O que um vegano come, parte 3

Bagel com guacamole e legumes grelhados

Continuando a saga, aqui vai a última parte do post de ontem. Pros que chegaram agora uma explicação rápida: decidi mostrar o que comi nos últimos dias pra mostrar que o regime vegano pode, e deve, ser saboroso e variado (não, eu não como grama, embora já tenha pensado seriamente no assunto). O objetivo é inspirar veganos que procuram idéias de refeições equilibradas e 100% vegetais e provar aos onívoros que ninguém precisa abrir mão do prazer de comer pra ter uma alimentação totalmente livre de produtos de origem animal.

Maki com creme de amêndoas, wakame (alga marinha) e legumes crus e arroz tailandês. Eu adoro comida japonesa e pensei que não teria mais o prazer de comer makis depois de ter me tornado vegana. Ledo engano! Hoje preparo vários tipos de makis, inclusive esse que é totalmente cru, e eles são ainda mais gostosos do que os que comia antes. Informação nutricional: as algas (wakame e nori, a folha usada pra enrolar os makis) são ricas em minerais e proteínas, as amêndoas acrescentam gorduras boas e mais proteínas e minerais à refeição, as verduras (repolho roxo, pimentão vermelho e pepino) garantem as vitaminas e fibras e o arroz contribui com os carboidratos.

Peço perdão pela foto. Aliás, por todas as fotos desse post e do de ontem. Eu fotografei esses pratos em péssimas condições de luz (a noite, dentro de casa, com luz artificial). Pra completar, as fotos foram feitas durante as refeições, quando eu estava faminta e só conseguia pensar em devorar o prato. Quem consegue pensar em detalhes técnicos nesses momentos? Esse jantar é um dos pratos preferidos de Anne: fetutine à la carbonara. Essa massa sublime é composta de cebolas refogadas, vinho branco, molho de queijo vegano e “bacon” de tofu. Ao lado uma salada de espinafre massageado e tomate, porque macarrão sem verdura pra mim não é comida. Embora essa seja a refeição menos equilibrada da semana, não é de todo mal. Além do carboidrato do macarrão tem uma proteína completa (o tofu), ferro, gorduras boas e mais proteínas graças à castanha de caju (o molho de queijo é feito com castanha),o  tomate e o espinafre contribuiem com fibras, vitaminas e uma dose extra de ferro.

Guacamole, tomate, alfafa, tofu grelhado e pão integral. Já expliquei que adoro abacate. Já expliquei também porque todo mundo deveria comer mais abacate (veja o post de ontem). Também adoro alfafa e sempre tem um pratinho de alfafa germinando na minha cozinha. Tofu é o derivado da soja que eu e Anne preferimos mas não comemos com muita frequência pois não ele não é vendido na Palestina e comer tofu significa fazer uma viagem ao país do lado. Quando compro tofu em Jerusalém, compro vários blocos e congelo. Por coincidencia eu tinha tofu na geladeira semana passada, por isso ele apareceu tantas vezes no nosso prato nos últimos dias. Mas às vezes passamos meses sem colocar nem um pedacinho de tofu na boca. A partir de agora vamos resumir a informação nutricional. Proteína: tofu. Carboidrato: pão integral. Gorduras boas: abacate. Vitaminas, mineirais, fibras: abacate, alfafa e tomate.

Brunch vegano: tofu mexido, espinafre com molho cremoso de queijo (vegano, claro), salada, pão integral e capuccino (com leite de soja, feito por mim). No fim de semana gostamos de acordar tarde e trocar o café da manhã e almoço por um brunch. Proteína: tofu. Carboidrato: pão integral. Gordura boa e minerais: castanha de caju (a base do molho de queijo). Vitaminas, minerais, fibras: espinafre, tomate, alface, pepino e limão (presente no molho da salada). Uma dica: espinafre e castanha de caju são ricos em ferro e como a vitamina C potencializa a assimilação do mineral pelo organismo, sempre combine uma fonte de ferro com uma de vitamina C na mesma refeição. Já o café tem o efeito inverso, mas vamos fingir que isso não é importante (era sábado e não tinha ninguém olhando!).

Esses são, na minha opinião, os melhores sanduíches de Jerusalém. Tem vários restaurantes de bagel (esses pães redondos com um furo no meio, que fazem parte da culinária judia) na cidade. Você escolhe o tipo de pão e os recheios, criando um sanduíche único. Anne escolheu (à esquerda): bagel com semente de papoula, molho de tahina, beringela, pimentão vermelho e abobrinha grelhados, cebola, cogumelo, tomate e alfafa. Meu sanduíche: (à direita e na primeira foto dessa página) bagel integral, guacamole (já disse que meu objetivo é ficar da cor do incrível Hulk e estou me esforçando bastante!), os mesmos legumes grelhados, tomate e alfafa. Além de deliciosos, nossos sanduíches eram muito saudáveis: cheio de legumes, gorduras boas e proteínas (abacate no meu, tahina no de Anne) e até grãos germinados (alfafa). É tão maravilhoso ir em uma lanchonete com várias opções de sanduíches veganos, cada um mais saboroso que o outro. Quando teremos o mesmo privilégio no Brasil?

E pra terminar um lanche. Tem uma livraria/café em Jerusalém, no coração da parte palestina da cidade, que vende capuccinos com leite de soja. Em frente tem uma padaria com vários folhados veganos. Esses eram de batata e cogumelo. Um dos nossos programas preferidos é passar na padaria, comprar alguns folhados, pedir um capuccino na livraria e degustar nosso lanche lendo revistas e jornais franceses (é uma livraria internacional).

Quantas vezes não me senti frustrada ao constatar que nos cafés em Natal tudo que eu posso pedir é um expresso, porque o menu inteirinho (bebidas e comidas) tem ingredientes de origem animal? Parece impossível oferecer comida vegana em cafés, lanchonetes e restaurantes, mas não é verdade. A prova é que aqui onde moro tem opções veganas por todos os lados e eles nem sequer sabem o que significa a palavra “vegano”. Acontece que a culinária árabe e judia tem muitas opções vegetais, contrariamente à nossa. É possível, sim, preparar todo tipo de comida de maneira vegana, como acabei de mostrar. O problema, na maioria das vezes, é falta de vontade. Torço pra que isso mude e enquanto espero esse dia chegar, vou contribuindo como posso, torcendo pra que minhas receitas inspirem outras pessoas.

*Todos os pratos que mostrei na série “O que come um vegano” foram feitos por mim, com excessão do sanduiche e do lanche na livraria. Algumas das receitas aparecerão por aqui em um futuro não muito distante.

8 comentários em “O que um vegano come, parte 3

  1. Vontade de provar todas essas comidas! Infelizmente, tenho que sair de casa para me tornar vegana. Ou ao menos aprender a cozinhar, porque aqui em casa só fazem salada na hora do almoço porque eu imploro.

    Adorei o blog, voltarei mais vezes.

  2. Que vontade… Sandrinha, teho uma ideia… vem morar no Brasil um tempo, vamos montar uma franquia irada de restaurantes/cafés veganos, disseminar sua fiosofia e ficar ricas. Depois vc pode voltar para a Palestina.
    Que me dices?

  3. Li muito na internet sobre, mas queria saber mais – de você – sobre os germinados. Os tipos mais nutritivos e gostosos, como incorporar às receitas do dia-a-dia… Sobre pães germinados… Enfim. Aguardo ansiosa, mas ciente de sua correria.

      1. Ebaaaaa!!!!!!
        Do fundo do meu coração: como sou grata por ter conhecido vc e seu blog incrível. Antes do papacapim era uma contumaz comedora de PTS confesso que dava até uma certa depressão pensar que minha vida pós carne seria resumida à soja.
        Descobrir seu blog descortinou um mundo de possibilidades e para mim, é disparado o melhor blog de receitas veganas do Brasil( olha que conheço muitos).Tenho falado do sue blog para todo mundo que encontro.
        Quanto ao tofu defumado , talvez as pessoas que morem em cidades mais pequenas tenham certa dificuldade, mas eu nunca tive, nem quando morei no interior de São Paulo.
        Aqui no Rio você encontra em qualquer mundo verde ou loja de produtos naturais similares. Até no supermercado Zona Sul já achei.Tem uma rede grande espalhada em vários lugares do Brasil chamada ” Hortifruti” que também costuma ter.

        abraços
        Susana

Deixe uma resposta