Terminei ontem um trabalho que tomou boa parte do meu tempo nas últimas semanas: a tradução de um livro pro Francês. Nem tive tempo de comemorar o final desse projeto que tanto me ensinou, e aproveitar o aumento do tempo livre, que um novo trabalho apareceu: mais aulas de Francês. Parece que essa língua anda me perseguindo, mas enquanto ela me trouxer uns tostões extras eu não vou reclamar.
Nessa época do ano a feira está se enchendo cada vez mais de frutas e verduras e meu caderninho de idéias está repleto de receitas que eu gostaria de testar, mas a falta de tempo está sabotando minhas ambições culinárias. Mas antes da minha aluna de seis anos chegar pra sua aula de leitura (três vezes por semana ensino Francês à essa menina, que é suíça), vou dividir uma receita fácil, rápida e deliciosa.
Faz alguns meses que estou sentada nessa receita (figurativamente falando), esperando o bom momento pra publicá-la. Parece que milho aqui cresce durante uma boa parte do ano, mas eu queria esperar a época do milho no Brasil pra que todo mundo pudesse encontrar milho fresquinho. Não sei se já é possível encontrar milho nas feiras brasileiras, muito menos nas européias, mas se vocês não encontrarem milho fresco agora, guardem a receita num cantinho da cabeça (ou em um caderninho, se a cabeça estiver cheia) e assim que as primeiras espigas aparecerem na sua região corra pra cozinha e prepare esse creme.
A diferença fundamental entre minha receita e os cremes de milho “clássicos” é que não uso… creme. Ao invés de substituir o creme de leite por creme de soja (ou outro creme vegetal), prefiro usar batatas, que encorpam a sopa e trazem cremosidade graças ao amido natural. Além de ser bem mais light, essa versão deixa o sabor delicado do milho brilhar sem a interferência da tripla (às vezes quádrupla) dose de gordura e colesterol do creme clássico (manteiga, leite, creme e às vezes até queijo entram na receita!). Mas o que eleva o sabor desse creme às alturas é o tofu defumado que entra no prato segundos antes de servir. Milho adora ingredientes defumados e cada colherada é uma mistura perfeita de sabores e texturas.
Preparei esse creme ontem no jantar e embora eu já tenha feito a receita dezenas de vezes, a primeira colherada sempre me deixa positivamente impressionada. Por mais cheia que eu esteja depois do jantar, sempre contemplo o (segundo) prato vazio e penso que ainda queria um pouquinho mais…
Creme de milho vegano
O ideal é usar milho fresco e bem verdinho. Compro espigas de milho na feira e, com uma faca afiada, “corto” os grãos, separando-os do sabugo. Se não encontrar espigas de milho, use milho congelado, mas milho enlatado está totalmente proibido aqui. O tofu defumado é opcional mas altamente recomendado: acrescenta muito sabor e transforma o creme em uma refeição completa. Repare que no dia da foto eu estava sem tofu e decorei a sopa com um fio de azeite e um pouco de páprica defumada.
2 1/2x de milho verde (duas espigas)
2 batatas médias em cubos
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1 cubo de caldo de legumes
800ml de água
3cs de azeite
sal e pimenta do reino a gosto
acompanhamento da sopa (opcional)
1/2x de tofu defumado em cubinhos
1cs de azeite
2cc de shoyo (ou a gosto)
Aqueça 2cs de azeite em uma panela média e refogue a cebola até ficar dourada. Junte o alho e o milho e refogue mais alguns minutos, até o milho ganhar uns pontinhos dourados aqui e acolá (essa etapa é importante pra acentuar o sabor do milho). Junte o caldo de legumes e a água, tampe a panela e cozinhe em fogo médio até as batatas ficarem bem macias. Deixe a sopa esfriar um pouco e triture tudo no liquidificador até ficar cremoso. Eu gosto de triturar toda a batata com uma parte do caldo e 3/4 milho e deixar 1/4 do milho inteiro pra textura ficar mais interessante (dica: corte a batata em pedaços grandes, assim será mais fácil “pescá-la” depois). Devolva a sopa pra panela, corrija o sal, junte pimenta do reino a gosto e 1cs de azeite e aqueça em fogo baixo. Se estiver usando o tofu defumado, aqueça o azeite em uma frigideira pequena e doure os cubinhos de tofu, mexendo de vez em quando pra dourar de todos os lados. Tempere com 2cc de shoyo, prove e junte mais shoyo se achar necessário (cuidado pra não salgar demais). Despeje a sopa nas cumbucas/pratos e divida os cubinhos de tofu sobre as porções (não misture). Se quiser uma refeição ainda mais robusta, sirva com torradinhas. Rende 4 porções como entrada ou 2 como prato principal.
Por que não ficou amarelinho?
E vivendo e aprendendo… “Páprica defumada”? Caramba… deu vontade!
Fica amarelinho, sim, mas não fica “amarelão”. Acho que porque metada do creme é batata…
Será que se acrescentar um pouquinho de açafrão a receita não adquire uma cor mais atraente?
Sinta-se à vontade pra testar.
Eu tô achando graça que ontem eu resolvi fazer sopa creme de batata com brócolis, sem ver esse post.
E eu tb bato a batata (fiz com um pouquinho de abóbora) e finalizei com um leite de castanha de caju com aveia. Nossa, deu fome de novo…
Bom, passando aqui só pra falar que sua entrevista vai ser publicada no Vista-se. A RV é muito enrolada.
Eu é que fiquei achando graça agora! Acredita que antes de ontem fiz (pela primeira vez) leite de aveia com castanha de caju? Parece que nossas cozinhas estão cosmicamente conectadas…
Acabei de ver a entrevista no Vista-se. Muito obrigada, Renata.
Ok, As duas ai vão ficar só falando do leite de aveia com castanha de caju e não vão dividir a receita com a gente?… rs…
bj
Sheila
Sheila, foi minha primeira tentativa com o leite de aveia e castanha então preciso melhorar algumas coisinhas. Mas quando a receita estiver no ponto prometo dividir com vocês.
Obaaa!!!
bj
Sheila
Estou amando suas receitas e essa em especial é diferente da minha. Parabéns, adorei!
Eu faço o leite de aveia mas com castanha do Pará. Só que o leite que faço é simplesmente deixar a aveia de molho em água filtrada por cerca de 30 minutos e depois liquidificar e coar, somente então adiciono castanha do Pará e liquidifico de novo. O resíduo da aveia adiciono em sopas ou pães.
Acho que depende da cor do milho pro creme ficar mais ou menos amarelo ou até vermelho porque tem milho vermelho.
Experimentei esta receita ontem à noite e, mesmo sem o tofu, ficou uma delícia! 🙂 Bjos!