Recentemente escutei o episódio “Nordeste: fome, falta e manipulação” do podcast Prato Cheio. Na introdução do episódio podemos ler: “Ser nordestina é carregar consigo, na origem, nos sotaques, uma série de estigmas advindos de um país extremamente classista.” Recomendo muitíssimo esse episódio, que ajuda a entender a construção da xenofobia anti-nordestinas.
Quando eu tinha perfil no Instagram rolava uma conversa recorrente com o pessoal que me seguia por lá sobre sotaques. Foram tantos comentários sobre o meu sotaque, sobre a maneira que eu chamava certos alimentos, que um dia eu escrevi provavelmente a série de stories mais longa que aquela plataforma já viu pra falar desse assunto. E a repercussão foi imensa. Desde que escutei o interessantíssimo episódio sobre o Nordeste fiquei com vontade de trazer aquela conversa pra cá. Felizmente eu achei o rascunho da série de stories sobre sotaques, rescrevi algumas partes e completei outras e o resultado é o que você vai ler a seguir.
Se você não sabe ainda, sou de Natal, RN. Na esquina do Nordeste. Mas acredito que não dá pra acompanhar meu trabalho por mais de alguns minutos sem perceber isso. Seja pela quantidade de coentro nas minhas receitas, ou, se você viu algum vídeo ou escutou uma participação minha em algum podcast (está tudo listado na página Mídia), pelo meu sotaque. E é disso que eu vim conversar com vocês hoje: sotaques. Na verdade, sobre preconceito linguístico e como a cultura nordestina é invisibilizada ou objetificada. Não vai ter coentro, então, galera que odeia essa erva, continue por aqui.
Muitas luas atrás postei a receita da minha releitura de um prato típico nordestino, que a minha mãe fazia pra mim quando eu era criança: caldo da caridade. O ingrediente principal desse prato é caldo de feijão macaça e logo no início do texto eu coloquei entre parênteses “fradinho” pra que as pessoas de outros lugares entendessem de que feijão eu estava falando.
Mesmo assim uma pessoa me perguntou (lá no Instagram) se “macaça” era o nome daquele feijão em Francês.
Fiquei muito surpresa. Francês? Achei que, já que eu estava falando de uma receita nordestina, seria óbvio que a palavra fazia parte do vocabulário nordestino. Eu nunca fui na região Norte (meu sonho) e conheço pouco as tradições culinárias de lá. Mas se estivesse lendo uma receita de lá e topasse numa palavra desconhecida pra mim, deduziria que é algo típico. Se a pessoa escrevendo a receita tivesse dado um sinônimo conhecido pra mim, eu diria “ah, então é assim que chamam X no Norte.”
Pra mim é importante usar o meu vocabulário, principalmente numa receita tão carregada de memória afetiva. Mas tenho plena consciência que não é em todo lugar do Brasil que esse feijão é conhecido como “macaça”, por isso fiz questão de incluir também “fradinho”, que é mais conhecido.
Algumas leitoras nordestinas (ainda no Instagram) até puxaram minha orelha depois, com razão, quando eu respondi “isso não é Francês, não, no Nordeste falamos assim”, pois no estado delas não usam essa palavra. O Nordeste é vasto e longe de ser homogêneo e eu deveria ter dito “na minha parte do Nordeste falamos assim”. Pra minha defesa eu quis dizer que era no Nordeste que essa palavra era usada, mas obviamente não é todo o Nordeste que a usa.
Não culpo as pessoas de outras regiões por não terem familiaridade com os dialetos nordestinos (falarei sobre o que é um dialeto mais na frente). Se nós, do Nordeste, geralmente sabemos que no Sudeste tem algumas diferenças de vocabulário é porque consumimos a mídia vinda de lá e crescemos vendo novelas e noticiários com pessoas que falam um dialeto diferente do nosso. Mas o que achei interessante nesse ocorrido foi uma pessoa de fora do Nordeste ler uma história explicitamente nordestina e ainda assim achar mais plausível que a palavra desconhecida faça parte de uma língua estrangeira do que do vocabulário nordestino.
Sempre escrevi minhas receitas usando as palavras do meu vocabulário: jerimum, macaxeira. E já me perguntaram “O que é jerimum?” algumas vezes. (É “abóbora”, caso você não saiba). No RN falamos jerimum e quem é natural do estado é “papa-jerimum” (o que me agrada mais do que ser chamada de “potiguar”, pois essa palavra significa “comedor de camarão”). Eu nunca teria a ideia de escrever receitas usando palavras que não uso na minha fala. Além de soar falso, não vejo razão pra renegar o meu dialeto e adotar o dominante. Mesmo assim, absolutamente todas as vezes que saí do Nordeste e dei palestras ou cursos em outros lugares do Brasil as pessoas fizeram comentários sobre eu “ter sotaque nordestino”.
Interessante notar a evolução dos comentários. Eu tinha 12 anos quando saí do Nordeste pela primeira vez. Fui visitar parentes no Goiás com a família. Foi quando descobri que eu “tinha sotaque”. Bastava eu abrir a boca pras pessoas goianas (crianças e adultas) rirem e dizer: “Você fala com sotaque do Norte.” Eu não entendia como aquelas pessoas podiam ser tão ruins em geografia e sempre corrigia: “Nordeste. Eu venho do Nordeste. O Norte fica à esquerda.” Mas não tinha jeito, pra elas eu era nortista, tinha sotaque nortista e ponto final.
Já hoje as pessoas de outras regiões não riem mais quando me escutam falar. Elas elogiam! Dizem: “Nossa, que sotaque lindo” ou “Que fofo, esse sotaque”. Então meu sotaque passou de algo risível pra algo objetificado. Eu entendo que as pessoas são sinceras e óbvio que prefiro que achem bonito do que caiam na risada, como faziam quando eu era criança (embora na última vez que estive em Florianópolis o dono de uma lanchonete onde eu estava comendo tirou onda com o meu sotaque, prova que ainda não pararam de rir do sotaque nordestino). Mas sabe o que seria melhor ainda? Nada. Adoraria falar com as pessoas e não ouvir nenhum tipo de comentário sobre a maneira como falo, assim como tenho a educação de nunca fazer comentários sobre o sotaque delas (mesmo achando alguns mais melodiosos que outros, guardo essas opiniões pra mim mesma).
Talvez você não entenda por que estou dizendo que isso é objetificação, então deixa eu explicar. Já aconteceu várias vezes de me falaram (geralmente homens) “Que sotaque gostoso! Fala mais pra eu escutar.” Isso me faz ferver por dentro. Eu não vou entreter ninguém só porque a pessoa decidiu que meu sotaque é “gostoso”. Minha vontade é dizer: “Quer que eu toque rabeca e dance um xaxado também, senhor?” O meu dialeto, longe de ser visto apenas como o sistema linguístico da região onde nasci e parte da minha identidade, se torna um objeto pra entreter ouvidos alheios, quando tudo que eu quero é terminar o meu sanduíche em paz. Ou trocar ideias com as pessoas sem me sentir como algo exótico.
O mais curioso é quando me dizem: “Olha, ela tem sotaque!” Como se o resto do Brasil não tivesse sotaque! O Sudeste, mais precisamente SP e Rio, dominam culturalmente o resto do país, então paulistas e cariocas juram que não tem sotaque. Consideram a maneira como falam “padrão” e tudo que desvia disso é “diferente” (ou, “sotaque”). Já vimos esse processo antes, não é mesmo?
E, cúmulo do absurdo, já teve quem me disse: “Nossa, ela ainda fala Português com sotaque nordestino, mesmo depois de ter morado a metade da vida no estrangeiro.” Oxe! E haveria deu esquecer o meu dialeto? Note que o comentário não é “ela ainda fala Português sem sotaque”, mas “ela ainda fala Português com sotaque nordestino”. A pessoa sai de Natal, vai morar na Europa e era de se esperar que ela voltasse falando Português com sotaque paulista?
A cultura nordestina sempre foi invisibilizada ou caricaturada. E a língua é um instrumento de dominação. E de discriminação. Já ouviu falar em preconceito linguístico? Então senta que lá vem (mais) história.
Eu sou formada em linguística. Vou começar explicando o que é linguística, pois muita gente confunde e acha que sou formada em Letras ou pergunta: “Linguística? Que língua você estudou?”.
Linguística é uma ciência cognitiva, por isso essa disciplina também é conhecida como Ciências da Linguagem (esse era o nome do meu departamento na universidade, inclusive). Não estudei nenhuma língua específica porque a linguística estuda a linguagem.
Linguagem é a faculdade de comunicar. Língua é a forma que essa comunicação adquire dentro de um determinado grupo humano, em determinado espaço geográfico, em um momento temporal preciso e esse sistema tem características específicas. Animais não-humanos comunicam, mas nenhum tem um sistema tão sofisticado como nossas línguas (mas não é motivo pra discrimina-los, viu?). Tem mais coisas aqui, estou simplificando ao máximo. A linguagem é uma habilidade cognitiva, a língua é a manifestação tangível dessa habilidade.
Fiz minha graduação em Aquisição da Linguagem e comecei um mestrado (que nunca terminei) em Linguística Teórica e Descritiva, no campo da sintaxe. Existe uma diferença fundamental entre adquirir uma língua e aprender uma língua. Nós adquirimos nossa língua materna e aprendemos línguas estrangeiras. Crianças que crescem em ambiente bilíngue adquirem duas línguas ao mesmo tempo. Temos uma espécie de aparelho de aquisição de línguas. Aqui entra Noam Chomsky, um dos maiores linguistas de todos os tempos e o autor que mais estudei, pois meu campo de estudo era o mesmo do dele. Vou poupar vocês da aula sobre generativismo e gramática universal, pois quando começo a falar dessas coisas me empolgo e quando dou por mim estou desenhando árvores sintáticas, enquanto as pessoas me olham com cara de paisagem, sem entender por que acho isso tudo tão interessante.
Aprender uma língua estrangeira é passá-la pelo prisma da nossa língua materna e, como era de se imaginar, é um processo muito mais lento e trabalhoso. Pra se ter uma ideia, no pico da aquisição linguística, ou seja, quando estamos adquirindo nossa língua materna, crianças aprendem em média uma palavra nova por hora. O que significa que basta que elas sejam expostas uma única vez à palavra nova pra aprendê-la. Imagina o sonho que seria se a gente aprendesse línguas estrangeiras com essa facilidade!
Também tem pessoas que acham que Linguística tem a ver com gramática e como falei que minha área de pesquisa era sintaxe, a confusão fica ainda maior. Não é exatamente da mesma sintaxe que estou falando aqui, nem da mesma gramática (quando falo da “gramática universal de Chomsky, por exemplo). E, diferença fundamental entre as duas disciplinas, a gramática é prescritiva, enquanto a linguística é descritiva. A gramática é artificial e dita regras, enquanto a linguística observa e descreve, sem dar julgamento de valor. A linguística descreve como falamos, enquanto a gramática diz qual é a maneira “correta” de falar.
Agora vou deixar a coisa mais complexa, mas é uma aula interessante.
Lembra que expliquei, no início do texto, que falaria de dialetos? Sabe qual a diferença entre uma língua e um dialeto? Na faculdade aprendi que “uma língua é um dialeto com um exército e uma marinha.” Ou seja, à partir do momento em que um dialeto é elevado à posição de dialeto oficial de um Estado-nação, ele adquire o status de língua. A língua é um objeto político.
É senso comum achar que “dialeto” é uma língua menos sofisticada, menos desenvolvida. Nesse sentido, dialetos sempre foram usados pra denominar a língua dos subalternos. Não só os dialetos indígenas no Brasil, mas os dialetos dos povos colonizados pelos europeus, inclusive dentro da Europa (são colonizações diferentes e não cabe aqui os detalhes). Até hoje, na França, tem vários dialetos não reconhecidos como “oficiais”, como o Bretão e o Occitano, por exemplo, e por isso são “dialetos” e não “línguas” pro Estado francês (claro que as pessoas que o falam sabem que são línguas da mesma maneira que o Francês é uma língua). Uma excessão é o Basco (falado numa região entre a França e a Espanha), que apesar de não ser a língua oficial de um Estado, tem status de língua. Então o sistema linguístico de um grupo pode ser considerado “dialeto” se ele pertencer ao grupo dominado, enquanto o sistema linguístico do grupo dominante vai ser o dialeto oficial do Estado, logo será chamado de “língua”.
Então você já entendeu que língua e dialeto são nomes diferentes pra mesma realidade linguística: um sistema complexo de sons (ou visual, no caso de Libras) utilizado pra transmitir informações de um cérebro pra outro. Dependendo do contexto, vamos chamar isso de “língua” ou de “dialeto”, porém do ponto de vista da linguística, só existem dialetos. Se língua é um objeto político, o dialeto é um objeto linguístico.
Por isso quando linguistas fazem pesquisas tem que ser sobre um dialeto determinado, pois a maneira como o meu Português se organiza é diferente de outras pessoas que falam Português em outros lugares.
Vou dar um exemplo de sintaxe. No meu dialeto (Natal/RN), substantivos próprios (nomes de pessoas, pra ser específica) não são precedidos de um artigo definido. Já no dialeto de São Paulo, sim. Eu digo: “Roberta veio hoje?” Uma paulista vai dizer: “A Roberta veio hoje?” A estrutura sintática é diferente. Então se eu estiver fazendo uma pesquisa no campo da sintaxe, como o que eu fazia no mestrado, não posso fazer declarações como: “No Português, substantivos próprios relativos a nomes de pessoas são precedidos de um artigo definido: A fulana, O fulano”, pois isso só é verdade em alguns tipos de Português. Ou seja, só é verdade em alguns dialetos.
“Ah, mas a gramática do Português diz que não é correto colocar artigo definido antes de substantivo próprio, a menos que seja pra especificar, como na frase: ‘A Roberta que eu conheci na infância era diferente da Roberta de hoje’, logo a paulista fala errado e a natalense fala certo.”
Vou relembrar que a gramática diz como devemos falar, ela é normativa, mas que a linguística descreve como falamos, logo, é descritiva. Não estudamos a gramática que você encontra nos livros, mas sim a fala das pessoas, que tem sua gramática própria e que nem sempre coincide com a norma da gramática do livro.
Chegou a hora de mencionar outra coisa importante. Eu disse que o objeto de estudo da linguística é o dialeto, certo? Pois deixa eu dizer também que só estudamos o dialeto falado, nunca o escrito. O que nos interessa é o falar das pessoas, não a maneira como elas escrevem.
Então falamos, por exemplo, de “dialeto do interior do RN”, ou “dialeto da cidade de SP” e mesmo aí ainda poderíamos ter grupos menores de dialetos de acordo com os bairros, classe econômica, idade… Então à partir de agora vou escrever “dialeto” sempre que me referir ao que, fora da linguística, chamam de “sotaque”, tá? É preciso guardar essa informação pra entender o resto da argumentação.
Algo sempre me fascinou. Conheço pessoas nordestinas que foram morar em outra região e adotaram o dialeto na nova morada. Acontece até de voltaram pro Nordeste, depois de algum tempo fora, e manterem o novo dialeto. Quem viu Lisbela e o Prisioneiro vai lembrar de Douglas, o rapaz que saiu do interior do Nordeste pra passar umas férias no Rio e voltou falando “carioquês”, o que virou motivo de piada na cidade. É disso que estou falando. E reparem que a situação inversa quase nunca acontece. Eu conheço pessoas que nasceram no Rio, mas moram em Natal desde que eram crianças e hoje, adultas, continuam falando “carioquês”. E é exatamente aqui que entra o preconceito linguístico e a desvalorização da cultura nordestina.
O Nordeste ainda é visto pelo resto do país como um lugar de atraso, de gente ignorante, de seca e de fome. Eu lembro que ainda era criança quando ouvi Lulu Santos dizer, em um programa na tv, que “O Brasil só não vai pra frente por causa do Nordeste.” E o que falar do ódio que os bolsonaristas tem do Nordeste, último bastião antifascista do país? Quem ainda lembra da estudante paulista que, depois da reeleição de Dilma, tweetou: “Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado”? Eu lembro.
Por isso não é surpreendente que a pessoa que sai de João Pessoa pra morar, digamos, em São Paulo, adote o dialeto dominante, provavelmente na tentativa de sofrer menos discriminação por ser nordestina ou por já ter internalizada o preconceito contra sua própria região e dialeto. Já a paulista que vai morar em João Pessoa vem da cultura dominante, fala o dialeto dominante e geralmente não sofre discriminação por ser paulista. Então a relação que temos com nosso dialeto está diretamente ligada à maneira como nossa cultura é vista pelo grupo dominante. E muita gente do Nordeste acaba integrando, inconscientemente ou não, a noção de que nossa região, cultura e dialeto são inferiores.
Por isso é tão importante pra mim usar as palavras do meu vocabulário e não “suavizar” o meu dialeto quando estou palestrando ou dando cursos no Sudeste ou Sul. É cansativo ter que ouvir as mesmas coisas, de novo e de novo? É um saco! Porém qual é a alternativa? Mudar a maneira como eu falo pra soar menos “diferente” fora do Nordeste? Jamais! Ninguém deveria precisar fazer isso pra ser levada a sério (sim, porque quando alguém diz que falo de uma maneira lindinha, fofa, etc eu me sinto infantilizada).
Sim, eu tenho sotaque e você também tem. Todas temos. Falamos dialetos diferentes e o meu não é inferior ao seu. Por isso seguirei dizendo “macaxeira”, “jerimum” e “feijão macaça”. Até que as pessoas escutem alguém como eu falar fora do Nordeste e reajam com naturalidade, sem rir nem objetificar o meu dialeto. Se meu dialeto soa exótico aos seus ouvidos isso me informa que você não conhece muitas pessoas nordestinas. Então fica a dica: se abra mais pra nossa cultura. Escute música de nordestinas, veja filmes feitos por e com nordestinas… Talvez, depois de um tempo, nossos dialetos (são vários no Nordeste, não falamos todas da mesma maneira) parem de soar exóticos, fofos, engraçados, gostosos e você consiga lidar com a pessoa na sua frente sem sentir a necessidade de fazer comentários sobre a maneira como ela fala. Nem achar que uma palavra do vocabulário do RN é algo em Francês.
Claro que seguimos livres pra achar mais ou menos bonito diferentes dialetos do Brasil. Eu mesma tenho os meus preferidos e outros nem tanto. Mas, como falei, podemos guardar isso pra nós ou até mesmo fazer um elogio, mas sem o tom que faz com que o elogio se torne algo infantilizante (“ai, que fofo!”) nem objetificante (“ai, que delícia, fala mais!”).
Moro em João Pessoa e tenho um colega espanhol que mora aqui há muitos anos. Ele fala português com sotaque espanhol e paraibano. Numa viagem que fizemos à trabalho para SP foi curioso notar que, apesar de ser espanhol, as pessoas comentaram do sotaque nordestino dele. Afinal, ele nunca morou em outro lugar que não a paraíba.
Sigo trabalhando há 3 anos para uma empresa de SP e faço questão de não suavizar nada.
É muito ruim esse negócio de preconceito linguístico!
Por mais que eu morei a minha vida inteira na Cidade de São Paulo (tenho 30 anos), tenho um pouco do sotaque do interior paulista (tem o R mais forte no final das sílabas e costumam substituir o L pelo R no final das palavras; que é diferente do sotaque da capital paulista), em algumas poucas vezes já perguntaram se era do interior de São Paulo; porque em todos os anos da minha infância e adolescência inteiras, passei uns 3 meses seguidos em uma cidade do interior paulista (onde mora a família da minha mãe) e peguei um pouco do sotaque e das gírias de lá; uma vez falei a gíria Xé (significa afe) e uma pessoa perguntou se morei no interior paulista.
Um sotaque não deveria ser motivo de preconceito, porque ele mostra o lugar que uma pessoa veio e/ou aonde ela passou um tempo (morou ou ter passado uma temporada).
Observação: Mesmo na Cidade de São Paulo, existe diferença entre o sotaque de quem mora/morou na favela e de quem não mora na favela; as pessoas que tem sotaque de favela paulistana falam mais forte; é diferente o sotaque do Chavoso da USP (um youtuber socialista que morou na favela) do sotaque do Luciano Huck.
Texto maravilhoso! Também só me percebi tendo sotaque ao sair da minha região. Temos que ouvir mais dialetos, entrarmos em contato com mais sons e vocabulário.
Que texto incrível!
Pouco tempo atras conversei com uma professora do Rio Grande do Sul por mensagem de voz e “elogiei” o sotaque dela, disse que achava “tão bonitinho”. Lendo o seu texto percebo o quanto meu comentario foi desnecessario, mesmo sem ter a intenção de causar qualquer sentimento negativo no interlocutor. Sempre tive consciência de que todos temos sotaque, independente de qual região viemos. Sou paulistana filha de nordestinos e meu pai fez de tudo para perder o sotaque (que ele detestava). Muito triste ver a que ponto podemos chegar para nos adaptar… Obrigada pelo texto!
que aula! que bom que cê encontrou o texto e postou por aqui tbm
Oi Sandra! Tudo bem? Eu sou aluna de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e estou fazendo o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na temática do Veganismo Popular. Meu trabalho será em áudio, no estilo de um podcast, e pretendo que um dos episódios seja uma mesa redonda com algumas pessoas influentes no assunto. Gostaria de saber se você poderia conceder uma entrevista, seria de extrema importância! A conversa pode ser feita forma online, por google meet, email ou WhatsApp, o que for mais fácil para você. Fico no aguardo do retorno! Muito obrigado pela atenção.
Att,
Georgia Rovaris
Oi, Georgia. Melhor migrar esse tipo de conversa pro email. Você pode escrever pra papacapimveg@gmail.com 😉
Olá, Sandra! Tudo bem? Eu sou aluna de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e estou fazendo o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na temática do Veganismo Popular. Meu trabalho será em áudio, no estilo de um podcast com algumas pessoas influentes no assunto. Gostaria de saber se você poderia me conceder uma entrevista, seria de extrema importância! A conversa pode ser feita de forma online pelo google meet, email ou WhatsApp, da maneira que for mais confortável para você. Fico no aguardo do retorno. Muito obrigada pela atenção1