de casa (na época eu morava em Paris) e comprei um potinho de tahina. Todo mundo falava tão bem daquele negócio que eu tinha que experimentar. Cheguei em casa, espalhei uma camada generosa da pasta em uma fatia de pão e nhac. Que decepção! O troço era intragável. Meses depois me mudei pra Palestina. Logo no meu primeiro jantar aqui vi saladas coloridas cobertas com um molho cremoso de dar água na boca. Pensei “deve ser maionese” e fui encher meu prato em outro lugar. Ao descobrir que aquilo era “vegan” voltei depressa e provei tudo. Perguntei a uma das minhas amigas palestinas o que era aquele molho delicioso (e vegano!) e quase caí pra trás quando ela me disse que era tahina. Aprendi então que tahina não se come diretamente do pote mas sim em forma de molho ou misturada com outros ingredientes. Desde então tenho vivido um caso de amor com ela (a tahina, não a amiga palestina).

Aqui vai a receita do molho que provei naquele dia e que aparece na minha mesa quase diariamente. Ele é muito simples e perfeito pros noviços em matéria de tahina. Pros que não sabem aonde comprar tahina, procure em lojas de produtos naturais ou na seção de produtos naturais/diets/orgânicos dos grandes supermercados.

Molho de Tahina

Como eu expliquei acima, esse molho pode ser usado com saladas cruas ou cozidas e também pra passar no pão. Pra fazer um molho ultra cremoso é importante juntar os líquidos aos pouquinhos, sempre batendo bem com uma colher.

3 cs (rasas) de tahina

2 cs de suco de limão

2 cs de água

¼ cc de sal

pimenta do reino a gosto

Coloque a tahina e 1 cs de suco de limão em uma xícara ou outro recipiente pequeno. Bata vigorosamente com uma colherinha. A tahina vai ficar ainda mais espessa (é normal). Acrescente a outra colher de suco de limão e bata até ficar homogêneo. Até aqui o molho vai ficar grosso e com uma aparência estranha. Não se desespere! Junte a água (1 cs por vez) e misture bem. O molho deve ficar com a consistência de maionese. Dependendo da tahina usada (algumas são mais espessas, outras mais líquidas) será necessário acrescentar um pouco mais de água pra atingir a consistência desejada. Tempere com sal e pimenta do reino. Rende o suficiente pra temperar uma salada crua pra 4 (como acompanhamento).

Dica: se tahina é a sua praia e você começar a usar esse molho em tudo, o que eu aconselho fortemente, multiplique a quantidade dos ingredientes por 4, coloque tudo no liquidificador e bata até ficar cremoso. Depois é só guardar o molho em um vidro com tampa na geladeira e usar quando precisar. Se conserva até uma semana na geladeira.

Salada Árabe

Todos os restaurantes daqui têm o que eles chamam de “salada árabe” no cardápio: vegetais crus com muito, muito molho de tahina. Me inspirei dessa receita pra criar a minha versão da salada árabe.

2 pepinos pequenos

2 tomates

1 pimentão vermelho (ou verde)

1 ½ x de repolho roxo (ou branco) picado bem fino

1 punhado de salsinha ou coentro picado (a salsinha é tradicional mas eu acho que com coentro fica ainda mais gostoso)

2 receitas de molho de tahina (multiplique a receita acima por 2 pra obter a quantidade de molho necessária)

sal e pimenta do reino a gosto

Corte os pepinos, tomates e pimentão em pedacinhos bem pequenos. Em uma saladeira, junte todos os legumes, a salsinha ou coentro e tempere com sal e pimenta . Despeje o molho de tahina por cima, mexa bem e sirva. Serve 4-6 pessoas. Essa salada é deliciosa com bastante molho, mas se acharem que o gosto da tahina é forte demais, diminuam a quantidade de molho pela metade. No dia da foto eu estava sem salsinha (mais uma vez) então minha salada está incompleta. Sem falar que demorei tanto pra fazer a foto que o molho foi todo pro fundo do prato. Tenho certeza que a salada de vocês ficará bem mais apetitosa.

21 comentários em “Abre-te sésamo

  1. que MARAVILHA que encontro neste momento em que estudo o TAHINE, riqueza provinda do gergelim.
    Encontro entre culturas do oriente com o Brasilzão GOIANO onde gergelim dá muito, assim como outras riquezas de frutas que guardam os óleos. Lugar onde muitos ainda passam fome….
    carinho aos promoters….
    ahô
    namastchê

  2. Mas que maravilha! Sou uma apaixonada pela culinária dessa região apesar de nunca ter estado nem próximo daí (porém um grande desejo é conhecer a Palestina).
    Utilizo o tahine em minhas receitas e faço um molho misturando-o ao iogurte e limão para também acompanhar salada ou substituir a maionese onde esta pode ser substituível – provavelmente em tudo!.
    Nosso Brasil tem o gergelim em abundância e não entendo o porquê de termos que importar o tahine do oriente, o que restringe muito o seu acesso.
    Seu molho será apreciado muito em breve assim como a salada árabe.
    Muita Paz e obrigada por disseminar boas coisas.

    Flor *)

      1. É verdade, o gergelim é plantado especialmente na região Nordeste, não sei se é engano meu mas é bastante difundido no Piauí. Lá se prepara muitos alimentos tendo como base o gergelim, que por sinal ja comi um doce de gergelim vindo daquelas bandas… uma loucura!

  3. Bom, se eu já gosto de Tahine tirado do pote, direto no pão e com melado por cima, imagina esse molho que parece delícia… Aiai, vou me jogar!!!

    1. A primeira coisa q pensei foi processar as sementes puras à exaustão, que é como se faz pasta de oleaginosas em geral. Elas próprias liberam óleo e aos poucos o q era sólido fica pastoso. Mas achei a receita abaixo no Google, falando pra por água e óleo de gergelim tb… Não testei, mas de qquer jeito acho q só rolaria no processador mesmo, no lique não, pela potência…

  4. Por causa da beterraba, acabei me deparando com seus escritos e suas receitas, nessa ordem mesmo, pois adoro histórias e receitas. E aí, li sobre suas decepções com tahini e tofu, muito parecidas com as minhas. Como eu tinha um vidro de tahini abandonado na geladeira, resolvi dar-lhe uma chance. E não é que eu gostei, menina?! Deu um charme à minha saladinha básica de alface, tomate cereja e cebola ( que eu adoro!). Hoje até me animei a dar a chance ao tofu, mas havia acabado na lojinha perto de casa. Mas, não passa da semana que vem. E aí, passo por aqui pra contar.
    Obrigadim!
    Bj

  5. Acabei de ler o artigo sobre a tahina e amei. Eu uso a pasta de gergelim pura, pois não conhecia essas receitas. A partir de agora vou revolucionar minhas receitas com tahina. Obrigada, pois, me ajudou muito.
    Até a príma.

  6. Hmmm que delícia! Aprovado na salada de batata, cenoura e cheiro-verde como substituto da maionese (e bem mais gostoso!). A princípio, quando provei o molho preparado puro achei um pouco amargo e duvidei do efeito que ele teria na salada, mas ele acabou me surpreendendo: deu vontade de mergulhar, de boca aberta, numa piscina dessa salada com esse molho de tahini. Só de lembrar, quero mais…!

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