Cheguei ontem em casa, depois de 15 dias de aventuras no velho mundo. Quando digo “aventuras” não é no sentido figurado. O que deveria ser um viagem tranquila (alguns dias com meus amigos de Londres, natal e ano novo com a família de Anne no interior da França) se transformou em uma verdadeira odisséia. Tudo culpa da neve, ou da estranha falta de preparo dos europeus diante da neve. Fiz conexão em Zurich e meu vôo pra Londres, como todos os outros vôos daquele dia, foi cancelado. Considerando o fato que a Swiss pagou um hotel 4 estrelas pra eu passar a noite, com todas as refeições incluídas, as 24 horas de espera poderiam ter sido muito mais desagradáveis. Mas eu estava me lixando pros sete tipos de travesseiros (Plumas de ganso? Algodão orgânico? Pêlo de coelho prateado do Himalaia?) do quarto onde dormi. Eu só queria uma coisa: chegar o mais rápido possível na terra da rainha Bete, onde minha grande amiga Cida me esperava. Acabei chegando mas minha mala ficou em algum lugar entre as duas cidades e ainda não foi localizada. Mas vão-se as as botas e ficam-se os pés! Eu tinha planejado comer no meu restaurante vegano preferido, testar novos endereços veganos e passar várias horas na cozinha preparando minhas últimas invenções pra Cida, que também é vegana, e aproveitando a companhia dela e de Welder, um recifense que mora no meu coração e não paga aluguel (e que mora com Cida e paga aluguel). Mas como cheguei só com a roupa do corpo fui obrigada a passar três dias vasculhando as lojas de caridades da cidade (uma mina de ouro pra quem quer comprar roupa de segunda mão, baratíssima e de qualidade) pra recompor meu guarda roupa hibernal e acabei passando muito menos tempo curtindo a cidade e os amigos.
O tempo também não ajudou, como mostra a foto feita da janela de Cida. Entre uma loja de caridade e outra, achamos tempo pra comer no restaurante Saf do supermercado orgânico Whole Foods. Fazia muito tempo que queria comer nesse restaurante vegano (e parcialmante crudívoro) e qual não foi minha surpresa ao descobrir que eles tinham aberto uma filial dentro do supermercado. Provei um prato delicioso, que pretendo tentar reproduzir em casa em breve, e cinco tipos de queijos crus de castanha. Eu comecei a fazer queijos fermentados de castanha de caju e do Pará há algum tempo e morria de vontade de experimentar os famosos queijos do Saf. Os queijos não me decepcionaram, mas o que me deixou realmente feliz foi descobrir que minha versão caseira não está muito longe da versão deles.
No dia seguinte tomamos um café de manhã delicioso com o resto dos queijos do Saf, tofu mexido, baguels e torradas.
O supermercado Whole Foods de Kensington é uma verdadeira disneylândia vegana! Além dos mais variados ingredientes orgânicos (e de origem vegetal), eles oferecem sopas, pratos prontos e uma seleção de sobremesas de dar água na boca. Eu nunca tinha visto uma vitrine inteira com doces veganos e tive que conter minha vontade de abraçar e beijar o vendedor em sinal de agradecimento. Cida e eu provamos o tiramisu, cheesecake de baunilha e frutas vermelhas e torta de chocolate (os dois últimos eram crudívoros). A palma de ouro foi pro tiramisu, que embora nem um pouco tradicional (era um bolo, não a clássica sobremesa italiana) era uma delícia.
Embora a Inglaterra tenha a reputação de ser tudo menos um país gastronômico, Londres é pra mim um paraíso pros veganos. Mesmo não tendo tido tempo de aproveitar mais esse lado da cidade (só pelas vitrines, como na foto acima), eu queria escrever sobre alguns dos restaurantes veganos de lá. Talvez você esteja planejando uma visita à rainha e nesse caso minhas dicas serão úteis. O meu restaurante preferido é o 222 Vegie. Só comi duas vezes lá mas os pratos eram tão deliciosos que sempre fico com água na boca quando penso neles. Outro restaurante vegano famoso na cidade é o Rootmaster. A comida está longe de ser tão saborosa quanto a do 222, mas o que chama a atenção nesse lugar é… o lugar! O restaurante funciona em um antigo rootmaster, aqueles ônibus vermelhos de dois andares que ainda circulam em Londres.
Levei minha irmã Lu no Rootmaster dois anos atrás. Na época ela ainda morava nos EUA e eu já morava na Palestina, então decidimos nos encontrar no meio e passamos duas semanas em Londres. Ela também achou o menu meio fraco, mas Cida comeu outras vezes lá e gostou.
Se você passar por Camden Town, um bairro colorido e animado, não deixe de entrar no InSpiral. Esse café vegano oferece uma grande variedade de pratos e sobremesas suculentas (algumas crudívoras), além de ter um ambiente super agradável e vista pra um canal charmosinho.
Última dica: visite Londres durante o verão, quando o céu é menos cinza (às vezes até azul, como mostra essa foto e a anterior) e é possível fazer piqueniques nos inúmeros parques da cidade, ou à beira do Tâmisa.
Próximo post: natal e ano novo na França profunda.
Quero Londres com Cidinha e Sandrinha!
Caramba, preciso ir passar uma temporada em Londres pra provar todas essas tortas veganas! 🙂 fiquei com água na boca! hmmm
Oi Colega, soh pra adicionar informacao sobre lugares legais onde podemos encontrar comida vegana, alem do Rootmaster em Brick Lane, tem outro no Soho. Neste mesmo bairro tem um outro bom restaurante chamado VitaOrganics, apesar das sobremesas que voce faz deixarem as deles no chinelo. E por ultimo, outra dica eh o lesbian gastro pub em Tottenham Court Road chamado Firt Out.
E foi otimo ter voce aqui.
Mona, voce jah estah mais que convidada pra eu te apresentar Londres!!!
Valeu pelas dicas, Cida. Quando eu passar de novo por Londres você me leva la?