Cheguei ontem à noite de uma curta visita ao meu sogro, no interior da França. Ele teve problemas de saúde sérios nos últimos meses e apesar de estar tudo bem agora, estava precisando de apoio emocional. Esse ano está sendo puxado pra mim, em termos de saúde dos pais (incluindo aqui minha mãe, meu pai e meu sogro). Fui lembrada, várias vezes, da fragilidade da vida e dos corpos das pessoas mais velhas da minha família.
Mas agora que o susto com o meu sogro já passou, pudemos curtir alguns dias embaixo dos carvalhos dele (o jardim do meu sogro é um bosque!), colhendo maçãs no quintal e compartilhando refeições ao ar livre, antes que o outono se instale e traga junto o frio.
No dia seguinte à minha chegada ele me pediu uma ratatouille, um prato que ele adora. Como ainda é verão aqui, é a época perfeita pra fazer esse que é um dos únicos pratos da culinária tradicional francesa 100% vegetal. Usei um método diferente, pensando em ganhar tempo, e acabei criando a melhor ratatouille que já fiz. Foi um sucesso tão grande que ele me pediu pra fazer de novo dois dias depois pra que pudesse anotar a “receita”. Coloquei entre aspas porque se trata de um método, não de uma receita. A receita, eu compartilhei aqui em 2010 (ano da criação desse blog). Mas como esse novo método produz um resultado muito superior, vim compartilhar.
Ratatouille (técnica melhorada)
A receita, com medidas, está nesse post. Mas não precisa de medidas exatas, é só uma questão de proporção. Use a mesma quantidade de abobrinha e berinjela, uma quantidade menor, mas igual, de cebola, pimentão e tomate, alho a gosto e tá tudo certo. O pulo do gato é combinar o forno com o fogão pra intensificar os sabores.
Berinjela
Abobrinha
Tomate
Pimentão vermelho (ou amarelo)
Cebola
Alho
Tomilho, louro, sal e pimenta preta
Azeite
Corte a berinjela e a abobrinha em pedaços médios (com casca e sementes, obviamente). Coloque em uma travessa/forma grande (onde caiba tudo) e regue com bastante azeite, tempere com sal e leve ao forno quente até ficar tudo macio e dourado. Isso é muito importante pra garantir o sucesso da receita. O calor seco vai retirar a água dos legumes, concentrar os sabores e a reação de Maillard (o douradinho por fora) deixa tudo ainda mais gostoso.
Enquanto os legumes assam, corte a cebola, o pimentão e o tomate em pedaços médios e pique o alho. Capriche no alho! Em uma panela grande e, idealmente, do fundo grosso, esquente uma boa quantidade de azeite e doure a cebola. Junte o alho e o pimentão, refogue por mais um minuto e acrescente o tomate. Junte o tomilho (desidratado- se for fresco, acrescente no final) e uma folha de louro, tempere com sal e pimenta preta e deixe cozinhar, coberto, até o tomate se desfazer e o molho encorpar ligeiramente.
Quando a berinjela e a abobrinha estiverem bem assadas (vai murchar bastante e liberar espaço na travessa pros outros ingredientes), retire do forno e despeje o refogado de tomate/cebola/pimentão/alho por cima e misture bem. Como os legumes assados estarão mais secos (a água de dentro dos legumes evaporou no forno), eles vão absorver o refogado de tomate e vai ficar tudo incrivelmente saboroso. Mas vamos concentrar ainda mais os sabores colocando a travessa de volta no forno, depois de ter regado tudo com mais um fio de azeite (não tenha medo de usar azeite aqui). Se seu forno tiver a opção “grill” chegou a hora de usá-la. Mas se não tiver, aumente um pouco a temperatura e deixe ali até que a superfície da ratatouille esteja levemente caramelizada.
Deixe esfriar um pouco (dentro do forno) antes de servir. Tradicionalmente ratatouille é servida com arroz, mas você pode servir com o que quiser. Ela se conserva alguns dias na geladeira e fica ainda mais gostosa requentada, no dia seguinte. Restos de ratatouille são um ótimo molho par macarrão e recheio pra sanduíche (com uma camada de hummus – tradicional ou cubano– fica sublime).
Olá! Nada a ver com o texto mas estou tentando me cadastrar na newsletter e fico recebendo a mensagem “Ocorreu um erro ao assinar. Tente novamente.”… Sabe o que pode estar acontecendo?
Faz tempos que tenho que dar um jeito nesse problema e sempre esqueço:( Vamos ver se daqui pro final do ano consigo consertar isso.
Eba! Beleza hehehe vou ficar tentando toda semana até o final do ano! hehehehe
E sobre o texto, acho que chega uma hora da vida (tô nela também) em que a gente começa a ver o envelhecimento dos nossos parentes mais próximos bem de perto né? Pra mim foi todo mundo quase que ao mesmo tempo…
E sobre a receita! Bem diferente do que a gente vê por aí na internet né? Vou testar! <3
Que delícia deve ter ficado! Vou experimentar preparar assim!
Fiz ontem à noite… Melhor ratatouille ever! Uma delícia. Obrigada por compartilhar, Sandra. 🙂
Meu sogro fez duas vezes na mesma semana! Eu sei porque ele faz questão de mandar as fotos pra mim. Fico feliz por ela ter sido sucesso na sua casa também;)
Que saudades de ler as suas escritas!!!! Saúde para os seus!!!
Saudações Sandra! Estava há muito tempo sem receber seus textos e de repente chegaram muitos e-mails seus de uma vez só, que coisa boa. Está sendo muito bom fazer essa imersão novamente em sua literatura tão rica. Você é uma das minhas inspirações, sou vegana hoje também por sua causa. Aqui vai meu muito obrigada à você. Faço muitas receitas suas em meu cotidiano, adoro seu modo de cozinhar e suas lições de vida. Mando daqui vibrações de muita saúde, paz e prosperidade para você e sua família. O mundo é melhor por estarem aqui pessoas como você
Muito obrigada pelo carinho, Robiana. E fico muito feliz em saber que contribuí com a sua jornada no veganismo. Tudo de bom pra você <3