Tanta gente ficou empolgada pra descobrir como comi os cogumelos colhidos no passeio pelo bosque que acabei ficando com receio de decepcionar vocês. Não fiz nada de mirabolante, nenhum prato sofisticado com eles. A verdade é que ingredientes de primeira, como aqueles cogumelos selvagens e fresquíssimos (recém saídos da terra), não precisam de muito tempero nem de preparações complicadas. Achamos melhor degustá-los da maneira mais simples possível: na grelha, com sal marinho, pimenta do reino moída na hora e nada mais. Porém, amigos, garanto que a simplicidade da receita foi inversamente proporcional ao sabor que elas nos ofereceu. Degustamos primeiro os cogumelos marrons, os maiores que vocês viram nas fotos do post anterior (em Francês eles chamam esse cogumelos de ‘cèpes”).
Assim, passado somente alguns minutinhos na grelha quente (untada com azeite), os cogumelos ficaram suculentos e com um leve sabor defumado. Sublime. Também grelhamos pedaços do cogumelo gigante com cara de couve-flor, mas esquecemos no fogo e eles viraram chips, tostadinhos e crocantes. Achei delicioso, mas confesso que o sabor do cogumelo acabou desaparecendo um pouco.
Gosto muito de cogumelo com creme e como Guy e Annie estavam curiosos pra saber como faço creme de origem vegetal, também preparei uma ‘frigideirada’ de cogumelos (ainda os cèpes) no creme. Usei meu (amado, idolatrado, salve, salve) creme de castanha de caju, que ensinei a fazer nesse post, e ele foi aprovado pelos onívoros.
No dia seguinte preparei outra ‘frigideirada’ de cogumelos, dessa vez misturando os cèpes com o couve-flor (esqueci o nome desse cogumelo, então vou ficar chamando de ‘couve-flor’, mesmo). Guy tinha dito que o cogumelo-couve-flor ficava ótimo no vinho branco, então foi assim que fiz. Refoguei um pouco de chalota em fatias (uma cebola francesa metida a besta:), mas cebola comum teria funcionado do mesmo jeito, juntei alho picadinho, depois deixei os cogumelos dourarem e começarem a caramelizar. Temperei com um pouco de shoyu e reguei tudo com vinho branco seco, que deixei evaporar quase completamente. Depois foi só juntar pimenta do reino e servir. Dessa vez pude realmente degustar o cogumelo-couve-flor e descobri que ele é muito, muito bom.
E antes de ir, algumas dicar par quem gosta de cozinhar cogumelos:
-Se seus cogumelos tiverem uma camada de ‘espuma’ amarela/marrom embaixo do chapéu (como na primeira foto), é preciso retirá-la (com uma faca) antes de cozinhá-los. Cogumelos jovens não têm isso, só os mais velhos.
-Na hora de limpar, muita atenção. Cogumelos são muito porosos e se você deixá-los em contato com água por mais de alguns segundos eles vão absorver tudo, diluindo o sabor e ficando menos gostosos. Então você tem duas opções. Se eles estiverem muito sujos, passe embaixo da torneira bem rápido e depois esfregue com um pano de prato (ou papel toalha), terminando de limpar e secando a água que ficou por fora. Se não estiverem tão sujos (sem areia nem terra), esfregue cada um com um pano de prato úmido e pronto. Depois é só cortar e cozinhar.
-Se por acaso você voltou pra casa com três cestos de cogumelos, como o que me aconteceu naquele dia, sugiro que divida o tesouro com as pessoas que você mais gosta. Se ainda assim sobrar mais cogumelo do que sua barriga conseguirá comer, depois de limpos e cortados eles podem ser congelados sem problema.
Esse post me deu um abraço…
MAKTUB
Esta semana, antes mesmo da postagem anterior eu tinha feito um risoto (sem a sorte de ter um local para colher cogumelos frescos). Nada complicado: refoguei com azeite e alho shitake fresco, e depois funghi chileno (não dizia o tipo, mas acho que é da família do Porcini). O shitake eu guardei pra servir por cima, e sobre os cogumelos escuros — já devidamente reidratados e refogados, joguei o arroz, um pouco de shoyu, uma taça de vinho e fui adicionando caldo (dos cogumelos reidratados, com um pouco de sal e pimenta do reino), até o arroz cozinhar. No fim, joguei (RÁ!) um pouco de creme de castanha de caju (um oferecimento de Papacapim), uma colherzinha de levedo maltado e servi com o shitake por cima, um fiozinho de azeite e salsinha.
Ninguém descobriria que eu não usei derivados de leite. Mil vezes obrigada pela receita do creme.
Beijos
Menina, você descreveu o meu risoto de cogumelos selvagens quase tim-tim por tim-tim 🙂
“Mas quase também é mais um detalhe.” (diria o rei Roberto) Poste depois a sua receita…
Um dia eu espero te receber com minhas especialidades, só pra merecer provas das suas.
=*****
AMO cogumelos grelhados, é tão simples e tão gosoto!!!
Sabe o que tenho a dizer?! Neste exato momento queria um bosque daquele( do ultimo post) aqui em São Paulo, pertinho de mim!!! Já que não tenho acho que vou ter que ir no Bairro da Liberdade (bairro japones aqui em São Paulo) e comprar alguns, ou melhor, muitos cogumelos para compor o meu churrasco vegetariano de domingo!!! 🙂 Sandra obrigada sempre pela Luz que nos mostra a todo momento, no mundo vegano!!! (adoro apesar de ainda não ser vegana, 🙂 )bjks de sampa!!!
Eu que te agradeço por ler o blog, Adriana 🙂
Aqui no nordeste, nao tenho a sorte de encontrar cogumelos frescos em canto algum. Tenho que me contentar com os desidratados. Quando fui a Sao paulo e chegui no Bairro da liberdade, pirei com tantos cogumelos frescos, tofu de todos os tipos, missô e diversas coisas veganas e deliciosas. Pena que nao tenho condiçao finaceira de estar em SP todo mes, mas da ultima vez voltei com a mala abarrotada de comida kkkkk. Invejinha branca de vocês com cestos de cogumelos. Espero que eu possa ter essa sorte também kkkk. Beijos!
Se pudesse dividia esses cogumelos com meus leitores, Ingrid…
aqui no Recife eu faço uma festa quando encontro tofu orgânico e cogumelo fresco eu nunca vi na vida! uma pena
Olá! Sou onívora, mas suas receitas me inspiram muito e confesso que tenho vontade de entrar nesse mundo e experimentar um pouco! A sofisticação das receitas, por mais simples que sejam, me atraem bastante! Estou sempre por aqui acompanhando. Abraço.
Espero ter ajudado a abrir um pouco mais as portas do mundo da culinária vegetal pra você. Por aqui tem muita coisa interessante, Fernanda:) Obrigada por ler o blog.
Festival de cogumelos!! Que delícia! Já fizemos cogumelos e tofu grelhados na churrasqueira aqui em casa e ficou delicioso! Imagina com esses cogumelos tão diferentes! E que vontade me deu de conhecer esse cogumelo couve flor. .. hmmmmm!
Hum delicias, já ouvi dizer que não podemos comer cogumelos com frequência devido sua toxidade, mas pode ser mito…rs comeria todos os dias os cogumelos da floresta encantada. Mas sinto por ter que me contentar com o Paris daqui…rs
Huuum…Deu água da boca. Queria comer todos!!
Olá Sandra, te mandei um email com o nome de “queijo de amendoas” como o texto ficou grande achei que não caberia aqui, beijos.
Sandra, deu vontade de comer cogumelos, pena que aqui no Recife é tão caro.Quando criança eu também sonhava em procurar cogumelos no bosque. Uma lindeza ler por aqui que o sonho de criança foi realizado. Abraço grande
que boa ideia voce teve deve ficar deliciosao, Obrigada , voce e especial.
Olá Sandra!
Só passando pra dizer oi, e comentar que seus posts são ótimos, tudo neste seu cantinho de ar de aconchego.
Parabéns e obrigada por nos fazer viajar com você!
Beijos!
Essa semana eu comprei cogumelos portobello e fiz assados recheados com a sua receita de “pesto de verdade”, só que ao invés de castanhas do pará/brasil, usei nozes mesmo! Fiquei chocada, ficou magnífico!
Obrigada por compartilhar suas artes na cozinha 🙂
Disponha, Narrira. E espero continuar ‘chocando’ com receitas saborosas 🙂