Leite de castanha de caju

Leite de coco ainda é o meu queridinho pra muita coisa, mas atualmente uso mais o leite de coco pra cozinhar (preparar pratos salgados e doces) do que em bebidas (café, vitaminas). Descobri que leite de castanha de caju também é maravilhoso no café (tem quem diga que é ainda melhor, já que o sabor é muito mais suave, quase neutro, quando comparado ao leite de coco). Além de tudo é mais prático de fazer do que o leite de coco (não precisa coar!).

Sei que castanha de caju custa caro em muitos lugares do Brasil. Mas deixa eu argumentar que sou potiguar e atualmente estou morando no meu território, logo faz todo sentido tomar leite de castanha de caju. Caju e castanha fazem parte da minha cultura alimentar e um dia vou conseguir fazer com que leite de castanha seja o leite tradicional do meu estado.

Se você estiver em outro território, o mais lógico, ecológico e barato seria fazer um leite com algo do seu bioma. Mas, e esse é um “mas” de peso, se você se apaixonou por aquele leite de castanha de caju de caixinha que custa um rim, talvez fique bem mais barato fazer em casa, mesmo a castanha custando mais caro pra você aí do que ela custa pra mim aqui no RN. (Uma curiosidade: Olhando a informação nutricional do leite de castanha de caixinha famoso, vi que a versão industrializada usa uma quantidade menor de castanha do que eu uso no meu leite caseiro. Então se eu usasse a quantidade de castanha que a caixinha usa, meu leite, que já é muito em conta aqui, seria ainda mais barato.)

E com esse leite de castanha, que segue o tema das ultimas duas receitas (daqui a pouco vão sugerir que o nome desse blog mude pra “Papacaju”), fecho essa bodega até o ano que vem, porque também sou filha da deusa e mereço descanço. Volto no meio de janeiro e, até lá, desejo um ótimo final de ano pra vocês. Saúde, prosperidade, amor e muito leite de castanha de caju pra todo mundo que me acompanha aqui.

Leite de castanha de caju

Esse leite é delicioso, bem suave e muito prático, já que nem precisa coar. As medidas fazem 1 litro de leite cremoso e encorpado, perfeito pra tomar com café e com cacau (pra fazer um leite achocolatado). Ele se conserva alguns dias na geladeira, mas se achar que não vai beber tudo a tempo, faça metada da receita. Mas leia até o final pra ter dicas de como fazer pequenas porções de leite rapidinho.

120g de castanha de caju (natural, sem sal)

1 litro de água

Comece hidratando a castanha. Você tem duas opções: deixar de molho na água fria de um dia pro outro, ou então colocar a castanha na água, levar ao fogo, esperar ferver, desligar o fogo e deixar hidratando meia hora dentro dessa água. Hidratar as castanhas é essencial pra que elas fiquem macias e se desintegram quando liquidificadas. (Na foto abaixo as castanhas dentro da tigela estão hidratadas, as em cima da mesa, não.)

Nos dois casos, escorra a castanha hidratada (demolhada ou fervida), coloque no liquidificador e junte 1 litro de água fria. Bata por alguns minutos, até as castanhas se desintegrarem completamente. Esfregue um pouco do leite entre os dedos pra sentir a textura. Se ainda estiver granulado, bata mais um pouco.

Seu leite de castanha de caju está pronto. Não precisa coar, pois castanha tem menos fibras, comparando com amêndoas ou castanhas do Pará, e esse leite praticamente não tem resíduo. Guarde na geladeira, em um recipiente com tampa. Se conserva na geladeira por alguns dias.

Dica: Aqui na casa da minha mãe a gente hidrata a castanha, separa porções pra fazer 1/2 litro de leite e congela. Assim, sempre que precisamos de leite, é só tirar um saquinho de castanha hidratada/congelada (não precisa descongelar), esquentar 1/2 litro de água e bater no liquidificador. Foi uma dica que peguei com a minha irmã Lu, que também é cozinheira e faz leite de castanha pra usar no café onde ela trabalha (Libre Café), aqui em Natal.

Medidas:

120g de castanha seca se transforma em 160g de castanha hidratada e faz 1 L de leite.

Se quiser congelar porçoes de castanha pra fazer 1/2 litro de leite, congele porções de 80g de castanha hidratada. Depois é só bater com 1/2 litro de água e você terá 1/2 litro de leite de castanha.

Aqui em casa hidrato uma quantidade grande de castanha e depois peso várias porções de 80g (peso depois de hidratar!) pra ter leite por duas semanas. Na foto abaixo dá pra ver tanto as porções de castanha hidratada quanto o saco grande de castanha seca. Compramos muitos quilos de castanha por vez, pois fica mais barato assim. (Esse bloco branco é goma fresca. Também compramos em quantidade e congelamos porções de 1kg, pra goma, e as tapiocas, ficarem sempre fresquinhas).

Café de dente de leão

Andei fazendo muitas coisas estranhas ultimamente, incluindo preparar uma bebida parecida com café, mas feita com raiz de dente de leão.

Essa planta, que cresce de maneira espontânea por todos os lados e cujas folhas são comestíveis, entrou na minha alimentação no ano passado. Cresce aqui no quintal e nos Jardins Operários, onde cultivamos uma horta coletiva, e sempre que lembro vou buscar umas folhinhas pra colocar na salada. Eu acho uma delícia, mas o sabor amargo não empolga muita gente. Passei a achar que amargo, assim como picante, é um sabor que a gente aprende a gostar se o cultivarmos. Você come um pouquinho hoje, outro pouquinho amanhã, e de repente passa não só a achar aquilo gostoso, como a ter desejo por esses sabores. Pelo menos foi assim comigo.

Mas eu não vim aqui falar das folhas de dente de leão, e sim da raiz. Quando descobri que era possível torrar as raízes e fazer café com elas, fiquei empolgadíssima! Chamar a bebida de “café” é provavelmente exagero, mas o sabor lembra, um pouco, o danado. Embora, e espero que isso não afugente quem só curte café de qualidade, eu acho o sabor mais próximo de café instantâneo (aquele que vem acompanhado do prefixo “Nes”) do que de café passado. Mas eu detesto café instantâneo, não tomo nem pra ganhar dinheiro, e mesmo assim achei o sabor do “café” de raiz de dente de leão bem gostoso. Vai entender…

Não vou falar das propriedades medicinais dessa planta, que são muitas, porque isso você acha facilmente na Vasta Rede Mundial. Vou só ensinar como transformar as raízes em café porque, embora trabalhoso demais pra se tornar um substituto do café diário, vai que um dia essa informação te seja útil. Ninguém sabe o que esse mundo em colapso reserva pra nós e talvez em algum momento a gente seja grata por lembrar que dá pra fazer um cafezinho maroto com raízes de uma planta que cresce em toda rachadura de calçada. Ou, num pensamento menos “o fim do mundo está próximo”, é um projeto bacana de fazer num dia de folga e com certeza não vai deixar de impressionar suas convidadas quando você disser: “Aceita uma xícara de café de raiz de dente de leão, bem?”

Como fazer café com raiz de dente de leão

Como explico no texto acima, o sabor não é idêntico ao do café, mas é uma bebida saborosa, com notas que lembram o café e ao mesmo tempo, com sabor próprio. Gosto de ter esse café na cozinha quando quero beber algo quentinho e amargo, mas já está tarde demais pra ingerir cafeína sem que isso atrapalhe o meu sono. Gosto de degustar puro, acompanhando um pedaço de pão ou bolo, ou com um pouco de leite vegetal e uma pitada de canela.

Primeiro, aprenda a identificar a planta. É essa aqui:

As flores são amarelas, mas agora é outono e não tem nenhuma aberta por aqui (no cantinho da foto dá pra ver uma flor fechada, porque o colapso climático é real e tá fazendo 26 graus no norte da França em pleno mês de outubro).

Depois de identificar a planta, use uma pá pequena pra cava ao redor e liberar as raízes. Elas costumam ser profundas, então cave de acordo. Como as que desenterrei estavam num solo muito argiloso e compacto, não consegui retirar nenhuma inteira e todas se partiram durante a operação. As raízes liberam uma seiva leitosa quando cortadas (foto abaixo, à esquerda). Como as raízes variam de tamanho, dependendo da idade da planta, você provavelmente vai precisar arrancar vários pés de dente de leão pra conseguir uma quantidade razoável de raízes. Lembrando que depois de torradas elas reduzem bastante. (Lembrando também que você pode comer as folhas! Mas como eu tinha um monte de folhas, não consegui comer tudo.)

Raízes desenterradas, é hora de lavar/escovar bem pra retirar a terra e cortar em rodelas (assim torra mais rápido e de maneira mais uniforme).

Leve ao forno médio até elas ficarem bem secas (desidratadas) e torradas de acordo com o seu gosto. Quanto mais escura a cor (mais torrada), mais forte será o café. Exatamente como na torra dos grãos de café. Eu fiz uma torra média e o sabor ficou no ponto pra mim. Da primeira vez torrei mais, até ficar bem escuro, e a bebida ficou ainda mais parecida com café, embora com uma nota amarga (do mesmo jeito que acontece com café). Fique de olho no seu forno, abra regularmente pra checar e mexa de vez em quando. Cuidado pra não queimar (mas provavelmente os pedacinhos mais miúdos queimarão)!

Depois é só deixar esfriar e moer. Usei o liquidificador, mesmo. Se estiver fazendo uma quantidade bem pequena de café, vai ser difícil moer em um liquidificador normal (a menos que você tenha aqueles bem pequenininhos, chamados de “bullet”). Mas você pode usar um pilão e socar na mão (cuidado: se seu pilão for usado pra pilar alho, o sabor vai passar pro café!). Guarde em um vidro com tampa, em temperatura ambiente.

Na hora de preparar, use o pó de raiz de dente de leão exatamente como você usaria café: no filtro de papel ou pano, na prensa francesa… Quando quero preparar só uma xícara, coloco uma colher de chá cheia do pó de dente de leão numa caneca, despejo água fervente, cubro e espero 5 minutos. Depois passo por uma peneira fininha (despejando em outra canela) e degusto. Como tomo café sem açúcar, dá pra sentir as notas de sabor específicas da raiz de dente de leão. Se você tomar com açúcar e leite, talvez ache ainda mais parecido com café. Última dica: acho o pó bem intenso e acabo usando uma quantidade um pouco menor do que quando uso pó de café. Ou seja, rende mais do que café.

Os últimos dois meses

Voltei. Leva sempre alguns dias pra que eu possa chegar completamente. O que me lembrou agora daquela cena do filme “O homem que enganou o diabo”, quando o diabo quer aparecer pro herói do filme e ameaça dizendo: “Eu vou cair”, aí o herói responde: “Então caia!” e o diabo começa a cair, do teto, aos pedaços… primeiro um braço, depois uma perna. Nisso o herói perde paciência e diz: “Caia logo todo!” Essa sou eu, chegando aos pedaços e perdendo paciência, querendo chegar logo toda, inteira, de uma vez. Mas não dá pra apressar essas coisas. Tem a mudança de fuso horário, sim, mas é algo muito mais complexo. No momento o corpo parece estar aqui, mas a cabeça está tardando a chegar.

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Anúncios e o melhor leite vegetal do pedaço

Primeiro os anúncios.

Sábado, dia 28 de fevereiro, terei o prazer de fazer uma demonstração de culinária durante o curso de nutrição “Emagreça sem dúvida” com o dr Eric Slywitch (médico, especialista em Nutrologia), em Recife. Serão 8 horas de curso e além de ter acesso a conhecimentos valiosos (Como funciona a ganha e perda de peso? Como nossa saciedade é controlada?) você ainda se delicia um almoço e um lanche vegano. E ainda tem a minha demonstração culinária com direito a degustação. Se você estiver em Recife não perca essa oportunidade única! E no dia anterior tem uma palestra gratuita com o dr Eric.

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Uma rede, um alpendre, um açude…e um chá de canela

chá de canela com nozes

Na minha vida anterior, quando eu estudava linguística em Paris, tive a sorte de frequentar uma universidade com uma das melhores bibliotecas universitárias da Europa. O que tornava essa biblioteca realmente especial pra mim não era o tamanho, mas o fato dela ter uma seção inteira com literatura brasileira e portuguesa em Português. A universidade tinha curso de Português e a ideia era que esses universitários pudessem explorar a literatura lusófona na língua de Camões. Mas acho que quem mais aproveitava era eu, que fazia um curso totalmente diferente, mas que vinha matar a saudade da minha língua e dos meus autores preferidos regularmente. Sempre que a distância da minha terra parecia insuportável, eu me refugiava nessa ala da biblioteca. Eu tinha a impressão que se o autor viesse do Nordeste, o livro matava ainda mais a saudade. Foi durante essa minha fase de obsessão com o Sertão que li, pela primeira vez, ‘Memorial de Maria Moura’, de Rachel de Queiroz.

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Desastre culinário e uma vitamina de consolo

Vitamina de pêssego, banana e chia

Desastres culinários acontecem com os melhores cozinheiros e a minha humilde cozinha não poderia ser uma exceção. Desde ontem afago, acaricio e converso com uma bola de massa que deveria se transformar em bagels hoje. Minha agenda de afazeres do mês de novembro está assoberbadíssima e a ideia era congelar pão pras próximas duas semanas. Mas os deuses do pão não estavam do meu lado. Não sei o que deu errado, porém suspeito que meu fermento pra pão venceu e não faz mais efeito. O fato é que meus bagels não cresceram nada, ficaram tão densos e pesados quanto tijolos de barro e são totalmente intragáveis. Enquanto digito essas linhas uma fornada de 16 (16!!!!) bagels aguarda o seu destino no forno apagado. Na verdade 15, pois comi um pra tentar me convencer que, não, não, meus pãezinhos não são tão ruins assim, e acabei com o equivalente a um quilo de cimento no estômago. Ai! Infelizmente o destino da fornada será o lixo. Nem me lembrem do desperdício que isso significa, pois minha consciência já está tão pesada quanto o meu estômago!

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Smoothie de cereja com cacau

Antes de sair de férias aproveitei as últimas cerejas da estação, que eu tinha congelado alguns dias antes, pra fazer um smoothie. Usei leite de amêndoas, porque amêndoa e cereja nasceram uma pra outra, e bananas, pra adoçar e ficar mais cremoso.  Depois do primeiro gole tive uma ideia. Sempre gostei de chocolate recheado com cereja, então coloquei o smoothie de volta no liquidificador e bati novamente com um pouquinho de cacau em pó. O gosto de chocolate ficou bem discreto, mas acho que deixou o smoothie mais especial.

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A melhor limonada do mundo: rosa e sem açúcar

Limonada rosa com hortelã

Se você lê esse blog há algum tempo sabe que 1-Sucos de frutas, mesmo naturais, não entram na minha lista de alimentos saudáveis e por isso… 2-Eu quase nunca tomo sucos. Se você é novo por aqui leia esse post pra entender melhor o que acabei de dizer. Porém tem um suco que descobri na Palestina e que tomei bastante durante meus primeiros anos aqui: limonada com hortelã. Talvez o conceito não seja novo pra vocês, mas eu nunca tinha provado suco de limão com hortelã antes e fiquei encantada com o casamento perfeito de sabores. É uma bebida tradicional e extremamente popular nessa terra, pois a maioria da população palestina é muçulmana e pouca gente bebe álcool por aqui (só os palestinos cristãos, palestinos muçulmanos seculares e estrangeiros).

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Romã

Espero que todos estejam se divertindo e tendo um ótimo carnaval. Felizmente pra mim, por aqui não tem folia e com somente uma moradora na casa, as coisas estão mais tranquilas do que nunca.

O inverno desse ano está bem frio e como não tenho aquecedor (tenho um a gás, que está sem gás no momento, mas de todo jeito prefiro não usá-lo) passei os últimos dias com uma bolsa de água quente nos pés e uma caneca de chá nas mãos. Se pudesse, teria me refugiado embaixo das cobertas o tempo todo, mas tive que sair várias vezes sob a chuva grossa que não parou de cair durante toda a semana. No sábado saí pra comprar comida sob uma chuva de granizo e à noite comecei a me sentir meio mole, como se estivesse incubando um vírus malvado que iria explodir no dia seguinte. Ainda bem que tinha trazido pra casa as últimas romãs da feira.

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A solução é muito simples

Vitamina de banana e laranja

Alguns alimentos considerados “saudáveis” pela maioria das pessoas não são muito populares aqui em casa. Eu falei de barrinhas de cereal industrializadas nesse post e o criticado da vez hoje é o suco de frutas. Estou me referindo aqui a sucos naturais, feitos com frutas frescas. Sucos industrializados são tão ruins que acho que ninguém mais pensa que é bom pra saúde, não é?

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Smoothies

Smoothie de banana e morango

Algumas semanas atrás vi os primeiros morangos do ano na feira. Cansada das frutas de inverno (o que aqui significa maçã, pera e nada mais) e feliz em poder enfim começar a degustar as suculentas frutas da primavera/verão, tratei logo de comprar um quilo. O morango custou caro, mas como é uma das minhas frutas preferidas voltei pra casa toda saltitante. Minha alegria desapareceu quando coloquei o primeiro morango na boca: a fruta era quase insípida e ainda não estava madura. Bem feito pra mim, que esqueço de vez em quando que comprar fruta fora de época não vale a pena: não tem gosto, custa caro e não é nem um pouco ecológico (esses morangos, por exemplo, vinham de uma estufa aquecida a custo de muita energia pra fazer as frutinhas crescerem em pleno inverno).

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Mudei de idéia…

Que tal uma pausa no meio de toda essa verdura que apareceu aqui no blog? Alguém aceita um xícara de chocolate quente com biscoitos? Lembra quando, não muito tempo atrás, eu declarei meu desafeto por chocolates quentes ultra espessos e dividi a receita do meu chocolate quente preferido? Bem, eu tenho um novo chocolate quente preferido. Os franceses dizem que só os idiotas não mudam de opinião, então lá vai: a receita nova é mais encorpada que a anterior e achei isso ótimo. Ainda recuso chocolate quente que se aproxima mais de um mingau do que de uma bebida, mas descobri que se eu engrossá-lo só um pouquinho ele fica ainda mais saboroso e continua leve.

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O que fazer com alfarroba

Shake de banana e alfarroba

Logo que me mudei pra cá, tive o prazer de trabalhar durante seis meses, e morar durante algumas semanas, com uma americana chamada Janelle. Nós simpatizamos no minuto em que fomos apresentadas e somos amigas até hoje, apesar dos milhares de quilômetros que nos separam (ela mora em Seattle, EUA). O pai de Janelle é médico e ela estudou saúde pública, então seu conhecimento em matéria de nutrição é admirável. Passamos muitas horas explorando a feira de Jerusalém e a lojinha de produtos orgânicos que fica do lado. Graças à Janelle descobri que cevada não serve só pra fazer bebida, que aveia em flocos grossos é mais gostosa, e segundo ela mais nutritiva, que aveia em flocos finos e que é importante comer um punhado de oleaginosas todos os dias (conselho do seu pai). Ela é vegetariana mas vivia dizendo que se eu cozinhasse pra ela todos os dias ela se tornaria vegana sem hesitar. Um dia, pra agradecer todos os pratos que eu preparei durante as semanas que ela ficou hospedada na minha casa, ela me convidou pra lanchar na casa dela. Nesse dia ela preparou, entre outras coisas, alfarroba quente, um tipo de “chocolate” quente feito com leite de soja e alfarroba em pó no lugar do cacau. Eu não conhecia alfarroba e no início achei a bebida estranha, mas depois de alguns goles comecei a apreciar aquele sabor tão particular.

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Procurando o leite perfeito

Leite de amêndoas

No post anterior mencionei o fato de ter substituído o leite de soja por leite de amêndoas. Verdade seja dita: nunca fui fã de leite de soja. Assim que parei de tomar leite de vaca, meu primeiro impulso foi comprar uma caixa de leite de soja, mas achei o negócio intragável. No entanto tomei a caixa todinha, pois minha consciência pesa quando desperdiço comida. A cada gole eu pensava “Minha nossa senhora protetora dos veganos, será que não existe um leite melhorzinho que não venha da pobre Mimosa?” Felizmente as opções de leites vegetais são muitas. Resolvi então testar o leite de aveia. Meu amor por esse cereal já foi confessado aqui, então as chances de gostar do leite eram bem maiores. Meu encontro com o leite de aveia foi mais feliz, mas eu ainda achava que devia existir uma alternativa mais gostosa ao leite de vaca. Continuar lendo “Procurando o leite perfeito”

O que faz um bom chocolate

Tenho uma relação estranha com chocolate. Eu não gosto de comê-lo puro mas gosto de preparações com chocolate. Chocolate quente, por exemplo. Eu provei vários chocolates quentes na minha vida. A maioria não passava de leite com achocolatado totalmente sem graça. Na Espanha o chocolate quente é  bem espesso (tomado tradicionalmente com churros) e tem quase uma conscistência de pudim. Continuar lendo “O que faz um bom chocolate”