O caldo vegano que cura resfriado

Eu tenho um sério problema com missô. Tudo começou de maneira inofensiva. Comprei um potinho dessa pasta de soja fermentada, um ingrediente tradicional da culinária japonesa, pra fermentar o meu queijo de castanhas. Depois comecei a usar em vinagretes e outros molhos pra salada. Depois comecei a usar na sopa, no lugar do caldo de legumes. Depois comecei a fazer uma sopa de missô com soba e couve que se tornou minha obsessão nos últimos meses, ao ponto de ter me surpreendido degustando a danada no café da manhã (quem precisa de papa de aveia quando se pode tomar sopa de missô às 7 da manhã?). Antes um pote de missô durava meses na minha geladeira. Hoje devoro um pote de 300g por semana.

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Abacaxi flambado com calda de chocolate

Eu acabo de me dar conta que a última vez que postei uma receita de sobremesa aqui foi dez meses atrás. Não foi qualquer sobremesa, foi A sobremesa e até hoje ainda não consegui criar outra receita doce tão espetacular. Teve o meu cheesecake de maçã e caramelo salgado, outra criação fantástica de 2013, mas a receita é complicada e ainda está em obras.

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Os melhores posts de 2013

Espero que todos tenham passado um ótimo fim de ano, cheio de alegria, comida gostosa e ao lado das pessoas que vocês amam. Eu trabalhei na véspera de natal até a noite (preparei uma ceia vegana pra uma família onívora!) e quando cheguei em casa, depois de ter passado o dia todo cozinhando, tinha perdido o apetite. Então comi pão torrado com faux gras (o patê vegano que é uma deliciosa alternativa ao cruel fois gras) e conversei com a minha família no skype. Eu não comemoro natal e só participo de jantares especiais nessa época do ano quando estou visitando a família de Anne no interior da França, então adorei ter passado uma noite tranquila em casa.

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Adquira uma base sólida de conhecimentos em nutrição

Antes de 2013 ir embora, aqui está a décima segunda, e última, dica do Guia Papacapim de Alimentação Saudável:

 Adquira uma base sólida de conhecimentos em nutrição

Fico muito triste quando vejo a que ponto a maioria das pessoas se sente perdida quando o assunto é nutrição. Pessoas se alimentando mal, fazendo escolhas alimentares pobres, adotando todos os regimes malucos que aparecem nas revistas, acreditando piamente que iogurte açucarado e aromatizado é essencial pras crianças crescerem saudáveis, correndo pra comprar o super alimento que passou na tv achando que ele é a cura pra todos os seus problemas… Tudo isso poderia ser evitado se a gente tivesse alguns conhecimentos de base em matéria de nutrição. Os mitos sobre alimentação, que prejudicam a saúde de muita gente e cria preconceitos contra o veganismo (“Só a carne tem todas as proteínas que o corpo precisa”,  “Só tem cálcio no leite”, “Só tem ferro na carne” etc.), se partiriam em mil pedacinhos se as pessoas fossem mais bem informadas.

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“O veganismo foi uma maneira de alinhar minhas convicções com os meus atos”

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Quando conheci Anne ela era onívora. Quando começamos a namorar eu propus um trato: eu não cozinharia nada não-vegano e não queria que ela preparasse carne em casa, mas ela poderia ter laticínios e ovos na geladeira e sempre que quisesse comer carne iríamos a um restaurante. Como ela não consumia laticínios e raramente comia ovos, Anne propôs ir ainda mais longe: ela decidiu que a alimentação em casa seria sempre vegana e só comeria carne em restaurantes e nas casas dos amigos. E nunca mais falamos no assunto. Menos de quatro meses depois ela decidiu (por livre e espontânea vontade) se tornar vegana. Esse mês faz cinco anos que ela abraçou o veganismo, então achei que seria o momento ideal pra convidá-la pra participar da série ‘Porque me tornei vegano’.

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Espetinho de tofu com molho de manga e gengibre

tofu com molho de manga e gengibre2

Semana passada eu não parei um minuto. Além das longas horas de trabalho, o fato de ter feito atividades totalmente diferentes (chef particular, intérprete e babysitter) me deixaram ligeiramente desnorteada. E como no final da semana viajei pra Paris e só voltei ontem à noite, meu nível de cansaço físico e mental está batendo no teto. Mas não pensem que estou reclamando, estou só explicando minha ausência nos últimos dias. Mal cheguei e já voltei a trabalhar (o tempo está curtíssimo), mas queria dar o ar da graça por aqui. E dividir uma receita maravilhosa com vocês. O post vai ser curto, pois ainda tenho algumas horas de sono pra recuperar, mas garanto que com uma receita como essa você não vai precisar do meu bla bla bla de sempre.

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Alimentação saudável pra crianças: as dicas de Ingrid

Vez ou outra uma mãe me escreve pedindo dicas de como fazer os filhos comerem melhor e/ou aceitarem mais vegetais na alimentação. Como não tenho filhos e tive poucas oportunidades de cozinhar pra crianças, fico sem saber o que responder. Claro que tenho algumas ideias, que podem se resumir em duas frases. 1- Crianças aprendem imitando os pais e se você quiser que seus filhos comam bem, vai ter que dar o exemplo. 2- Não deixe entrar na sua casa o que você não quer que entre no estômago dos seus filhos. Mas não posso pregar algo que eu mesma não pratico e fico imaginando que as mães responderiam: “É fácil pra você falar isso, mas queria ver se tivesse um filho torcendo o nariz pras suas sopas e pedindo biscoito recheado”.  Verdade. Mas como gostaria de ajudar as mães que me escrevem regularmente, decidi perguntar pra quem realmente entende do assunto: outras mães. Então pedi pra amigas que têm filhos e que estão criando os meninos de uma maneira extremamente saudável (pouco ou nenhum açúcar refinado, pouco ou nenhum produto industrializado, muitas frutas e verduras…) responderem algumas perguntas. Espero que a experiência delas inspire e ajude as mães e os pais que acompanham o blog.

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Como preparar beterraba

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Salada de repolho, beterraba e maçã
salada de beterraba e nozes3
salada beterraba e laranja2
Salada de beterraba e rúcula
salada beterraba endro

Por alguma razão incompreensível pra mim beterraba parece ser um dos vegetais menos apreciados, principalmente pelo pessoal menor de 12 anos. Meu amor por beterraba pode ser medido pela quantidade de receitas à base desse legume que apareceu aqui no blog, então se você não sabe o que fazer com ela, aqui vão algumas dicas.

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Um presente pra mim (e uma proposta pra vocês)

Update 06/12: Anunciei as ganhadoras do ‘programa’ nos comentários.

Alguns dias atrás publiquei esse post explicando, entre várias outras coisas, que gostaria de ajudar todas as pessoas que me escrevem pedindo dicas e soluções pros problemas ligados à alimentação vegetal (dificuldade em fazer a transição, ganho de peso depois de ter adotado a dieta vegetariana ou vegana etc.), mas que infelizmente isso não é possível. Apesar do blog representar uma grande parte do meu trabalho (voluntário) eu preciso fazer várias outras atividades (remuneradas) pra poder pagar o aluguel e colocar comida na geladeira. Sonho em ser voluntária em tempo integral, bla, bla, bla, mas preciso pagar as contas como todo mundo, bla, bla, bla, não posso passar meus dias dando conselhos de graça na internet, bla, bla, bla. Vocês conhecem a história.

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Exclua bebidas doces da sua rotina

A última dica do mês de novembro e penúltima dica do Guia Papacapim de alimentação saudável é:

 Exclua bebidas doces da sua rotina

Mais uma vez, vou discutir um assunto que vai gerar polêmica por aqui. Ainda não encontrei ninguém que acreditasse que refrigerantes, comuns ou diets, são bons pra saúde. Mas estou me referindo aqui a todo tipo de bebidas doces industrializadas (energéticos, isotônicos, chás gelados) e sucos de frutas, industrializados ou naturais (é aqui que começa a polêmica). Eu já escrevi sobre isso aqui, mas pra mim esse assunto é tão importante que vale a pena insistir. Bebidas doces não passam de concentrados de açúcar em forma líquida, sem falar que a maioria delas contem ingredientes artificiais que não deveriam fazer parte da sua dieta.

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As perguntas que mais me fazem

Passei o fim de semana respondendo perguntas feitas pela simpática Samira Menezes, que publicou a entrevista no blog dela ontem, e fiquei pensando nas perguntas que leitores e pessoas que encontro pela vida me fazem com mais frequência. Então pensei em responder algumas delas aqui. Instalem-se confortavelmente no sofá (aceitam um café?) e vamos conversar um pouco.

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“Hoje eu acho fácil ser vegano, o difícil mesmo é amar, respeitar e aceitar a minha própria espécie”

Em julho minha amiga Johanna contou as razões que a levaram a se tornar vegana e como a mudança aconteceu na sua vida e eu não imaginava que quatro meses passariam antes que outro post da série ‘Porque me tornei vegano’ aparecesse por aqui. Mas aqui estou com mais uma entrevista que vai inspirar e fazer refletir.

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Sobre casa, os amigos dos meus amigos e minha excentricidade

Desde que voltei pro velho mundo, algumas semanas atrás, não parei de conhecer pessoas bacanas. Eu já tinha alguns amigos maravilhosos aqui e eles estão sempre querendo me apresentar os amigos maravilhosos deles. Assim, entre health coaches, refugiados políticos, requerentes de asilo, aspirantes a naturopatas, gente que fez do ativismo sua carreira e militantes de todos os campos, minha tribo bruxelense vai se formando. Mas apesar de gostar de conhecer pessoas,  e os amigos dos meus amigos são muito interessantes, esses encontros sempre me deixam um pouco nervosa, porque sei exatamente como será a nossa primeira conversa. Começa assim:

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Creme de quinoa e maçã

Por mais que eu adore minhas papas de aveia (e pelos comentários de vocês, não sou a única), faz tempo que venho procurando outros cereais pra transformar em café da manhã. Vi que algumas pessoas andam usando quinoa no lugar da aveia, mas minha tentativa de transformá-la em papa não foi satisfatória. Eu adoro o sabor e a textura desse cereal (que tecnicamente é uma semente, mas quem se importa?), porém ao aquecer quinoa cozida com um pouco de leite vegetal, o resultado foi… quinoa cozida com leite vegetal ao redor, não a papa cremosa que eu queria. Diferente da aveia, que se transforma em creme quando cozida, a quinoa continua do mesmo jeitinho. Como eu disse, eu adoro a textura da quinoa cozida, essas bolinhas que estouram na boca, e ela é muito bem vinda em saladas, sopas… Mas eu queira um café da manhã tão cremoso quanto as minhas adoradas papas de aveia. Tem algo na cremosidade de uma boa papa de aveia quentinha que me traz reconforto e aconchego, como se um cobertor invisível fosse colocado sobre os meus ombros e mãos invisíveis acariciassem os meus cabelos. Então deixei essa história de papa de quinoa pra lá e agarrei e beijei o pote de aveia, jurando-lhe fidelidade eterna.

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Diminua o número de cosméticos que você usa

Quem acompanha o Guia Papacapim de Alimentação Saudável deve ter percebido que novembro chegou e as dicas de setembro e outubro ainda não apareceram por aqui. Eu não abandonei esse projeto, muito pelo contrário, mas vários contratempos atravessaram o meu caminho. Então esse mês terá não uma, mas três dicas, pra compensar o silêncio dos últimos dois meses. Comecemos com dica número 9, que é:

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De dentro pra fora e de fora pra dentro

sopa de lentilha coral, jerimum e coco2

Algumas semanas são tão intensas que fico com a impressão de que um mês inteiro conseguiu se espremer entre dois fins de semanas. Teve as manifestações em solidariedade aos afegãos requerentes de asilo, que correm o risco de serem expulsos a qualquer momento, a visita de um dos meus amigos mais queridos, que me ajudava a fazer as oficinas pra crianças no campo de Aida (Palestina), uma palestra com o historiador israelense Ilan Pappé, que me deixou, como sempre que escuto sua lucidez estonteante, com vontade de sufoca-lo de abraços e beijos.

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Quase doze anos depois

Antes do veganismo entrar na minha vida eu adorava comer peixes e um dos meus preferidos era sardinha. Serei eternamente grata às latinhas de sardinha que eu comprava na mercearia da esquina e que me sustentaram durante parte da adolescência, quando eu estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Durante mais de um ano eu almocei pão com sardinha (e café!) todo santo dia. Mais tarde, quando fui fazer faculdade em Paris, as pobres sardinhas continuaram sendo meu almoço, quase diariamente, durante os meus seis primeiros meses na cidade luz. Há anos deixei de comer sardinhas e agora minha alimentação, além de vegetal, é (felizmente) muito mais variada. Posso fazer como Franz Kafka e contemplar os peixes em paz. Vocês conhecem essa história? Dizem (dizem, porque naquela época a polícia vegana ainda não existia e não tinha nenhum representante pra comprovar o fato) que Franz Kafka, ao se tornar vegetariano, olhou pros peixes de um aquário e disse: “Agora posso contemplar vocês em paz: não os como mais”. Eu não fico em paz diante de aquários, pois lugar de peixe não é em caixas de vidros, mas vamos ignorar esse detalhe pra agradar os vegs que gostam de citar frases de outros vegs famosos (presente!).

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48 horas em Paris

Nesse último fim de semana eu estive em Paris pra participar do ‘Paris Vegan Day’, o maior evento vegano da França. Só dura um dia e reúne expositores de comida, cosméticos, marcas de roupas, sapatos e bolsas, tudo 100% vegano, além de várias associações vegs e de proteção aos animais. E não é tudo! Teve também palestras e aulas de culinária vegetal e como se isso não fosse suficiente pra deixar qualquer vegano com a impressão de ter morrido e ido direto pro paraíso, o local de evento, os Docks, nas margens do rio Sena, era lindo e tinha um restaurante vegano (MOB, especializado em hamburguers e outros sanduíches veganos) no térreo. O que mais pedir? Como não pude participar do VegFest em Curitiba, essa foi a minha consolação.

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Aquela sopa

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Quem diria que o clube da sopa era tão grande? Fico feliz em saber que tem mais gente interessada em sopa do que em sobremesa, mas não se preocupem. As sobremesas continuarão aparecendo por aqui. Então aqui vai a sopa que mencionei no último post, minha mais nova criação nessa categoria. Ela nasceu da necessidade de usar os únicos legumes disponíveis na geladeira: cenoura e couve-flor. Felizmente descobri que eles combinam divinamente bem e pra deixar a sopa mais interessante tive a ideia de juntar um punhadinho de coentro e umas colheradas de tahine. Couve-flor, tahine e coentro nasceram pra formar um menage à trois gastronomico, então o que tinha tudo pra ser uma sopinha sem pretensão e sem graça se transformou em um creme aveludado, de sabor delicado e delicioso. A sopa fez tanto sucesso que já repeti a receita três vezes em duas semanas. Como essa sopa só tem legumes, gosto de servi-la acompanhada de quinoa cozida, temperada só com sal, pimenta do reino e um fio de azeite, pra transforma-la em refeição completa. Sem falar que o contraste da sopa cremosa e das bolinhas de quinoa estourando na boca deixou a receita ainda melhor. Mas nada te impede de servi-la sozinha, como entrada.

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