Muitas pessoas ficam impressionados quando me vêem comer nozes e castanhas todos os dias. A foto acima é a prova do quanto gostamos de oleaginosas aqui em casa. Meus amigos sempre me perguntam “Por que você come tudo isso?” e depois dizem “Se eu fizesse a mesma coisa engordaria muito”. De tanto ouvir essa ladainha resolvi escrever esse post pra explicar a importância desses alimentos no nosso regime.
Continuar lendo “Um punhado de saúde”Autor: papacapim
Destinação Marrocos
De todos os países que visitei até hoje, o que mais me marcou gastronômicamente foi sem dúvida nenhuma o Marrocos. Eu adorei as cores, as paisagens e o calor do povo, mas foram os aromas e os sabores desse país que realmente me impressionaram. Me senti tão bem entre montanhas de especiarias, frutos e frutas secas nos suks de Fez e Marrakesh, gostei tanto dos chás com hortelã fresca tomados em frente ao mar de Tanger, das delícias típicas como couscous, bisteeya e tajine que comecei a cultivar um sonho tão exótico quanto o festival de sabores que minhas papilas tinham descoberto: morar em um país árabe. Mal imaginava eu que anos mais tarde o sonho se tornaria realidade na Palestina.
Continuar lendo “Destinação Marrocos”Um prato de poesia
Depois da lasanha, do festival de comida vegana e da batata gratinada, achei que esse blog estava precisando de algo mais leve.
Continuar lendo “Um prato de poesia”Queda de temperatura e aumento de apetite
O clima aqui na Palestina começou (enfim!) a esfriar. Os dias estão mais curtos, o sol se põe as 16h30 e a falta de luz me faz querer passar o dia inteiro de pijama, tomando chá e…comendo. O outono é a minha estação preferida e a que mais abre o meu apetite. Enquanto no verão eu sou capaz de passar semanas me alimentando unicamente de saladas, no outono eu só penso em comida que faz peso no estômago, como batata, aveia, pão e muita, muita sopa.
Continuar lendo “Queda de temperatura e aumento de apetite”O que um vegano come, parte 3
Continuando a saga, aqui vai a última parte do post de ontem. Pros que chegaram agora uma explicação rápida: decidi mostrar o que comi nos últimos dias pra mostrar que o regime vegano pode, e deve, ser saboroso e variado (não, eu não como grama, embora já tenha pensado seriamente no assunto). O objetivo é inspirar veganos que procuram idéias de refeições equilibradas e 100% vegetais e provar aos onívoros que ninguém precisa abrir mão do prazer de comer pra ter uma alimentação totalmente livre de produtos de origem animal. Continuar lendo “O que um vegano come, parte 3”
O que um vegano come, parte 2
Escrever um post sobre o que os veganos comem aqui parece redundante. Afinal veganos comem…tudo que aparece aqui no blog. Mas comecei a escrever de maneira mais específica sobre o assunto já faz um tempinho e vou continuar a discussão hoje. Durante as duas últimas semanas fotografei meus almoços (e algumas vezes jantares). O objetivo é duplo. Primeiro, gostaria de ajudar os irmãos veganos (ou que gostariam de ser veganos) a ter uma idéia do que eles podem comer no dia-a-dia. Conheci um vegano que só comia salada e frutas, pois não sabia o que mais comer. Esse coitado não sabia nem que a maioria dos pães são veganos, imagine! Não quero ver ninguém sofrendo de mal nutrição e culpando o veganismo por isso! Continuar lendo “O que um vegano come, parte 2”
Você merece lasanha
Foi uma semana difícil. Daquelas em que nada dá certo e os problemas não param de se multiplicar. A nuvem negra foi tão pesada que atingiu até minha cozinha. Fiz um bolo de maçã que foi parar no lixo (apesar da minha consciência ter doído, como acontece sempre que desperdiço comida) e almocei paratha (um pão indiano) cru, pois a receita não deu certo e a massa não assou direito (depois do episódio do bolo, não tive coragem de estragar comida pela segunda vez na mesma semana). Torço pra que o culpado disso tudo seja o tal do inferno astral, já que meu aniversário está próximo. Mas sem querer esperar a mudança de idade pra ver o fim dessa onda de acontecimentos negativos, resolvi tomar meu destino em mãos e melhorar a situação imediatamente. Fazendo lasanha. Continuar lendo “Você merece lasanha”
Delícia vegana de chocolate e banana
Na era pré-vegana da minha vida, criei um bolo de chocolate intenso e úmido que batizei, humildemente, de Supremo. Anos depois, a primeira receita vegana doce que criei foi inspirada nesse bolo. A mudança principal foi ter substituído os ovos por bananas. Eu estava muito apreensiva com relação ao resultado, mas o bolo que tirei do forno superou minhas expectativas. Ao invés de ter criado a versão vegana do Supremo, eu tinha criado algo completamente diferente. Não que isso seja ruim, claro. A receita rendeu um “fondant” de chocolate e banana. Os franceses gostam de usar a palavra “fondant” pra descrever bolos densos e levemente cremosos, que derretem na boca. Continuar lendo “Delícia vegana de chocolate e banana”
Alimentar e levar alegria pra dentro do corpo
Algumas semanas atrás, quando estava no QG da família, fiz uma sopa pro meu sobrinho mais velho, que é vegetariano. O rapaz leva uma vida corrida, entre as aulas na universidade e o trabalho, e não tem muita intimidade com as panelas, logo comer pratos vegetarianos saborosos nem sempre faz parte da sua rotina. Por isso quando estou em Natal gosto de cozinhar pra ele. Enquanto eu cozinhava pessoas iam chegando, sentiam o cheiro bom de comida, me perguntavam o que eu estava fazendo e decidiam se sentar pra esperar a sopa ficar pronta. A cozinha ficou cheia e o que inicialmente seria um jantar pro meu sobrinho e pra mim acabou virando jantar pra família toda. Comida tem o poder de reunir pessoas, levar alegria pra dentro do corpo e nos fazer passar ótimos momentos ao redor da mesa. Foi por isso que escolhi essa profissão: pra mim cozinhar sempre foi uma maneira de fazer as pessoas felizes. Continuar lendo “Alimentar e levar alegria pra dentro do corpo”
Muitas lembranças e uma receita
Voltei de viagem no final da semana passada e ainda estou escondida na minha caverna. Hoje é segunda e as férias estão oficialmente acabadas. Não posso continuar ignorando o trabalho acumulado e a pilha de emails esperando resposta, mas minha mente teima em ficar sonhando com as horas passadas no sítio dos meus pais, com a macaxeira cozida, o abraço dos sobrinhos, as tapiocas, o feijão da minha mãe, o carinho dos meus irmãos (e as discussões travadas com eles), o cuscuz de Daída…
Continuar lendo “Muitas lembranças e uma receita”Paris, Paris
Cheguei em casa há poucas horas, depois de três dias de viagem. Sim, por incrível que parece eu vim de avião, mas entre o Brasil e a Palestina tive que passar por três outros países. Depois de ter arrastado uma mala pesada, um laptop e uma mochila durante 72 horas, minhas costas doem tanto que estou andando como Quasímodo. Estou exausta, precisando de um bom banho e de no mínimo doze horas de sono, mas antes de fazer isso queria contar mais um pouco da minha viagem. Entre a lua de mel na Irlanda e as férias no Brasil, passei algumas vezes pela França. Ao todo fiquei quatro noites lá e aproveitei pra rever os amigos. Aqui vão algumas lembranças de minha última passagem pela cidade luz, que um dia foi minha casa. Continuar lendo “Paris, Paris”
Cozinhando com crianças
Eu tenho seis sobrinhos mas como moro do outro lado do mundo, sou muito menos presente na vida deles do que gostaria. Agora que estou em Natal aproveito pra recuperar um pouco o tempo perdido durante minhas longas ausências. Meu sobrinho mais velho tem vinte anos e o caçula tem cinco. Além dessa enorme diferença de idade, cada um tem gostos e personalidades únicas, de modo que o que diverte um, entedia o outro. Enquanto meu sobrinho mais velho me convida pra fazer palestras sobre direitos humanos* e encontrar seus amigos comunistas, o caçula me pede pra brincar de fazer vudu. Reconheço que sou uma tia atípica (tive a idéia de fazer o vudu com meu sobrinho uma tarde em que estávamos entediados, procurando uma brincadeira nova, e nos divertimos muito alfinetando –à distância- todos os membros da família), mas também faço coisas “de tia” de vez em quando, como levar as crianças ao cinema ou ao parque. E como não podia deixar de ser, também gosto de cozinhar com eles. Continuar lendo “Cozinhando com crianças”
Minha receita preferida de grão de bico
Faz alguns dias que estou em Natal visitando a família e, embora desde que cheguei ainda não tenha passado um só dia sem cozinhar (minha família gosta de explorar meus dotes culinários), nada do que fiz até agora merece aparecer aqui. Preparei panelas e mais panelas de feijão, arroz, couve, saladas e proteína de soja, mas quem não sabe preparar esses pratos? Tento aproveitar ao máximo a companhia dos meus parentes então o tempo anda curto pra criar receitas mais elaboradas. Porém sinto falta estar mais presente aqui. Felizmente achei nos meus arquivos a foto de um prato que há tempos queria dividir com vocês. Continuar lendo “Minha receita preferida de grão de bico”
Bruschetta
Quando você leva pra casa os tomates mais estupidamente vermelhos e suculentos que você já viu, e que ainda por cima eles são orgânicos, o que fazer com eles? Se por acaso acontecer de você também ter levado pra casa um pão rústico, denso na medida certa e com uma bela crosta a resposta é uma só: bruschetta. Essa entrada italiana, que pode igualmente ser servida como aperitivo, é provavelmente a receita mais simples do meu repertório, mas dependendo dos ingredientes usados ela pode atingir um surpreendente nível de gostosura. Sei que uma fatia de pão tostada, com um pouco de alho e azeite, generosamente coberta com tomates parece humilde demais pra ser gostoso, mas só quem já provou uma autêntica bruschetta sabe do que estou falando. Mais uma vez, o segredo é usar ingredientes frescos e de primeira qualidade.
Continuar lendo “Bruschetta”Made in Ireland
Depois dessa escapada pela minha vida pessoal (casamento é importante demais pra não ser mencionado aqui), vamos voltar ao assunto principal desse blog : comida. Durante minha lua de mel na Irlanda eu fiz bem mais do que observar ovelhas e vacas. Uma parte importante da minha vida é dedicada ao prazer de comer e quando viajo essa atividade ocupa um lugar ainda maior. Adoro descobrir novos sabores, provar pratos típicos e me deixar inspirar pela culinária local. Embora a Irlanda esteja longe de ser um paraíso vegetariano (vegano, então!), tive várias surpresas agradáveis durante a viagem. Continuar lendo “Made in Ireland”
Ausência justificada
Obrigada pelos comentários carinhosos (alguns emocionantes) sobre meu último post. Estou vivendo um dos momentos mais importantes da minha vida e a presença dos amigos, mesmo que seja virtual, conta muito.
Que seja infinito enquanto dure
Por onde começar? Dois anos atrás eu me apaixonei perdidamente. Dois meses depois do nosso primeiro beijo decidimos morar juntas. Quatro meses depois eu tinha a certeza absoluta que queria acordar todos os dias da minha vida ao lado dela. Semana passada, depois de muitos meses de planejamento, papelada e burocracia, nós nos casamos no consulado geral da França em Jerusalém. Conclusão? O amor move montanhas e tudo é possível na Terra Santa.
O que um vegano come, parte 1
Quando digo as pessoas que sou vegana, a primeira pergunta que me fazem é “Você come o que?” e a segunda é “Por que?”. O por quê do meu veganismo foi explicado aqui e se você já deu uma olhada nas receitas do blog viu que eu tenho uma alimentação bem diversificada. É tão comum pensarem que só como salada que nem me importo mais quando dizem “Você só deve comer mato”. A prova é que escolhi chamar meu blog de “papacapim”. Mas, embora seja cansativo repetir sempre as mesmas coisas, acho que tenho a obrigação de esclarecer essa confusão. Não, eu não como capim. Eu como legumes, frutas, verduras, grãos, cereais, sementes, oleaginosas e algas marinhas. Quando escuto uma pessoa dizer “mas então você não pode comer nada”, fico triste por ela. Isso mostra o quanto sua alimentação é pobre, pouco diversificada. Estamos tão acostumados a comer carne, queijo, ovos e afins que acabamos deixando de lado os milhares de produtos de origem vegetal que a natureza nos oferece e que nosso corpo precisa e muito. Continuar lendo “O que um vegano come, parte 1”
Inovações
Algumas semanas atrás falei do meu patê preferido. Na verdade eu tenho dois patês preferidos: mutabal e guacamole.
Eu nasci em uma cidade pobre em diversidade gastronômica. Tirando os restaurantes italianos (e dezenas de pizzarias), e alguns restaurantes chineses e japoneses, a Natal onde cresci só oferecia comida regional e muito, muito churrasco. Hoje a cidade conta com mais opções de comida estrangeira, incluindo um ótimo restaurante tailandês, mas quando, aos vinte anos, arrumei as malas e fui estudar na Europa, eu não tinha provado muita coisa além de tapioca, cuscuz e umas comidas pseudo-italianas que prefiro não comentar. A comida do nordeste, principalmente macaxeira, ainda tem um lugar especial no meu coração, mas confesso que depois de ter descoberto delícias de outras cozinhas senti um pouco por ter sido privada delas por tanto tempo. Comida mexicana, por exemplo. Como pude ter vivido tantos anos sem guacamole?
Melhorando o que já era bom
Há algum tempo comecei um « restaurante ocasional ». Duas vezes por mês transformo minha casa em restaurante very privê, só pra amigos e amigos dos amigos. Sábado passado servi um menu completamente cru, da entrada à sobremesa. Os dias que antecedem a comilança são preenchidos com tensão, expectativa e muito trabalho. Sou naturalmente insegura e extremamente perfeccionista na cozinha, uma combinação nem um pouco feliz. Sempre fico com medo dos convidados não gostarem da comida. Às vezes esse medo, como aconteceu sábado passado, chega perto de “pavor”. A grande maioria dos meus clientes é onívora, mas são pessoas gastronomicamente abertas e curiosas, que gostam de descobrir novos sabores. Porém um menu completamente vegano e cru talvez fosse demais pra eles. Ledo engando! Estou descobrindo a culinária viva (crua) e apesar da minha pouca experiência nessa área o jantar foi um sucesso. Não tenho a intenção de me tornar crudívora mas como cozinheira gourmet que sou, estou sempre tentando expandir meus horizontes culinários, descobrir novos ingredientes e técnicas e nesse sentido a culinária viva é uma mina de inspiração.