Continuando a descascar o Guia Papacapim de alimentação saudável, a dica a ser tratada esse mês é:
Saiba decifrar embalagens de alimentos industrializados.
Apesar de continuar insistindo que comida de verdade não tem embalagem nem lista de ingredientes, e que essa é a comida que deve aparecer no seu prato em absolutamente todas as refeições, nem todo mundo está disposto a preparar toda a sua comida na própria cozinha. Eu, por exemplo, não faço macarrão em casa e sempre compro a versão industrializada. Outras comidas industrializadas que você vai encontrar sempre na minha cozinha: aveia em flocos, vinagre, azeite, cacau, chocolate, sal marinho, tahina, fécula de araruta, amido de milho, tomate seco, levedo de cerveja, missô, xarope de bordo, farinhas…
Como nem toda comida industrializada é igual, é preciso saber identificar os bons produtos dos maléficos. E pra ser capaz de fazer isso, temos que nos familiarizar com listas de ingredientes e tabelas nutricionais e fazer da análise da embalagem um reflexo. Se você comprar comida industrializada é INDISPENSÁVEL saber o que tem dentro.
Aqui vão algumas dicas pra te ajudar a escolher os melhores produtos e a analisar os rótulos da comida que entra na sua cozinha e, consequentemente, no seu organismo.
1- Uma regra simples que expliquei no último post dessa série: só consuma comida industrializada que tenha uma lista de no máximo 5 ingredientes. Essa regra é fácil de memorizar, é extremamente eficaz e faz você ganhar muito tempo: basta uma olhada na lista de ingredientes pra saber se vale a pena analisar o produto e, eventualmente, leva-lo pra casa, ou se você deve coloca-lo imediatamente de volta na prateleira. Em apenas um segundo você identificará os pseudo-alimentos que devem ser evitados a qualquer preço.
2- Se um produto passou no teste acima isso não significa que você deva consumi-lo de olhos fechados: é preciso analisar esses 5 ingredientes. Eles devem ser simples e conhecidos, o tipo de ingrediente que você encontraria em uma cozinha doméstica. Comida industrializada com ingredientes impronunciáveis e obscuros deixou de ser comida e se tornou veneno.
3- Já disse, mas não custa repetir: a única obrigação/preocupação do fabricante é vender, então não acredite nas embalagens e comerciais de comida industrializada que prometem benefícios pro seu corpo. Se alguém gastou milhares ou milhões de reais fazendo propaganda pra nos convencer que o produto X vai fazer maravilhas pela sua saúde, é porque não é verdade. Isso pra mim não podia ser mais óbvio, mas ainda vejo tanta gente acreditar em propagandas…
A lista de ingredientes
Pra poder analisar ingredientes é preciso saber primeiro do que se trata. Seguindo a dica 2, você não terá esse problema, pois se um ingrediente é desconhecido, tem um nome enorme e impronunciável, isso é sinal que você não deveria ingerir esse produto. Mas gostaria de dividir com você alguns fatos interessantes que todos deveriam saber.
-Os ingredientes de um produto são listados em ordem decrescente na embalagem, ou seja, o ingrediente usado em maior quantidade vem sempre em primeiro lugar e o ingrediente usado em menor quantidade em último.
– Mas é preciso atenção na hora de ler essa lista, pois os fabricantes podem usar truques pra enganar o consumidor. Por exemplo, substituindo uma parte do açúcar de uma barrinha de cereal por xarope de glucose, o açúcar aparece em segundo lugar na lista, seguido do xarope (e talvez mais na frente ainda tenha outros tipos de açúcar, como a frutose). Quando somamos tudo, o primeiro ingrediente é açúcar. É preciso somar todos os tipos de açúcar pra saber a real quantidade desse ingrediente no produto.
– Falando em açúcar, esses são os tipos mais comuns encontrados em comida industrializada: sacarose, frutose, glicose, xarope de glucose, xarope glucose-frutose, dextrose, açúcar invertido, dextrina, maltodextrina, lactose… E ainda tem os adoçantes (naturais ou artificiais), como: isomaltose, manitol, maltitol, aspartame, lactitol, polidextrose, sorbitol, sacarina, ciclamato… De tão perigosos pra saúde, alguns desses adoçantes são proibidos em outros países, mas são usados livremente no Brasil. A sacarina é proibida na França e no Canadá e o ciclamato (acusado pela OMS de causar câncer, mutações e alergias) é proibido nos EUA, Japão, França e Inglaterra. Sacarina e ciclamato são usado em quase todos os refrigerantes zero no Brasil.
– O acréscimo de vitaminas e minerais é aberrante quando o produto é visivelmente ruim pra saúde. De que adianta acrescentar 9 vitaminas e minerais a um biscoito recheado que é carregado de açúcar, gorduras hidrogenadas e farinha branca?
– Aliás, na maior parte do tempo o acréscimo de vitaminas é inútil, pois a qualidade dessas vitaminas deixa muito a desejar e/ou as quantidades são insignificantes. A ironia é que alimentos industrializados, devido ao processamento extremo, perdem boa parte de seus nutrientes, então no final das contas as “9 vitaminas e minerais” são só uma fração do que foi perdido. Ou seja, esses alimentos não são ‘enriquecidos’ e sim empobrecidos. Vitaminas, minerais e antioxidantes são abundantes em vegetais frescos, leguminosas, oleaginosas… Se você realmente precisar de uma dose extra de vitaminas, procure suplementos específicos e de alta qualidade, não comidas industrializadas ‘enriquecidas’.
-O mesmo é válido pra produtos feitos com farinha de trigo integral. Analisemos a composição de um biscoito salgado integral (club social integral recheado, sabor queijo): farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, gordura vegetal hidrogenada, amido, soro de leite em pó, farinha de trigo integral, maltodextrina, açúcar, açúcar invertido, sal, cálcio, aromatizantes, fermentos químicos: fosfato manocálcico, bicarbonato de sódio e bicarbonato de amônio e emulsificante lecitina de soja. O primeiro ingrediente é a farinha de trigo branca, a integral aparece somente em quinta posição. E com gordura vegetal hidrogenada (trans) mais três tipos de açúcar (em um biscoito salgado!), esse biscoito está a anos luz de ser considerado ‘saudável’. Seria diferente se a farinha fosse 100% integral? Absolutamente não. É preciso parar de supervalorizar farinha de trigo integral. Alguns gramas de fibra a mais não anulam os malefícios de todos esses ingredientes ruins. “Mas isso é melhor do que o mesmo biscoito feito só com farinha branca” você diz? Amigo(a), o melhor mesmo é não comer nem um, nem outro.
– Uma palavrinha sobre aditivos alimentares. Segundo a Anvisa, aditivo alimentar é ‘qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem o propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais’. A FDA, organização norte-americana que regula a comida e os medicamentos (utilizada como referência em vários países do mundo) autoriza cerca de 2.800 aditivos na alimentação. 2800!!! Apesar de muita pesquisa, não consegui achar o número de aditivos autorizados no Brasil (me pergunto qual é a razão desse mistério…), mas a Anvisa fala de 23 grupos de aditivos (cada grupo composto de dezenas de substâncias), como os antiumectantes, umectantes, antioxidantes, conservadores, estabilizantes, edulcorantes, aromatizantes, acidulantes, estabilizantes de cor, entre muitos outros.
Entendendo tabelas nutricionais
-O mais importante a ser notado aqui é que as informações nutricionais, ou seja, a quantidade de calorias, proteínas, carboidratos (açúcar é um carboidrato), gorduras, fibras e sódio, é dada em função do que o fabricante considera como uma porção. No caso de biscoitos recheados, por exemplo, uma porção significa 3 biscoitos, mas quando a gente sabe que a maioria das pessoas come um pacote inteirinho de uma vez, esses dados estão muito abaixo do que é realmente consumido.
– Cuidado com afirmações do tipo “fonte de fibras”, “fonte de vitaminas”, etc. estampadas nas embalagens. Pode parecer que o produto em questão é rico em fibras (ou em vitaminas, minerais…), mas a realidade é bem diferente. Por exemplo, o biscoito club social integral trigo, aveia e centeio (que tem as palavras “fonte de fibras” na embalagem) contem 1 grama de fibra por porção de 26g (3 biscoitos). Se eu comparar 40g de aveia em flocos (1/2xícara, crua) com a mesma quantidade desse biscoito, eu descubro que a aveia tem 4g de fibra enquanto o biscoito tem apenas 1,5g. Se fibras é o que te interessa, é melhor comer papa de aveia. Sem falar que esse biscoito tem gordura hidrogenada, açúcar, açúcar invertido e quase 300mg de sódio (por 40g), enquanto a aveia não tem nada disso, é um alimento integral e natural e tem 0g de sódio (por 40g).
-Outra afirmação enganadora é “sem gorduras trans” ou “sem gorduras trans na porção”. O mesmo biscoito citado acima tem essas palavras impressas na embalagem, apesar de gordura vegetal hidrogenada (trans) ser o segundo ingrediente da lista. Como isso é possível? Simples, a lei autoriza o fabricante a ‘omitir’ esse detalhe se o produto tiver até 0,2g de gordura trans por porção: 0,2g é arredondado pra 0g. No caso desse biscoito, a porção utilizada como parâmetro são 3 unidades. Ou seja, se você comer 9 biscoitos (o que não é difícil), você acabou ingerindo 0,6g de gordura trans. Recomenda-se não consumir mais do que 2g de gordura trans por dia. Eu digo: não aceite absolutamente nenhuma quantidade de gordura trans na sua alimentação! Gordura trans é um veneno criado pelo homem e a afirmação acima é uma especulação que na verdade significa: “Não podemos garantir nada, mas talvez 2g desse veneno por dia não prejudique as funções do seu organismo.” Você quer continuar sendo cobaia da indústria alimentícia e brincar de roleta russa com a sua saúde?
Moral da história
Ler etiquetas pode parecer trabalhoso no início, mas com o tempo se torna um reflexo. E lembre-se:
-Pra que um alimento industrializado possa receber o sinal verde pra entrar na sua cozinha ele deve preencher dois requisitos: ter no máximo 5 ingredientes e esses ingredientes devem ser do tipo que você encontraria em uma cozinha doméstica (nada de palavrões impronunciáveis e obscuros).
-Cuidado com as duas armadilhas mais comuns dos fabricantes. 1-Dissimular quantidades obscenas de açúcar usando diferentes tipos dessa substância. 2- Afirmar que o produto em questão é bom pra saúde porque algumas vitaminas/minerais foram acrescentadas ou porque tem (um pouco de) farinha de trigo integral, apesar dos ingredientes refinados e nada naturais.
-‘Zero gordura trans’ e ‘zero gordura trans na porção’ nem sempre significa que o produto não tem gordura trans. Uma coisa é certa: se você vir ‘gordura vegetal hidrogenada’ na lista de ingredientes, pode ter certeza que a danada está lá escondidinha.
Decifrar embalagens e analisar listas de ingredientes parece trabalhoso demais? A solução é extremamente simples: evite comprar produtos com embalagens e listas de ingredientes. É melhor pra sua saúde, pro seu bolso (duplamente: na hora de comprar você faz economias e terá menos gastos com a saúde a longo prazo) e você não perderá um segundo do seu dia lendo embalagens!
Sempre me encuquei com essas tabelas nutricionais. Não por questão de saúde (embora com o tempo tenha descoberto vários absurdos), mas por conta da minha intolerância com informações estranhas. E não é estranho “suspeito”. São pequenas bobagens que me irritavam.
Um exemplo: no pacote de biscoito vinha a tabela com a porção de 40 g, que era equivalente a 2 unidades e meia. E eu passava horas revoltada: “Quem peste come dois biscoitos E MEIO?” Depois que eu descobri o truque de arredondar a gordura trans pra 0, eu entendi o porquê dessas porções. E ainda assim acho que eles podia usar “2 unidades”. Você se imagina botando meio biscoito de volta no pacote?
E na lista de ingredientes nem se fala: tem produtos que vêm com um ingrediente chamado “sequestrante”. Gente, ele vai sequestrar o quê? O açúcar invertido? Que horror.
Desculpe, mas rachei de rir do “sequestrante”!
Não tenho nenhuma referência sobre a confiabilidade desse site, mas é mais coerente do que pensar em sequestro.
http://conservantesantioxidantessequestrante.blogspot.com.br/
Carol, essa história do sequestrante sequestrar o açúcar invertido foi hilária! Obrigada pela risada que você provocou:-)
Muito bom esse post, obrigada!
Sempre leio suas publicações e compartilho com os colegas e amigos. Essa veio no momento exato… quantas vezes não ficam fazendo troça de mim qdo leio embalagens? Além das preocupações com os industrializados, tenho que tomar cuidado com os corantes. Parabéns e continue publicando, pois são ótimos escritos!
O mais absurdo pra mim são pessoas que te dizem “Não quero saber o que tem dentro disso que estou comendo”. A gente só tem um corpo e quando ele quebrar, acabou-se, não tem substituto. E ver as pessoas tratarem seu corpo com tanta irresponsabilidade e falta de amor me deixa perplexa. Tem gente que cuida melhor do carro (que pode ser facilmente substituído) do que do corpo…
Ótimo post! Conheço várias pessoas que tem como mágicas as palavrinhas ”integral” ”0% açúcar” ”light” e demais golpes de marketing de tipo e consomem esses alimentos industrializados achando que irão beneficiar sua saúde.Inclusive já presenciei uma mãe falando que prefere alimentar seu filho com bolachas recheadas do que com frutas pois segundo ela ”bolachas matam a fome e tem vitaminas, uma banana tem agritóxicos e não mata a fome”. Triste, triste.
Nem sei o que dizer, Nicolle. Em que mundo vivemos…
Estou triste de imaginar, coitadinha da criança.
Além de sequelas meio óbvias como aumento de peso e hipertensão, muitos destes aditivos podem causar alergia. Já conheci pessoas que têm dor de cabeça quando ingerem glutamato monossódico (Ajinomoto). Já ouvi também de pseeoas que sentem leve dormência na língua quando consomem produto com fermento químico.
Aliás, você conhece alguma alternativa para este tipo de fermento?
Infelizmente não, Yoko. Estou é tentando fazer receitas de bolo sem fermento. Quando conseguir algum resultado que valha a pena ser compartilhado publico aqui no blog.
Adorei o post, parabéns! Muito informativo. Eu não sabia sobre a picaretagem da gordura trans escondida, mas agora vou ficar mais atenta.
Sandra, tenho uma questão que já me fizeram várias vezes quando falei em veganismo.
Dizem que ser vegano é um privilégio de uma elite, pois escolher alimentos sem esses aditivos/ingredientes de má qualidade que são empurrados pela industria exige um poder aquisitivo maior (justamente pelo fato de que eles sao “empurrados”, ou seja, são subsidiados/barateados de alguma forma para que os produtos que interessam – aqueles que a propaganda se esforça pra veicular – saiam das prateleiras).
Eu não tenho certeza se isso é verdade – isso de que precisa-se ter mais dinheiro pra comprar maior qualidade – mas me parece que sim, no Brasil. O fato de eu nao ter certeza prova a minha desatenção ao meu orçamento principalmente no tocante à alimentação, mas também prova a minha escolha por qualidade. Isso me deixa mal, pq eu fico sem poder me defender dessa argumentação que me incomoda tanto.
Quer dizer, no fundo, me parece que as pessoas pobres consomem muita carne de má qualidade (tipo salsicha, por ex.) e os produtos quaisquer que estejam sendo propagandeados o suficiente pra serem comprados, entende? por causa da falta de informação e pela dinâmica dos preços que está aliada com a da propaganda.
Como eu analiso essa situação? Talvez o meu julgamento sobre o hábito dos consumidores de classe baixa/consumidores comuns esteja errado também… Mas eu sei, por exemplo, que meu pai fazia bastante frango com molho e arroz com salsicha pra nós quando éramos crianças – carnes baratas e nada saudáveis -, e todas as tardes a gente comia uns pacotes de bolacha. O uso do sazon também, na cozinha brasileira popular, é disseminado…
O que fica e que me incomoda muito é essa ideia de que pra ser vegano vc precisa comprar os produtos mais caros do mercado – aqueles que são os convencionais, mas que custam 2 reais a mais, entende? porque são “naturais”. Se isso for verdade, nossa, o gasto fica maior mesmo.
Hummm…náo acredito nisso. Qdo fiz a dieta (sem lactose/açucar e gluten) na verdade acabei economizando mais do que qdo comprava biscoitos e páes e queijos etc nos supermercados.
Acho que somos bombardeados diariamente para consumir produtos industrializados. Até nossos amigos e vizinhos nos olham como ETs.
Pena que os produtos organicos sejam ainda muito mais caros. Mas aí, vai vc brigar com a bancada ruralista. Essa galera do mal detona os pequenos produtores, que acabam tendo que vender mais caro para conseguir se sustentar.
Bjs,
Cris
Cris, me desculpe mas a bancada ruralista nao é a galera do mal e nem detona pequenos produtores.
nao sei se voce ja tentou produzir frutas e hortaliças organicas, mas é mais dificil e, embora normalmente nao seja mais dispendioso em relacao aos insumos, a mao de obra é maior e isso faz com que o custo dos produtos sejam maiores.
sem contar que as pessoas quando vao ao supermercado querem os frutos maiores e mais bonitos e mais baratos e os produtos organicos geralmente sao menores e nao tao bonitos quanto os cheios de agrotoxicos, fazendo com que a maioria escolha os produtos convencionais,o que leva os produtores a continuarem produzindo de forma convencional.
por haver pouca oferta de produtos organicos existem alguns ‘pequenos produtores do mal’ que se aproveitam da pouca oferta e aumentam abusivamente os precos…
enfim, é necessario uma mudança nos produtores e compradores.
Ian, primeiro é preciso definir o veganismo, pois seus amigos (e pelo jeito você também) estão confusos com relação a isso. Ser vegano é evitar produtos de origem animal, não aditivos alimentares! Tem muito saldadinho e biscoito recheado vegano (sem falar de refrigerantes). Você pode perfeitamente ser vegano e continuar se alimentando de comida industrializada barata e péssima par saúde (mas não devia).
O arroz com salsicha do seu pai que você deu como exemplo tem um equivalente vegano ainda mais barato e muito mais saudável: arroz com feijão. Alimenta mais, tem mais nutrientes (e nenhum ingrediente artificial nefasto) e também é uma proteína completa. E quando levamos em conta que depois de cozido um quilo de feijão dobra de volume, enquanto a salsicha continua a mesma, a economia é evidente.
Comer bem, evitar alimentos industrializados e privilegiar vegetais orgânicos não é monopólio do veganismo: muitos onívoros estão escolhendo esse caminho que respeita a saúde e o planeta. E, como disse mais acima, tem muita porcaria industrializada vegana e nem todo vegano se alimenta de maneira natural.
E sobre o mito de que é mais caro ser veg(etari)ano, eu escrevi esse post aqui:
http://papacapim.org/2011/07/13/e-mais-caro-ser-vegetariano/
Ian, quem diz que alimentação natural e vegana é mais cara está querendo te enrolar. Sei por experiência própria; mesmo comprando arroz e trigo integrais e misso e shoyu artesanais numa época em que isso era raro e caro, a minha família (eu, marido, quatro filhos) gastava menos com alimentação do que a família da minha irmã (ela, marido, duas filhas). É só ver o que não entrava no nosso carrinho: carnes em geral, laticínios, biscoitos, molhos, enlatados, pães (fazíamos o nosso e moíamos o trigo em casa), doces, refrigerantes. As coisas que entravam no nosso carrinho (geralmente compradas na feira e não no supermercado) também entravam no da minha irmã – frutas, legumes, verduras _, e, embora a quantidade no nosso fosse maior do que no dela, são todas muito mais baratas do que o que entrava só no carrinho dela e não no nosso… É só fazer as contas e comparar.
Os pobres brasileiros se empanturram com o que há de pior e é mostrado na televisão como sinal de riqueza e não querem mais fazer xepa na feira e tomar sopão, marcas da miséria. Nunca mais me esqueci ao ver na televisão, no final do século passado, às vésperas de uma megassena acumulada, uma repórter perguntar a uma catadora de lixo o que faria se ganhasse toda aquela grana. A catadora respondeu: entraria ali no supermercado e compraria um monte de miojo e biscoito recheado de chocolate.
Sandra, adorei as informaçoes deste post.
Náo sabia que o açucar vinha táo disfarçado. E a gordura trans????….Deus do céu !
Sabe o que dá mais raiva?…é que esses produtos sáo caros.
Pensar que durante anos eu consumia gelatina Royal. Já leu a embalagem?….sem comentários.
Recentemente descobri a Agar Agar e tenho preparado com suco de frutas (as vezes adoço com açucar mascavo, mas juro que até deste quero me livrar…rs).
Obrigada pelas informaçoes !
bjs,
Cris
Disponha, Cris. Confesso que também comi muita gelatina na minha infância:-(
Sandra,
Eu acompanho seu blog há um ano, talvez mais, contudo essa é a primeira vez que comento, eu queria agradecer pelo blog. Adoro seus textos, as receitas que eu faço dá certo e você é a razão de eu estar caminhando para o vegetarianismo. Achei o site por acaso, não lembro como. Na época eu tinha uma alimentação ruim (almoçava refrigerante com quiche de queijo, lanchava qualquer coisa que vinha dentro de saquinho…) e consequentes insônia, imunidade baixa, prisão de ventre, sempre fui magrinha, mas a pele era ruim, cheia de celulite… Outros me inspiraram, mas seu blog foi o principal para eu começar a comer comida e não produto industrializado. Obrigada. A diferença que faz é enorme e olha que eu passei a fazer só duas refeições de verdade (café da manhã e janta) como eu passo das 6h-16h fora de casa, eu ainda como o que “não devo”, pela praticidade e facilidade de encontrar, e mesmo assim eu vejo diferenças, e diferenças palpáveis que da pra notar com um olhar pouco atento. Eu comecei até outra relação inclusive com minha cozinha. Eu até penso em começar a blogar e dividir com as outras pessoas as minha aventuras de uma ‘fazedora’ de miojo à uma cozinheira preocupada. O próximo passo é comprar uma lancheira e levar minhas refeições aonde quer que eu vá.
Nina, que bom que você resolveu enfim se manifestar:-) Adorei ficar sabendo da sua história e acho que você devia levar o projeto do blog adiante, sim. Tenho certeza que ia inspirar muita gente.
Mais um texto elucidativo e muito útil! Já sou leitora dos rótulos há muitos anos, mas agora estou a deixar de ser, porque tento mesmo não comprar nada industrializado e o que compro é muito parecido com as tuas opções. E o tamanho das letras? Felizmente ainda vejo bem ao perto, mas conheço gente que não consegue ler os rótulos… E os produtos ditos saudáveis, como bem chamas a atenção, são muito enganadores. A maior parte das minhas colegas consomem leite e iogurtes de soja. Mas em quase todas as marcas o segundo ingrediente é o açúcar… Eu também já consumi iogurtes de soja, mas deixei exatamente por terem muito açúcar, prefiro fazer tofú ou consumir o grão de soja cozido. Mesmo assim talvez seja melhor elas consumirem esses produtos do que os lácteos. O meu maior sonho é os habitantes daqui de casa deixarem de consumir lácteos. Não é fácil! Para mim foi a libertação. Descobri que era alérgica depois de me tornar vegetariana. Quando era pequena ficava enjoada ao beber leite e quando tinha mais ou menos 12 anos deixei de beber. Quando vim para Portugal a oferta de tipos de iogurtes e queijos é enorme e comecei a consumir. Comecei a ter rinites e alergia ao pólen. Agora não sinto absolutamente nada! Incrível não é? Tenho lido muito acerca do assunto e inclusive vi o documentário que indicaste no facebook. Sem dúvida este é um dos alimentos industrializados potencialmente mais perigosos e danosos ao homem e aos animais, porque os ingredientes que contém estão mascarados. Mas esse é um assunto muito tabú, o mito do cálcio e dos benefícios do leite estão muito enraizados, já me chamaram de fundamentalista por causa disso…E eu ralada 🙂
Eu estou devendo um post sobre esse assunto, Lina. Um dia ele aparece por aqui, prometo.
Você tem fumaça líquida da colgin o/
Tinha…
Olá Sandra
Descobri seu site, porque alguem o indicou para a Neide, do Come-se e estou adorando, não sou vegana e nem tenho planos de ser, mas amo todo e qualquer vegetal, minha regra é: nasceu da terra, eu como! Sou muito seletiva com carne, como bem pouco, mas gosto de leites e queijo e mesmo que não os consuma todos os dias gosto de saber que se sentir vontade poderei come-los, porem admiro muito que muda radicalmente (para melhor, claro) seus habitos alimentares.
Fiquei absolutamente fascinada pelas suas receitas, os sites veganos que vi por ai não me atraiam exatamente pela grande quantidade de imitações de proteina animal, os excessos de frituras e açucar mascavo, no fim o delicioso sabor dos vegetais acaba escondido num emaranhado de gordura e açucar. Na sua cozinha não, tudo parece fresco e delicado.
Quanto aos alimentos industrializados fico horrorizada tambem com a quantidade de sódio, sempre li a lista dos ingredientes, porque sou uma leitora voraz, minhas sobrinhas dizem que sou louca, porque sempre que vão ao supermercado comigo e pegam algum dos seus industrializados preferidos eu digo: olha a quantidade de gordura e sódio, seu corpo aguenta o tranco?
É dificil convencer as pessoas a se alimentarem direitinho, as mães acham que os filhos precisam mesmo daquelas farinhas todas no leite, ou o achocolatado, ou os famosos danones repletos de açucar, espessante e corante. Olha só: um dia disse a uma amiga que se um dia eu tivesse um filho não lhe daria nenhum desses produtos e : ela me olhou espantada e disse : “mas ele vai comer o que???” Como assim comer o que? Vai comer a imensidão de comida fresca que temos, ué!!! Desde quando tirar a tampa de um pote e coloca-lo na mão de uma criança é alimenta-la???
Quando vejo sites como o seu capazes de mostrar como os vegetais são deliciosos, e a importancia de uma alimentação balanceada de uma forma tão simples, penso que talvez quem sabe um dia consigamos vencer essa oligarquia alimenticia, que nos foi imposta e que a grande maioria diz amém e reeducarmos nossos habitos alimentares.E daí estranho seria quem preferisse comer um pacote de sódio, gorduras e corante do que uma maçã.
Dricka, seu comentário me deixou muito feliz. Imitação de proteína animal, fritura e açúcar (de nenhuma cor) faz parte da minha rotina. Meu objetivo é exatamente esse: mostrar o qual saborosa e criativa a culinária vegetal pode ser e convencer as pessoas de que legumes podem ser a estrela da refeição, basta saber prepara-los direito. Seja muito bem-vinda ao Papacapim e espero te ver mais vezes por aqui.
Juraci
Olá Sandra ,
Boa tarde !
Estou vendo seu site pela primeira vez ,adorei !
Algumas dessas atitudesjá faz parte do meu dia -a dia ,principalmente apos a retirada de um câncer e também com a chegada do meu neto .Minha filha que me indicou o seu site é muito preocupada com a alimentação do nosso fofinho de um ano e sete meses . Acho que quanto mais for divulgado esses engodos melhor para o povo .
Parabéns !
Bem-vinda ao Papacapim, Maria Juraci:-)
Adorei o teu texto Sandra 🙂 Já sabia algumas partes, devido a artigos que leio na internet, no entanto, no meu curso ainda não abordei alguns destes assuntos. O que acho estranho ainda não o termos feito, mas vou aguardar…
Só não conhecia a parte das gorduras trans (a lei do valor mínimo), que é claro, não me surpreendeu, vindo da indústria alimentar…
Infelizmente acho cada vez mais difícil as pessoas abandonarem os produtos industrializados… Se fores a um supermercado normal já viste a percentagem de produtos industrializados disponíveis? E eu estou a falar daqueles com mais de 3 ou 4 ingredientes na sua lista de ingredientes… A oferta é muita e os produtos são viciantes. São poucos os doutorados que defendem uma dieta isenta de tais produtos, e nem as pessoas imaginam os seus malefícios…
Não sei como essa história de valor mínimo de gordura trans funciona em Portugal.Talvez suas leis sejam mais rigorosas…
Elucidativo!
Estou me sentindo enganada pelos vários açúcares!
Açúcar é dissimulado, mesmo. O assunto que tratarei mês que vem é exatamente esse veneno branco. Não perca!
que furada esse negócio da gordura trans isso não passava pela minha cabeça!
Ler rótulos dos alimentos é fundamental! obrigada pelo post interessantíssimo!
Esse é o tipo de informação que a indústria alimentícia acha melhor que a gente não saiba…
Vou ter que imprimir, colega!
Bjs
Imprima e deixe dentro da bolsa, pra emergências:-)
Sandra Querida, mais uma vez bato palmas para vc! Saber que com cada texto seu publicado uma pessoa a mais começa a se libertar das super indústrias alimentícias e consequentemente das farmacêuticas… me transborda de alegria!
Obrigada mais uma vez!
Bjos da dani
Eu é que te agradeço por acompanhar o blog, Dani.
Oi Sandra,
adorei este teu post sobre como decifrar os rotulos das embalagens em supermercados. Adorei tanto o teu blog,pelos três motivos que já mencionei (alimentação saudavel, teu trabalho comunitário na Palestina e teus estudos na França,linguistica.) Leio um monte de blogs, mas a maneira como vc.apresenta e escreve os artigos é que faz a grande diferença!!!! Por isso, aonde posso divulgo teu blog!!! Mencionei teu site no blog do “come-se” e , voilá, alguém já utilizou a dica e veio conferir!!!!!
Então foi você, Marta:-) Muito obrigada pela divulgação e por todas essas coisas gentis que você escreveu sobre o blog.
Adorei!
Sou leitora de rótulos há vários anos e consumo muito pouco desses lixos industrializados que chamam de alimentos, Sou uma chata (risos), quando descubro coisas ruins envio e-mail e aviso que vou fazer muita propaganda negativa pois estão nos enganando, já recebi ligação até da fábrica de miojo quando descobri que tinha essa porcaria dentro, e pensar que comia isso a noite antes de ir dormir cansada do trabalho,acho inadmissível o que eles fazem, vou continuar sendo uma chata, a Nestlé que considero a pior de todas, nunca respondeu, seria falta de argumento?????? pois cometem tantos abusos, as fábricas de pães e gelatina quando questionadas respondem que seguem rigorosamente as normas da anvisa… e aí como a gente fica?
Continue sempre informando assim posso continuar tendo como mostrar para as pessoas principalmente as de casa que da para ter uma vida menos industrializada e beeeeemmmm melhor, mas também é preciso exigir que essa bandalheira termine.
Muito obrigada pelas informações
Ri muito quando uma moça lá em cima falou do “sequestrante”
lembrei de quuando li ácido fumárico em um produto, pensei, Meu Deus !!! o que vem a ser isso? odeio cigarro e esse nome me lembra fumaça de cigarro, fica ai na prateleira coisa estranha…
Hihihi! A gente não sabe o que é pior, sequestrante ou ácido fumárico! Mas acho que deveríamos todos ter a sua reação diante desses nomes esdrúxulos: ‘fica aí na prateleira, coisa estranha!’
Caramba! Teu blog é tudo que eu queria! Tão difícil achar gente “neurótica” (como nos chamam) como eu, bah! Eu tento não comer nadica que foi produzido/inventado pelo homem, sabe? Praticamente só como fruta/vedura/legume/etc, mas é um saco quanto sou obrigada a comer esses troços nojentos, minha família é chata e fica em cima de mim sobre a minha alimentação (e olha que são eles que comem porcaria!). Sempre tento dar uma olhada no rótulo antes de comer, mas se eles me vêem começam a encher o saco que eu sou neurótica blá blá blá, então lá vou eu pra internet dar uma pesquisada hihih
Enfim, muito bom teu blog! <3
Obrigada, Carol. E se isso for neurose, então somos duas neuróticas 🙂
Amei a matéria!! Super útil e informativa.
Aff… alimentação ou enganação!? Puxa vida… poderia haver uma fiscalização para não venderem gato por lebre… um descaso com o consumidor…causa-me indignação… Então, A IGNORÂNCIA MATA
Nossa amei as dicas muitíssimo obrigada, estava sendo muito enganada com essas embalagens integral.
Esta muito difícil comer. Tudo faz mal. Carne, leite, frango, vegetais e frutas com agrotóxicos, organicos podem ter bactérias. Acucar, adoçante,sal.etc. O jeito e morrer de fome ou morar num sitio e plantar tudo.