Por uma alimentação mais vegetal

No começo da semana eu ajudei Anne a guiar um casal de amigos do pai dela, mais dois casais amigos dos amigos, que estavam de passagem por Jerusalém. Os seis velhinhos eram extremamente amáveis e eu, que não tenho mais nenhum dos meus avós, aproveitei pra trocar carinhos com a terceira idade durante um dia inteiro. Quando sentamos pra almoçar e eles descobriram que éramos veganas começou a chuva de exclamações que meus ouvidos estão cansados de ouvir: “Nem peixe?!”, “Nem ovo?!!”, “Então vocês não comem nada!”, “Vocês só comem salada?!”, etc. Todos pediram espetinhos de carne de gado, ovelha e frango (os três ao mesmo tempo), que vem acompanhado de batata frita. Eu queria que eles provassem algo mais típico então pedi vários “mezze”, as deliciosas entradas árabes. Os velhinhos se encantaram com os pratinhos de hummus, mut’abal, tabule, beringela frita, salada turca e afins, tanto que quase não sobrou espaço no estômago deles pro imenso prato de carnes que eles tinham pedido. Enquanto se deliciavam com os quitutes vegetais (naturalmente veganos), um deles declarou: “Se você preparar pratos como esses eu não me incomodo de comer comida vegetariana” e o resto da mesa concordou. Moral da história: uma boa parte do preconceito com relação à comida vegetariana vem do fato das pessoas não saberem preparar vegetais.

Eu ficaria extremamente deprimida se tivesse que comer só salada e legumes cozidos no vapor, os únicos pratos veganos que os onívoros sabem preparar (estou me referindo aos “cozinheiros do dia a dia”, não aos profissionais da gastrônomia). No universo da gastronomia onívora, na maior parte do tempo os legumes são meros coadjuvantes, raramente as estrelas. Mesmo quando eles ocupam o lugar principal no prato, geralmente são acompanhados de queijos e ovos (como é o caso dos pratos vegetarianos oferecidos por restaurantes tradicionais).

Resultado: as pessoas não somente não sabem como preparar legumes, mas também poucas são capazes de apreciar seus sabores sozinhos, por causa do costume de misturá-los sempre a outros ingredientes de sabor forte. As consequências vão muito além do preconceito contra dietas vegetarianas/veganas. Quem mais sofre é nossa saúde, claro. Segundo uma pesquisa realizada ano passado, somente 20% dos brasileiros consomem frutas, verduras e legumes em quantidade sufuciente. Mas nossas papilas sofrem também. O mundo dos vegetais oferece uma infinidade de texturas, sabores, cores e aromas diferentes e pouca gente está aproveitando essa dádiva.

Por essa razão e também pra ajudar minha grande amiga Mona, que finalmente decidiu aprender a cozinhar, eu decidi fazer uma série de posts sobre como preparar legumes e verduras. Cada post explicará como escolher, guardar e preparar um vegetal diferente. As duas receitas que acompanharão o texto serão ultra simples: só usam 5 ingredientes (sem contar azeite, sal e pimenta) e ficam prontas em menos de 15 minutos.

Espero poder ajudar as pessoas que querem incluir mais vegetais na dieta e/ou que querem aprender a cozinhar legumes. A estrada é longa, mas eu estarei do seu lado o tempo todo, segurando sua mão. Vamos explorar juntos o reino vegetal e garanto deliciosas surpresas. Está na hora de redescobrir os sabores dos legumes e adotá-los definitivamente nas nossas dietas. Sigam-me os bons!

3 comentários em “Por uma alimentação mais vegetal

  1. Ei, olha o meu nominho ali…
    Nooooossa, que tudo…..Te amo!!! Vou acompanhar a série, ansiosa, com a sacolinha na mão para ir comprar os ingredientes e cozinhar loucamente!
    😛
    Muito feliz… o/

  2. Oi! Adorei a proposta. Não sou vegetariana, mas já queria melhorar minha alimentação faz tempo incluindo verduras e legumes. Hoje fiz a receita de cenoura salteada e vi que é perfeitamente possível fazer dela o prato principal.
    Parabéns pela iniciativa!

    1. A alimentaçao moderna esta longe de ser ideal e quanto mais vegetais incluirmos no nosso cardapio diario (seja ele veg ou nao) melhor. Espero que voce encontre inspiraçao aqui no blog pra melhorar sua alimentaçao. Se precisar de dicas é so falar.

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