Eu tinha planejado publicar essa receita semana passada, mas a situação de violência colonial israelense na Palestina ocupada explodiu novamente e desde então falar de qualquer outra coisa se tornou absurdo. Quem me acompanha no Instagram viu que compartilho informações e artigos por lá diariamente, na maior parte do tempo traduzidos de outras línguas. É um trabalho intenso, mas a Palestina não deixou de estar no centro da minha militância quando eu saí de lá.
Então vamos fazer assim. Por hora, passem no meu Instagram pra acompanhar os acontecimentos na Palestina. E sigam as outras pessoas/coletivos/mídias de confiança que recomendo por lá. E aqui, focaremos na comida, pelo menos por enquanto.
Quando eu morava em Berlim era comum jantar na casa da minha cunhada alemã (casada com o irmão de Anne) nos fins de semana. No verão o jantar era no jardim da família e um prato que todo mundo adorava nessas ocasiões era rolinho de papel de arroz. As veganas/vegetarianas recheavam seus rolinhos com vegetais crus e tofu grelhado, enquanto as outras pessoas recheavam com vegetais e animais. Mas a estrela do jantar era o meu molho de amendoim.
Faz tantos anos que faço esse molho que nem lembro mais se inventei tudo (duvido) ou se me inspirei de algo que comi em um restaurante (bem possível) ou vi em algum livro de receitas. Provavelmente uma mistura dos três.
A magia desse molho é que, como todo bom molho, ele transforma a refeição mais banal em algo especial. Os rolinhos de papel de arroz ficavam maravilhosos com ele, mas qualquer cumbuca com arroz e legumes também fica irresistível com algumas colheradas do danadinho. Vou deixar a receita do molho e uma sugestão de cumbuca de arroz pra ser servida com ele. mas não deixe isso te limitar.
Molho de amendoim e gengibre
Não tem medidas: vá provando e siga o seu coração. Porém, pra te ajudar, escrevi a lista de ingredientes na ordem da “maior” pra “menor” quantidade. Isso significa que se pasta de amendoim é o primeiro ingrediente e alho, o último, você não vai usar uma colher de chá de pasta de amendoim pra uma cabeça inteira de alho. Use o bom senso e se deixe guiar pelos sabores.
Pasta de amendoim (pura, sem açúcar)
Suco de limão
Molho shoyu
Melado (ou outro ingrediente doce: xarope de agave, de coco, ou açúcar, mesmo)
Gengibre fresco
Alho
Bata tudo no liquidificador, juntando água aos pouquinhos, até atingir uma consistência cremosa, mas fluida. Veja se não ficou pedaços de gengibre inteiros, prove e ajuste os sabores.
Tá muito ácido? Junte mais melado. Falta sal? Junte mais shoyu. Mal dá pra sentir o sabor de gengibre? Coloque mais. Gengibre demais? Junte mais pasta de amendoim. Agora ficou sem gosto? Taca mais limão, melado e shoyu. Tá gostoso, mas meio sem graça? Falta ácido aí, pode colocar mais limão. Você colocou água demais e ficou totalmente líquido? Mais pasta de amendoim. Mas agora ficou sem gosto de novo? Repita o processo até chegar na consistência e sabor desejados. (Dica: o molho deve ter um sabor equilibrado entre o salgado, o doce e o ácido.)
Sirva sobre saladas, arroz, com rolinhos de papel de arroz… Esse molho fica ainda melhor junto com coentro. Se conserva alguns dias na geladeira.
Pra fazer como na foto. Cozinhei arroz integral, grelhei (no azeite) tofu em cubos e temperei com shoyu. Depois cortei fininho os legumes que estavam dando sopa na geladeira: repolho roxo, nabo, cenoura e alface e broto de alfafa (tudo cru). Temperei com coentro (a erva que mais combina com esse molho) e reguei com o molho de amendoim.
Gostoso. Usava muito tahina mas tá cara aqui