Ainda não expliquei aqui no blog o porquê do meu veganismo, pois sempre tive receio que isso provocasse reações negativas em alguns leitores onívoros. No início do mês fez cinco anos que me tornei vegana e pra comemorar essa data tão especial pra mim resolvi passar por cima do meu receio e escrever esse post. Mas antes de continuar a leitura aqui vai um aviso. Esse texto explica o que o veganismo significa pra mim. Não tenho ambição nenhuma de ser a porta voz do movimento e estou certa que minhas opiniões divergem consideravelmente da opinião de outros veganos. Também não é minha intenção impor meus valores aos leitores onívoros e vegetarianos, nem criticar suas escolhas. O único objetivo desse texto é dividir com vocês uma parte importante da minha história, que fez com que eu seja quem eu sou hoje e sem a qual o Papacapim não teria vindo ao mundo.
Nunca fui uma grande comedora de carne vermelha. Não por razões éticas ou de saúde, simplesmente nunca gostei do sabor. Aos vinte anos fui morar em Paris e pude escolher, pela primeira vez, a comida que entrava na minha cozinha. Comecei então a fazer algumas mudanças na minha alimentação. Troquei os embutidos de carne de porco por produtos similares feitos com frango e peru e o único tipo de carne vermelha que ainda comia era bacon. Durante a faculdade fui assinante de uma revista incrível chamada “L’écologiste”. Um dia li um artigo nessa revista explicando como as aves, que apareciam com tanta frequência no meu prato, eram criadas. Eu sabia da superioridade nutricional das galinhas orgânicas, mas o meu orçamento de universitária/baby-sitter me obrigava a comprar toda a minha comida nos supermercados, geralmente das marcas mais baratas. Todo o frango, peito de peru e ovos que eu consumia vinham das terríveis fazendas de criação intensiva descritas no artigo que eu tinha lido. Dessa vez foi a saúde que me fez eliminar mais alguns animais do cardápio. Aqueles frangos que eu estava comendo faziam um mal imenso ao meu organismo e, ao invés de gastar todo o meu salário comprando galinhas orgânicas, achei mais viável parar de consumir aves.
Quando decidi retirar as aves do cardápio acabei fazendo uma faxina mais extensa e eliminei os embutidos e o amado bacon também. Até então o que impulsionava minhas ações era o cuidado com a saúde. Porém, sem querer, eu tinha colocado os pés em um território novo que estava alfinetando a minha consciência. Me vi refletindo cada vez mais sobre a necessidade de comer animais. Um ano mais tarde tomei a decisão de eliminar toda carne animal do meu prato, dessa vez movida por razões éticas. Eu sabia que carne nenhuma era indispensável à nossa sobrevivência e de repente não podia mais ignorar essa evidência: comer animais era uma opção, não uma necessidade.
Precisei de vários meses pra me tornar vegetariana, pois peixes e frutos do mar eram minha comida preferida e muitas vezes eu cedia à facilidade de comer pratos com esses produtos, que eu encontrava em todos os lugares, ao invés de procurar uma opção vegetariana. Durante umas férias no Brasil comi meu último peixe, pra me despedir de vez, e quando voltei pra Paris comecei o meu novo regime. Foi assim que, aos 25 anos, me tornei vegetariana. Mal sabia eu que o meu vegetarianismo só iria durar poucas semanas.
Mais uma vez a revista “L’écologiste” foi responsável por abrir meus olhos. Vi lá um anúncio da Sociedade Vegetariana Francesa e decidi explorar o site deles. Um artigo me levou a outro artigo e acabei descobrindo os documentários feitos pela PETA (‘Meet your meat’ e ‘Terráqueos’) e pelo Instituto Nina Rosa (‘A carne é fraca’). Vou poupar vocês dos detalhes aqui, pois acho que todos que viram esses vídeos passaram pelas mesmas etapas: choque, choro, revolta e, eventualmente, vontade de agir. Meus ovos e laticínios não eram tão inocentes quanto eu pensava e adotar o veganismo, que até então eu nem sabia que existia, apareceu pra mim como a conclusão lógica. Antes de dar o passo final, porém, eu precisava descobrir se aquilo era viável do ponto de vista nutricional. Passei dias mergulhada em pesquisas sobre nutrição vegetal e quando achei todas as respostas que procurava, me tornei vegana.
O impacto que essa decisão teve na minha vida foi imenso. Em dois meses vi a sinusite, que me acompanhou durante anos, e as dores de garganta, que me visitavam pelo menos uma vez por mês desde a infância, desaparecerem completamente. Descobri que os laticínios, que eu amava tanto, não me amavam nem um pouco. Também vi meu colesterol voltar ao nível normal sem precisar fazer dieta, pois, mesmo quando já não comia mais carne vermelha nem frango, ele era elevadíssimo, culpa, mais uma vez, dos laticínios, que sempre foram o meu fraco. Mas não foi só a saúde que melhorou. O alívio de ter feito as pazes com a minha consciência não tem preço. Curiosamente, ter retirado tantos produtos do meu cardápio acabou expandindo meus horizontes gastronômicos. Descobri uma infinidade de novos ingredientes e hoje minha alimentação é muito mais variada do que antes. O veganismo também fez brotar minha verdadeira paixão, a culinária, e me deu coragem pra abandonar um mestrado em linguística que me entediava profundamente e seguir a minha vocação.
Mas a história não parou por aí. Meu veganismo evoluiu muito nesses cinco anos. A decisão de recusar produtos de origem animal, que tomei motivada unicamente pelo sentimento de compaixão pelos animais, teve tempo pra amadurecer e crescer. Nunca parei de me questionar nem de analisar o impacto que as minhas ações têm no mundo. Eu achava que o veganismo era uma destinação, um objetivo a ser atingido. Mas hoje entendo que o veganismo é um caminho, um processo. No mundo em que vivemos é impossível evitar absolutamente toda exploração animal. Quando descobrimos a lista imensa de derivados de animais encontrados nos mais diversos produtos (pneus, sacos plásticos, amaciantes e fogos de artifício, só pra citar alguns) e a dificuldade, às vezes impossibilidade, de evita-los, somos tentados a concluir que veganismo é uma ilusão. Mas a resposta está na definição dessa palavra segundo Donald Watson, o seu criador: ‘Veganismo’ denota uma filosofia e uma forma de viver que busca excluir – tanto quanto for possível e praticável – todas as formas de exploração e de tratamento cruel de animais para comida, roupas ou qualquer outra finalidade. O fato de não poder evitar absolutamente toda crueldade contra animais (humanos e não humanos) não é justificativa pra não fazer o que estiver ao meu alcance. Veganismo pra mim não é um ideal de perfeição e sim uma prática ativa e diária que me ajuda a ser uma pessoa mais consciente, responsável e gentil.
O que mais mudou em mim nesses últimos cinco anos? Minha compaixão pelos onívoros aumentou. É difícil resistir à tentação de se imaginar moralmente superior aos não veganos quando decidimos seguir esse caminho por razões éticas, mas o fato de recusar produtos de origem animal não me transformou em uma pessoa superior, nem me deu o direito de criticar quem não é vegano. Hoje eu condeno o ato de comer animais, não as pessoas. Não é fácil agir assim quando o sofrimento e a morte desnecessária de um animal me tocam e me revoltam profundamente, mas ter mudado o foco da minha crítica me ajudou a ser uma pessoa mais positiva, uma companhia mais agradável e, acredito que exatamente por isso, deixou o meu ativismo mais eficaz.
Também passei a aceitar que em certos contextos é impossível se abster da carne de animais. Estou me referindo aqui à pequena parte da população mundial que vive em desertos ou regiões cobertas de gelo, por exemplo, onde as condições naturais tornam impossível o cultivo de uma variedade suficiente de plantas comestíveis. Porém, longe de me fazer duvidar da pertinência do veganismo, já que ele não pode ser praticado por absolutamente todos os humanos, isso só reforçou as minhas convicções. É exatamente porque vivo em um lugar onde vegetais abundam e tenho o privilégio de escolher o tipo de comida que consumo que considero minha obrigação moral escolher os alimentos que causam menos sofrimento e menos impacto negativo no planeta. Acredito que todo privilégio implica grandes responsabilidades, então enquanto essa escolha me for oferecida, continuarei sendo vegana.
Outra mudança drástica no meu pensamento vegano foi admitir que nem todo alimento de origem animal é necessariamente prejudicial à saúde. Nos primeiros anos do meu veganismo acreditei piamente que a dieta vegana era a única capaz de oferecer saúde aos humanos. Hoje acredito que também é possível se manter saudável consumindo uma dieta na sua maior parte vegetal com uma pequena quantidade (no máximo duas porções por semana) de produtos de origem animal realmente nutritivos (e orgânicos). Por que continuo sendo vegana, então? A saúde não foi a razão principal que me fez adotar o veganismo e se posso conservá-la tanto sendo vegana quanto comendo uma quantidade (extremamente) moderada de carne, continuarei optando pelo veganismo. E de um ponto de vista puramente prático, levando em consideração o lugar onde moro, meu estilo de vida e meu orçamento, comprar carne orgânica de um animal criado em liberdade é mais complicado e muito mais caro do que cozinhar uma panela de feijão. Mesmo se saúde fosse minha única preocupação na hora de escolher a maneira como me alimento, o veganismo ainda seria a escolha mais fácil e barata.
Assim que me tornei vegana uma lógica ingênua invadiu minha mente: as outras pessoas só continuam comendo carne porque ainda não descobriram o que está por trás desse ato. Fiquei profundamente chocada quando me dei conta que, mesmo depois de ter sido exposta às mesmíssimas informações que eu, a maioria das pessoas achava uma maneira de continuar justificando o regime onívoro e que muitas pessoas realmente não se importam nem um pouco com o que acontece com os animais que aparecem no seu prato. Mas e as pessoas que dizem que amam animais e que pedem pra você não contar o que acontece no abatedouro porque “assim não vou conseguir comer o meu bife”? Perdi noites de sono tentando entender a lógica por trás desse tipo de comportamento. Ter descoberto o carnismo ajudou muito, embora eu ainda me sinta perplexa diante de tal fenômeno. Só posso esperar que, se o sofrimento animal não comove todos (ou comove alguns, mas não o suficiente pra provocar uma mudança na sua alimentação), mais pessoas comecem a se preocupar com o sofrimento humano, principalmente o próprio, e reduza seu consumo de carne movido por razões de saúde e ambientais. Desde que a FAO publicou o relatório “Livestock’s long shadow”, não é mais segredo que a pecuária é a atividade humana que mais destrói a Terra e, a menos que o cidadão seja capaz de ir morar em outro planeta, ele deve reduzir urgentemente, e drasticamente, seu consumo de produtos de origem animal.
Alguns anos atrás li, em um livro que não vou citar porque vocês vão rir, algo que mudou minha vida pra sempre. Quando o mal ameaçava prevalecer e era preciso decidir de que lado lutar um dos personagens principais disse: “Chegou a hora de escolher entre o que é certo e o que é fácil.” Ninguém, com exceção dos psicopatas, escolhe propositalmente fazer o mal, ou o errado, mas quando somos confrontados com uma situação moralmente desconfortável, onde fazer o certo significa fazer mudanças profundas na nossa vida, instintivamente escolhemos o caminho mais fácil. Sei que a maioria das pessoas, mesmo as que no fundo concordam que é moralmente inaceitável torturar e matar animais quando não temos necessidade nenhuma de consumir seus corpos e secreções, escolhem a facilidade de não mudar seus hábitos porque considera o veganismo um caminho extremamente difícil e cheio de sacrifícios. No meu caso não foi difícil me tornar vegana. À partir do momento em que descobri o que estava por trás dos meus hábitos alimentares, difícil teria sido não mudar, impedir que meus valores guiassem minhas escolhas, na mesa e fora dela. Não estou tentando convencer vocês que minha vida é ecologicamente-eticamente-politicamente impecável, porque ela está longe disso. Mas considero minha obrigação moral fazer o possível pra que as minhas ações tenham um impacto positivo no mundo. E ser vegana me dá a oportunidade de praticar a responsabilidade e a compaixão três vezes por dia.
Cada dia eu aumento minha admiração por você. Sinto por minha fraqueza em não ser tão realista e enfrentar o veganismo ou pelo menos o vegetarianismo, mas fico feliz em saber das coisas erradas e das certas que geram consequências ruins e boas respectivamente ao nosso planeta. Amei o texto como sempre. Obrigada mais uma vez por abrir os meus olhos.
Que é isso, minha prima! Assim fico toda enrubescida…
Lindo post! Considero seu blog de utilidade pública. Iniciei um caminho parecido com o seu e seus escritos tem me ajudado muito. Grata! Parabéns pela iniciativa e desejo longa vida ao Papacapim!
Nossa, o Papacapim um blog de utilidade pública? Não sei se mereço um elogio tão grande…
Oi Sandra,
Gostei muito do seu post e foi legal que fiz uma viagem ao tempo e relembrei de quando me tornei vegetariana.
Eu não sou vegana, na minha cozinha os únicos alimentos de origem animal que entra são os produzidos pelas abelhas, mas quando estou fora de casa se não encontro uma opção 100% vegana que seja saudável, eu acabo comendo algo que contém ovos e/ou laticínios. Eu também optei pelo vegetarianismo por causa da minha saúde. Eu não podia consumir muita carne, vermelha ou branca, porque meu organismo não digeria muito bem e além disso, eu sou alérgica à carne de porco, peixes e frutos do mar. Eu também tinha o nível de colesterol elevadíssimo, aí em 2008 decidi cortar todas as carnes de vez. No começo continuei comendo ovos e laticínios. Mas no ano passado descobri que meu colesterol ainda estava elevado. No meu caso eu mudei para o Canadá em 2009, e embora estivesse tentando comer bem, eu não resistia a um bom café da manhã canadense com ovos, batatas, torradas com manteiga e café com creme. Depois disso resolvi, cortar os ovos e laticínios da minha casa e isso ajudou tremendamente na minha sinusite que agora raramente aparece. Ainda consumo ovos e laticínios, mas é bem raro mesmo. Em casa o único tipo de queijo que entra é o vegano 🙂
Eu também fico indignada com as pessoas que continuam comendo carne, mesmo depois de saber como esses animais são criados e abatidos. Mas sinceramente eu prefiro simplesmente respeitar a opção alimentar das outras pessoas da mesma forma como eu gosto quando respeitam a minha.
Um grande abraço
Fernanda
Com certeza, Fernanda! Devemos respeitar as opções dos outros se quisermos que eles respeitem as nossas. Mas não concordo com a quantidade imensa de produtos de origem animal que a maioria dos onívoros consome. Claro que cada um faz o que quer com a própria saúde, isso não é da minha conta, mas quando a gente sabe que o impacto da pecuária atinge o planeta inteiro e que todos nós (onívoros e vegs) pagamos o preço por isso acho essa atitude irresponsável e egoísta.
Sandra, eu acho que essa questão ecológica é muito controversa para ser colocada dessa forma. Eu já li, mais de uma vez, que são necessários mais hectares de terra para alimentar um vegetariano do que um onívoro. No Brasil atualmente a maior causa de desmatamento não é a pecuária, mas o plantio de soja. Então, não, eu não acho que ser vegetariano é mais ecológico do que ser onívoro, acho até que não existem dados suficientes para fazer qualquer uma afirmação responsavelmente em um ou outro sentido.
Terei que discordar de você, Luciana. As organizações de defesa do meio ambiente são unânimes: a pecuária é a atividade humana que mais polui/destroi o planeta. Além do relatório da FAO (agência da ONU que cuida da comida e agricultura) que citei no texto, onde descobrimos que a pecuária é responsável por 18% da poluição produzida pelo homem (enquanto todos os transportes reunidos causam 13% da poluição mundial), eles publicaram esse artigo (http://www.fao.org/ag/magazine/0612sp1.htm), também em 2006, explicando detalhadamente o impacto da produção de carne: emissão de gazes, deflorestação, poluição da terra e das águas… Ano passado o Worldwatch Institute (um instituto de pesquisa independente fundado em 1974 e especializado na busca de soluções aos problemas ambientais) colocou em causa o relatório da ONU, que até então era a referência absoluta no assunto. Segundo o Worldwatch, a pecuária é responsável por 51% das emissões de gazes que provocam o efeito estufa! Você pode baixar o relatório Livestock and Climate Change aqui: http://www.worldwatch.org/node/6294 Assim como o relatório da FAO, ele foi escrito em Inglês e ainda não encontrei tradução pro Português.
Gostaria de indicar também esse entrevista (http://www.mst.org.br/node/8393) feita com João Meirelles, o presidente do Instituto de Ecoturismo do Brasil (IEB) e da ONG Peabiru (instituição que mantém o Parque Ecoturístico da Bodoquena, em Bonito, MS). Meirelles explica, entre outras coisas, que “cerca de 40% da superfície aproveitada do planeta é ocupada pelo gado (fonte: FAO). No caso brasileiro a situação é muito mais grave porque dos 800 milhões de hectares do país, aproximadamente 200 milhões já são ocupados pela criação de gado. Enquanto isso a agricultura não ocupa nem 80 milhões de hectares”, “precisa de oito quilos de cereal para produzir um quilo de carne bovina”, concluindo que ” a carne é a questão central do Brasil. Não estou dizendo que todos devem virar vegetarianos, mas é necessário diminuir brutalmente o consumo.”
Um documentário que explica muito bem o impacto ambiental da pecuária, feito por uma deputada Holandesa é o “Uma verdade mais que incoviniente”, que você pode ver inteiro (com legendas em Português) aqui: http://www.youtube.com/watch?v=u7LBPHtOBnk
E quanto à questão da soja no Brasil, é verdade que a maior parte do desmatamente na Amazônia é causado pela produção de soja, não pecuária. Mas de acordo com o biólogo Sérgio Greif “mais de 80% do milho e da soja produzidos nos EUA são destinados à fabricação de rações e praticamente todas as exportações brasileiras destes produtos, para os EUA e Europa, destinam-se a este fim”.(Leia o artigo inteiro aqui: http://www.svb.org.br/depmeioambiente/VegetarianismoeConservacaoAmbiental.htm) Ou seja, a culpa continua sendo da pecuária (animais de abate). Você encontra mais informações sobre esse ponto, mas também sobre o impacto da pecuária no meio ambiente (e porque é mais ecológico não comer carne) aqui: http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=445&Itemid=43 Esse artigo é uma tradução pro Português de um artigo feito pela EarthSave, uma ong criada em 1988 pra ajudar pessoas a fazer escolhas alimentares saudáveis e conscientes. A EarthSave também publicou esse dossiê sobre as vantagens (incluindo ecológicas) de abolir a carne do cardápio: http://www.earthsave.org/pdf/ofof2006.pdf
Você tem absolutametne todo o direito de discordar do meu texto, mas gostaria que citasse os dados e fontes que te levaram à consluir que “não, eu não acho que ser vegetariano é mais ecológico do que ser onívoro, acho até que não existem dados suficientes para fazer qualquer afirmação responsavelmente em um ou outro sentido.” Eu poderia te indicar ainda mais relatórios/artigos/documentários, feitos por ambientalistas respeitados, que provam o que disse no texto, mas minha resposta ao seu comentário ficaria longa demais. Se você puder me passar os links dos artigos que você leu dizendo que são necessários mais hectares pra alimentar um vegetariano do que um onívoro, eu agradeceria.
Espero que você entenda que não quis te atacar pessoalmente, só quis dividir com você um pouco dos dados publicados nos últimos anos que levam a concluir que diminuir, ou abolir, a carne do cardápio é a ação mais ecologica que você pode fazer.
Lindo o texto, parabéns!
🙂
Adorei! Não sei por quê não postou antes esse relato! Muito bonito e coerente. Embora ainda não seja adepta da sua filosofia de vida, agora consigo entender a razão disso tudo. Parabéns! Quem sabe um dia eu não consiga seguir o seu exemplo.
Muito obrigada, Sophia. Você não imagina o quanto fiquei feliz ao ler o seu comentário. Se consegui explicar minhas razões pra alguém que tem uma filosofia de vida totalmente diferente, sem ofender essa pessoa, então considero o meu texto um sucesso:-)
Olha, o esforço que vc faz tentando não se sentir superior da certo, viu? Nunca vi você menosprezar onívoros, atitude tão comum entre alguns veganos…
Ouf, você não imagina o alívio que estou sentindo:)
Sandra, eu como carne. A forma como os animais são criados e abatidos cutuca sim minha consciência, não tenho como negar. Mas eu também gosto muito de observar a natureza e penso que o ser humano, no mundo todo, se desenvolveu como um animal onívoro por alguma razão. Eu, pelo menos, não tenho conhecimento de nenhuma população cuja alimentação tradicional seja vegetariana ou vegana. Quais as consequencias a longo prazo se a humanidade toda se tornasse vegana? Ninguém sabe. Em termos de saúde, eu particularmente considero uma a dieta onívora variada mais saudável, embora acredite que dá para ser saudável consumindo somente vegetais também. A questão ética é a única que me faz desejar não consumir carne, na verdade eu gostaria que os animais que consumimos fossem criados e abatidos com respeito e em boas condições.
Concordo em tudo com vc. Aliás, a própria Sandra já afirmou que, sendo vegana, não pode abrir mão de um suplemento alimentar. Acho que o consumo de orgânicos (pela consciência) e a moderação (pela saúde) são a chave. Pelo menos por enquanto ainda penso assim.
Sophia, você está certa quando diz que consumir alimentos de origem animal orgânicos e com moderação é a chave pra quem quer ser responsável com a saúde e com o planeta (embora o conceito de moderação seja relativo aqui). Mas como Luciana disse mais acima, a única razão pra dar o último passo e eliminar de vez os animais do cardápio é a questão ética e isso é algo extremamente pessoal.
Luciana, de acordo com esse estudo da FAO (http://www.fao.org/WAIRDOCS/LEAD/x6170e/x6170e09.htm), feito em 2003, 42% da população indiana é lacto-vegetariana. Como isso inclui os indianos muçulmanos (que tradicionalmente comem carne), a porcentagem de indianos hindus vegetarianos é ainda maior. Eu visitei a Índia alguns anos atrás e pude confirmar que a maior parte da população é vegetariana por razões religiosas (principalmente os hindus das castas mais elevadas) ou se alimenta na maior parte do tempo com comida vegetariana por razões econômicas e isso há muitos séculos. Tem também os Adventistas do Sétimo Dia, que recomendam o vegetarianismo aos seus fiéis, e isso há mais de 130 anos. Foram feitos alguns estudos sobre eles durante os últimos 40 anos e a conclusão foi que a dieta vegetariana teve consequências positivas no longo prazo (leia mais sobre esses estudos aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Adventist_Health_Studies). Mas realmente não existe nenhuma população com uma dieta tradicional vegana (pelo menos nunca ouvi falar).
Oi, tem um país sim! É a Índia… Sim, vegetariana oohh! Faz poucos anos que começaram aparecer restaurantes, por lá, que oferecem pratos com carne.
Como escrevi acima, 42% da população da Índia é vegetariana, mas eles não são veganos. Tem leite, iogurte e manteiga clarificada (ghee) em tudo por lá.
Sandra aqui em casa a gente te chama de guru alimentar.. e não é a toa..
fui uma onívora como os q vc citou, sempre tive dó dos animais, amo animais, mas achei que se não comesse ia morrer de anemia ou algo do gênero…
o Marcos chegou até aqui e me apresentou a vc..e desde então a gente tem desmistificado, aprendido muitas coisas…
Gosto muito do seu jeito de falar do assunto, eu comparo como uma religião. Qdo a gente acha um caminho que a gente acredita que é o certo, a tendência é querer descer guela baixo nossa descoberta… mas com certeza rende muito mais frutos, mostrar o nosso modo de vida..
e é assim vendo seu modo de vida que dá mais vontade de ir caminhando nesse caminho..
Ainda preciso largar os laticinios, mas já diminuimos bastante, carne nem lembro que existe e quantas coisas eu descobri!!! passei a amar rúcula (que odiava), descobri sabores que nem sabia que existia!
Me sinto muito melhor agora!! Sem falar do Marcos que tinha refluxo, e um monte de outros problemas digestivos…
Só posso te agradecer pela disposição que vc tem de manter o Papacapim, pela ajuda!
bjs
Eita, guru alimentar? Que responsabilidade, menina! Eu é que te agradeço, Luciana. Pra mim quanto mais pessoas eu ajudar (a melhorar a alimentação, ser mais consciente e responsável…), mais feliz eu fico por saber que estou cumprindo a minha missão (e aliviando o meu karma:-)
Me tornei vegetariana da noite por dia, por amor aos animais. Demorei 4 anos para me tornar vegana, mas finalmente decidi que deveria fazer isso, ou estaria sendo incoerente… Muitas vezes os onívoros dizem não conseguir deixar de comer carne porque gostam muito do sabor… Então como eu poderia ser exemplo? E se um vegano me perguntasse porque não deixava os ovos e laticínios? Eu responderia que era porque gostava muito?
Então resolvi deixar de hipocrisia, me dar um choque de realidade com as informações quanto ao leite e ovos e me tornar vegana, o que também aconteceu da noite para o dia!
Me preocupei com a nutrição adequada depois, o que sei que não é certo! Mas também não me preocupava muito quando era onívora…
Hoje sei coisas básicas de nutrição, de culinária, de meio ambiente…!! E adoro! Tornou-se minha paixão cozinhar e descobrir delícias vegetais!! Adoro trazer para o trabalho coisas veganas e as pessoas nem desconfiarem!! Acabar com o preconceito de que não tem como fazer uma torta gostosa vegana, ou como fazer um bolo sem ovos!! O que você como? Quase não consigo responder, pois é tanta variedade! Adoraria fazer um curso de nutrição vegana e de colinária vegana!
Isso que você disse de as pessoas não ligarem para o sofrimento animal, dizerem que amam os animais, mas arranjarem desculpas para continuarem comendo, além dos preconceitos quanto à possibilidade de ser totalmente saudável em uma dieta completamente vegetal me magoam muito! Ainda luto para condenar apenas o comer carne e não quem come carne (o pecado e não o pecador, como dizem os cristãos)! Melhorei muito, com certeza, mas em alguns dias isso se torna mais difícil? Você tabém se sente assim? Tem dias que estou mais sensível, então me entristece e de deixa brava quando, com tantas opções maravilhosas, meu namorado, meu irmão, minha prima, meus pais e meus amigod ainda escolhem aquelas tão cheias de sofrimento!!
Mas uma coisa que acho muito engraçado é que as pessoas nunca esperam que eu seja a vegana! Porque sempre fui cheinha e a ideia geral é que o vegetariano e especialmente o veganos são frágeis e subnutridos! hehehe!
Ahhh! fiquei curiosa! Qual foi o livro que você estava lendo??
Já eu sou propaganda negativa pro veganismo, pois sou tão magrela… Como expliquei, só fui me tornar vegetariana e vegana aos 25 anos e toda a minha vida fui magrela, mas claro que as pessoas acabam associando minha magreza (natural) com falta de carne.
Sim, houve dias (muitos) em que eu me senti muito triste e desmotivada (quase desesperada). Mas vou te contar uma coisa: desde que comecei o Papacapim nunca mais me senti assim. Trabalhar ativamente e regularmente pra aumentar o conhecimento das pessoas em matéria de nutrição vegetal e inspira-las a comer mais vegetais/menos produtos de origem animal (alguns leitores até se tornaram veg!) me enche de esperança. Acho que a frustação só vem quando a gente perde a esperança, então o meu conselho é o seguinte: se envolva de maneira mais ativa nas causas que você acredita e isso vai alimentar a sua esperança e, consequentemente, diminuir sua tristeza (ou raiva).
Ai, você quer saber mesmo o nome do livro? Harry Potter (não sei qual deles). Sou uma grande fã de Albus Dumbledore.
Eu sou muito branca e as pessoas dizem q é da falta de carne ou anemia (que nunca tive nos 4 anos de vegetarianismo). E eu tb sempre fui branca assim.
Ouvir sempre as mesmas piadinhas e cometários desanima.
Adorei o texto! Como sempre muito bom! Parabéns!
Obrigada, irmã.
Adoro Harry Potter!! hehehehe!! Vou rir de nós então!!
Ah, Sandra. Seu blog tem me ajudado muito. Especialmente a tentar ser mais calma, apesar dos pesares e das piadinhas carnistas. Mesmo acreditando que o melhor seria que tanto quanto possível, o mundo deixasse de se alimentar de morte, tenho tentado aceitar melhor as escolhas dos outros. Faço minhas as palavras da Aline, porque acho que, cedo ou tarde, a maioria dos veganos passa pelas mesmas situações. Mas ainda assim é um pouco chocante perceber quantas pessoas se dizem tocadas pelo sofrimento dos outros animais e continuarem justificando a falsa necessidade de nos alimentarmos deles.
( E pelo menos eu não ia rir do livro 😛 Tem umas coisas bem legais lá, rs. )
Bjs
Você sabe de que livro estou falando, Nina? Que bom que estou te ajudando a ser mais zen diante dos carnistas.
Haha, sim. Harry Potter e o Enigma do Príncipe, não? Olha, podem dizer o que for dos livros, mas eu acho que eles deixaram algumas coisas legais pra quem leu: as noções de amizade e de lutar por uma causa 🙂
Lembrei! Foi em “Harry Potter e o cálice de fogo”. Dumbledore disse isso depois que Harry contou como viu Voldemort “renascer” no labirinto, depois da morte de Cédric.
Também fiquei louca para saber qual era o livro. Eu era onívora até que, precisando emagrecer, comprei um livro chamado “Magra e Poderosa” (pode rir). Quando comprei pensei: Ok, aqui vou eu. As mesmas dicas de sempre, que toda compulsiva já conhece: fechar a boca, fazer exercícios e blá, blá, blá. Mas não. Era outra coisa. Tratava do que se coloca pra dentro, do que nos alimenta. De maquiagem, abatedouros, testes em animais. Trata das atrocidades cometidas contra eles. Tem um capítulo que me fez chorar muito. Terminei o livro decidida a mudar de vida. Fui atrás, então do ótimo “Jaulas Vazias” e depois “Libertação Animal” e vídeos e, antes de terminar tudo isto, já era “quase” vegana. Falei pro meu marido: não como mais carne. Ele: arrã. Até o próximo churrasco (que tem na minha casa quase todo o domingo). Mas já faz 3 anos. Ainda há alguns artigos de couro que não consigo evitar. Mas sigo em frente, decidida a ser cada vez melhor e mais fiel aos meus princípios. Às vezes me deprimo. Não entendo como as pessoas podem saber do sofrimento dos animais e continuar a consumi-los. Como podem olhar nos olhos de uma vaca ou de uma ovelha e depois comer sua carne. Gente que é do bem. Sei lá. Faço a minha parte. Tenho muito que evoluir. Então, como diria Buzz Lightyear: Ao infinito e além!
Todo mundo pode rir agora: Harry Potter. Quem disse a frase que citei foi Dumbledore (meu ídolo:) Esse livro que você mencionou é super famoso nos EUA, não sabia que tinha sido publicado no Brasil. Que bacana! Todos nós precisamos evoluir muito, Raquel, caso contrário não estaríamos aqui. Boa sorte pra gente:)
Prova que todo o esforço valeu e vale a pena! Parabéns, p/ ti e p/ os outros veganos espalhados pelo mundo!
Obrigada, Fran.
Obrigada por compartilhar com a gente sua historia!!!!
Acho que vc abordou o assunto com muita sabedoria e clareza.
Parabéns e que vc inspire muitos com sua escolha…..
Eu já faço algumas coisinhas,não como carne desde criança e deixei laticínios e ovos qdo soube “de onde eles” vem, embora caia em tentação ainda com bolos e paõ de queijo!!! ):
Adoro sua historias,seu jeito de dividir o conhecimento e suas receitas!!!!
Muito obrigada, vc me encoraja a cair muito menos em tentação do que antigamente…. 🙂
Marly, aprenda a fazer bolos sem ovos e “pão sem queijo” que você nunca mais cai em tentação, amém 🙂 Nunca gostei do gosto do ovo nos bolos e sinceramente, mesmo se eu voltasse a comer ovos nunca mais os colocaria nas sobremesas.
Sandra, li e rê-li o teu maravilhoso texto! Adorei!Ainda bem que o publicaste!E também estava curiosa quanto ao livro. Também gosto dos livros do Harry Potter, mas não dos filmes… Senti que o meu percurso está um pouco parecido com o seu, a leitura do livro Como Comemos me despertou, mas ainda estou na fase vegetariana a comer esporadicamente ovos, queijo e latícinios. Incrível que também tinha alergias e elas passaram milagrosamente e sei que quando abuso do queijo e laticinios(quando como fora) fico logo mal da garganta!Concordo inteiramente que ser vegano e vegetariano são(e devem) ser opções éticas, mas normalmente quando as pessoas sabem que me tornei vegetariana pensam que é por motivos de saúde ou para emagrecer(também sou da turma das cheinhas, né Aline?), mas quando digo que é por opção ética as pessoas ficam com aquele sorriso amarelo… acham muito bem, tem pena dos bichinhos, mas ninguém muda de hábitos. O teu texto reflete mesmo aquilo que penso em relação a isso, o comodismo. Embora a minha família seja toda onívora e ainda tenha que cozinhar pratos com carne para eles, eu não desisto. Algumas amigas minhas dizem que não optam pelo vegetarianismo porque teriam que cozinhar dois pratos e não querem esta trabalheira. Eu não acho que seja assim tanto trabalho, por exemplo se fizer arroz com salada, faço um burger veg para mim e a carne para eles. É claro que seria mais feliz se eles se tornassem vegetarianos, mas quem sabe vendo o meu exemplo se convertem. Devagar se vai ao longe!E mesmo que desse mais trabalho, depois de ter despertado impossível voltar atrás. O teu maravilhoso blog tem contribuído muito para melhorar a minha alimentação e muitos onívoros amigos meus gostam de suas receitas.Muito obrigada e parabéns!
Obrigada pela oportunidade de levar minhas receitas até o teu país, Lina. Fico muito orgulhosa quando vejo que você preparou alguma receita minha lá no Aroma de Café:-)
Sandra…o meu sentimento e penso que o da maioria dos veganos é parecido com o seu, sentimos a necessidade da mudança e mudamos. Isso é consciência! Acredito que teremos um mundo melhor, mais gentil, fraterno e amoroso um dia. Adorei seu texto, como sempre. Um abraço apertado
Pois é, estamos pondo em prática o que Gandhi recomendou (“Seja a mudança que você quer ver no mundo”). Toda mudança tem que começar na gente e acredito que ser um exemplo do que se acredita inspira mudanças nas pessoas ao nosso redor.
Ótimo texto! Se já era seu amigo e fâ, fiquei mais ainda! Ao mesmo tempo em que você consolidou suas convicções, aprendeu a aceitar e entender as alheias, mesmo que não concorde com elas. Isso se chama alteridade. Você amadureceu, como vegana, como pessoa e como cidadâ, e, mesmo que não tivesse se tornado vegana, só isso já te faria uma pessoa melhor! Não poderia esperar nada diferente de vc, que sempre me passou as melhores impressões, que só se confirmaram quanto tive a oportunidade de lhe conhecer pessoalmente! Suas experiências e receitas também me fizeram crescer, mesmo como onívoro, tenha certeza disso. Só o fato de me preocupar, aceitar, compreender e buscar ajudar as pessoas próximas que tenham restrições alimentares ou sejam vegetarianas ou veganas já fez uma enorme diferença na minha vida! Fora que suas receitas também me ajudam demais, visto que minha companheira é intolerante à lactose, e quem pilota o fogão, nas ausências e impedimentos e folgas da sogra, sou eu. Com muito prazer, diga-se. O fato de que ao invés de pensar em que ingredientes não usar, quantos ingredientes posso usar, fez também diferença. Me pego viajando em várias inspirações, baseado nas receitas do blog e de outros sites tb!
Agradeço pela oportunidade da sua amizade. Que você possa continuar firme no seu ideal, no seu trabalho, e que você possa continuar sendo essa pessoa iluminada!
PS: Bem q eu lembrei de Harry Potter qdo li aquela frase. Somos fâs dele tb!
Carlos, eu é que agradeço pela sua amizade, pelas dicas de viagem (sem elas minhas férias no Rio teriam sido menos saborosas:) e por todo o resto. Um abraço apertado.
Recebi a mensagem de seu texto e após ler fui ver o vídeo “A carne é fraca”. Neste momento ainda não tenho condições de redefinir minha vida. Estou emocionalmente abalada. Neste momento choro muito ao lembrar dos pobres pintinhos sendo jogados de um lado para outro, sendo tratados como “coisas”, os que não passam pelo controle são “descartados”. Quem somos nós para decidir o destino de tão pequenas criaturas, que como disse na reportagem nunca sentiram o afago e o calor de suas mães. E os pobres bois, seus olhos tristes ainda estão em minha mente. Aquilo mais parecia um centro de concentração nazista. Nós não condenamos o que aconteceu no passado da humanidade???? Mas temos “autorização” para fazer com os animais. Sandra, ainda não sei como reformular a minha vida, mas sei que devo e farei algo para mudar. Já dizia ao meu marido que isso estava próximo de acontecer, pois não estava me dndo muito bem com as carnes. Inteligente é a minha filha mais nova, que desde muito pequena sempre rejeitou as carnes, leites e afins.
Desculpe o desabafo, mas ainda estou em choque após saber que fiz parte de todo este terror àqueles que eu julgava que gostava. bjs a todos
Rita, entendo sua reação, pois senti a mesma coisa quando vi esse documentário. Vou ficar torcendo pra que você consiga fazer as mudanças necessárias pra ficar em paz com a sua consciência novamente. E se eu puder ajudar com receitas e dicas, ficarei muito feliz.
Querida, desculpe chamá-la assim com tanta intimidade, mas há cerca de 1 ano acompanho o seu blog e suas aventuras culinárias, políticas e humanas, acima de tudo. Nunca escrevi antes aqui, mas hoje seu texto me comoveu singularmente, talvez pela consciência com que descreve sua história e a facilidade com que nos faz perceber que as escolhas mais fáceis nem sempre são as mais corretas. Ainda sou onívora, ganhando coragem para uma mudança mais efetiva na minha alimentação, cheia de vegetais, legumes, grãos e ervas.
Obrigada pelo prazer de compartilhar conosco suas aventuras em todos os aspectos, nos fazendo refletir sobre nosso comportamento alimentar.
Conheci seu blog numa pesquisa sobre semente de chia, e desde então não parei mais de estar por aqui algumas vezes por semana, pra saber qual a dica importante mais recente.
Sou carioca, moro em Salvador, e meus pais são de Mossoró, logo, ocorreu uma identificação imediata com suas histórias, afinal, somos quase conterrâneas!
Boa sorte na Palestina e excelente trabalho.
Janaína Mendes
Janaína, que bom que você resolveu escrever um comentário aqui depois de um ano de leitura silenciosa:) Gostaria de te agradecer por acompanhar o blog e pedir um favor: apareça mais vezes nos comentários. A melhor parte de ter criado o Papacapim foi ter entrado em contato com pessoas incríveis, algumas que viraram amigas fora da internet, então gostaria que meus leitores não me privassem do prazer de conhecê-los.
Acho que o pior é aguentar a chacota de quem não entende/respeita nosso estilo de vida…
Uma vez preparei uma refeição super elaborada, colorida e gostosa e chamei meus pais pra almoçarem comigo. Fiquei umas duas horas na cozinha e preparei desde as entradas até a sobremesa, tudo vegano (e tudo do papacampimveg, hehehe).
No final do almoço, quando eu perguntei se eles tinham gostado, a resposta foi: “Ah Fernanda, faltou uma carninha, né? Esse almoço cheio de mato não me agrada, não.” Aquilo me frustrou tanto!
Então decidi ser responsável apenas pelo que eu como, e ponto final. Mas me sinto muito solitária, às vezes.
Acho que todos nós que escolhemos o vegetarianismo sentimos que estamos nadando contra a corrente, né?
As pessoas reagem assim por tantos motivos… Muitas realmente não estão acostumadas com o sabor de legumes, outras precisam criticar a comida pra afirmar pra si mesmos que seu regime alimentar é melhor. Não desperdice seu tempo/energia com isso. Sou totalmente a favor de cozinhar pratos veganso pros onívoros, pra ajudar a quebrar os preconceitos com relação à culinária vegetal, mas só se eu sentir que a pessoa tem uma certa abertura. Quando faço um banquete veg em casa, sempre penso que os onívoros não sabem o que estão perdendo;)
Realmente é a pior parte de ser vegana… Essa necessidade que as pessoas tem sempre afirmarem que “falta carne” e “aquele picanha” e que “só como mato” etc etc… Muitas vezes também me sinto só, especialmente em festas de família. Parece que sempre em algum momento minha escolha será o centro das atenções e normalmente não de forma boa… E nem estou lá e começam a querer julgar sem nunca terem parado para realmente entender os meus motivos. “nem me mostra esses vídeos!”, “não quero saber, tenho dó, mas não quero/consigo parar de comer”…
Admiração e reverências!
Adoro o Papacapim, me inspira muito.
Beijos
Muito obrigada, Samyta.
Assim como vc nunca fui consumidora de carne vermelha (exceto os embutidos -pior comida que existe!), em um determinado momento da minha vida decidi parar de comer carne. foi uma decisão sem pesquisa, eu sabia que comer carne era errado mas não tinha noção do quão errado era.
Por isso um ano depois voltei a consumir carne branca.
Passado mais um tempo me casei e ganhei do meu marido nosso filho, um coelhinho lindo e extremamente amável!
Sempre que contávamos para os nossos amigos que nosso filhote era coelho, ouvíamos “hum que delicia”, então percebi que eu sou capaz de amar qualquer ser, o que me faltava era a convivência!
Eu nunca consumiria a carne de um coelho por que para mim ele era um ser amado… cheguei a conclusão que se tivesse ganhado um porquinho, uma galinha ou uma vaca também os amaria e não me conseguiria consumir suas carnes.
Esse momento foi um choque na vida…
Então fui pesquisar sobre o vegetarianismo, assisti o documentário “a carne é fraca”, passei dias acordando de madrugada com crises de choro!
É difícil acreditar que o ser humano seja capaz de tanta maldade!
Decidi ser vegetariana, dessa vez foi uma decisão pensada e estudada.
Meu marido ao assistir o documentário também aboliu o consumo de carne.
Acho que o veganismo é um caminho, já não compro mais ovo ou leite, evito ao extremo os produtos que os possuem, mas as vezes me rendo a um queijo (não achei nenhum queijo vegetal para comprar), um sorvete ou como na rua algo que não sei ao certo se tem ou não algum derivado (exemplo um macarrão ao sugo, que pode ou não conter ovos!)
E é aí que o Papacapim entra, encontrei varias receitas que me ajudam nessa nova fase.
AMO a salada de feijão com quinoa (alias nem sabia o que era quinoa antes de ler o blog), já fiz tantas vezes essa salada que eu já até fiz uma nova versão -uso feijão fradinho.
Muito obrigada Sandra.
seu blog me ajuda muito!
Fico feliz em ser útil, Tatiane. Adoro descobrir que minhas receitas estão levando alegria pra barriga dos meus leitores:)
Texto lindo! Você é incrível. Muito inspirador e desafiante! Você pode até não se achar superior com o seu veganismo, mas me sinto um pouco inferior por ser onívora lendo isso. Parabéns! Vou tentar também. Por que não?
Carolina, te fazer sentir inferior não era minha intenção:( Só queria contar minha história e, eventualmente, fazer as pessoas refletirem sobre suas próprias escolhas.
Sandra, adoro seu blog… Entro nele todo dia , para fazer o prato do dia 🙂 pra mim é perfeito, tem tudo que eu preciso …. Doce, Salgado, molhos, tortas, pratos principais… não olho nem um outro site mais … Ja fiz varias receitas suas. Suas receitas sao com ingredientes simples, bem explicadinhas e variadas. Meu marido ta amando minha comida e o papacapim tambem, diz que eu num saio mais do papacapim. 🙂 ta querendo colocar um restaurante pra mim, rsrsrsrsr So temos um problema, estamos quase veganos, somos vegetarianos e temos evitado ovo e laticínios porém fizemos dosagem de vitamina B12 e deu bem baixa … Como você faz pra repor? Temos que tomar remédio? Pois já li e vejo que verduras e legumes tem também porém em pouca quantidade. Gratidão por tudo!
Muito obrigada, Isabel. Seu comentário me deixou super feliz e orgulhosa 🙂 Se abrir um restaurante me avise, vou adorar te ajudar a criar o menu! A questão da B12 na dieta vegana (e vegetariana) deve ser levada muito a sério. Por isso escrevi esse post: http://papacapim.org/2011/09/17/tudo-o-que-voce-sempre-quis-saber-sobre-a-b12/ Acho que você vai encontrar toda a informação que precisa lá. E respondendo sua pergunta, sim, eu tomo um suplemento de B12.
Me intrometendo: na última vez que fiz a dosagem de b12, estava baixa também. O médico me passou um suplemento, disse que eu podia usar por alguns meses. Conversando com ele sobre outros detalhes da minha saúde, ele acabou me orientando a usar uma pílula de uso contínuo por um tempo, porque eu tenho o fluxo muito intenso e perco ferro e outros nutrientes todo mês. Mas né, um suplemento de b12 custa pouco, a gente pode tomar uma por dia e nem é algo que muda sua rotina 🙂
Adorei o texto e espero que, em breve, possa tornar-me uma vegana! Nunca imaginei falar isso, mas realmente… faz muito sentido. Mas se eu pudesse criar uma vaquinha pra fazer iogurte do leite dela… hmm!! Hehehehe
Essa frase do Dumbledore é muito boa, mesmo!
Interessante que esse texto pode se encaixar em muitos aspectos de nossas vidas, vou refletir bastante sobre ele e colocar mais coisas em prática na minha vida.
Um abraço!
Nossa, Ana, não imaginei nunca que meu texto teria um impacto tão profundo! Mas é verdade que “escolher entre o certo e o fácil” se aplica a todos os aspectos da vida, não só à maneira como nos alimentamos. Essa frase acabou virando o meu mantra (se J.K. Rowling soubesse:). Espero que quando estiver velhinha e fizer um balanço da minha vida eu tenha a confirmação que os caminhos que escolhi foram sempre motivados pela ética, não pela facilidade/comodidade.
Sandra, obrigada pelo carinho que vc nos trata. Desde ontem não como carne. Estou nas saladas e frutas. Mas querem saber meu prato de agora , no almoço, ficou maravilhosoooooooooo. Comi: alface, tomate, cenouras, abacate com limão e gergelim e morangos. O melhor: fiquei leve e sem aquele sono “pós almoço” insuportável que não me permitia voltar aos estudos. Ainda penso na reformulação. Já li receitas no seu blog, para ativar minha imaginação. Para ajudar sou péssima cozinheira. Mas estou confiante, pois toda mudança requer determinação e boa vontade.
Olá Sandra, já faz alguns meses que venho acompanhando seu blog mas é a primeira vez que escrevo e quero lhe agradecer por dedicar um tempo do seu dia pra ajudar as pessoas que buscam uma maneira melhor de se alimentar. Descobri o blog quando pesquisava receitas veganas pois meu marido e eu estávamos na transição do vegetarianismo pra o veganismo e suas receitas foram fundamentais para essa mudança em nossas vidas e ao ler esse seu ultimo post percebi o quanto o comodismo me fez optar por escolhas mais fáceis ao invés das certas por tanto tempo, já que sou vegetariana a mais de 10 anos, percebi que por muito tempo me utilizava da desculpa de morar em uma cidade pequena que não há muita diversidade de produtos industrializados que poderiam “substituir” todos os produtos de origem animal que ainda consumia e agora consigo enxergar a diversidade de alimentos simples que está ao meu alcance e que com criatividade e boa vontade se transformam em comidas saborosíssimas. Agradeço-lhe muito pela dedicação que você tem em seu ativismo gastronômico e por essa sua maneira de escrever seus posts que encanta todo mundo … parabéns por tudo inclusive pelo seu trabalho maravilhoso como voluntária aí em Belem, que Deus lhe abençoe!
Muito obrigada por tudo que você escreveu aqui, Cláudia. Ajudar pessoas a se alimentarem melhor é a minha missão atual, por isso decidi dedicar a maior parte do meu tempo criando receitas e conteúdo interessante aqui no blog. E só posso te dizer que esse trabalho, embora não seja financeiramente remunerado, foi o melhor que já tive até hoje e nunca me senti tão realizada:)
Muito bom o post,realmente há aquele primeiro ano de veganismo,ano de revolta e desespero por não conseguir mudar o mundo,apesar de estar bem mais calma hoje em dia,não tenho como falar que sou uma vegana feliz,pois apesar de ter a consciência limpa minha angústia continua,muitas vezes imagens de animais em sofrimento invadem minha cabeça trazendo tristeza,mas já estou acostumada com esta situação.
Sandra, que maravilhoso artigo! Fizeste muito bem em partilhar a tua opinião sobre o veganismo e a tua história… Não podia deixar de dizer que concordo com TUDO aquilo que dizes, a sério.
Achei curioso dizeres que o Papacapim te ajudou, porque sinto que o mesmo aconteceu comigo em relação ao meu blog… Foi como uma forma de libertação daquilo que pensava e de mostrar que afinal tenho opinião sobre alguns assuntos e deixei de ser a pessoa indiferente que durante tantos anos fui.
Também achei engraçado dizeres “É difícil resistir à tentação de se imaginar moralmente superior aos não veganos quando decidimos seguir esse caminho por razões éticas”; acho realmente tentador, mas concordo contigo… Mas acredito que o seja simplesmente porque quando uma pessoa tem a capacidade de mudar completamente o seu estilo de vida é porque tem a capacidade de reflectir nos seus actos, avaliá-los e mudar, e acho que é isso que falta à maioria das pessoas, e que eu valorizo imenso. Mudar é o que faz o ser humano evoluir espiritualmente (mentalmente), e exigir sempre o melhor de si, só assim é que o mundo vai ser melhor, quando toda a gente acordar e reflectir nas suas acções. Mas antes de desejar que as pessoas mudem, tenho de desejar que simplesmente pensem um pouco, porque não pensar só gera preconceito (e enfim, tanto para discutir, acho que é melhor parar, não quero parecer extremista…)
Desculpa o meu comentário longo! Beijinho
Muito legal a sua historia e o seu respeito pelo os que pensam de uma forma diferente. Obrigado por compartilhar.
Eu diria que sou um vegano, que socialmente ainda come carne. Estranho? Talvez..
bonita sua historia
Cada um escolhe o seu caminho. E é isso que acho lindo no veganismo. Tantos motivos levando a uma única solução, o que cada dia me faz acreditar mais e mais que é a evolução, que a escolha acertada.
Meu motivo, só para compartilhar, é porque fui criada na roça. Além de ver meus animais de estimação serem mortos e colocados no meu prato, eu vi minhas matas e meus rios, as coisas mais preciosas do meu mundo, sumirem.
Eu tenho “apenas” 28 anos e vi um rio que era perigoso, fundo, caudaloso virar um pequeno corrégo que não molha minha canela. Ví rio que era navegável, por onde chegaram as barcas de imigrantes, sendo atravessado por pessoas com água na cintura.
Vi minhas matas, meus cervos, meus belíssimos saíra-sete-cores, meus micos, meus tatus, minhas pacas, meus periquitos, meus quatis… Meu Deus, meus quatis… Como eu amava abrir a porta de casa e ver na mata próxima um quati passando, cuidando da sua vida. Eu vi eles sumirem. Todos.
E sabe pra que? Pra fazer pasto. Derrubar tudo para por boi em cima. Pois o homem do campo diz (e é verdade) que agricultura não dá mais dinheiro.
Carne pra mim, é a morte da minha alma. Cada vez que tem um churrasco na casa da minha avó (agora em outro local), eu lembro de nossa casinha de pau-a-pique, com um grande rio correndo a alguns metros e uma mata ao fundo. O som dos bichos de manhã. O frio que fazia.
Tudo isso foi perdido. Perdido porque pessoas acham que tem que comer carne até sair pelo nariz, pois “está pagando”. Que acham que a carne brota de bandejinhas dentro do mercado.
Eeu fiz uma pesquisa há algum tempo sobre isso. No espaço onde cria-se 2 bois (1 hectare) num ano, poderia-se colher:
* Feijão: 3 toneladas (colhe-se 2 vezes por ano)
* Arroz: 4 toneladas
* Grão-de-bico: 1 tonelada
* Brócolis: 8 toneladas
* Soja: 3 toneladas
E você pode pesquisar mais no site da Embrapa ou no Google, só digitando o nome da planta e “produção hectare”
Uma dieta vegana alimenta mais pessoas usando menos solo.
Primeiramente, parabéns por escrever tão bem! Passar as informações com tanta delicadeza e objetividade é para poucos. Não conhecia o blog e desde ontem estou lendo sem parar. Diminuí bastante a carne do meu cardápio mas confesso que ainda não sei lidar com a família e os amigos em um domingo de churrasco. Creio que um dia vou chegar lá. Obrigada pela contribuição 🙂 Abraços.
Muito obrigada e seja bem-vinda ao Papacapim, Juliana.
O ativismo gastronômico do papacapim me comove sempre.
O texto acima seria suficiente para redirecionar meu comportamento, como fiz no início da adolescência. Me descobri vegetariana aos quinze e me conscientizei vegana há pouco tempo.
Também nunca adorei carne, sempre busquei me alimentar de forma saudável apesar da minha predileção por peixes e laticínios. Hoje, desconfio muito fortemente que a doença (neoplasia de ovário) que tive foi acelerada (pois é mais comum em mulheres após os 50) pelo consumo excessivo de laticínios após eliminar os cadáveres inocentes do meu cardápio. O meu sofrimento foi ainda maior porque durante o a quimioterapia tive que consumir carnes por orientações médicas (!). Após várias leituras e reflexões, percebi que poderia ter sido diferente se não fosse a ignorância/facilidade com que muitos tratam a alimentação, inclusive a classe médica. Retomei ao eixo, agora mais bem estruturado do que antes. Hoje, depois de me decepcionar profundamente com o curso de gastronomia, penso em fazer nutrição e me especializar na área veg. Quem sabe participar de um curso na escola de culinária vegetal PapaCapim!
Acredito que essa mudança de parâmetros seja tão profunda na vida de um humano que apenas a presença de um veg. cause atritos(trazendo estabilidade) em um ambiente. Porém, hoje não os vejo como inferiores até porque ser onívoro é uma etapa evolutiva da consciência humana, mas sim como futuros aliados. Temos uma jornada para seguir, o veganismo é um posicionamento político, necessário e urgente. É o mínimo que podemos fazer no dia a dia para minimizar o nosso impacto neste planeta e sermos o exemplo da mudança que queremos ver no mundo!
Se eu já te admirava por milhares de coisas que eu li aqui, imagina agota que eu li a frase que te inspirou e prontamente soube qual livro era. Dumbleodore disse isso a Harry quando o chamou para começar a caçar as horcruxes e aparata de hogwarts para aquela caverna. Sou muito fã dele e acho que as pessoas tem muito a aprender com esses livros, apesar de serem fantasia (não na minha cabeça kkkk). E por incrivel que pareça, mais uma vez me identifico com os seus ideais. Parabéns, querida. Você é uma pessoa fantastica e eum exemplo a ser seguido. Beijos
Genial o link sobre carnismo que você compartilhou Sandra! Não conhecia o termo e achei a discussão extremamente pertinente!