Algumas semanas são tão intensas que fico com a impressão de que um mês inteiro conseguiu se espremer entre dois fins de semanas. Teve as manifestações em solidariedade aos afegãos requerentes de asilo, que correm o risco de serem expulsos a qualquer momento, a visita de um dos meus amigos mais queridos, que me ajudava a fazer as oficinas pra crianças no campo de Aida (Palestina), uma palestra com o historiador israelense Ilan Pappé, que me deixou, como sempre que escuto sua lucidez estonteante, com vontade de sufoca-lo de abraços e beijos.
Teve também encontros que me emocionaram, como esse palestino nascido nos campos de refugiados da Síria, um amigo de um amigo, cujo santo bateu tão bem com o meu que já nos encontramos três vezes em cinco dias e estamos combinando uma parceria profissional-amistosa que será muito bacana. E também esse afegão, que chegou na Bélgica aos 17 anos, fugindo dos talibãs, mas que cinco anos depois ainda não recebeu o visto pra morar legalmente aqui. Ele é chef e me convidou pra ajuda-lo a cozinhar pra centena de afegãos que está atualmente ocupando uma escola abandonada no bairro onde moro. Também teve um brunch com alguns amigos belgas, que vieram conhecer meu novo lar doce lar e chegaram com sacolas de louça, talheres e panelas, dividindo comigo um pouco do que eles tinham em casa e me ajudando a equipar minha cozinha vazia. Porque, assim como eu, eles acreditam na solidariedade e sabem que compartilhar (tempo, abraços ou panelas) é um ato transformador.
Encontrei uma amiga belga que conheci na Palestina, mas que não via há quatro anos, e fui apresentada ao seu bebê de seis meses, provavelmente a criatura mais adorável desse país. Teve a filmagem do clip de um jovem afegão requerente de asilo que canta rap, que assisti embaixo de uma chuva fina, impressionada com a originalidade da situação e preocupada com o carro da polícia que passava por perto. E teve também uma visita nada agradável à prefeitura, onde um funcionário me explicou, enquanto folheava meu passaporte, que ter uma relação com um europeu só pra conseguir um visto era ilegal e que eu corria o risco de receber uma ordem pra deixar o território. Ao ver meus olhos arregalados ele completou: “Estou me referindo àquela parte da população que reside ilegalmente aqui e tenta conseguir vistos por todos os caminhos possíveis.” Voltei pra casa pensando em como ele devia tratar a ‘parte da população’ em questão (apesar de não ser branca o suficiente pro pessoal daqui, o tratamento teria sido cem vezes pior se eu fosse negra ou árabe) e sonhando com um mundo sem racismo e sem fronteiras.
Mas no meio disso tudo (e a censura me obrigou a deixar alguns acontecimentos de lado), pra fazer dessa semana uma das mais loucas de todas, estava eu em estado de choque no meio da rua, depois da polícia belga ter prendido de maneira extremamente violenta 168 pessoas (quase todos afegãos requerentes de asilo) durante uma manifestação pacífica, quando escuto alguém chamar meu nome. Olhei pro lado e uma moça me perguntou em Português se eu era eu. Ela explicou que era leitora do blog e por isso tinha me reconhecido. O surrealismo da cena me deixou desnorteada durante alguns segundos, mas quando minha cabeça voltou a funcionar normalmente tentei impressionar Anne com a minha recém descoberta notoriedade, mas ela disse ‘ah’ e saiu correndo pra fotografar um afegão desmaiado, um dos poucos que tinha escapado da polícia. Então minha vontade de impressionar se evaporou e fui me juntar ao resto do grupo de solidariedade aos requerentes de asilo afegãos pra ver como eu podia ser útil. A leitora em questão faz parte do grupo e desde então me manda notícias da situação.
Hoje o amigo querido que estava de visita voltou pra França e almoçamos juntos aqui em casa, curtindo o sol de outono na varanda (deliciosamente quente pra essa época do ano) e aproveitando os últimos momentos juntos. Então eu preparei uma das receitas que mais gosto de preparar pros amigos, pois ela conforta o estômago de tal maneira que tem o efeito de um abraço de dentro pra fora. Postei uma receita de sopa por aqui não faz muito tempo, mas como descobri que sopa é muito mais popular do que imaginava entre os meus leitores, acho que ninguém vai reclamar. Essa sopa fez parte da oficina de culinária que fiz em Recife em Julho e foi a receita que mais fez sucesso naquele dia.
Já fiz essa sopa tantas vezes, pra família, amigos, leitores, que estava na hora dela aparecer por aqui. Nesses tempos difíceis precisamos dar e receber muitos abraços. De dentro pra fora e de fora pra dentro.
Sopa de lentilha coral, jerimum e coco
Lentilha coral cozinha mais rápido e se desfaz no caldo, deixando a sopa mais grossa. É possível usar lentilha comum (verde) nessa receita, mas nesse caso o tempo de cozimento é maior e será preciso passar uma parte da sopa pronta no liquidificador pra encorpar o caldo. Embora o gengibre e o curry deixem a sopa extra especial, eles são opcionais. Se preferir deixa-los de fora, use mais alho e uma pitada de pimenta do reino mais generosa. Na última vez que fiz essa sopa não tinha leite de coco em casa então acrescentei 2cs de óleo de coco extra virgem à sopa pronta, pra aumentar a cremosidade e intensificar o sabor de coco da receita. E se a mistura jerimum-coco-gengibre te agrada, essa sopa cremosa também é uma delícia!
1 cebola grande, picada
3 dentes de alho, ralados/amassados
1cs de gengibre fresco ralado (ou a gosto)
1cc de curry em pó
2x de lentilha coral
4x de jerimum de leite (ou abóbora do tipo butternut), descascado e cortado em cubos pequenos
1x de leite de coco
Um punhado generoso de coentro picado
2cs de óleo de coco extra virgem,
Sal e pimenta do reino a gosto
Aqueça 1cs de óleo de coco e doure a cebola. Junte o alho e o gengibre e deixe cozinhar mais alguns minutos, até ficar bem dourado. Junte o jerimum (ou a abóbora butternut), a lentilha coral, o curry e um pouco de sal. Cubra tudo com água e deixe cozinhar, coberto, em fogo baixo, até o jerimum e a lentilha ficarem completamente cozidos e se desfazendo. Acrescente mais água durante o cozimento, se achar necessário. Atenção: a sopa deve ficar encorpada, então vá juntado água aos pouquinhos (lembre que ela ficará mais líquida depois que você acrescentar o leite de coco). Junte o leite de coco, uma pitada de pimenta do reino, 1cs de óleo de coco extra virgem e o coentro e misture bem. Prove e corrija o sal, se achar necessário. Sirva bem quente. Rende 4 porções como prato principal.
A cada dia que passa e a cada post aqui no blog te admiro mais!!
Vc é exemplo vivo de doação aos outros e agir de acordo com seus princípios, independentemente da dificuldade que possa ser! Escolher o certo ao invés do fácil!
Seus exemplos me fazem querer ser melhor! Obrigada!!
Ps.: essa sopa parece deliciosa!!! Pena que esses dias o calor está de outro mundo, mas quem sabe quando chover esfria o tempo e posso experimentar!!!!
Escolher o certo ao invés do fácil é o meu mantra, Aline 🙂 E o problema em morar no hemisfério oposto aos meus leitores é que quanto mais calor faz aí, mais frio faz aqui e quando só consigo pensar em sopas pra me aqueçar, vocês só querem saber de comidas pra refrescar.
Sandra você também tem leitores no hemisfério norte 🙂 e que adoram as suas receitas para afastar esse frio do Inverno que se aproxima. Bjs
Obrigada por me lembar, Paula. Agora vou me sentir menos culpada quando dividir minhas receitas de sopa em pleno verão brasileiro 🙂
Eu fiquei viciada nessa sopa desde o dia que aprendi a fazer na oficina de culinária em Recife, que bom que você está dividindo com os outros leitores a receita.
A sopa daquele dia estava especialmente gostosa, Camila, pois foi preparada pelas mãos de pessoas muito especiais 🙂
Sandra, fico realmente comovida com a culinária missionária que você pratica e com as suas escolhas de vida, ler seu blog é ir muito além da culinária vegana, sem deixá-la de lado.
Você nos encanta e nos mobiliza. Você toma partido e age, e ainda arruma tempo para compartilhar conosco!!!
Volto para comentar a receita, vou experimentá-la ainda nesta semana.
Abs,
Mila
Culinária missionária, Mila? Adorei 🙂
Que delícia!!! Já entrou pra lista das sopas do mês! Obrigada!
Parece ótima. Minha próxima aventura culinária. 🙂
Vou fazer uma campanha: queremos oficina culinária no Rio de Janeiro tb!!
Vou ficar aqui torcendo pra campanha dar certo, Susana.
Susana, vou engrossar seu coro!! Papacapim carioca já! rsrs
De uma amante de sopas: faça a sopa mesmo no calor e deixe esfriar um pouco antes de tomar, kkkk Acho sopas maravilhosas no calor, porque são mais cozidas, leves e líquidas e não fazem pesar a digestão. É só não tomar fervendo.
E sopa gelada é uma delícia!
Sandra, não tenho lentilhas em casa, mas tenho grão de bico cozido – será que dá pra substituir? Bjo!
Do ponto de vista técnico, sim. Mas o sabor e a textura ficarão diferentes, claro. Como explico na receita, lentilha coral se desfaz quando cozida, deixando a sopa bem encorpada. Mas se testar me diga o que achou, Sophia.
Oi Sandra!
Realmente essa semana foi muito tensa, eu ainda to um pouco recarregando as energias! E concordo o mais surreal foi no meio da passeata, encontrar com você por lá! Mas fiquei feliz de te conhecer, mesmo em meio a tanta coisa horrível…
Fico triste por você estar conhecendo essa parte racista daqui, infelizmente o comentário desnecessário do funcionário da prefeitura é algo que acontece até com uma certa frequência, porém esse mundo sem fronteiras e sem racismo é desejado por muitos e com sorte chegaremos lá, mesmo que demore um pouquinho!
Vou tentar a sopa por aqui pra ver se ajuda a recarregar mais rápido! 🙂
Até uma próxima!
bjks
Menina, não se preocupe que essas coisas não me afetam muito. Também fiquei muito feliz em te conhecer, Bia. E vamos continuar nos encontrando por aqui, em situações menos dramáticas 🙂
Sim, por favor! 🙂
Olá Sandra! Você me inspira a ser melhor a cada dia! Digo porque: sou vegana e amo os animais e você vira o meu rosto para coisas também importantes! E assim, torno-me mais completa. Apesar de que preciso agir também, não somente sentir, apesar de dar minhas patadas no racismo quando sinto ou percebo, costumo ser bem ácida com relação ao preconceito. Sei que não somos perfeitos, eu estou longe disto, mas luto pois penso que o mundo poderia ser um pouco melhor com as pessoas, a natureza e os animais.
Por ser uma combinação de várias minorias, afinal sou mulher, gay, vegana, venho de um país pobre (e sofro discriminação dentro do meu próprio país por ser nordestina), acabei criando uma proteção contra preconceito. Eu brinco dizendo que é uma pena eu não ser negra e judia também, pra representar ainda mais minorias 🙂 Fico feliz em te inspirar a ser melhor, Elaine.
Me senti um pouco parte deste post, ajudei a fazer a receita em Recife e já fiz uma vez para a família provar sucesso total, saúde, vida longa e próspera Sandra. Gratidão
Desejo tudo em dobro pra você, Mario:)
Gengibre e curry deixa realmente qualquer sopa especial!Nesse friozinho nada melhor que sopa e como ganhei, digamos assim, uns 5 kg de abobora, já o fim de uma pequena parte. Agora sobre todo esse momento politico… chocante que estou aqui do ladinho, Alemanha, e não tem qualquer noticias sobre essas manifestações, fiquei realmente chocada em descobrir como os afegãs passam por isso na Belgica.
Imagino que os requerentes de asilo da Alemanha também passem por várias dificuldades. A Europa está se fechando cada vez mais e está se tornando uma verdadeira fortaleza. Triste…
Compartilho totalmente o comentário da Aline “Seus exemplos me fazem querer ser melhor!”. Também adorei o comentário da Mila “culinária missionária”, achei perfeito. Beijos e força para vc continuar sendo essa pessoa tão especial!
Obrigada, Eugenia.
Minha querídissima Papacapim!
Você não me conhece e esse é meu primeiríssimo comentário no seu blog. Caso não tenha notado, já fiquei tão confortável por aqui, que você já virou “A Papacapim” aqui em casa (quando não é pura e simplesmente a Papa). “Não, hoje vou colocar alface no suco. A Papacapim disse que fica bom!” “Sim, eu coloquei maçã na salada. Nem olha pra mim, foi culpa da Papa!”
(O fato é que nossa cabeça não é muito boa com nomes, e se eu fosse falar “a Sandra”, ia ter que explicar todas as vezes. kkkkkk Mas ficou legal isso, não? Um belo trocadilho com papa de comer, papa de rezar no feminino (errado, mas feminino), e tudo isso.)
Mas estou enrolando aqui. O negócio é que eu quis esperar pra poder comentar. Não quis sair comentando loucamente à-la-tiete-vegetal “OMG! NUNCA MAIS VOU COMER _______! SUAS RECEITAS SÃO MARAVILHOSAS!” (embora isso fosse, muitas vezes, e de forma bem literal, minha reação enquanto eu lia o blog, mas acho que a dignidade deve ser mantida às vezes kkkkkkkkkk)
Eu achei que você merecia mais do que ~escandalizar nos comentários~, achei que merecia que eu realmente botasse coisas em prática na minha vida e viesse aqui pra te contar o tamanho da mudança. E dizer muito, muito obrigada!
Já faz aproximadamente três semanas que ando colocando as coisas em prática e eu queria esperar mais tempo pra escrever, mas daí eu desisti. Eu PRECISAVA falar! kkkkkk
Mas agora, enquanto escrevo esta peça, é que me dei conta que não sei nem o que falar. Sabe quando você é tão grato a alguém, ou você gosta tanto de alguém, que não sabe o que dizer? Pois é assim que me sinto!
Nestas ultimas três semanas eu cortei ovos, leite e derivados ao mínimo possível (o clássico vegano em casa, ovolacto de festa). Eu sempre fui ovolacto, mas nos últimos anos fiz várias tentativas de entrar pro lado super verde da força, sempre sem sucesso. Eu me lembro de ficar tão triste, mas de não conseguir passar sem os leitinhos, porque eu sentia tanta FOME o tempo todo que ficava desesperada. Não tem como explicar melhor. Era como se fosse uma fome crônica, no âmago dos meus osso, 24/7, e só passava se eu comesse um ovo frito, um queijo quente ou coisa assim.
Claro que assim não dava e eu sempre desistia! E eu também vivia preocupada, achando que precisava contar minhas proteínas. E tudo que eu havia encontrado na internet falava de coisas impossíveis, que eu sabia que não ia fazer. Até que eu vim parar aqui, MAIS SEM QUERER IMPOSSÍVEL, porque eu tava pesquisando o Papa-capim (!) kkkkkk. Pois é.
Então eu (intolerante séria à lactose) finalmente consegui largar o leite, que eu sabia que fazia certo mal, mas não tinha noção. Pra você saber, quase três semanas sem lactose/ovos/industrializados me fizeram perder 2kg lindos (sabe, perder peso só na barriga? sonho de toda mulher? exatamente! Provavelmente eu só desinchei, mas enfim), recuperar meu senso de sede (sei lá o nome disso. Mas o fato é que eu nunca sentia sede, e volta e meia passava mal por falta de água, por mais absurdo que seja) e recuperar o meu paladar.
É o incrível é que – e isso não é só empolgação inicial, porque dadas minhas outras experiências, eu sei que empolgação inicial não dura todo esse tempo! – não senti falta de nada! Na realidade, neste último fim de semana, que foi agitado e achei mais fácil comer umas coisas com queijo, percebi o quanto meu paladar tinha mudado. Eu comi minha-pizza-preferida-no-mundo (que nem vou descrever, com piedade de outros leitores) e nem fez cócegas. Era gostos-inha, no máximo. E até o Nutella, grande amor da minha vida, anda perdendo a graça. Tá lá, abandonado no armário, pq ando preferindo comer pão com azeite, ou com homus. A pipoca do cinema perdeu a graça. Miojo, então, nem comento.
A sensação, claro, é incrível. Mente mais alerta, uma sensação de estar viva direito (eu sempre comentava que quando comia muito pão+leite/derivados por dias, tinha uma sensação de que estava “morta” por dentro, como se faltasse ar nos meus órgãos, e que só resolvia isso com muita fruta/salada).
E, por fim, andei comendo um monte de coisa que não gostava muito e adorando! Fiz abobrinha em rodelas assada com azeite e pimenta no forno (em forma de ferro, o que fez muita diferença). Fiz macarrão com molho de abóbora! Fui fazer vestibular e só levei água, castanhas e frutas secas, e nunca passei um vestibular tão confortável, pq em geral o excesso de comida morta (bolacha, chocolate) dentro de mim, ao final de 5 horas, me fazia começar a passar mal.
Poxa vida, tem tanta coisa. Fiz leite vegetal em casa. Estou esperando o fermento pra fazer tofu. Papa dormida de aveia bate carteira dia sim dia não. Sementes de girassol na salada todos os dias. Variei as folhas da salada. Coloquei coisas esquisitas no suco verde!
Eu sei que já falei demais demais demais da conta, sô!, mas queria muito compartilhar com você toda a extensão da minha alegria. Só eu sei como era duro querer tanto largar o leite e ovo e não conseguir, porque começava a morrer de fome. Juro, até meu humor melhorou! Meu rendimento, minha disposição. E o fim do jugo eterno de comer PTS todos os dias foi absolutamente libertador. Como isso desde criança, e pra ser bem honesta, odiava. Não suportava o cheiro daquilo, e o gosto era passável (com exceção do hambúrguer e do strogonoff, que sou apaixonada ). O seu mantra de “carne de pobre”, “um cereal e uma leguminosa” pra mim foi a invenção do século. Muito melhor que o smartphone!
Muito, muito, muito obrigada, querida Papacapim!
(Como já falei muito, não vou opinar sobre os assuntos do post, visto que também teria uma quantidade de coisas a dizer! kkkkkkk Mas, saiba que, assim como um tantão de leitorxs, estou torcendo por vocês!)
Caramba! Que delícia de comentário, Violeta 🙂 Se você soubesse como hoje foi difícil pra mim… Seu comentário salvou o dia! Vou correr pra cama agora mesmo, de olhos fechados, pra não correr o risco de ler nenhuma notícia ruim pelo caminho.
Fico muito feliz em ter te ajudado. Do fundo do meu coração. Espero que esse seja o primeiro de muitos comentários. Quero te ver mais por aqui.
E pode me chamar de Papa que eu respondo 😉
Aaah, que linda! Imagina, eu que fiquei super feliz quando li sua resposta! Fiquei imaginando você silenciosamente, nas pontas dos pés, indo pra cama de olhos fechados, com as Garras do Destino tentando, em vão, te alcançar (isso não é doença, é só uma imaginação cronicamente fértil) (incrivelmente, as Garras do Destino se parecem muito com o Coração Gelado, o vilão daquele desenho dos Ursinhos Carinhosos. Mas isso não é da sua época kkkkkkk Google it!)
Agora, sinto muito pela demora em responder, mas sou uma procrastinadora digital inveterada! Todo dia pensava que precisava vir aqui responder, todo dia procrastinava!
Tirando tudo isso do caminho, mantenho tudo que disse antes! E digo mais! Eu fiz tofu! Eu fiz risoto de arroz da terra com leite de coco (impressionante, depois de uns dias na geladeira, bati o arroz no liquidificador com água, coloquei MAIS pimenta e virou uma sopa tão forte – e apimentada – que quando acordei no dia seguinte não tinha fome pra tomar café! E olha que eu sou um diabo-da-tasmânia de manhã kkkk)! EU FIZ O SEU PÃO MÁGICO! hahahahahah Nossa, eu nem vou escrever toda a saga épica que foi pra fazer o pão mágico, vou resumir: enquanto o pão crescia em casa, rodei a cidade toda procurando um marinex com tampa! Comprei faltando 3 minutos pras lojas fecharem! Só faltou Carruagem de Fogo tocando de fundo!
Estou com bagels esperando na geladeira nesse exato momento! Juro pra você, às vezes abro a geladeira só pra admirar toda a comida-de-verdade que tem dentro dela e que fui-eu-que-fiz!
Ando tão orgulhosa de mim mesma que se a pessoa se descuidar por cinco minutos perto de mim, já começo a falar de todas minhas recentes peripécias culinárias!
Nesse domingo preparei um almoço relâmpago pra duas pessoas da família que vieram em casa: risoto de arroz preto com manjericão e tomate cereja, croquetes de okara, legumes salteados e salada de rucúla. De sobremesa, torta de banana! Tudo vegetal! Yeaah! E eles que estavam super descrentes, e até conversando da carne que iam comer na casa deles mais tarde, adoraram, levaram até marmita do pouco que sobrou (Sim, esses foram dois parágrafos puramente exibicionistas. Eu avisei!)
Quando era beem menor, eu costumava fazer promessas de aniversário (“a partir do meu aniversário, nunca mais ____” Tipo assim. Sempre funcionou kkkkk). Então estou pensando em ressuscitar a tradição e dar o passo em direção ao lado super verde da força a partir da terça feira da semana que vem! kkkkkkk Já estou até me despedindo de certas coisas, como pães de queijom cream cheese e sorvete Häagen-caríssimo-Dazs!
Por fim (eu juro: isso tem um fim): sabe, quando leio suas receitas, todas elas, sem exceção, parecem tão ridiculamente saborosas, que às vezes até me esqueço que não como certas coisas. Tipo, outro dia peguei sua receita de chocolate quente e fui comprar as coisas e já tava pronta pra comprar o whisky, quando me dei conta QUE ODEIO ESSE LÍQUIDO VENENOSO COM GOSTO DE GASOLINA!!! Pra você ver. Sai às gargalhadas do mercado! (ainda não fiz o chocolate, porque tá fazendo um calor igualmente venenoso por aqui)
Agora acabei! hahahaha Aliás, pra resumir comentários, vou fazer sua papa de quinoa assim que o calor abrandar!
PS: Um tio me disse que eu era muito prolixa quando tinha 10 anos de idade. Só fiquei pior desde então!
Que legal o comentário da Violeta!! Também me diverti aqui!
Realmente a Sandra (sra. Papacapim) mostra pra gente um mundo incrível de alimentos simples e extremamente saborosos!! Quem diria que repolho podia ser um dos meus pratos preferidos (ahhhh ensopado marinho….), além das diversas formas de grão de bico, que descobri que adoro!!! Com certeza esse foi o blog que mais me ajudou na transição para o veganismo (mais de dois anos agora! Ehhhh!!) Com o plus da delícia não só gastronômica de compartilhar suas experiências (adoro os posts com a sua família e aqueles contando histórias de pessoas na palestina)!!
🙂
Oi Sandra, td bem?
Sou leitora do seu blog há um tempo, mas acho que ainda não comentei aqui. Adoro o jeito fantástico que você mistura culinária com política internacional, que são duas paixões pra mim. A forma como você aborda determinados assuntos que a gente nunca vê na mídia e nos mantém informados sobre o panorama mundial é fantástica, serviço de utilidade pública mesmo!
Dito isso, tenho que comentar que fiz as duas últimas sopas que você postou no blog (sim, sou uma das pessoas que tem verdadeiro caso de amor com sopas) e simplesmente amei de paixão! A de couve-flor eu comí a panela toda, sozinha, em uma sentada, porque a mistura que vc faz de tempeiros e iguarias é uma coisa absurda de maravilhosa! Essa última eu fiz hoje e até fotografei, porque vou te contar, é de fato um abraço por dentro! Eu sou dessas que toma 3 pratos de sopa se deixar, mas as suas são tão nutritivas e completas que fica difícil conseguir comer mais de um prato. Nunca achei que uma sopa pudesse saciar tanto a fome assim!!!
Bom, além de parabeniza-la pelo excelente trabalho (tanto culinário quanto político), eu queria te perguntar uma coisa. Joguei no google “Jerimum” e achei fotos de abóbora italiana. É essa mesmo que vocês usam pra fazer essa sopa? Aqui no meu estado a gente não usa a palavra jerimum, daí fiquei em dúvida se acreditava no google ou não e acabei usando a abórora jacaré, que deixou o prato igualmente delicioso.
Enfim, obrigada por compartilhar conosco todas essas delícias! Esses dias eu estava mesmo precisando de “um abraço por dentro” e fiquei muito feliz com essa receita!
Ha, também gostei particularmente do post sobre os cogumelos! Me sentí como se estivesse lá com você, no meio da floresta, colhendo-os! 🙂 Tua escrita é apaixonante!
E por último, lembro que você tava escrevendo um livro de receitas e tal. Há quantas anda? Porque eu tô louca pra comprar e experimentar mais receitas deliciosas!!!
beijocas,
Aretha
Muito obrigada pela gentileza, Aretha. Jerimum pra nós é o que vocês chamam de abóbora, então tem vários tipos. Nessa receita uso ‘jerimum de leite’, que também é conhecido como ‘abóbora sergipana’ (pelo menos foi o que google me disse). Veja mais informações sobre esse tipo de jerimum (e uma foto) aqui: http://isla.com.br/cgi-bin/detalhe.cgi?id=913 Como explico no post, o substituto mais próximo do jerimum de leite é a abóbora do tipo butternut. Essa é minha abóbora preferida e a que uso sempre que estou longe do Nordeste e do meu amado jerimum de leite. Essas duas variedades de abóbora são bem parecidas: casca fina de uma cor creme-alaranjada e polpa compacta, cremosa (nada fibrosa) e extremamente doce.
E quanto ao livro que eu estava escrevendo, abandonei aquele projeto um tempo atrás, mas nada me impede de começar outro projeto do tipo se as condições forem favoráveis:)
Sandra, mas onde é que essa sopa esteve durante toda a minha vida?! Eu que já me confessei fã de sobremesas, ontem fiz essa sopa para o jantar e tive de me conter para não comer a panela inteira. Que delicia a conjugação de sabores. Essa receita deveria ser património da humanidade. Obrigada! Bjs
Nossa, que elogio, Paula! Tenho que concordar com você, essa sopa é realmente deliciosa e se tornou uma das minhas preferidas. Patrimônio da humanidade? Ganhei a semana 🙂