Muito obrigada pelas mensagens de solidariedade e apoio que vocês deixaram no meu último post. Como a ideia de viver de amor e hummus agradou algumas pessoas, acho que esse é um bom momento pra dividir com vocês uma variação da pasta mais amada no mundo (no meu mundo, pelo menos).
O hummus clássico, que ensinei a fazer aqui, é pra mim tão perfeito que não vejo sentido nenhum em alterar a receita. Às vezes vejo na internet receitas de hummus com ervas, com azeitonas, com beterraba e fico pensando na reação dos meus amigos palestinos se eu ousasse servir um negócio desses pra eles. Claro que eles gritariam “Sacrilégio!” e provavelmente se recusariam a provar a contrafação. Não me entendam mal, eu sou totalmente a favor da criatividade na cozinha e vivo adaptando receitas. Mas o hummus é tão delicioso do jeitinho que eles fazem aqui que embora eu me aventure vez ou outra com versões criativas dessa receita (a prova com esse pseudo-hummus com pimentão grelhado), sempre acabo voltando pra original.
Mas o segredo da gostosura do hummus é a tahina (ou tahine), essa pasta de gergelim que dá a cremosidade e o sabor típico ao prato e alguns leitores me escreveram dizendo que não é fácil encontrar esse ingrediente onde moram (ou que ele custa uma fortuna). Por isso pensei em sugerir mais uma alternativa de pasta à base de grão de bico sem a danada da tahina.
Quem gosta de tomate seco vai adorar a receita, mas se essa não for a sua praia fique longe dela, pois esse é o sabor que predomina no produto final. Eu adoro tomate seco, principalmente os que não são conservados no óleo (dependendo do óleo usado os tomates podem adquirir um sabor não muito agradável). E como também adoro alho assado, combinei esses dois ingredientes com o grão de bico, que tem um sabor bem neutro, pra criar uma pasta saborosa, simples e que fica pronta em poucos minutos (se o seu grão de bico já estiver cozido, claro).
Melhor do que o meu amado hummus? Não, mas é bom variar de vez em quando.
Pasta de grão de bico com tomate seco e alho assado
Essa pasta é um ótimo recheio pra sanduíche. Espalhe uma camada generosa em um bom pão (de preferência integral e com cereais) ligeiramente tostado e acrescente os vegetais que mais gostar: tomate fresco, pepino, rúcula, palmito, berinjela ou abobrinha grelhada, alcachofra… Alho assado se transforma totalmente e o sabor fica muito suave, por isso não se assuste com a quantidade de alho dessa receita.
1x de grão de bico cozido
2cs de tomate seco picado
1 cabeça de alho (você só vai usar a metade)
1cs de suco de limão
2cs+ 1cc de azeite
Uma pitada de orégano ou manjericão (ou uma mistura de ervas finas) desidratado
Sal e pimenta do reino a gosto
Corte o topo da cabeça de alho (do lado contrário da raiz), só o suficiente pra expor alguns dos dentes e regue com 1cc de azeite. Leve ao forno alto (coloco diretamente sobre a grelha) e deixe assar alguns minutos, até a parte exposta do alho ficar dourada e o interior macio (teste inserindo a ponta de uma faca). Retire o alho do forno e deixe esfriar um pouco. Coloque o grão de bico cozido, o tomate seco, o suco de limão, o azeite e as ervas no liquidificador. Esprema metade da cabeça de alho* por cima (basta apertar cada dente de alho entre os dedos pra polpa macia se liberar), tempere com sal e pimenta do reino a gosto e junte 4cs de água. Bata a mistura até ficar homogênea, juntando um pouco mais de água (1cs por vez) até atingir a consistência de um creme espesso. Prove e corrija o tempero (talvez você queira colocar um pouco mais de limão, de azeite ou de sal). Rende um pouco mais de 1x. Se conserva alguns dias na geladeira.
*Misture a polpa da outra metade da cabeça de alho com 1-2cs de azeite, sal e pimenta do reino e passe essa pastinha no pão tostado. Delícia!
Que delícia! Eu amo as variações de hummus. Em casa mesmo eu vivo fazendo a versão com pimentão vermelho grelhado rsrsrsrs Eu fiquei triste em saber que não vai mais publicar seu livro, mas fiquei mais triste ainda pelo fato que não poderá ficar mais aí na Palestina. Deve ser muito difícil mesmo conseguir visto para ficar por aí. Mas te desejo tudo de bom e pode ter certeza que o sua ajuda está fazendo uma grande diferença na vida de muita gente por aí.
Um grande abraço
Fernanda
Eu também adoro a versão com pimentão grelhado, mas nada consegue destronar a versão original:-)
Pois é… é extremamente difícil conseguir visto pra morar aqui. A Palestina vive sob ocupação israelense, então precisamos fazer o pedido de visto ao governo de Israel que, como você pode imaginar, não tem interesse nenhum que estrangeiros morem e trabalhem na Palestina. Foi um verdadeiro milagre ter conseguido morar esses cinco anos aqui (nunca fiquei ilegal) então não vou reclamar agora pois tive muita, muita sorte.
Sandra, também estou triste pelo fato de não ser publicado seu livro, mas estou torcendo para que, em um futuro breve, vc.tenha condições de realizar seu sonho.
Muito boa esta receita, mas vc.sabe que quando não encontro tahina, eu substituo da seguinte maneira. Torro ligeiramente sementes de gergelim, depois bato no liquidificador até virar um pó bem fino, e daí, vou acrescentando óleo de girassol com um pouquinho de óleo de gergelim (não torrado) áté obter a consistência desejada. A semana passada, utilizei esta substituição, na pasta de berinjela e ficou super gostosa.
Obrigada por compartilhar.
Um abração.
Rosa
Obrigada por compartilhar a dica, Rosa. Eu também consigo fazer tahina no meu liquidificador, só com as sementes de gergelim ligeiramente torradas (o óleo se libera mais fácil), mas como tenho um liquidificador ultra potente (industrial), achei que não funcionaria com um liquidificador normal…
Parece interessante e um dia vou experimentar, mas por enquanto ainda estou em lua de mel com o hummus tradicional. E minha tahine eu faço em casa. Aprendi aqui http://come-se.blogspot.com.br/2010/10/tahine-no-processador.html. Fica perfeita e garante minha porção semanal de humus. Não fiz nenhum comentário no post sobre o livro, mas estou acompanhando de perto e o que posso dizer é que concordo com todos os comentários. Quando eu crescer quero ser igual a você. Beijos!
Eu adoro o Come-se e já tinha visto esse post sobre como fazer tahina em casa. Só não sugeri no meu texto porque imagino que pouca gente tenha processador em casa. Talvez seja comum em outras regiões do Brasil, mas lá no RN não conheço absolutamente ninguém que tenha um processador (só liquidificador). Mas fica a dica pra quem tem esse aparelho em casa. Obrigada por compartilhar, Sandra.
Eu tenho um processador pequeno e bem simples, mas muito eficiente. Comprei em um desses sites de vendas pela internet e eu nem dava muito valor a ele, mas agora, depois que o Papacapim entrou na minha vida o pequeno tem trabalhado como gente grande, rsrsrs…temo que seus dias estejam contados, mas nunca mais ficarei sem um. Por falar nisso acabei de fazer o humus nosso de cada dia, uma delícia! Bj
Você tem uma receita de tomate seco que não seja tão demorada? A minha demora mais de 2 horas. Obrigada.
Nossa! Só duas horas pra fazer tomate seco e você acha isso demorado? Aqui o pessoal seca o tomate no sol e leva DIAS! Infelizmente não vou poder te ajudar aqui, pois tenho nenhuma receita, Edithe.
Não é só no teu mundo Sandra, pelo menos, no meu mundo o hummus também é a minha pasta preferida (se não contarmos com as manteigas de oleaginosas, com quem tenho uma relação já assumida há muito tempo). Mas no entanto adoro experimentar pastas novas e essa parece-me perfeita! Adoro tomate seco, alho assado, que mais poderia desejar? Não estou a perceber os seus amigos palestinianos 😉
Pratos típicos são extremamente ligados à cultura do povo (e carrega lembranças da infancia), por isso os palestinos são tão apegados ao hummus original. Mudar a receita seria como mudar aquela receita que nossa mãe fazia pra gente quando pequenos e que a gente carrega no coração…
Inspirada na sua polenta com hummus e o título “É bom variar” deste texto, ontem eu fiz um purê de batata…com hummus! rs O pessoal adorou, ficou com uma textura bonita e, acredito, bem nutritivo! Obrigada pelas inspirações, Sandra. Que vc continue ouvindo a sua intuição… pois dizem que é a guia perfeita para se sentir plena.
Menina, pois não é que já pensei no purê com hummus também? Você leu meus pensamentos! Obrigada por ter testado por mim, agora sei que fica bom:-)
Oooii… Uma dúvida, da pra fazer patês/pastas com grãos congelados? (claro que descongelando eles pra usar) Porque geralmente receitas com grão de bico eu evito fazer pelo trabalho que da e como não tenho muito tempo para cozinhar queria facilitar.. E não gosto de grãos congelados pra usar de “mistura” então talvez fazer receitas diferentes com eles possa ser uma saída. Beijinhos :3
Sem problemas, Raquel. Uso grãos congelados o tempo todo, tanto em pratos quentes como em patês (nesse caso dou uma fervidinha antes pra descongelar).
Fiz ontem um hummus com tomate seco (sem ter visto essa receita) e ficou bom porém muito doce : ( dicas de como equilibrar?
Menos tomate seco? Mais sal?