Os leitores que acompanham o blog sabem que estive ausente nas últimas semanas porque estava de férias no Brasil. Senti falta de vocês. Quem diria que eu ia acabar tomando gosto por esse exercício meio esquizofrênico de ficar monologando diante da tela do computador. Felizmente a interação que acontece nos comentários, e que transforma o monólogo em diálogo, me faz sentir menos esquizofrênica. Amigos, estou muito feliz em estar de volta aqui e gostaria de contar o que andei fazendo enquanto o blog dormia.
Depois da visita ao Rio (mais sobre essa parte da viagem aqui e aqui), a viagem continuou em Natal, a minha cidade natal. De lá fui à minha praia preferida, tomei muita água de coco, comi macaxeira frita com os pés na areia, observei surfistas (uma verdadeira meditação pra mim), vi famílias inteiras de micos e passei fome. Porque além da água de coco e da macaxeira frita não tinha nada vegano por lá. Aldeias de pescadores devem ser o lugar mais difícil de ser vegano no mundo.
Conheci o mais novo membro da família: Nina. Ela é fofíssima, mas parece que tem distúrbios (uns dizem que é típico da raça, mas há controvérsia). Morder pernas, pular sobre pessoas e esconder sapatos são alguns dos seus passatempos preferidos. No último e-mail que recebi lá de casa minha irmã mais velha dizia: “Nina tá em surto. Não conseguimos formar um par de sapatos nunca. O jeito vai ser usar apenas um esquerdo com um direito, sem nos preocuparmos com o modelo.”
O outro representante da ala canina da família anda sofrendo bastante por causa dela. Esse é Lilo, que estava doentinho no dia que fiz essa foto, mas já está melhor agora.
Colhi muitas frutas no sítio dos meus pais…
…e cozinhei bastante com a minha mama. Ela não gosta de cozinhar, mas é uma ótima assistente. Além de pilar alho e picar cebola e coentro, minha mãe dançava comigo enquanto as panelas cozinhavam. Anne fez até um vídeo da gente onde dançamos um pouquinho e mexemos as panelas, uma dançadinha e uma mexidinha, uma dançadinha e uma mexidinha…
Fui ao meu primeiro São João em dez anos. Minha cunhada organizou um São João atrasado (São Julhão) no sítio e foi arretado! Com direito à quadrilha improvisada, cadeia, cabaré, moça prenha e moço casando à força e meus pais vestidos de Lampião e Maria Bonita.
Admirei as habilidades de quem nasceu na roça. Bacana é abrir coco seco na quina da enxada!
Li poesias pras velhinhas do abrigo de idosos Lar da Vovozinha, no dia da avó. Minha irmã mais velha trabalha lá e me convidou pra contar os causos de Chico Pedrosa (um talentosíssimo poeta do sertão) que sei decorados.
Ela também organizou uma mini oficina de culinária pra nutricionista e pras cozinheiras do Lar. Dei dicas de nutrição adaptadas à terceira idade, mas é muito difícil mudar os hábitos alimentares de pessoas idosas. Na minha opinião as vovós precisam de mais alimentos integrais, mais frutas, semente de linhaça todos os dias, suplementos de B12 (alguns médicos recomendam que essa vitamina seja suplementada a partir dos 50 anos) e menos laticínios (principalmente depois de refeições ricas em ferro). E que essa porqueira de aspartame seja banida pra todo o sempre, amém. Embora seja difícil mudar o cardápio delas (elas rejeitam tudo que é diferente do que estão acostumadas a comer), depois da minha visita as frutas entraram definitivamente no cardápio diário das vovós, o que pra mim já foi uma vitória.
E se você quiser usar um pouco do seu tempo livre pra visitar as vovós (algumas não têm mais família), contar e ouvir histórias, doar um pouco de atenção e carinho (ou outra coisa), vai lá!
Lar Espírita da Vovozinha
Av. Antônio Basílio, nº 1254 – Dix-sept Rosado, Natal/RN. Telefone: (84) 3223-1907
A convite do grupo VEDDAS-Natal, dei uma palestra sobre alimentação vegetal. Inspirada na seção “Dicas pra se tornar vegano”, provavelmente a mais popular aqui no blog, dei doze dicas práticas pra quem quer ter uma alimentação mais (ou toda) vegetal, sem descuidar da saúde. Pensei em falar mais sobre o conteúdo da palestra, pois foi muito interessante (principalmente a discussão que teve depois). Farei o possível pra escrever o post daqui pra semana que vem. E falando no grupo VEDDAS-Natal, dia 27/08 eles estão organizando uma palestra com o nutricionista e ativista George Guimarães, no auditório B do CCHLA, na UFRN, às 19h. Imperdível! Mais detalhes aqui.
Também ensinei minha sobrinha a fazer móveis de papelão (algo que aprendi anos atrás, em Paris), dei uma palestra sobre a Palestina na UnP (Universidade Potiguar), em Natal, e outra na Faculdade Damas, em Recife, finalmente li um livro que há tempos queria ler (na minha vida haverá um antes e um depois de “As veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano), ajudei Anne a fazer uma reportagem sobre os atingidos pela Copa em Natal (saiba mais sobre esse assunto de extrema importância aqui e aqui)…
Agora que estou de volta ao sossego do meu lar (sossego na Palestina!!!!) vou poder… descansar das férias. E sonhar com as férias do ano que vem. Daqui pra lá farei um curso pra aprender a entrar de férias de verdade e passarei mais tempo dentro dessa rede. Com Zeus dormindo embaixo.
*As fotos 3, 4, 8, 9, 10 e 11 foram feitas por Anne. Todas as outras foram feitas por mim.
Sigo seu blog e acho muito bom. Gratidão por escreve-lo.
Eu que te agradeço por acompanhá-lo:-)
Sandra, minha nova ídola 🙂
O pão da foto neste post http://papacapim.org/2012/02/23/15-dicas-pra-cozinhar-de-maneira-pratica-e-economica/ é aquele da receita ‘o pão nosso de cada dia’?
E veja você que quando alguém quer mesmo estender a mão pros outros, não tem férias nem feriado que o desvie do caminho. Achei lindo.
Obrigada
Nina, o pão é esse, mesmo(o único que sei fazer:-).
Achei ele com uma cara diferente, rs. Posso tentar assar numa dessas formas ‘normais’ de pão? Pq não tô conseguindo mesmo encontrar uma como a sua…
Obrigada (de novo)
Ok, desconsidere a última pergunta. Fui reler o post e vi que vc já tinha falado disso 😉
Pena, Sandra,
Que não soube de sua palestra no Recife. Teria ido conhecê-la. Agora não esqueço mais o seu nome. Da vez passada lhe chamei de sra papacapim, com os meus desligmentos.
Com a ajuda de alguns amigos de Recife tentei organizar vários eventos na cidade, mas infelizmente não foi possível. O convite pra fazer a palestra na faculdade Damas se concretizou de última hora e nem tive tempo de avisar ninguém. Passei menos de 24h na cidade e como a palestra era somente pros estudantes de lá, nem tinha como eu tentar ver ninguém por aí. Sinto muito. E pode me chamar de sra Papacapim que respondo:-)
Ah, tão bom poder colher as próprias frutas! Faço a festa nas casas das pessoas conhecidas que possuem frutíferas. Eu tô começando a mudar minha alimentação agora (a coisa tava braba…) e seu blog me deu muita disposição pra isso! Sério, MUITO obrigada. Entro aqui todos os dias para me inspirar.
Sabe, também tenho começado a comprar muitas coisas a granel pra fazer umas receitinhas, incluse algumas que você mostra aqui, mas… tenho me preocupado a questão dos insetos. Quando eu chego lá sempre tem alguém catando bichinhos das vasilhas. Sei lá, dá medo de vermes e fungos. Qual a sua opinião sobre isso? Isso é normal nesse tipo de venda (eu vejo que você compra em feiras)? Os insetinhos trazem problemas mesmo após retirados?
Desculpa perguntar isso, sua função não é ser consultora de ninguém. Mas eu andei pesquisando e não achei nada, só a “benditas” reportagens dizendo “compre sempre grãos industrializados”, prefiro não dar crédito… Eu não sei escolher meus alimentos. 🙁
p.s.: Gostei muito do link com informações sobre os atingidos pela copa e do livro que você citou, fiquei tentada a ler.
Fico feliz em saber que o blog está sendo útil, Juliana. Respondendo a sua pergunta, nunca tive esse problema aqui. Na mercearia do meu amigo Tawfic, onde compro todos os grãos e leguminosas que comemos, nunca tem bichinhos. Na feira que frequento também nunca tem inseto. Mas em Natal nós sempre temos muito problema com gorgulho no feijão, arroz… A gente dá uma catadinha e depois cozinha o feijão e até hoje ninguém morreu por causa disso (acho que não tem bicho que resista ao calor da panela de pressão, mas não sou uma expert no assunto, então posso estar enganada). Eu sugiro que você procure mercearias frequentadas por muita gente: quanto maior a velocidade que a mercadoria entra e sai da loja, mais chances você vai ter de encontrar produtos frescos e sem bichinhos. O problema é quando os cereais/leguminosas ficam estocados muito tempo, aí começa a aparecer insetos e afins.
Já que você gostou de saber sobre os atingidos pela copa, não deixe de repassar o link. Essa coisa absurda e revoltante está acontecendo debaixo do nosso nariz e precisamos fazer alguma coisa. Qaunto ao livro de Galeano, acho que deveria ser leitura obrigatória pra todos!
Não fui chamada, mas posso me meter?
O fato de ser industrializado e empacotado em saco plástico não garante que o ceral ou qualquer outro alimento esteja isento de insetos. Já vi pacote de arroz com bichos e teias de aranha dentro!
Então a solução é comprar observando o prazo de validade, checando o produto e escolhendo o ponto de venda que repõe os produtos com mais frequência, como a Sandra escreveu…
Mas que férias! Um pouco agitadas mas aposto que encontraste o conforto e algum tempo para relaxar e conviver na tua cidade natal 🙂
Também queria desejar parabéns pelas palestras e por educares as cozinheiras do lar a seguir uma alimentação mais correcta, apesar de por vezes ser difícil por causa dos hábitos enraizados…
E já agora, o que são móveis de papelão? Fiquei curiosa 🙂
Obrigada, Márcia. Os móveis de papelão são como móveis comuns (mesas, cômodas, prateleiras), mas feitos com papelão ondulado de boa qualidade. Depois revestimos com jornal, pintamos e passamos uma camada de verniz (pra impermeabilizar). O resultado é um móvel leve, mas resistente, e ecológico (reciclamos caixas de papelão que acabariam no lixo). No meu apartamento de Paris eu tinha vários móveis de papelão e eles duraram anos. Dá uma olhada nesse link: http://www.treehugger.com/green-architecture/make-your-own-cardboard-furniture.html
Adorei a ideia! Se tiver caixas de cartão na cave vou pensar em fazer uma mesa para por no pátio para tirar fotografias… Deve dar algum trabalho, mas é uma questão de experimentar 😉
Que bom vc estar de volta! Saudades das receitas e dicas!!! De baterias carregadas desejo muita criatividade a caminho. Deus te abençoe!
Também estava com saudades, Aline. Mas agora eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar:-)
Oi Ninha, amei vê as vovós no papacapim, muito fofas e amei toda a reportagem. Bjs e que vc ache pela bagagem suas vértebras.
Elas não estão super fofinhas nessas fotos? Cheiro (ainda estou procurando as vértebras na bagagem…)
Já tô com saudades. e descobri como colocar a foto. rs rs rs…
Sandra, que pena que eu não soube que você esteve aqui na minha terra, Recife. Sempre leio o seu blog e adoraria ter visto você pessoalmente. Na próxima visita avisa aqui sua programação no Recife. Você conheceu o restaurante O Vegetariano que fica no centro do Recife? É o meu restaurante preferido, eles têm várias opções veganas.
Abraço
Camila, como expliquei no comentário mais acima, a viagem a Recife aconteceu de última hora e passei menos de 24 horas na cidade. Espero que na minha próxima visita ao Brasil eu possa ficar mais tempo por aí e organizar mais atividades. Inclusive comer no restaurante que você sugeriu:-) Na noite que passei aí comi, olha que coincidência, no restaurante xará do blog, o Papacapim. Não é vegetariano, e a comida não é muito excitante, mas achei o local muito agradável.
Adorei as cachorrinhas. Eu tenho duas york shire e uma gata. Eu encontrei ração vegana para cachorro, mas para gatos eu ainda não encontrei. Você conhece? Qual a alimentação do seu gatinho? Já pensou em escrever um post sobre isso? Eu fiquei horrorizada quando descobri a composição das rações para cães e gatos em geral.
Abraço
Posso me meter? Ração vegana para gato nunca v i mesmo, porque eles são naturalmente carnívoros, então vai ser realmente complicado pensar nisso. Caso alguém saiba que existe alguma, gostaria de saciar minha curiosidade. Se vc quiser parar de dar ração, pode procurar algumas informações sobre alimentação natural para gatos 🙂
Camila, o pouco que sei sobre o assunto é o que Nina falou acima. Gatos são naturalmente carnívoros (cachorros são onívoros) e até onde minhas pesquisas mostraram, não podem ser criados sem carne. Achei uma ração vegana pra gato, mas ela é americana. No site eles explicam que é possível criar um gato sem carne, mas é necessário dar a ele uma alimentação extremamente bem planejada, com doses concentradas dos nutrientes essenciais (que existem em plantas, mas em concentrações bem menores). Acho que na prática, sem a ração que eles vendem, é impossível.
Os meus gatos na verdade não são meus, são da vizinha. Então ela que dá comida pra eles, a gente só fica com a parte boa: brincar e dar/receber carinho. A única vez que tive uma gatinha, Shams, ela ficou menos de um mês conosco e morreu. Durante as poucas semanas que ela ficou aqui eu preparava a comida dela, misturando cereais cozinhados por mim com atum enlatado. Nunca dei ração pra ela e nunca daria ração pra nenhum bicho que morasse comigo.
Sem querer entrar em uma discussão filosófica (é certo transformar um animal naturalmente carnívoro em vegano?), eu acho que a melhor solução é parar de dar ração e outras comidas industrializadas e optar por alternativas mais naturais. Me incomodava muito dar atum pra Shams, porque me sentia mal patrocinando uma indústria que acho imoral. Não tenho nenhum problema com o fato de viver com um carnívoro, se os gatinhos caçassem a própria comida. Conversando com uma amiga vegana sobre essa assunto, acabei tendo uma ideia. Se eu tivesse gato novamente iria ao açogue daqui e pediria pedaços de carne que normalmente o pessoal não compra (pés, pescoços, etc) e daria pro gato. Seria uma maneira de respeitar a natureza do bicho e ao mesmo tempo participar o mínimo possível da indústria da carne.
Se algum leitor tiver um ideia melhor, por favor compartilhe com a gente.
Oi Sandra, eu conheço o restaurante Papacapim, fica perto da minha casa. O local é bem mais interessante que a comida. Abraço
Sandra, obrigada por esclarecer minha dúvidas sobre alimentação de gatos. Minhas cachorras comem boa parte da comida que faço pra mim. Nina e tombé ( as cachorras) adoram tomate, cenoura, berinjela e banana. E além disso eu dou a ração Fri dog (vegetariana) que compro pela internet. Para minha gatinha eu vou pesquisar sobre alimentação natural e posto aqui minha experiência. Abraço
Boa sorte, Camila.
Oi Camila, vc tem algum link da composição de rações dos nossos pets? Obrigada.
Olá, a alma finalmente alcançou o corpo?
Imagino a dificuldade dos veganos nas praias brasileiras. Os ovo-lactos ainda tem a opção de queijo coalho… no Japão é comum venderem milho verde assado na brasa, na praia. Vem temperado com shoyu, que fica com cheiro delicioso quando levemente queimado…
Realmente é difícil mudar o hábito alimentar depois de uma certa idade, por isso é muito importante a educação alimentar desde criança… não alimentar os filhos corretamente, ficar dando só bolachas e salgadinhos industrializados, com refrigerante, deveria ser considerado crime!
Concordo com tudo, Yoko. E vou tentar temperar milho assado com shoyo um dia (você sempre me dá ideias ótimas, obrigada!).
Sandra,
cada vez mais te admiro! Parabéns por sua simplicidade e solidariedade!
obrigada por compartilhar sempre suas experiências de vida e receitas deliciosas conosco!
um bjo, desejo mais e mais saúde e felicidades
Muito obrigada, Juliana. Desejo tudo em dobro pra você.
Muito bacana seu post. Adorei as fotos (como sempre). E que foto fofa das vovos. Espero que esteja curtindo muito a tranquilidade do seu lar, uma vez que este aqui em Natal é desprovido disto.