Patê globalizado

Muhammara (patê de pimentão vermelho grelhado e nozes)

 Cumprir minhas promessas parece missão impossível nesse fim de ano. A receita de hoje, que eu deveria ter publicado ontem, é minha última descoberta em matéria de patê vegetal. Eu estou sempre procurando/criando novas receitas de patês por vários motivos. Primeiro porque é minha maneira preferida de usar oleaginosas (se você perdeu meu último post sobre essas maravilhas da natureza clique aqui) e a garantia de me fazer comer castanhas, amêndoas e nozes diariamente. Segundo porque é uma das preparções culinárias mais práticas e versáteis que conheço. Fica ótimo dentro de um sanduíche, serve de recheio pra maki vegetal e rolinhos primavera crus, pode se transformar em molho pra macarrão e funciona até como mistura* na hora do almoço, ao lado de algum cereal e salada.

Fazia tempo que queria provar um patê sírio, que acabou sendo adotado por libaneses e turcos, à base de nozes e pimentão grelhado. Eu adoro pimentão grelhado e ainda não tinha nenhuma receita de patê com nozes então essa receita tinha tudo pra me agradar. Achei várias versões do “muhammara” na internet e acabei misturando algumas, ajustando as proporções de acordo com meus gostos e criando minha própria versão. O resultado não me decepcionou e encantou a outra moradora dessa casa e uma amiga australiana que nos visitou ontem. Se um patê sírio/libanês/turco agradou uma brasileira, uma francesa e uma australiana significa que, além de globalizado, ele é muito bom!

*No nordeste o pessoal chama de “mistura” a proteína principal (de origem animal) nas refeições.

Muhammara (minha versão)

A receita original usa melado de romã, um ingrediente muito apreciado na culinária árabe. Ele tem um sabor ácido e adocicado que dá um toque especial às receitas orientais. Se você não achar melado de romã pode fazer a receita sem, seu “muhammara” ficará ótimo mesmo assim. Outro ingrediente opcional é o molho de pimenta. Mesmo se você não gostar de comida picante, eu aconselho colocar umas gotinhas no seu patê. A doçura do pimentão vermelho abafa o ardido da pimenta, que acaba só realçando o sabor.

2 pimentões vermelhos

1 dente de alho pequeno picado

½ x de nozes

2 fatias de pão de forma integral

½ cc de cominho em pó

1cs de suco de limão

1cs de azeite

1cc de melado de romã (opcional)

algumas gotinhas de molho de pimenta (opcional)

sal a gosto

Aqueça o forno em temperatura alta. Lave o pimentão, coloque-o no forno diretamente sobre a grelha,e deixe assar até a casca ficar chamuscada em vários lugares. Enquanto o pimentão assa, coloque as fatias de pão no forno durante alguns minutos. Assim que o pão secar e ficar crocante retire do forno (cuidado pra não deixar queimar) e reserve. Continue assando o pimentão até uma boa parte da casca ficar preta. (veja foto no final deste post) Retire o pimentão do forno e coloque-o imediatamente em um recipiente plástico com tampa, tampe bem e deixe descansar 10 minutos. Isso vai fazer o pimentão “suar” e a casca vai se desprender naturalmente. Depois do “repouso”, corte o pimentão ao meio, no sentido do comprimento, retire as sementes e o cabinho depois corte cada metade ao meio novamente, sempre no sentido do comprimento. Com os dedos, puxe a pele do pimentão, que se desprenderá facilmente. Coloque os pimentões grelhados no copo do liquidificador e esmigalhe o pão assado por cima. Junte todos os outros ingredientes e triture até o patê ficar homogêneo. Talvez você precise desligar o motor algumas vezes e mexer a mistura com uma colher pra facilitar o trabalho do liquidificador. Prove e corrija o sal, se necessário. Sirva com pão ou rodelas de pepino. Rende cerca de 1x de patê. O patê pode ser conservado alguns dias na geladeira, guardado em um recipiente com tampa.

6 comentários em “Patê globalizado

  1. Tudo tão virtualmente delicioso… Quase sinto os sabores e aromas… Hummm que delícia. Mas o mais interessante, acima de tudo, é a forma como descreve cada receita; e a dedicação que põem em cada frase deixam-nos entrevê-la na cozinha, concentrada, atarefada e gozando cada um dos afazeres. Obrigada.

  2. Oi Sandra, uma perguntinha de principiante na cozinha, rs.

    Não sou muito fã de nozes e eles são meio carinhos na minha região, posso trocá-los por castanha de caju ou é melhor castanho do pará?

    Abração!

    1. Poty, nessa receita eu recomendo castanhas do Pará, pois elas têm um sabor mais forte, que é importante aqui. Castanha de caju tem um sabor neutro, mas a vantagem é que elas deixam as receitas extremamente cremosas. Você pode até usar metade castanha do Pará e metade castanha de Caju aqui (mas não 100% castanhas).

      Fico muito feliz por você estar lendo o meu blog 🙂 E boa sorte na cozinha.

      Cheiro

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