Tive mais uma dessas semanas intensas, com emoções fortes, maratonas no trabalho e inúmeras coisas acontecendo ao mesmo tempo. Vi documentários extremamente interessantes sobre o controle dos EUA na América do Sul (vou colocar os links aqui porque acho que todos deveriam ver: “A revolução não será televisionada” e “The war on democracy“), me emocionei com o discurso de coming out de Ellen Page, quase tenho um infarto quando vi que Bolsonaro podia ser o novo presidente da Comissão dos Direitos Humanos, passei três dias cozinhando pra algum monge tibetano famoso (que eu não conhecia) e seus discípulos (30!), fiz uma oficina de culinária pra um grupo de dez pessoas e meia (uma das alunas tinha 3 anos) que terminou à meia noite, preparei dezenas de refeições no meu trabalho de ‘chef a domicílio’, almocei com um amigo português que acha o meu dialeto hilário (a recíproca é verdadeira:) …
Então ontem, quando pude enfim parar de correr de um lado pro outro, fiz uma das coisas que mais gosto de fazer quando tenho tempo livre e que estou sozinha em casa: vi TED talks durante horas, até a tela do computador começar a dançar na frente dos meus olhos cansados (suspeito que preciso de óculos).
Mas ontem também fiz um prato que criei recentemente e que conquistou meu coração. Ele é rústico, saboroso, simples de preparar, nutritivo e reconforta. Adoro alho-poró e só não tem mais receitas com esse legume aqui no blog (até agora só postei essa torta salgada) porque lá na Palestina era quase impossível encontrá-lo. Felizmente aqui na Bélgica esse é um dos vegetais mais populares e estou aproveitando pra aumentar o meu repertório de receitas com ele.
Agora vou esquentar o resto do ensopado de ontem (fica ainda melhor no dia seguinte) e assistir a mais uns TED talks antes que outra uma semana de correria comece.
*Aviso nada importante: agora vocês podem ver o que acontece por essas bandas quando não estou postando receitas. Seguindo a sugestão de uma leitora, criei uma conta no Instagram.
Ensopado de alho-poró, tomate e feijão branco
Como é inverno aqui na Europa, eu uso tomates orgânicos em lata (100% tomates, sem temperos nem conservantes), mas se você tiver acesso à tomates frescos, melhor ainda. Nessa receita gosto de usar esse sal com salsão, mas você também pode usar sal comum e juntar umas folhinhas de salsão fresco, ou só sal, se salsão não for a sua praia.
2 alhos-porós grandes
2-4 dentes de alho, picados
1 1/2x de feijão branco cozido (na água com sal e algumas folhas de louro)
5 tomates maduros, picados
3cs de azeite
1/3cc de tomilho seco
Sal com salsão (ou sal comum) e pimenta do reino à gosto
Alho poró gosta de esconder areia entre as camadas, então é importante limpa-lo bem antes de cortar. Faça isso da seguinte maneira: corte a parte folhosa, deixando somente a parte branca e onde o verde é mais claro. Em seguida corte o alho poró no sentido do comprimento, mas sem separar a raíz (formando um V). Lave o alho poró embaixo da torneira, afastando as camadas com os dedos pra se livrar de toda a areia que possa se esconder entre elas. Em seguida esprema com as mãos pra retirar o excesso de água, corte a base (a raíz), separando as duas metades do V e corte o alho poró em fatias finas (que terão o formato de meia lua). Você também pode partir o alho poró ao meio até a raíz e lavar separando as camadas, mas é mais fácil picar o legume quando as camadas ainda estão juntinhas.
Em uma frigideira grande e funda (ou uma panela média) aqueça 1cs de azeite e doure o alho. Fique de olho, pois alho queima fácil. Assim que começar a dourar junte o alho-poró picado. Refogue durante alguns segundos, tempere com sal (com salsão ou comum), cubra e deixe cozinhar em fogo baixíssimo (sem acrescentar água!) até o legume começar a se desfazer. Você vai precisar mexer algumas vezes, pois quando a água do legume evaporar ele vai começar a grudar no fundo da panela. Quando o alho-poró estiver se desintegrando (acredite, ele é uma delícia assim) e tiver ganhado uma corzinha, junte os tomates picados, o feijão branco cozido, o tomilho seco e mais uma pitada de sal. Cubra mais uma vez e deixe cozinhar, em fogo baixo, até os tomates se transformarem em molho. Tempere com pimenta do reino, prove e corrija o sal, se necessário. Desligue o fogo e regue com o resto do azeite. Sirva com arroz ou outro cereal. Rende 2 porções.
Que delícia, Sandra! Vou fazer! Estou com meio quilo de feijão branco, vou fazer aquela sua pasta e esse ensopado.
Não sabia que o TED TALK era bom, tem vários deles no Netflix (que eu sou assinante) mas eu nunca vi
Abraços
Depende da pessoa/assunto do ‘talk’ em questão, mas vi palestras incríveis por lá. Você pode ver todos no link que coloquei no texto e muitos têm legendas em Português.
Alho poró é um dos meus vegetais preferidos!! E coisas com tomate tb (sou viciada em tomate! ) oba oba!!!
Ps.: nossa, cansei só de ler todas suas atividades esses dias! Mas ao mesmo tempo parece que é um cansaço gostoso, aquele de se estar fazendo o que ama! Dá até vontade de ir aí fazer tudo com vc!
Ps2.: Quando vemos esses documentários e todas as injustiças ao nosso redor dá quase um desespero… de um desânimo, desesperança… mas se sentir assim e fechar os olhos não adianta nada… “continue a nadar, continue a nadar” sempre tentando escolher o correto ao invés do fácil…
Entendo o seu desânimo, Aline, mas pra mim informação é a arma mais poderosa do cidadão. Só assim posso agir de acordo com os meus princípios, sabendo aonde estou pisando.
Parece ótima! Já salvei os documentários para assistir depois. Dei uma passadinha no seu Instagram, ficou lindo amei as fotos. Fique curiosa sobre a Maqluba, parece deliciosa.
bjs
Susana
Maqluba é uma delícia, mesmo, mas dá uma trabalheira danada. Talvez um dia eu poste a receita aqui.
Olá Sandra! O alho-poró é imprescindível na minha cozinha. Aqui em casa meu marido e eu consumimos três por semana. Ao chegar da feira, fraciono cada alho-poró em três partes: a parte verde-escura se junta ao caldo de legumes e a parte verde-clara vira ingrediente de várias receitas… Ele é simplesmente delicioso!… E acabo de assistir ao documentário “A revolução não será televisionada” e é impressionante como populações são manipuladas a enxergar a realidade através de um espesso e sujo véu. Lamentável. Assim que puder assistirei ao The war on democracy. Obrigada pelas indicações e um abraço!
Fico feliz em saber que você viu o documentário. E se puder, assista ao outro que também é muito bom.
Oi Sandra!! Veio em boa hora essa, estou cheia de alho poró em casa…. Suas oficinas são abertas ao público? avise quando tiver aqui na região de Bruxelas que me interesso em participar!
São sim, Natália. Te aviso quando tiver a próxima 🙂
Por favor, vou adorar participar! Beijos
Olá Sandra! Fiz esse prato hoje e ficou maravilhoso, adorei sua criação! Pela foto, parece que o seu ficou com um pouco mais de caldo do que o meu. Será que foi porque usei tomates frescos? Outra coisa que tive que mudar ( infelizmente!), foi o uso do feijão branco enlatado… não achei por aqui o feijão branco e não tive tempo de ir atrás de um indiano! Mas enfim, ficou muito bom também! Obrigada! Um abraço.
Menina, não se preocupe:) Eu também usei feijão enlatado, pois não tenho mais panela de pressão e estou sem poder cozinhar feijão em casa.
Sandra! eu não tenho panela de pressão e ando cozinhando feijão na panela normal 🙂 é só deixar de molho muito mais tempo (eu deixo um dia inteiro, trocando a agua) e depois muita paciencia pra cozinhar, mas funciona!
Posso congelar o prato pronto?
bjs
Ana S.
Pode, sim.
Olá Sandra! Desculpe perguntar algo que não tenha a ver com o post acima, mas é que tenho proteína de soja em casa e por mais que seja um alimento não muito saudável, não quero colocar fora, mas não sei como prepará-la. Vi que você usa para fazer quibes. Tem como postar a receita? Ou então me mandar por e-mail? Adoro o seu blog Beijos Andressa
Oi, Andressa. Faz muito tempo que não faço quibe e quando eu fazia, sempre improvisava na hora de cozinhar. Por isso não tenho uma receita pra dividir com você. Mas tem tantas receitas com proteína de soja na internet que tenho certeza que você vai achar alguma interssante. Boa sorte.
aqui tá um calor impossível, mas eu não resisto a uma receita de sopa/ ensopado/ caldo, acho que vou comer esse com a cara na janela 😛
Sandra
Fiz uma adaptação na receita, troquei o feijão branco pelo feijão fradinho (que era o que tinha em casa) e ficou maravilhoso!
Momento “como não pensei nisso antes?”
Quando vc diz “cubra mais uma vez”, depois que colocou o feijão e os tomates, é cobrir com água ou apenas tampar a a panela e deixar em fogo baixo? Tive a mesma dúvida noutra receita que li. Desculpe, talvez ache a pergunta tola, mas é a primeira vez que acesso seu blog e fiquei em dúvida. De qualquer maneira, estou adorando!
Sem problema, Magali. Não tem pergunta tola por aqui 🙂 É tampar, mesmo.
Fiz e ficou uma delícia, adorei a combinação dos ingredientes!
BJ,
Marília
Oii, eu amo essa receita, sempre faço na minha casa.
Obrigada por compartilhar =) beijos
Essa receita é superfácil e deliciosa! Perfeita para quem não tem muito tempo para cozinhar como eu. Mas o que faço com a parte folhosa do alho-poró?