Minha amiga Lílian, que acompanha o blog, me pediu pra postar receitas de patês e pastinhas pra comer como aperitivo. Lílian é casada com Cédric, meu melhor amigo francês, e eles moram em Marselha, a segunda maior cidade da França.
Nesse país, que foi meu lar por seis anos, “aperitivo” não define somente um tipo de comida, mas também um tipo de evento muito apreciado pelos franceses. Lá você pode convidar alguém pra jantar ou pode convidá-lo pro aperitivo, que eles chamam carinhosamente de “apéro” (leia “aperrô”). Isso significa que seu anfitrião vai te receber no início da noite, te oferecer vinho (ou outra bebida alcóolica), suco e algumas coisinhas pra beliscar enquanto vocês colocam a conversa em dia. O apéro pode, ou não, ser seguido de um jantar na casa do anfitrião ou em um restaurante. Aliás, você também pode ser convidado pra um “aperitivo-jantar” (“apéro dinatoire”), onde o tempo do evento é mais longo e a oferta de petiscos mais farta. Você deve estar pensando: “Qual a graça de jantar torradinhas”? A vantagem do aperitivo pra quem é convidado é que, enquanto às vezes andamos ocupados demais pra jantar com os amigos, é sempre mais fácil se liberar uma horinha pra tomar um aperitivo com eles. Também tem vantagens do lado de quem convida: preparar um jantar exige tempo e trabalho, um aperitivo é bem mais simples de organizar. É uma maneira informal, prática e relaxada de aproveitar a companhia de pessoas queridas.
No verão os aperitivos se tornam ainda mais frequentes. Com o calor, todos querem passar mais tempo ao ar livre, aproveitando o sol e os amigos, além de evitar horas intermináveis na cozinha e comidas pesadas. Por isso Lílian me escreveu pendindo receitas e idéias do que servir nessas ocasiões. A bichinha disse que sempre serve a mesma coisa e que ninguém mais aguenta! Fiquei muito feliz com o pedido. Primeiro porque adoro ajudar os amigos e segundo porque nos últimos anos acumulei uma lista considerável de receitas perfeitas pra serem servidas como aperitivo.
Depois que tirei o queijo da minha alimentação ficou um vazio tão grande, minhas fatias de pão ficaram tão solitárias… Pra mim esse foi o grande desafio do veganismo: depois de ter banido o presunto, o ovo e o queijo, o que colocar dentro do pão? Foi pra preencher o espaço vazio entre as duas fatias de pão que comecei a desenvolver receitas de patês e queijos vegetais. Pra ajudar minha amiga Lílian, que não sabe o que servir aos amigos franceses na hora do apéro, e ajudar os veganos que estão olhando pro seu pão com desespero, se perguntado o que colocar lá dentro, hoje dou início a série de receitas de patês, pastas, queijos vegetais e afins.
Vou começar com uma das minhas últimas invenções em matéria de patê vegetal. Não é a minha receita mais prática, pois requer alguns ingredientes que não aparecem sempre nas nossas dispensas, mas com certeza é uma das mais deliciosas, além de ser muito fácil de fazer. Vai dar um trabalhinho achar as amêndoas e as sementes de girassol (na minha terra é difícil e caro, talvez no resto do Brasil seja mais fácil encontrar esses ingredientes) mas o resultado final vale a pena. Gosto de degustar esse patê com fatias de pão integral com cereais (o da foto eu mesma fiz) ou, minha maneira preferida, dentro de uma folha de couve (ver foto). Pode parecer estranho mas fica ótimo: é só rechear e enrolar folhas de couve e servir como se fosse um rolinho primavera*.
Patê de tomate seco com amêndoa e semente de girassol
Se você tiver um multiprocessador, aqueles com a lâmida em “s”, fazer o patê será mais fácil. Porém, eu faço o meu no liquidificador e também dá certo. Deixar as amêndoas de molho por 6 horas facilita o processo de trituração e é fortemente aconselhável se seu liquidificador for meio fraquinho.
½ x de amêndoas
½ x de semente de girassol (descascada!)
½ x de tomate seco picado grosseiramente (pique primeiro, meça depois)
1 dente de alho pequeno
1cs de cebola em pó (pode ser substituído por 1cs de cebolinha- só a parte branca- picada)
1cs de azeite (se seu tomate seco for conservado no óleo use 1cs desse óleo)
1cc de levedo de cerveja (opcional)
3cs de suco de limão
1cc de manjerona ou orégano desidratado
½ cc de alecrim desidratado
1x de água
uma pitada de pimenta do reino
sal a gosto (eu uso 1cc rasa de sal marinho mas como ele salga menos que sal refinado, comece com a metade dessa quantidade e vá aumentando se achar necessário.)
Primeiro passe as amêndoas no liquidificador ou processador até ficarem bem trituradas. Junte os outros ingredientes e bata até atingir uma consistência homogênea. Talvez você precise desligar o motor e mexer o patê com uma colher algumas vezes durante o processo. Prove e, se achar necessário, junte um pouco mais de sal, pimenta e/ou suco de limão. Se conserva de 4 à 5 dias na geladeira, em um recipiente bem fechado. Rende cerca de 2 xícaras.
* Pra fazer o rolinho primavera que sugeri, corte as folhas de couve ao meio, no sentido do comprimento, retirando o talo. Coloque um pouco de patê perto de uma das pontas e enrole, sempre no sentido do comprimento, como se fosse um rocambole. Se quiser que fique mais arrumadinho depois de pronto corte uma das pontas em diagonal (só o suficiente pra descartar a parte da couve vazia e expor o recheio).
Branquinha, obrigada pela receita! Isso ta com uma cara boa demais! To de viagem mas assim q voltar pra casa faco e te digo ta? Bjs
Fiz hoje esse patê e adorei! O gostinho do limão ao fundo deixa tudo mais especial… (talvez porque eu ame limão? =D)
Sandra, tem como criar uma opção para imprimir tuas receitas? Nem sempre tenho acesso à internet qdo estou na cozinha e tê-las impressas na gaveta ajuda bastante. 🙂
Olá, eu fiz hoje essa receita. Comprei a semente de girassol só pra isso e ficou terrível, cheio de casquinha! Tinha que ser semente de girassol descascada? Seria legal avisar né. O gosto ficou bom, mas o negócio é pura fibra! É papa capim mesmo! Rsrsrsrs….
Talita, sinto muito que não tenha ficado bom. Eu achei que era óbvio pra todo mundo que a semente de girassol na receita era sem casca, afinal tirando os passarinhos, ninguém consume essa semente com casca. Mas vou deixar isso claro na receita pra que não aconteça a mesma coisa com outras pessoas.
Pois é… Depois da primeira vez, agora ficou bem óbvio mesmo… Nunca tinha feito nada com semente de girassol então achei que aquela parte listradinha fosse a própria semente. E nem na embalagem da semente falava nada… Enfim, é assim que se aprende. Seria bom dizer nos ingredientes que é semente de girassol descascada para os principiantes. Mas você compra já sem a casca ou descasca uma por uma? No meu mercado esse era o único tipo.