Ela apareceu aqui no blog muitas luas atrás, em um dos meus posts preferidos de todos os tempos, que eu acho que todos deveriam ler. Mas Sahar é uma das pessoas mais interessantes que eu tive a sorte de conhecer e eu poderia entrevistá-la todo mês e ela sempre teria coisas inspiradoras e corajosas pra contar. E como ela é vegana há anos, ela tinha que aparecer na série “Porque me tornei vegano/a”.
Eu já escutei tantas pessoas dizerem “Eu nunca poderia ser vegetariano/vegano porque ADORO carne”, como se a razão que nos leva a seguir esse caminho fosse um suposto despreço pelo sabor de carnes. Por isso eu acho que a história de Sahar com o veganismo é particularmente interessante. Ela conta que carne sempre foi sua comida preferida, mas que o imenso prazer gustativo que ela sentia ao comer animais não a impediu de enxergar as razões morais por trás do veganismo e adotar uma dieta que respeitasse seus valores mais profundos. Eu sei que isso pode surpreender alguns onívoros que se declaram (uns com orgulho, outros com desconforto) adoradores de carne, mas pra veganos preferência gastronômica não é um argumento moral.
Quando e por que você se tornou vegana?
Aos 13 anos eu entrei em um grupo político de jovens e nesse meio tinha muitos veganos e vegetarianos. Ser carnívoro então se tornou um ato ideológico e eu comecei a dar desculpas pra justificar minha paixão por carne. Mas os argumentos que eu usava (“É assim que as coisas são na natureza”, “Nós estamos no topo da cadeia alimentar” etc) começaram a soar fracos e não convenciam nem mais a mim mesma. Então me tornar vegetariana me pareceu lógico, era uma continuidade ao ato político no qual eu tinha me engajado. Se eu não quero machucar outros seres, então não quero machucar nem seres humanos nem animais em geral. Eu escolhi minha luta e pra mim ser ativista pelos direitos dos palestinos é mais importante, mas isso não me dá o direito de continuar ferindo animais, de continuar participando desse sistema. Então me tornei vegetariana no meu aniversário de 14 anos. Cortar a carne foi muito difícil, pois era algo que eu sempre adorei. Eu sabia que depois desse primeiro passo me tornar vegana seria muito mais fácil. Decidi fazer uma aposta com amiga: eu tentaria ser vegana e ela tentaria parar de fumar.
Você se tornou vegana no início da adolescência e muitos jovens que escolheram o mesmo caminho tiveram dificuldades pra fazer a família aceitar suas escolhas. Como foi a reação dos seus pais?
A esposa do meu pai não come carne (mas come peixe), então aceitar a minha escolha não foi difícil pra ele. A única preocupação dele era com a minha saúde, então prometi fazer exames de sangue de 6 em 6 meses até os 18 anos pra ter certeza que estava tudo bem. Eu prometi que se descobrisse que estava com algum tipo de deficiência eu cuidaria da saúde, tomando suplementos ou voltando a comer carne. Acabei desenvolvendo carência de ferro no início e tomei suplementos.
Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou durante a transição?
Parar de comer carne. Definitivamente essa foi a parte mais difícil.
E quais são os aspectos mais difíceis do veganismo pra você hoje?
Não me incomodo com os comentários que as pessoas fazem sobre o meu veganismo. E faço sempre questão de deixar as pessoas à vontade com esse aspecto da minha vida. Antes eu achava que pra comer fora de casa eu tinha que procurar restaurantes especiais, que oferecessem comida vegana, mas agora sei que em qualquer lugar eu vou achar o que comer, nem que seja uma salada. Então comer em restaurantes com onívoros não é um problema. Isso é importante pra mim pois não quero ser um peso pras outras pessoas nessas situações.
Então o mais difícil pra mim é resistir a tentação, saber que posso entrar em um restaurante e pedir carne. Acabei me acostumando, mas ainda é algo difícil. Sempre me pergunto por que não estou comendo carne. E a resposta é: porque é imoral, porque um animal seria assassinado pro meu prazer. Eu sei que comer carne vai me dar prazer, mas isso não justifica o ato. Comer um bife não seria o fim do mundo pra mim. Eu ia me sentira mal depois, mas ia acabar superando. A razão que me faz não ceder à tentação é que tenho medo de provar esse sabor novamente e não conseguir mais parar. Comer carne tem um preço: alguém vai pagar com a vida pelo prazer que eu vou sentir. E eu não tenho direito de tirar a vida de um ser.
Quais são as pessoas ou organizações que te inspiraram e continuam te inspirando no terreno do veganismo ?
Meus amigos, meus colegas de escola e minha família eram todos onívoros, mas algumas pessoas da esquerda radical me inspiraram. Esses ativistas, que lutavam por direitos animais, contra a ocupação israelense na Palestina, por direitos LGBT, consideravam importante viver de acordo com suas convicções. Eles tinham feito a conexão entre todas essas lutas e decidiram agir. Foi isso que realmente me inspirou.
(O grupo ao qual Sahar se refere se chamava Maavak Ehad, que significa “Uma só luta” em Hebraico. Era um grupo de ativistas israelenses da esquerda radical anarquista que lutava por direitos animais e ressaltava a conexão entre os diferentes tipos de luta: feminismo, anti-chauvinismo, contra a ocupação militar israelense na Palestina, por justiça, liberdade, igualdade… O grupo acreditava que toda opressão é enraizada na mesma base ideológica e que o estado, governo e sistema militar existem não pra nos proteger ou nos servir, mas pra preservar a ordem social que permite aos que estão no poder de continuar nos utilizando.)
Depois de ter se tornado vegana, teve algum momento em que você duvidou que esse era o caminho certo pra você?
A produção de carne em Israel é terrível e a produção de laticínios é ainda pior. As vacas são manipuladas pra produzir quantidades absurdas de leite. Não existe uma indústria de carne/laticínios gentil. As etiquetas ‘orgânico’ ou ‘criado em liberdade’ não mudam isso. Aliás muitos dos produtos de origem animais que são ‘orgânicos’ e ‘criados em liberdade’ são produzidos nas colônias ilegais dentro Palestina e na parte do Golan ocupada por Israel. Eu tenho amigos que têm frangos e consumem seus ovos, mas leite e ovos não me interessam de todo jeito. Honestamente o que sempre me interessou foi carne e não existe carne sem assassinato. Eu sou uma pessoa muito dogmática.
Então você não acredita que seja possível ter uma ‘carne feliz’ ou ‘produzida humanamente’?
Nos dois casos você vai matar o animal do mesmo jeito. Os animais são tratados como uma mercadoria, algo que vai te dar dinheiro ou prazer. Eu não vejo animais como instrumentos que estão ali pra servir os meus interesses pessoais.
Que conselhos você daria pras pessoas que gostariam de se tornar veganas, principalmente pros adolescentes lendo esse blog?
Pros jovens: tentem convencer os adultos a te darem a permissão pra se tornarem veganos mostrando que seu interesse e compromisso com o veganismo é sério. Aprendam a cozinhar, procurem receitas na internet (como nesse blog que você está lendo agora), façam esforços concretos pra que essa opção se torne possível. No meu caso também tive que fazer exames de sangue regularmente pra tranquilizar o meu pai.
É importante aumentar a variedade de alimentos que você consume. Eu tirei alguns alimentos da dieta, então precisei acrescentar outros. Quando me tornei vegana meu pai não sabia o que cozinhar pra mim, então comecei a cozinhar. Na época eu praticamente só cozinhava tofu. Mais tarde comecei a preparar novos alimentos e me tornar vegana fez com que eu aprendesse a gostar de muitas coisas: abacate, berinjela, tahina, lentilha, falafel. Ainda penso em todo o abacate que deixei de comer, grande erro! Graças ao veganismo comecei a cozinhar e descobri que é muito divertido. Eu recomendo demais.
Como já falei, pra mim é importante deixar os amigos à vontade quando saímos pra comer juntos, explicando que não precisamos ir a um restaurante especial, que estarei ok em qualquer lugar, que não me importo se eles comerem carne na minha frente. Muitos veganos não concordam com isso e eu respeito, mas pra mim não ser um peso pros outros é mais importante. De todo jeito tem sempre gente comendo carne ao meu redor, que seja na rua ou na minha família.
Eu acredito que devemos tranquilizar as pessoas, deixando claro pros seus pais que não está faltando nada na sua alimentação, que você não está colocando a saúde em risco, que está acrescentando novos alimentos na dieta, participando da preparação das refeições… Tente se cercar de pessoas que te apoiam, virtualmente ou pessoalmente. É muito útil encontrar pessoas que te apoiam.
Como você fala de veganismo com os onívoros com quem convive?
Entre os 15 e 17 anos eu participei ativamente do movimento de defesa dos direitos animais. Eu participava de protestos, panfletava toda semana, tentava convencer as pessoas ao meu redor… Eu não escondo meu veganismo, mas hoje quando onívoros tentam me convencer das suas razões pra comer animais (na verdade eles estão tentando convencer eles mesmos) eu dou respostas frias porque sei que não vou fazer eles mudarem de ideia. No momento eu me interesso mais pelo ativismo que oferece alternativas. Alguns anos atrás trabalhei como voluntária num espaço ativista que tinha uma cozinha vegana. Na época era o único lugar vegano em Jerusalém. Acho importante criar um lugar pra comunidade da esquerda radical, LGBT e feminista e oferecer alternativas. Me sinto mais a vontade com esse tipo de ativismo.
O veganismo em Israel cresceu absurdamente nos últimos anos e em nenhum lugar que visitei encontrei tantos veganos e tantas opções vegetais nos restaurantes. Como você explica esse fenômeno?
Pra comunidade ativista radical em Israel é muito importante fazer a conexão entre as diferentes lutas. Talvez justamente porque a comunidade ativista é muito pequena lá as ideias se espalharam rápido. Tem as colônias de férias alternativas pros jovens de 14 à 20 anos (uma semana durante o verão, todos os anos), os objetores de consciência (que se recusam a servir o exército), os ativista contra a ocupação, os ativistas pelos direitos LGBT… A maioria dessas pessoas são veganas e nos espaços alternativos a comida é sempre vegana. Então mesmo os onívoros têm que comer comida vegana nesses lugares. Nós realizamos workshops sobre feminismo, identidade de gênero, liberação animal e contra a ocupação que oferecem informação, mas também formas de resistência. Eu cresci nesse meio, frequentando esses lugares, então o veganismo acabou se tornando algo natural. Nos centros e lugares onde os ativistas se encontram tentamos criar um espaço que seja o mais seguro possível pra todos. E isso significa não machucar ninguém, o que inclui não machucar animais.
(Isso é algo que sempre admirei nos ativistas israelenses. No Brasil e nos países europeus onde morei os ativistas pelos direitos humanos geralmente não veem a conexão entre as lutas, são completamente cegos pra opressão e injustiça por trás da indústria da carne.)
Então o veganismo se tornou popular primeiro dentro da comunidade radical e aos poucos foi se espalhando pelo resto da sociedade. E uns anos atrás um vídeo de Gary Yourofsky se tornou incrivelmente popular entre israelenses e acabou convencendo muita gente, que não fazia parte da comunidade ativista, a adotar o veganismo.
Falando em Gary Yourofsky (ativista americano pelos direitos animais), em uma entrevista concedida à televisão israelense em 2013, ele declarou que a razão da popularidade do veganismo em Israel é porque “povos que foram oprimidos, como os judeus (…), respondem melhor a esse tipo de revolução pois eles entendem o que é opressão.” E qual não foi a minha surpresa ao ouvir a mesma frase da boca de veganos de outros países! O que você, que é israelense e judia, tem a dizer sobre isso?
Que se a ocupação israelense na Palestina nos ensinou alguma coisa foi que o fato de ter sido oprimido no passado não impede um povo de oprimir outro povo.
À medida que o veganismo cresce em Israel a gente vê uma utilização cada vez maior desse movimento pra conquistar a simpatia dos veganos mundo afora e encobrir as violações dos direitos humanos cometidas pelo governo. Depois do ‘pink washing‘ (a utilização dos direitos LGBT pelo governo israelense pra desviar a atenção dos crimes cometidos contra os palestinos e normalizar a ocupação, colonialismo e apartheid), a nova estratégia de marketing de Israel é o ‘vegan washing’. O que você tem a dizer sobre isso?
Existe essa tendência em Israel e em outros lugares onde têm movimentos de justiça social (direitos LGBT, direitos animais etc.)… Quando Israel se mostra progressivo em alguns desses campos isso é usado como uma maneira de legitimar a ocupação. O fato de que nós somos morais em uma coisa não significa que nós temos uma justificativa pra sermos imorais em outras coisas. “Se nós somos bons pros animais, obviamente nós somos bons pros palestinos e é impossível que a ocupação seja algo errado.” E Israel usa isso com bastante frequência agora que o veganismo está se tornando muito popular no país. Direitos animais aqui se tornou algo importante, o que é uma grande conquista pra um movimento que trabalha há muitos anos pra que isso aconteça e é importante reconhecer essa conquista. Mas tem pessoas, principalmente pessoas no governo, que estão usando isso ao seu favor. Tel Aviv foi eleita a cidade mais ‘vegan friendly’ do mundo e algumas pessoas estão usando isso pra dizer: “Vejam o quão liberal e democrático é esse país e fechem os olhos pras coisas menos liberais e democráticas que esse país faz, como a ocupação.” Então é um discurso problemático. De um lado nós precisamos ter muito cuidado pra não destruir os esforços do movimento vegano e de direitos animais em Israel. Eles são realmente impressionantes e é muito bacana ver o que aconteceu por aqui nos últimos anos. Mas por outro lado dizer que isso é algo bom e positivo e que deve continuar não pode encobrir o fato de que a ocupação ainda exite e é algo ruim e negativo.
Num dia normal, o que aparece no seu prato?
Eu não tomo café da manhã. Geralmente almoço restos do dia anterior. Ou então como hummus e falafel ou comida etíope. Pro jantar eu gosto de preparar receitas rápidas porque nunca lembro de deixar ingredientes de molho no dia anterior. Macarrão com abobrinha, stir fry com os vegetais que eu encontrar na geladeira, tofu e arroz. Gosto muito de rechear legumes. Outro dia eu recheei um jerimum pequeno com triguilho, folhas do jardim e tomates secos. Também cozinho muita lentilha. E todas as refeições que preparo têm que ter uma salada crua.
Você está no corredor da morte e tem direito a pedir qualquer coisa, vegana ou não, pra sua última refeição. O que você pediria?
Abacate com cogumelos refogados, costelas, ervilha torta e os seus aspargos grelhados. E de sobremesa um cheesecake de frutas vermelhas.
Pode dividir a receita do abacate com cogumelos com os meus leitores?
Claro. Pique os cogumelos que você mais gostar (eu uso portobello e champignons) e refogue em um pouco de azeite. Tempere com tomilho fresco ou seco, sal e pimenta do reino. Corte um abacate ao meio e retire caroço. Faça cortes na polpa (criando um jogo da velha na diagonal), mas sem cortar a casca. Tempere o abacate com limão, sal e pimenta do reino. Recheie cada metade com os cogumelos quentes (preenchendo a cavidade antes ocupada pelo caroço e cobrindo toda a polpa) e sirva com uma colher. A colher é importante!
Ano passado os participantes do tour Papacapim na Palestina tiveram a sorte de conversar com Sahar. Ela fez uma palestra ultra VIP sobre a militarização da sociedade israelense e ainda preparou um almoço vegano delicioso pra nós (a moça cozinha muito bem). Espero que os grupos desse ano tenham a mesma oportunidade. (Anúncio: Ainda tem vaga nos tours desse ano! Interessados, por favor escrevam pra papacapimveg@gmail.com)
E se você perdeu os outros post da série ‘Porque me tornei vegana/o’, aqui estão:
“Me tornar vegana foi uma maneira de me tornar politizada”- Johanna
“O veganismo foi uma maneira de alinhar minhas convicções com os meus atos” – Anne
“O veganismo talvez seja a alimentação do futuro” – Samira
“Manter a serenidade diante de tanta crueldade e indiferença é um desafio, mas é necessário” – Lobo
Eu diria como disse o João,ser vegana ñ é dificil,,dificil e amar e aceitar e respeitar nossa raça humana,,e bem complicado.
largar da carne pra mim foi o contrario ,fiquei mais saudavel ,pois quando era carnivora ñ queria saber de legumes e nem fruta ,,comer bem pra mim era ter no prato carne e derivados tudo de animais,,,dai quando parei meu negocio era ñ matar pra mim comer se ia ficar doente ou ñ seria uma outra estoria ,li muito sobre o assunto,e passei a ingerir bastante legumes e verduras tudo cru,,, ja faz bem mais de 20 anos ,e estou muito bem,,eu ñ tenho mais volta ,,carnivora nunca mais,,,so DEUS me faz voltar atras,,paz e muita luz a todos
Caramba, Sandra. Estou emocionada. Que pessoas lindas habitam este mundo. Um dia tudo vai ser diferente, eu acredito. Gratidão, Sahar, por fazer a diferença.
maravilhosa entrevista. A frase “Comer carne tem um preço: alguém vai pagar com a vida pelo prazer que eu vou sentir. E eu não tenho direito de tirar a vida se um ser. ” poderia ser minha. <3
Sandra, ótimo texto de novo!
Amei a entrevista. Inspiradora. Gostei da sinceridade e autenticidade dela.
Não fez média dizendo que não gosta do sabor de carne, foi sincera e admitiu que sente falta, mas suas convicções morais são maiores do que o desejo.
Hoje eu quase não sinto falta da carne, mas não foi um processo fácil;
Quando me tornei vegetariana conheci um universo de sabores, mas se disser que minha vida ficou mais fácil estaria mentindo. Eu sofri muito no começo quando achei que minha vida se resumiria a carne de soja texturizada, fiquei bem desanimada, mas persisti. Aí conheci seu blog e minha vida se transformou e vi que existia vida após a carne 🙂
Como ela falou, em todo restaurante sempre vai ter uma opção vegana, verdade, nem que seja uma salada ou um arroz e feijão. Mas isso também não é muito animador porque ainda assim existe uma sensação de exclusão já que ao contrário dos onívoros nosso direito de escolha, quando existe, é bastante restrito e limitado e ás vezes se resume a apenas uma opção .Nosso direito de escolha se manifesta de duas formas: comer a única opção vegana do cardápio ou ficar com fome.
Restaurantes na praia então são um caso à parte.
É mais fácil um vegetariano ou vegano ter mais opções numa churrascaria do que num restaurante na praia. Se você não tiver um bom jogo de cintura para convencer o chef a fazer uma moqueca vegana vai ter que comer arroz e feijão e salada todo dia. Na praia dá para se sair bem com um milho aqui, um aipim ali, mas não temos muitas fontes de proteína.
Comer na praia acho que é uma das situações mais complicadas para um vegano.
Uma parte que sempre gostei das viagens foi a parte gastronômica, mas depois que parei de comer carne ela perdeu um pouco a graça porque em 90% dos restaurantes o cardápio era exclusivamente a base de algum tipo de carne, ou laticínio, salvo uma ou outra exceção como um macarrão ao molho sugo( que desconfio ser a opção vegana mais comum nos restaurantes).
Normalmente é essa a opção de prato quente vegetariano que encontro nos restaurantes.
Ás vezes tem alguma coisa com funghi ou outros tipos de cogumelos, mas o molho tb nunca é vegano( creme de leite e cia). Nem os risotos se salvam, mesmo os vegetarianos nunca são veganos, Então a solução é torcer para que o chef seja uma pessoa legal e flexível pedir para não colocar caldo de carne, nem manteiga nem queijo parmesão.
Também dá para procurar por restaurantes veganos no seu destino, mas ás vezes eles ficam fora de mão e não dá para ir sempre, e em muitos lugares, eles sequer existem.
Talvez meu maior problema não seja a falta de carne, mas a falta de mais opções veganas nos restaurantes.Me incomoda essa dificuldade que a maioria dos restaurantes têm de enxergar o público vegano. Parece que somos invisíveis.
Massss, apesar de tudo isso, a alegria de poder viver o que vc acredita e ser coerente com suas crenças e convicções compensa esses pequenos detalhes.
Pequenas dificuldades vão existir sim, afinal estamos remando contra a maré, por isso é tão importante se convencer da importância do veganismo, formar uma firme base ética, porque quando vieram esses momentos de dificuldade a única coisa que via fazer com que vc não sucumba é a força de suas convicções.
nem sempre vai ter opção vegana em qualquer restaurante. arroz pode até ser, mas feijão? às vezes usam banha, toucinho. eu não como feijão em restaurante onívoro. em minas, por exemplo, fora verduras e legumes crus (não confio nos cozidos, pois vai saber como foram preparados), só me resta comer arroz branco e batata frita (só no óleo).
Pois é..mais complicado ainda. Eu sempre pergunto o que vai no feijão, mas mesmo assim não é 100% confiável. Difícil mesmo 🙁
Excelente entrevista, adorei! Respostas tão honestas…é uma bênção ter força pra continuar nesse caminho, um caminho com certeza sem volta.
Me identifiquei com muita coisa dita por ela, inclusive por também apreciar o sabor da carne. Mas assim como ela exercito em mim essa força de vontade, sou Vegana há dois anos e meio e hoje em dia divulgo o veganismo ministrando aulas de culinária Vegana em minha casa, e vou te dizer que a maioria dos participantes é onívoro. Procuro divulgar essa nova forma de viver e deixar viver envolvendo as pessoas digamos…sem que elas percebam. Alguns se interessam mais e então vou mais fundo nas informações.
Penso que dessa maneira despretensiosa posso fazer minha parte pra mudar o mundo, todos nós podemos!
Parabéns Sandra, pelo caminho, pela entrevista, pelas receitas, por nos inspirar❤️
Beijo grande
Sempre me pergunto como fazer com que todas as minhas ações, das mais cotidianas às mais dramáticas, estejam em harmonia com as minhas convicções. Acho muito bonito quem busca agir dessa forma.
Ai Sandra, emocionada, chorei. Bater na porta do vizinho e desejar bom dia… Só venho aqui quando estou disposta a fazer algo diferente, já diz a regra. Acordei cedo, fiz um suco verde e procuro receitas para as minhas compras orgânicas de ontem, depois de jantar um burger king. Feio assim, descobri q ainda sou uma iniciante nessa vida, e muito infantil. Me sinto lenta, de forma cerebral, algo que parece precisar de umas 3 vidas ainda para evoluir …ouvindo agora que o governo americano deu 3 anos para banir esse demonio da gordura trans da américa … 7000 mil pessoas a menos nos EUA por ano mortas … Aumenta consumo de carne por japoneses 30kg de carne contra 26kg de peixe esta sendo consumido …Os japa comendo mais carne por lá…hoje o jornal tá fogo. E eu que vim atrás de esperança, parecendo um corvo…que horror… Sandra, pensei na sua esposa. O que aconteceu? Vou procurar saber por aqui, mas fiquei preocupada. Não publica não tá…precisava falar com vc hoje. Me sentir mais perto de seres de luz. Obrigada por essa conexão. Força, fé e luta…
Eu, que também passo boa parte do meu dia deprimida por ler tanta notícia triste e revoltante mundo afora, decidi que a contribuição desse humilde blog era exatamente essa: inspirar e mostrar que alternativas existem e que tem muita gente vivendo dessa maneira, deixando seus princípios morais guiarem suas escolhas -na mesa e fora dela- e fazendo a diferença. Um outro mundo é possível.
Simplesmente maravilhosa a narrativa dessa garota judia e vegana. Gostaria muito de poder conversar com ela frente a frente pois temos muito mais em comum do que o “fator vegano” que já nos une de forma concreta. Estou encantado com tudo que lí; tenho uma pequena ressalva em relaçao a costela no prato que ela comeria caso fosse o último em sua vida, mas entendo porque ela não esconde que ainda tem um fascínio pelo sabor(????) da carne. Estou num processo de me tornar vegano totalmente (ainda tenho alguns utensílios de couro de vaca) mas não consigo me imaginar sobrevivendo à custa de carne, qualquer que seja. Se ficar próximo de comida que tenha carne corro o risco de vomitar( o cheiro para mim é intolerável). Parabéns garota, que o Criador a proteja e guarde.
OFF TOPIC (mais ou menos) — Sandra, hoje um amigo me mostrou esse site, perguntando se eu não queria comprar junto com ele e tal…http://www.kufiya.org/ … antes disso eu queria saber de quem entende se é sério mesmo esse site, se a gente vai estar ajudando e tal.
Oi Sandra. Vim aqui hoje no seu blog porque decidi me tornar vegana. Há muito tempo já penso nisso, mas por um comodismo (que se tornou cada vez mais desconfortável), nunca tomei a atitude de fazer definitivamente essa transição. Hoje, depois de assistir a um vídeo de cortar o coração, vi que não poderia mais continuar onívora e de bem com a minha consciência. Te mando essa mensagem mais como um tipo de declaração inicial, um pontapé… Bom, é isso. Aproveito pra te mandar boas energias aí em Londres! 😉
Obrigada, Lahis. E boa sorte 🙂