Aqui na Palestina o pessoal não é muito chegado a coentro. Eles colocam salsinha em todas as saladas, usam hortelã e sálvia no chá e temperam vários pratos com tomilho. Tem até um condimento típico que eles adoram chamado za’tar, uma mistura de tomilho seco e gergelim, que eles gostam de misturar com azeite e comer com pão. Mas coentro? Eles usam a semente em pó, mas nunca a erva fresca. Pelo menos nunca vi minhas amigas palestinas cozinhando com coentro e nem sequer vendem coentro na feira.
Só tem um lugar aqui em Belém, a quitanda de Shadi, onde encontro coentro e mesmo assim só de vez em quando. Mas eu cresci no Nordeste e a erva mais abundante nos nossos quintais e panelas é, sem sombra de dúvidas, coentro. Logo, vivo com saudade dele. Na verdade só descobri o quanto eu gosto de coentro depois que passei a morar em um lugar onde ele é quase uma raridade. Tentei plantar coentro em um vaso duas vezes, mas o bichinho não vingou. Tenho a mão boa pra temperar panelas e ruim pra plantar ervas. Então continuo a caçar coentro e sempre que passo na frente da quitanda de Shadi pergunto: “Tem coentro?” (na verdade pergunto في الكزبرة ) E quando tem, eu fico tão feliz que compro uma ruma. “Ruma” na minha terra é coletivo pra tudo (ex: “Tinha uma ruma de tocador de gaita de fole na minha rua na véspera de natal”). E se minha ruma de coentro começa a murchar antes que eu consiga comer tudo, faço pesto.
Todo mundo conhece esse molho italiano feito com manjericão, pignoli (ou nozes), azeite e parmesão. Eu tenho várias versões de pesto à base de manjericão: com castanha do Pará, com amêndoas, com tomate fresco ou seco… Mas já que é pra desrespeitar as tradições, por que não desrespeitar com força e trocar o manjericão por coentro? O resultado é um molho totalmente diferente, claro, tanto no gosto quanto na função (não me atreveria nunca a colocar pesto de coentro em macarrão), mas delicioso e único. Da primeira vez que fiz essa receita, tinha uns pistaches sobrando na cozinha e foi o que usei. Descobri que pistache e coentro se davam maravilhosamente bem e desde então sempre uso esse tipo de oleaginosa na receita. Esse pesto não serve pra molho de macarrão (já disse isso acima, mas repito pra ninguém dizer que não avisei), mas é um condimento extremamente versátil. Gosto de misturar um pouco dele com quinoa ou arroz cozido, colocar uma ou duas colheres na sopa pronta, usar no lugar de maionese nas saladas cozidas e em sanduíches e até como dip (pasta), com legumes crus. Aviso: esse pesto transforma sua comida em algo verde, muito verde, e com uma aparência estranha. Desaconselhável se você for servir o prato pra crianças, a menos que elas sejam filhas do incrível Hulk.
Pesto de coentro e pistache
Sei que pistache é caro e difícil de encontrar em alguns lugares, então quem quiser pode substitui-lo por castanha do Pará.
3/4x de pistache
5x de coentro
1 dente de alho
1cs de suco de limão
1/4x de azeite
1/4x de água
Sal e pimenta do reino a gosto
Bata tudo no liquidificador até ficar cremoso. Talvez seja necessário juntar mais um pouquinho de água, 1cs por vez, pro liquidificador continuar funcionando, mas cuidado pra não exagerar, pois o pesto deve ficar bem cremoso. Transfira pra um recipiente pequeno e regue com mais um pouco de azeite. Se conserva alguns dias na geladeira, bem tampado. A camada superior vai escurecer um pouco, mas isso não altera o sabor. Rende quase 2x.
Que verde lindo! Vou experimentar qualquer dia. Aqui em Aracaju, como deve ser em Natal, o coentro ABUNDA. Meu uso preferido é cru em saladas, ou cozido em moquecas e bobós. Aliás, como você não usa facebook, divido com você a alegria do bobó de shimeji (que, combinado com um pouco de nori, faz as vezes do camarão, deixando um gosto oceânico no prato. Bom para veganos e alérgicos). Tá aqui na lista dos preferidos.
Adoraria provar esse bobó de cogumelo, moça. Eu ando experimentando bastante com algas, pois adoro o sabor marinho, e também faço um ensopado delícia com repolho e wakame. Mas você me deixou com água na boca! Pena não ter shimeji aqui:-(
Aqui em Sergipe começou a vender tem pouco tempo… mas eu tenho amigos que fazem o bobó com soja mesmo. Eu é que fico inventando alquimia. E quando você estiver por estas bandas, acho que vai ser festival gastronômico. Vou botar Cibele pra comandar o espralício.
Vai ser só alegria, não vejo a hora:-) Mas só não me dê proteína de soja que eu não gosto, eu quero é shimeji!
Colega, esse parece ser nota dez no meu critério prioritário: ser muito fácil de fazer 🙂
Vou experimentar….
Bjs
Facílimo! Mas tem que gostar de coentro e não ter medo de coisas verdosas 🙂
Opa, fácil! Entrou na minha lista de coisas novas para experimentar!
Oi Sandra!
Escrevi “uma ruma” e ao clicar na foto para aumentá-la perdi tudo que escrevera.
Sem problema… o importante é que a receita está salva!
A foto é linda e fiz uma verdadeira cromoterapia.
Agora uma amiga levará o seu modem que possibilitou-me passar aguns momentos agradáveis aqui com você neste meu dia de folga.
Shukran *)