Acabo de chegar de dez dias de férias em Marselha. “Chegar” é modo de falar, pois na verdade eu não chego, eu passo. E estou novamente de passagem no interior da França, mas já de malas prontas pra próxima aventura. (Lembrando a quem não sabe: o Papacapim está no Instagram e sempre compartilho fotos das minhas andanças e comilanças pelo mundo.)
Mas então, Marselha. Apesar de ter morado seis anos inteirinhos em Paris, nunca tinha me aventurado pelo sul da França. Um grande erro que decidi corrigir. Quando eu levava minha vida tranquila de universitária na cidade luz meus amigos parisienses diziam: “Marselha? Oh, la, la! É uma cidade suja, barulhenta e perigosa!” E eu pensava com os meus botões que essa noção de “cidade perigosa” é relativa e que não podia ser pior do que as grandes metrópoles brasileiras. Pois tenho a satisfação de informar que meus amigos parisienses estavam errados. Marselha, a segunda maior cidade da França, é incrível, vibrante, um caldeirão cultural com praias lindas de águas cristalinas e pessoas gentis e simpáticas. Sim, a criminalidade existe, principalmente em certos bairros (longe do circuito turístico), exatamente como em todas as cidades onde as desigualdades sociais são gritantes e a discriminação racial rola solta. Mas em nenhum momento me senti em perigo. E sim, a cidade é menos “arrumadinha” que a capital e tem graffiti em praticamente todos os muros e portas, mas não considero isso sujeira: adoro arte de rua. Sem falar que com tanta gente falando Árabe ao meu redor me senti em casa.
E o que me deixou ainda mais feliz foi ver o quão vegan-friendly a cidade é. Além de ter vários restaurantes vegetarianos (sempre com opções veganas) e um vegano, em praticamente todos os lugares tinha opções vegetais. Achei o pessoal super consciente da existência de veganos e preocupado em oferecer opções pra todos. Parece que, pelo menos nessa cidade, não somos totalmente invisíveis aos olhos dos restaurantes tradicionais. Em vários cafés/lanchonetes/restaurantes vi no menu (que na França sempre fica do lado de fora, pra você saber o que pode comer- e quanto vai pagar- antes de decidir entrar, super útil pra veganos) opções “carnívoras” e “vegetarianas”, que na maior parte do tempo eram 100% vegetais. Achei engraçado eles escreverem “sanduíche/prato carnívoro” (ou simplesmente “carni”) e minha imaginação fértil imaginava as coisas mais loucas.
Então aqui vai um pequeno guia com os lugares onde comi durante minha visita à Marselha. Quase todos esses lugares eram vegs e orgânicos. Foi emocionante ver que veganismo e comida orgânica andam juntinhos por lá, o que não significa que os preços são mais caros do que os lugares vegs não-orgânicos. Os arredores da praça Cours Julien é a parte mais bacana da cidade (bares, cafés, livrarias independentes…) e é o lugar ideal pra se hospedar (foi lá onde fiquei), pois a partir dali dá pra visitar quase tudo a pé. Todos os endereços do guia ficam no centro, com excessão da pizzaria, então o acesso é fácil.
Não pude visitar todos os restaurantes que estavam na minha lista, pois com tantos produtos maravilhosos acabei cozinhando bastante em casa. Recomendo, como sempre, uma visita ao site Happy Cow pra ver a lista completa com todos os lugares vegs e veg-friendly da cidade.
Duas especialidades gastronômicas locais são acidentalmente veganas: panisse e pistou. A primeira é um tipo de ‘polenta’ feita com farinha de grão de bico, que você deixa esfriar e, depois de firme, corta em rodelas e depois frita. Panisse é servida em cones de papel na beira da praia ou em bares, como lanche ou acompanhando o aperitivo. Pistou é o pesto do sul da França, mas diferente do irmão gêmeo italiano ele não leva queijo (só manjericão, azeite, alho, pimenta do reino e sal). Recomendo os dois, separados ou, melhor ainda, juntos.
L’écomotive – café vegetariano e orgânico, com muitas opções veganas.
Foi o lugar que mais gostei na cidade. O café é ótimo e tem leite de soja (vinde a nós, cappus veganos!). São três opções de pratos por dia e o menu muda o tempo todo (opções sem glúten). Tem também bolos, tortas e cookies, sempre com opções veganas. Minha amiga Haidi, que já apareceu aqui no blog, é a cozinheira nos fins de semana. Como ela é vegana, nos sábados e domingos os três pratos são veganos e a oferta de doçuras vegetais aumenta (na foto acima todos os doces são veganos!). O lugar é charmoso e descontraído. De manhã é bem calmo e como tem wi-fi é um ótimo lugar pra trabalhar (se, como eu, você precisa trabalhar durante as férias). Preços bem em conta (9 euros o prato completo). Fica aberto até às 19h, mas não serve jantar.
L’écomotive
2 Place des Marseillaises, 13001 Marseille
Aberto os sete dias da semana, das 8h às 19h.
Londonewyork- restaurante vegano orgânico
O único restaurante vegano da cidade atualmente só abre pro almoço. Como em todos os restaurantes orgânicos que oferecem produtos locais e sazonais, o menu muda constantemente. No dia que estive lá provei quatro pratos diferentes e alguns estavam ótimos, outros nem tanto. Provei também uma sobremesa que estava sensacional: torta folhada de coco e caramelo salgado. O que mais me chamou a atenção, no entanto, foi um seitan feito com arroz, logo sem glúten. Eu nunca gostei da textura nem do sabor de seitan e por ser glúten puro sempre deixa meu estômago se sentindo triste, triste, mesmo quando eu como só um pedacinho. Mas o seitan de arroz não só é totalmente sem glúten (mais agradável pro estômago) como ainda é muito mais gostoso e suculento do que o seitan de trigo. Um achado!
Londonewyork
77 Rue de Lodi, 13006 Marseille
Aberto de segunda à sábado, das 10h às 18h.
Le cours en vert – restaurante vegetariano orgânico com opções veganas
O menu muda todos os dias, de acordo com o que for encontrado na feira daquele dia. Então os legumes são super frescos, de estação e orgânicos. Provei três pratos diferentes e a comida estava gostosinha, mas não provocou grandes emoções em ninguém (talvez eu não tenha tido sorte no dia em que estive lá).
Le cours en vert
102 Cours Julien, 13006 Marseille
Aberto os sete dias da semana, das 12h às 15h e das 19h30 às 22h.
Green Bear – café-lanchonete vegetariano com opções veganas.
Passei por lá no final da tarde e já não tinha mais quase nada pra comer, então só tomei um cappuccino e provei um mousse de framboesa (à base de aquafaba). Green Bear tem três endereços na cidade e o que visitei (abaixo) tem wi-fi e uma sala perfeita pra quem quer responder emails ou planejar as visitas do dia em um lugar agradável, acompanhada de um cappu vegano.
Green Bear
123 La Canebière – 13001 Marseille
Aberto de segunda à sexta, das 11h às 17h.
La Baie du Dragon – vietnamita/tailandês. Restaurante tradicional com vários pratos 100% vegetais.
Foi uma experiência e tanto jantar nesse restaurante. O dono, que também serve as mesas, é uma figura. Ele é engraçado e caloroso, mas não hesita em te dar umas respostas secas se achar a sua pergunta idiota (“Nem cru é o que exatamente? Aqueles rolinhos primaveras com papel de arroz?” “Não, é nem cru!” Quando os benditos chegaram eram exatamente os rolinhos com papel de arroz.) Mas ele é gente finíssima e um grande simpatizante do veganismo. O adesivo que vocês vêem acima, criado pela associação de direitos animais L214, significa que o restaurante, apesar de tradicional, se compromete a oferecer pratos veganos elaborados e saborosos pros clientes vegs. O menu tem uma seção especial com pratos veganos: entradas, pratos principais, acompanhamentos. Ele explicou que se dependesse só dele o restaurante seria 100% vegetal. A conversa que escutei na mesa ao lado fez meu queixo cair. A cliente pediu sugestões de pratos. Ele sugeriu todos os pratos veganos do menu (!!!!). Ela disse: “Eu não sou vegetariana” e ele respondeu: “Uma pena!”. Os pratos são muito bem temperados, os sabores equilibrados e delicados e o tofu é uma delícia! Muitas opções sem glúten. Os pratos são individuais (porções pequenas), então não cometam o mesmo erro que eu pedindo um prato pra duas. O restaurante é bem popular, então lembre de reservar no fim de semana.
La Baie du Dragon
8 Place Notre Dame du Mont, 13006 Marseille
Aberto de segunda à sábado, das 12h às 14h30 e das 19h às 22h30.
Pizzaria L’eau à la bouche – pizzaria tradicional que oferece uma pizza vegetariana sem queijo
Segundo Haidi, é a melhor pizzaria da cidade. Pra nossa grande sorte tem uma pizza 100% vegetariana no menu. Na hora de fazer o pedido falei: “Uma vegetariana sem queijo, por favor” e fiquei aguardando a cara de choque e/ou reprovação do pizzaiolo. Pra minha grande surpresa ele (que descobri depois ser o dono da pizzaria) respondeu, sem levantar os olhos, que a vegetariana da casa nunca tem queijo. Ô glória! Agradeci por ele ter pensado nos veganos e ele respondeu: “Mas é normal! Nó temos que pensar em agradar todos os clientes!” E a pizza não decepcionou (abobrinha e berinjela grelhadas, cebola, coração de alcachofra, alcaparras, azeitonas pretas, tudo numa massa fininha, do jeito que eu gosto). Dica: peça a pizza pra viagem e vá degustá-la na praia que fica ali do lado (Corniche, ver mais abaixo), sentada sobre as pedras com o mar turquesa aos seus pés. A pizzaria também funciona em um food truck no verão (na cidade l’Estaque, colada à Marseilha), que além da vegetariana também oferece uma pizza sem glúten.
L’eau à la bouche
120 Corniche Président John Fitzgerald Kennedy, 13007 Marseille
Aberta de quarta à domingo, de 12h à 15h e de 18h à 23h.
Videodrome 2 – café-cinema, que também funciona como locadora de filmes
Esse lugar singular vale uma visita, mesmo se você estiver sem fome. Além de poder alugar DVDs e assistir a filmes na pequena sala de projeção nos fundos do café, todo dia rola uma sopinha que me garantiram que é sempre vegana. No dia que fui lá a sopa era de abobrinha com pistou (o famoso pesto local, acidentalmente vegano) e estava divina! Veio acompanhada de três fatias generosas de um maravilhoso pão au levain com passas. Por 4€ você tem uma refeição nutritiva e saborosa. Também tem sempre um cookie vegano e sem glúten no balcão (feito com farinha e óleo de coco, gostosinho mas que não tinha nada da textura/sabor de cookie). Tem mesas no exterior, na praça Cours Julien, e é super agradável tomar uma (cerveja ou xícara de chá) admirando os passantes.
Videodrome 2
49 Cours Julien, 13006 Marseille
Aberto de terça à domingo, das 15h às 2h.
Un mexicain à Marseille – lanchonete mexicana com opções veganas
Veganos podem pedir um burrito ou tacos 100% vegetais (com feijão, milho, legumes grelhados, arroz, tomate e guacamole). Sucos/smoothies feitos na hora. Simples, barato, nutritivo e capaz de satisfazer grandes apetites.
Un mexicain à Marseille
5 Place Paul Cézanne, 13006 Marseille
Aberto todos os dias da semana, das 12h às 24h.
Bio C Bon – loja de produtos orgânicos
Na França as lojas de produtos orgânico são uma mina de ouro pros veganos. Essa era um paraíso pra nós: frutas e verduras, leguminosas cruas e cozidas, burguers, salsichas, queijos, muitas pastas pra passar no pão, biscoitos, cereais, iogurtes, chocolates e mais de trinta (!!!) tipos de leite vegetal. As opções sem glúten abundam (achei até massa folhada pra assar em casa sem glúten!) e a loja é cheia de tesouros pros veganos gourmets (algas frescas! crepe de sarraceno! pasta de chocolate e avelã! creme de alcachofra!). Claro que os preços nesses tipos de lojas são mais elevados do que em supermercados, mas a qualidade é excelente e você encontra produtos que não são vendidos em outros lugares.
Bio C bon
89 Cours Julien, 13006 Marseille
Aberta todos os dias da semana, das 9h30 às 20h (domingo das 9h30 às 13h30)
Marché Paysan Cours Julien – feira orgânica
Uma vez por semana, nas quartas, tem uma feira orgânica na praça Cours Julien. As frutas e verduras orgânicas, produzidas localmente e vendidas pelos próprios agricultores, já valem a visita. No dia que estive lá comprei kale, vários folhosos pra salada (os vendedores fazem uma mistura com todas as folhas disponíveis, se você pedir) e tupinambo (também conhecido como ‘alcachofra-girassol’), um legume que eu conhecia de vista, mas nunca tinha experimentado (adorei!). Mas o que faz dessa feira um lugar ainda mais especial pras pessoas veganas é uma barraquinha onde um rapaz muito simpático faz um número impressionante de molhos, pastas pra passar no pão, legumes temperados e geleias, tudo com os vegetais que ele mesmo planta e colhe (orgânicos). Ele explicou que não usa nenhum ingrediente de origem animal nos seus produtos e, respeitando a tradição culinária do sul da França, faz tudo com um excelente azeite. Vi que em um potinho entrava mel na composição, mas todos os outros eram 100% vegetais. Voltei pra casa com uma pasta de beterraba e raiz forte, pistou, molho de pimenta, favas com coentro e ganhei de presente do vendedor um chutney de jerimum e gengibre. O que eu gostaria de ter levado pra casa, se ainda tivesse espaço na sacola: abobrinha com hortelã, abobrinha agridoce com curry, funcho romeno, ajvar (pasta de pimentão vermelho), caviar de berinjela, caponata… Descobri, graças à senhora que nos hospedou durante alguns dias, que um almoço ou jantar pro pessoal do sul pode ser composto somente desse tipo de preparações (muitas vezes feitas em casa), mais um bom pão, uma salada crua e vinho. A geladeira dela estava cheia de potinhos de vidros com os mais variados legumes, todos preparados por ela, e na hora das refeições ela colocava tudo na mesa, junto com uma salada fresquinha, e cada uma se servia do que quisesse, como um piquenique. Se você quiser preparar uma refeição nesse estilo e provar as delícias que são os legumes e as pastas do sul, você precisa visitar essa barraquinha.
Marché Paysan
Praça Cours Julien
Todas as quarta-feiras, das 7h às 13h (melhor ir cedo).
Saladin Épices du Monde – Mercado de frutas e verduras e loja de especiarias
Do lado do Marché de Noailles eu achei o meu parque de diversões. Se chama “Saladin” e lá você vai achar o que acredito ser todas as especiarias que já apareceram nessa terra. Dei tantos pinotes lá dentro que uma certa pessoa ameaçou me filmar e colocar o vídeo no blog pra vocês verem e, imagino, rirem. Tinha as mais variadas frutas secas (tâmaras suculentas), tomates secos, farinha de grão de bico indiana, muitos, muitos tipos de azeitonas (verdes, pretas, temperadas), vários tipos de cogumelos desidratados, dezenas de ervas secas, especiarias de todos os tipos… Tinha até cumaru (tonka) do Brasil! E mais de trinta tipos de sal (juro, eu contei). As duas fotos acima só mostram um pedacinho da coleção de sal da loja. Tinha sal roxo, azul, cinza, preto, defumado, temperado, com gosto de ovo (queria trazer o saco inteiro pra usar no meu omelete vegano), flor de sal, cristais em forma de pirâmide… Durante os dez dias que passei na cidade fui à essa loja cinco vezes, ou seja, um dia sim e outro não. No final eu já estava contando a minha vida na Palestina em Árabe pro vendedor marroquino e ninguém mais se dava o trabalho de falar Francês comigo. Quase peço um emprego lá, aceitando ser paga em sal (sabiam que é daí que vem a palavra ‘salário’? Eu ia voltar às origens da prática). Se você gosta de cozinhar recomendo demais uma visita à essa loja.
Saladin Épices du Monde
10 Rue Longue des Capucins, 13001 Marseille
Aberta todos os dias da semana, das 7h30 às 19h
Marché de Noailles
O quarteirão dessa feira (‘marché’ em Francês significa ‘feira’) vale uma visita. É aqui que se concentram as mercearias, restaurantes e padarias árabes (Marrocos, Tunísia e Argélia, países que formam o Magrebe) e é um dos lugares mais animados e coloridos da cidade. Lá você encontra cafés populares, onde velhinhos e jovens jogam conversa fora, padarias cheias de tesouros, restaurantes típicos e mercearias com (pausa dramática, corações veganos batendo acelerado) tahine libanesa! A única, a verdadeira, a sensacional, a que tem a reputação de ser a melhor do mundo! E por um precinho muito camarada, principalmente quando você compara com a tahine horrível que encontramos nas lojas orgânicas daqui.
As padarias tunisienses/marroquinas/argelinas são ótimas pra quando você quiser preencher um buraquinho no estômago, mas não tiver fome suficiente pra uma refeição completa. Além de vários tipos de pão (alguns com levain), você encontra folhados recheados com tomate e pimentão (tem a aparência de um crepe crocante, dobrado e com uma forma quadrada), o delicioso pão de sêmola (com ou sem fermento) e alguns doces veganos (pergunte se não tem manteiga nem mel, pois muitos têm).
Se a fome apertar, muitos restaurantes du Magrebe, embora sempre sirvam carne, oferecem opções naturalmente veganas. Tagines ou couscous de legumes (geralmente com grão de bico e muitas especiarias) são deliciosos.
Marché de Noailles (também conhecido como Marché des Capucins)
Rue du Marché des Capucins.
Aberto de segunda à sábado, das 8h às 19h.
Durante as férias visitei duas ocupações (que os franceses chamam de ‘squats’). Le Raccoon (Place du Lycée) e Le Kiosque (38, Rue Clovis Hugues). Essas ocupas são lugares onde ativistas se encontram, trocam informações e organizam eventos. Fui ver um filme feminista de 1983 (‘Born in Flames’) no Raccoon e participei de um evento de solidariedade com prisioneiras/os trans no Kiosque. Fiquei sabendo desses eventos olhando as paredes da cidade: tem sempre cartazes colados por todos os lados com a programação dos dois lugares.
Nas duas ocupas a luta contra os vários tipos de opressão estão interligados, por isso quando rola comida por lá, é sempre vegana. O Raccoon também organiza jantares veganos onde cada um dá o que quiser. Nas duas ocupas você encontra livros e panfletos sobre feminismo, racismo, imigrantes e refugiados, direitos animais, veganismo… No Raccon tem até uma ‘ loja grátis’ com roupas e sapatos que estão à disposição gratuitamente. São os lugares ideais pra entrar em contato com a cena ativista da cidade, aprender e conhecer pessoas bacanas (e veganas!).
E antes de terminar esse guia, vou fazer algo que ainda não tinha feito nos outros Guias Veganos que publiquei aqui no blog: sugerir lugares que não têm nada a ver com comida. Se você estiver em Marselha não deixe de visitar um espaço cultural chamado ‘La Friche’, que fica na rua Jobin, no bairro Belle de Mai (foto que abre esse post e as duas acima). O centro foi criado em uma antiga fábrica de tabaco e tem salas de exposições, uma livraria, um café, um restaurante, quadra de basquete, pista de skate… Nos andares não utilizados (o prédio é enorme) crianças andam de patins e brincam livremente. A partir de março o terraço no último andar começa a funcionar e o centro organiza festas ali nas noites de verão.
A Corniche também vale uma visita. As praias são bem diferentes das nossas, com pedras enormes e zero areia. Tem uma mini praia onde as pedras são minúsculas (foto acima), mas o pessoal que quer nadar geralmente pula das pedras direto pra água. Parece que no verão fica tudo lotado, mas como passei por lá no meio do inverno estava tudo tranquilo e pude piquenicar (a pizza mencionada acima) admirando a beleza do lugar.
Vale muito a pena sair um pouco da cidade e visitar pelo menos uma calanque. ‘Calanque’ é, de acordo com Wikipidia “um acidente geográfico encontrado no Mar Mediterrâneo, que se apresenta sob a forma de uma angra, enseada ou baía com lados escarpados, composta por estratos de calcário, dolomita ou outros minerais carbonatos.” Procurem ‘calanques’ no Google e vocês vão ver que coisa mais linda elas são. Visitei a calanque de Sormiou (dá pra ir de ônibus do centro de Marseille), que fica no Parque Regional das Calanques. Na entrada do parque você pode escolher uma das várias trilhas, mais ou menos longas. A caminhada é bem puxada, pois o terreno é extremamente acidentado, mas pra quem gosta de natureza e pode caminhar por várias horas , o passeio é incrível. As fotos abaixo dizem tudo.
Que lugar incrível!! Eu já acho a Europa no geral mais à frente que o Brasil na questão da aceitação do vegetarianismo e do veganismo, pelo menos comparada com minha cidadezinha. Mas Marseille parece ser o paraíso!! O problema dos seus posts é que dá vontade de largar tudo que tô fazendo e me jogar no mundo 😛
Se joga,irmã 😉
Oh… gostei de conhecer Marselha através de seu olhar – brilhante olhar. Adorei o relato de sua viagem, suas dicas e suas fotos! Enfim, adorei ! Parabéns!
Super inspirador! Fiquei cheia de vontade de ir visitar… e comer ☺
Aqui na Tuga ainda não há assim tanta oferta mas está a melhorar! Em Évora já há um rest vegano, já se fazem feiras e até há uma marca de detergentes veganos, para além da antiga Couto claro. Lisboa já conheces, quando voltares convido-te a conhecer a nossa quintinha de permacultura (perto da Ericeira) e provar um maionesse e uma mousse de abacate simplesmene deliciosos!
Somos veganos apenas há 6 meses mas ele especializou-se num instante – bem, eramos vegetarianos há muitos anos.
Obigada pelas partilhas ☺
Sónia
Sandra já ía te escrever pra vc não deixar de dar um pulo em Cassis e explorar as maravilhosas Calanques!!! Fui em maio e me apaixonei pelas trilhas, visual e esse mar delicioso. Aproveite muito esse paraíso aí! Bjbj
Oi Sandra, adorei passeios e olhares sobre Marselha!
Grata! Bjs.
“…tahine horrível que encontramos nas lojas orgânicas DAQUI.” Isso seria na França ou tu te referes à tahine brasileira? E além disso, o que torna a tahine libanesa tão especial? Gracias
Eu estava me referindo à França, que é onde estou no momento (e de onde escrevi esse post). Tahina libanesa (ou palestina) é especial por vários motivos. As sementes de gergelim são um pouco diferentes (não sei se é outra variedade, ou se é a qualidade do solo onde crescem), elas são sempre descascadas (no Brasil e aqui é comum ver tahina orgânica feita com sementes com casca, que eles chamam “integral” e que tem sempre uma cor mais escura. A casca é amarga e altera o sabor final do produto) e por último, eles usam máquinas pra moer as sementes – muitas vezes feitas de pedra – que conseguem transforma-las em uma pasta extremamente macia, cremosa e quase líquida, mesmo sem adição de nenhum outro óleo (é 100% sementes de gergelim). O sabor da tahina libanesa e palestina é extremamente agradável e com zero amargor. Só provando pra entender a diferença.
Realmente… a tahina/e que encontro por aqui é basicamente sempre integral. Exceto uma versão “natural” da marca SésamoReal que é feita a partir das sementes descascadas e que, pro meu paladar (que infelizmente ainda não pode apreciar a tahina libanesa), é bem saborosa. Mas por enquanto, prefiro consumir a que eu mesma faço. Agora, mudando de saco pra mala: já fiz inúmeras das tuas receitas e sem querer ser puxa-saco (mas já sendo), são maravilhosas. Em especial, o pão integral com centeio e sementes + fermento natural, que tive a sorte de conseguir reproduzir super bem! Também gosto de variar as misturas para o pão, sejam elas mais neutras, (como a pasta de amendoim, de castanha de caju), ou as mais marcantes, como os queijos fermentados. Inclusive já fiz uma versão do de castanhas, trocando-as por pepitas de girassol – o resultado é diferente, mas muito bom! Contudo, gostaria de compartilhar uma receita de algo doce para passar no pão (calma, não se assuste com essa palavra, porque a receita não é exatamente DOCE, e também não leva açúcar uhul). Não parece muito atrativa mas a textura/sabor são bem interessantes. É uma pastinha de cacau e coco. Esta porção que faço, rende para duas fatias generosas de pão e ainda sobra um pouco para o lanche da tarde (que eu gosto de comer com algumas frutinhas). A base? Bananas, não muito maduras. São: 2 bananas pequenas; 1 1/2 cs rasa de cacau em pó (prefira o cru); 1 cs oléo de coco extravirgem; 1 cs rasa de melado ou açúcar de coco (opcional) e 1 cc de coco ralado. Esmago as bananas em uma pequena vasilha, junto os outros ingredientes e levo para o fogo baixíssimo até que comece a desgrudar do fundo da panela, espero esfriar e pronto! Aliás, a tua compota de maçã, com um pouco de canela + passas neste pão fica dos deuses! Muito obrigada pela sua atenção, Sandra.
Maravilhosa essa matéria Sandra! Amei! Muitíssimo obrigada, bjs
Yes, you make me wish I was with you… My weakness are spice shops too.
We are so alike <3
Oi Sandra,
Que surpresa. Pena nao saber que estavas em Marselha, adoraria encontra-la. Não conhecia estes restaurantes que vc. indicou. Obrigada pelas dicas todas, estava programando ir a Marseille nesta ou próxima semana e com certeza irei nestes restaurantes. Adoro a cidade e volta e meia faço o trajeto Nice/Marseille. Moro aqui no sul da França e Marseille faz parte do meu roteiro. Não sou vegana, quase vegetariana, mas adoro tudo que é orgânico e amo aqui justamente por que é fácil manter uma dieta saudável, com todos estes mercados provençais e mercados orgânicos. Adorei tuas fotos das Calanques e Cassis estava logo ali. Entre Menton (na fronteira com Italia) e Perpignan (fronteira com Espanha) tem várias opções para se visitar cidades e vilarejos, cada uma mais linda do que a outra. Mantenho um blog com fotos e itinerários que fiz caminhando aqui no sul da França. Vim para passar uma temporada e já estou aqui 3 anos. Tinha até pensado em mudar para Marseille por ser uma cidade maior, mas com receio da “violência” desisti. Agora, na próxima vez que for, vou procurar olhar a cidade de maneira diferente.
Olá, vc sabe me dizer quanto custa aí em Marselha, as favas de baunilha? Tem algum lugar específico para indicar? Também queria saber se tem alguma loja para compra de utensílios de cozinha, produzo geléias aqui no Brasil e é isso que me interessa muito. Obrigada!