A argamassa da vitória

Será que esse blog precisa de mais uma receita de farofa? Precisa, porque ainda não compartilhei aqui a farofa de banana caramelizada e cebola tostadinha da minha prima Íris. Nenhuma coleção de receitas que se preze (ou seja, que honre seu território e as comidas que vêm da terra) está completa sem ela.

Desde que fiz as pazes com a farofa, em meados de 2019, nossa história de amor seguiu firme e forte. A prova é que essa é a oitava receita de farofa que aparece nesse blog. Teve a farofa de banana e couve (diferente da farofa de hoje, juro), minha farofa rica, a farofa de beterraba da minha irmã, a nossa tradicional farofa d’água, a farofa de carne de caju, minha última criação em matéria de farofa, e a queridinha do meu coração, e até farofas quem nem farinha levam, como a farofa de cenoura da minha família, com farinha de rosca, e minha farofa de cuscuz com feijão e amendoim. Tem farofa pra todos os gostos.

E o que diferencia essa farofa das outras? Embora todas as farofas Papacapim sejam gostosas, essa aqui faz parte daquela categoria de receitas que parece que leva algum pozinho mágico e consegue agradar todo mundo. Embora eu ache minha farofa de caju o supra-sumo da deliciosidade, ela não agrada todo mundo (tem que gostar de caju pra gostar dela). Já a farofa da minha prima consegue traz aquela alquimia misteriosa que produz um resultado muito maior que a soma das partes (que são humildes: banana, cebola, farinha…) e é sucesso garantido com qualquer público. Tudo isso sem os artifícios da indústria alimentícia com seus produtos ultraprocessados viciantes. Acredito que o segredo seja o modo de preparo, por isso incluí fotos do ponto certo dos ingredientes que caracterizam essa farofa.

Faça essa receita se você gosta de farofa, mas também faça se não gostar de farofa. Talvez ela consiga te fazer mudar de ideia. Porque você também precisa de farofa na sua vida, companheira. Vou repetir a expressão da amiga pernambucana, que já compartilhei aqui em 2019: farofa é a argamassa da vitória.

Farofa de banana caramelizada e cebola tostadinha

Essa receita é uma das especialidades da minha prima Íris, que a chama simplesmente de “farofa de banana”. Ela faz essa farofa em todas as ocasiões especiais e é, pra mim, uma das melhores farofas do mundo! As quantidades são aproximadas, pois minha prima cozinha sem xícaras nem colheres medidoras, usando sempre o olhômetro. Aproveito pra lembrar o óbvio: gordura é essencial pro sucesso de qualquer farofa. (A única exceção que conheço é a farofa d’água) Ao invés de ter medo da quantidade de óleo aqui e tentar fazer uma versão “light”, sugiro uma alternativa. Coma farofa (da boa, sempre!), mas somente em ocasiões especiais.

1 cebola grande (branca, mas roxa também funciona)

4 dentes de alho

3 bananas médias (maduras, mas não moles)

2/3 de xícara de óleo + 1 colher de sopa (de girassol ou de soja)

3 xícaras de farinha de mandioca fina (peneire, se preciso)

Sal e pimenta preta

1 colher de sopa de açúcar (opcional)

Corte a cebola em cubos pequenos. Rale ou pile o alho e reserve. Coloque a cebola cortada em uma panela grande junto com 2/3 de xícara de óleo. Leve ao fogo médio, mexendo de vez em quando, até a cebola ficar bem dourada e reduzir bastante de tamanho. Ela tem que ficar bem tostadinha, já puxando pro marrom. Insisto nisso porque aqui está o segredo do sabor maravilhoso dessa farofa. Veja fotos abaixo pra entender o ponto. Se você não chegar nesse ponto, não garanto os resultados.

Mas cuidado pra não queimar: ela vai do dourado-escuro ao queimado em questão de segundos! Assim que atingir o ponto da foto acima coloque o alho picado/amassado, mexa e deixe fritar mais alguns segundos. Quando o alho também estiver bem frito, tempere generosamente com sal, uma pitada de pimenta preta e despeje a farinha, aos poucos, mexendo entre cada xícara. Deixe a farinha cozinhar alguns minutos, pra tostar um pouco, mexendo frequentemente. Prove e acerte o sal (farofa tem que ficar bem temperada, então não tenha medo de caprichar no sal). Reserve.

Descasque e corte as bananas em rodelas (nem muito finas, nem muito grossas). Em uma frigideira aqueça 1 colher de sopa de óleo e doure as bananas, em fogo médio-baixo, virando pra cozinhar dos dois lados. Tem que ficar bem dourada, começando a caramelizar, como na foto abaixo.

Quando as bananas estiverem douradas dos dois lados, polvilhe com 1 colher de sopa de açúcar e deixe caramelizar ligeiramente. Esse passo é opcional e você pode deixar o açúcar de fora, se preferir (principalmente se as bananas estiverem bem doces). Junte as bananas douradas/caramelizadas à farofa e misture bem. Sirva e se delicie. Rende uma quantidade boa de farofa e ela se conserva (fora da geladeira) por alguns dias.

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