Tudo o que você sempre quis saber sobre a B12

Tem um assunto que ainda não tratei na seção « Tire suas dúvidas » e recentemente alguns leitores me escreveram cobrando: a questão da vitamina B12 na dieta vegana. Algumas pessoas consideram que esse é o argumento final contra o veganismo: “Não existe B12 nos vegetais, só nos produtos de origem animal. Isso prova que o ser humano precisa de carne.” Aha! Foi descoberto o calcanhar de Aquiles do veganismo e alguns veganos partirão com o rabinho entre as pernas e uma dúvida na cabeça: ser vegano não é natural à espécie humana? Por ser algo tão polêmico resolvi escrever um post inteiro sobre o assunto.

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Novo vídeo

Graças aos comentários positivos que vocês deixaram no vídeo dos gnocchi, consegui vencer a vergonha mais uma vez e fiz outro vídeo. Ele foi postado no site da Vege Tv (obrigada, Ricardo), mas não podia deixar de colocá-lo aqui no blog também.Dessa vez confesso que nem doeu muito e consegui disfarçar um pouco melhor o nervosismo (e não lambi nada, mas tenho certeza que minhas irmãs acharão outras razões pra criticar minha “performance”).

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Esses aqui me fizeram pular

Acho que já escrevi aqui no blog que tenho uma vizinha palestina-americana que faz stand up comedy e que passa por aqui de vez em quando pra fazer shows na região. Quando ela vem à Belém sempre me contrata como sua “personal chef”, o que significa que durante uma semana eu preparo todas as suas refeições. Além de poder colocar alguma coisa na carteira, é uma oportunidade pra preparar pratos ultra caprichados que eu nunca teria coragem de preparar no dia-a-dia.

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Como preparar couve-flor

Já aconteceu de você achar que não gosta de uma coisa, até descobrir que na verdade a coisa em questão é gostosa, mas tinha sido preparado da maneira errada todas as vezes que você provou? Couve-flor pra mim sempre foi a irmã anêmica do brócolis: insípida e sem graça. Mas um dia resolvi assar uma enorme cabeça de couve-flor que, por causa do meu desprezo, já estava murchando na geladeira e nunca mais a vi com os mesmos olhos. Tem uma receita tradicional palestina onde a couve-flor é cortada em pequenos buquês, frita até ficar bem dourada e servida pura ou com um molho de iogurte de ovelha ou tahina. Eu tinha provado o prato (sem o molho) algumas vezes nas casas dos amigos palestinos, mas comia por educação pois detesto fritura. Como parece que couve-flor cresce quase o ano inteiro nesse país, pensei que tinha que achar uma maneira de incluir esse legume no cardápio com mais frequência. Daí veio a idéia de assá-la. Eu queria o dourado do prato palestino, mas sem o óleo da fritura. Quando peguei um buquezinho recém saído do forno, dourado nos cantos, ligeiramente caramelizado, e ele quase derreteu na minha boca pensei: “Que injusta eu fui com você!” Descobri que se você assar a couve-flor o sabor se concentra, fica apurado e quase adocicado. Já se você fizer como a maioria das pessoas e cozinhá-la na água ou no vapor, o sabor se dissolve, se dissipa e você acaba com um legume totalmente insípido no prato.

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Salada asiática

Está sendo difícil, muito difícil voltar ao trabalho depois das férias. Continuo pensando na paisagem da foto acima. Será que um dia vou ter um jardim desses? A piscina eu dispenso, só quero as árvores frondosas, a sombra que elas oferecem, um matinho baixo onde eu possa me deitar, um passarinho aqui e outro acolá… Confesso que, embora adore minha vida aqui na Palestina (o que sempre surpreende as pessoas), sinto falta do verde, dos espaços ao ar livre, dos parques e do ar fresco da França.

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Vegano na estrada

Como respeitar seu veganismo nas viagens sem passar fome

Ouvi (e li) várias pessoas dizerem que é muito difícil, ou praticamente impossível, ter uma alimentação vegana durante as viagens. Embora eu seja a primeira a reconhecer que é muito mais fácil ser vegana aqui em casa do que durante minhas andanças mundo afora, tenho a firme convicção que com um pouco de planejamento, conhecimento sobre a culinária do local a ser visitado e flexibilidade, ninguém precisa sacrificar seus principios durante as férias. Faz quatro anos que me tornei vegana e durante esse tempo viajei bastante, passei por países bem diferentes, usei vários meios de transporte (avião, trem, ônibus, carro) e de hospedagem (hotel, casa alugada, apartamento de amigos e familiares…). Por ter acumulado uma certa experiência no assunto, posso dar alguns conselhos baseados no que aprendi durante minhas aventuras.

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Em casa

Quando eu estudava turismo na antiga Escola Técnica do RN, uma professora nos disse: « A gente viaja pra descobrir que o melhor lugar do mundo é a nossa casa ». Na época achei estranho uma professora de turismo falar isso, mas hoje entendo perfeitamente o que ela quis dizer. Faz dois dias que voltei pro meu lar doce lar e ainda não consegui fazer nada além de dormir, comer e me sentir extremamente feliz por estar em casa.

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Veganland

Depois de Paris e Bruxelas as férias continuaram em Londres e Berlim, de onde estou escrevendo essas linhas. Amigos, essas duas cidades são verdadeiros paraísos veganos. Londres, que eu conheço bem, sempre me encantou por oferecer opções veganas por todos os lados, mas Berlim, que estou visitando pela primeira vez, ganhou o nobel do veganismo. Mais detalhes aparecerão por aqui quando eu voltar pra casa (estou planejando um mini guia vegano de Berlim, Londres e Bruxelas), mas queria dividir um pouquinho dessas maravilhas com vocês hoje. Bem vindos à veganland!

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Torta de alho poró

Um pequeno “alô” diretamente da França profunda. As férias estão indo muito bem, obrigada. De vez em quando o sol dá o ar da graça, mas as temperaturas continuam baixas pra essa época do ano. Depois do calorão palestino, eu não vou reclamar dos 20° que faz aqui, mesmo se a noite o frescor aumenta (12° em pleno verão? Quem diria que eu ia passar as férias embaixo dos cobertores…), mas é uma pena não poder aproveitar da piscina (eu sei, eu sei, problemas de “primeiro mundo”…).

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De férias

Em 24 horas eu peguei um táxi, um ônibus, uma van, dois aviões, outra van, um carro e atraversei três fronteiras. Saí de casa domingo as 9 da manhã e cheguei na minha destinação final segunda ao meio dia. Mas essa longa e cansativa jornada valeu a pena. Meu peito se enche de alegria quando volto ao velho mundo, sem falar a felicidade de encontrar a família francesa, degustar as refeições elaboradas e as longas conversas ao redor da mesa, respirar o ar puro e fresco da Auvergne e descansar depois dos meses de trabalho intenso. E ainda tem o jardim do meu sogro…

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Abençoados italianos

Sorbet intenso de chocolate

Dois anos atrás eu e Anne alugamos uma casinha num vilarejo da Toscana e passamos férias deliciosas (as mais deliciosas da minha vida, literalmente). Eu já tinha visitado a Itália duas vezes, mas minhas viagens tinham se limitado às grandes cidades. Foi a primeira vez que pude explorar as paisagens do interior, as cidadezinhas pitorescas e os famosos campos de girassol dessa que muitos consideram como a região mais bonita da Itália. Também foi a primeira vez que visitei o país depois de ter me tornado vegana. Lembro, sem orgulho nenhum, de ter comido linguiça seca de javali e muita pizza com anchova nas minhas passagens anteriores e estava ansiosa pra descobrir o que os menus tinham a me oferecer em matéria de pratos vegetais.

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Às vezes dá muito certo

Salada de macarrão e grão de bico com abobrinha, tomate e rúcula

Fiz uma longa lista com tudo que tenho que fazer antes de viajar, mas parece que minha cabeça entrou de férias antes do meu corpo! Ando me arrastando pela casa, com vontade de fazer siestas, tomar longos cafés da manhã admirando a folhagem e ler revistas de culinária no sofá. E, o mais importante, não trabalhar, não limpar a casa e não responder emails. O único ítem que consigui respeitar da lista (até então) é “esvaziar a geladeira e o congelador”.

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Encontros que renderam receitas

Panqueca de batata alemã

Tem pessoas que entram na nossa vida pra nos ensinar algo. Enquanto alguns recebem revelações cósmicas-espirituais-filosóficas de terceiros, várias pessoas parecem ter entrado na minha vida pra me ensinar…. receitas. O universo deve saber o que o nosso “eu” profundo procura e como meu “eu” profundo parece ser meio superficial, e faminto, acho que ando pelo mundo procurando receitas. (Sigmunds de plantão: não, eu não passei fome quando era criança!)

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É mais caro ser veg(etari)ano?

Harira, sopa marroquina de lentilha e grão de bico.

Algumas semanas depois de ter começado o blog escrevi pra minha querida amiga Potyra pedindo pra ela ler a seção “Tire suas dúvidas” e me dizer o que tinha achado. Potyra é uma das pessoas mais inteligentes e perspicazes que conheço e por não ser exatamente uma simpatizante do veg(etari)anismo, eu sabia que seu criticismo seria extremamente útil. Uma das coisas mais interessantes que ela disse, depois de ter lido o artigo, foi “Você devia falar dos custos de uma dieta vegetariana, se é mais caro do que uma dieta convencional…” Achei a sugestão da minha amiga ótima, porém acabei esquecendo o assunto. Mas ao ler esse artigo no ViSta-se, onde foi comentado o discurso do diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Fernando Sampaio, que afirmou “Vegetarianismo é coisa de elitista” e “Eu nunca vi um vegetariano pobre”, voltei a pensar no assunto. Alguns dias atrás uma leitora me escreveu dizendo que estava pensando em se tornar vegana, mas que o fato de ser mais caro e complicado acabava impedindo que ela adotasse um regime 100% vegetal. Então percebi que estava na hora de abordar esse mito que insiste em sobreviver no meio onívoro, a crença que é mais caro ser vegetariano.

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Descobertas

Nésperas

Morar em um país estrangeiro tem várias vantagens e uma das minhas preferidas é poder descobrir alimentos novos. Entre a primavera e o verão o número de vegetais encontrado nas feiras dobra: uma verdadeira explosão de cores, aromas e sabores. Minhas descobertas gastronômicas aqui foram muitas, mas hoje vou mostrar alguns vegetais que só aparecem entre a primavera e o começo do verão e que eu nunca tinha provado até me mudar pra Palestina. Comecemos pelas nésperas da foto acima. Essa fruta suculenta e de sabor suave é uma delícia. Eu já tinha espiado nésperas nos supermercados franceses, mas por ser um produto importado o preço alto me manteve longe delas. Hoje tenho um pé de néspera no jardim e posso desgustar a frutinha de graça. Pena que a safra só dura algumas semanas.

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Quase

Pasta de feijão com tomate e coentro

Os apreciadores de feijão se dividem em dois grupos : os que gostam de feijão com caldo ralinho, feito no dia, e os que gostam de feijão do dia anterior, com o caldo mais espesso. Eu faço parte da segunda categoria. Já encontrei gente que só comia feijão se tivesse sido preparado no mesmo dia, mas eu sempre achei que feijão é uma dessas coisas que ficam ainda melhores com o tempo. Minha mãe faz o melhor feijão que já comi (e totalmente vegano!) e era sempre uma alegria pra mim achar uma panelinha de dois dias atrás dando sopa no fogão ou na geladeira. Eu gostava de comer frio, mesmo, degustando com um imenso prazer aquela iguaria de textura cremosa e sabor apurado. Infelizmente nunca consegui fazer um feijão tão bom quanto o da minha mãe, embora ela tenha me mostrado várias vezes sua técnica.

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Desastres e sucessos

Gazpacho

Felizmente, poucas receitas viraram desastre nas minhas mãos. Claro que não estou contando com minha tentativa de fazer patê com salsicha e cebola crua, afinal eu era criança, não sabia o que estava fazendo e achei o resultado ótimo. Estou me referindo às vezes em que tentei preparar algo e acabei com uma porcaria que só o lixo aceitou engolir. Acho que devo isso ao fato de ser uma cozinheira sensata. Tenho um certo conhecimento gastronômico, mesmo nunca tendo feito curso sobre o assunto, e uma boa dose de intuição culinária. Não colocaria, por exemplo, mangericão em um prato marroquino, nem curry em uma feijoada. Claro que às vezes preparo pratos que não merecem que eu repita a receita, mas é raro sair algo intragável da minha cozinha. Deve ser por isso que me lembro tão bem dos desastres. Meu primeiro gazpacho foi um deles.

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Como preparar sementes de chia

Faz muito tempo que quero falar sobre sementes de chia aqui, mas não conseguia me decidir se era uma boa ou má idéia. Muita gente acha que comida vegana é diferente, exótica, cara e difícil de encontrar (o que chamo de “comida esotérica”) e falar desse alimento que pouca gente conhece só reforçaria esse mito. Mas, por outro lado, eu gosto de mostrar a imensa variedade de produtos que a natureza nos oferece, o que ajuda a acabar com um outro mito, o de que veganos não podem comer nada. Antes de começar a falar desse super alimento, que está na moda em alguns países do hemisfério norte, gostaria de avisar que feijão com arroz também é vegano e que ninguém precisa de comida esotérica pra adotar uma dieta 100% vegetal.

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