Como preparar repolho

A série “Como preparar…” voltou. Escrevo esses posts pra ensinar o pessoal que não tem muita intimidade com legumes (ou com panelas, ou ambos), como preparar vegetais de maneira simples e saborosa.  Sei que tem muita gente precisando comer mais verduras e essa série é a minha contribuição pra deixar a sua dieta mais colorida.

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Os tesouros do Alecrim

Aqui em Natal tem um bairro que concentra 40% do comércio varejista da cidade e que, justamente por isso, é extremamente caótico: o Alecrim. É a maior muvuca da cidade e um passeio naquele caos, embaixo do sol quente, que aqui na minha terra insiste em brilhar o ano inteiro, é garantia de voltar pra casa com dor de cabeça. Mas apesar disso gosto demais do Alecrim. Uma das razões é porque nesse bairro tem uma feira que acontece há mais de 90 anos, todos os sábados, a mais popular de Natal. Também tem uma loja de retalhos onde, depois de enfrentar os ácaros e mergulhar nas pequenas montanhas de tecidos, encontro verdadeiros tesouros. Na última vez que estive lá voltei com uma cortina de linho linda que está agora esperando pra ser transformada em calça pela minha irmã.

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Convites

Couve flor com passas e alcaparras

Preciso dizer duas coisas pra vocês. A primeira é a seguinte: façam essa receita! Não tenho palavras pra descrever a deliciosidade desse prato. Couve-flor assada já é divina, mas misturada com alcaparras, passas e coentro é de cair pra trás! Já fiz esse prato com cuscuz marroquino (sêmola de trigo), mas dessa vez queria tentar uma versão sem glúten. Eu usei couve-flor crua no lugar de sêmola de trigo nesse tabule com resultados extremamente satisfatórios, então resolvi fazer isso mais uma vez. A couve-flor ralada substitui o grão com inúmeras vantagens. Além de não ter glúten, é uma maneira interessante de comer menos carboidrato e mais legumes. A dupla dose de couve-flor (crua e assada) criou um sabor mais complexo. Passas e alcaparras podem parecer uma combinação infeliz, mas elas pontuam o prato com notas doces e salgadas deixando esse humilde legume tão mais interessante! E o coentro nasceu pra ser comido com couve-flor, garanto (nem pense em substituí-lo por outra erva). Façam esse prato o mais rápido possível, vocês não vão se arrepender. A menos que você não goste de couve-flor. Ou de alcaparras. Nesse caso não posso deixar de sentir pena de você, que não provará dessa delícia…

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Sinto que preciso de férias

Salada morna de cogumelo e milho

Recuperei um pouco da energia gasta durante a maratona culinária da semana passada, mas como trabalho nos sábados (dia de aula de culinária no campo de refugiados) só tenho uma folga por semana, no domingo, e nunca parece suficiente. Sinto que preciso de férias. Mais precisamente de uma rede, uma água de coco, um cachorro embaixo da rede (ajuda muito a relaxar) e vários dias de ócio. Adoro a Palestina, no momento não gostaria de morar em nenhum outro lugar do mundo, mas pra manter a sanidade mental é preciso sair daqui de vez em quando. Por isso daqui a um pouco mais de uma semana vou bater asas novamente.

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Resolvi fazer uma exceção

Salada de rúcula e morango com redução de vinagre balsâmico

Não publico muitas receitas de entradas (saladas ou sopas) porque no dia a dia prefiro preparar pratos completos. É mais prático, rápido e suja menos louça. Só faço saladas leves pra acompanhar pratos mais pesados, como minha lasanha preferida ou gratin dauphinois, e essas saladas são tão simples que não são exatamente uma receita. Geralmente rasgo uma grande quantidade de alface ou outra folha, tempero com azeite e um pouquinho de vinagre e pronto. Nem sal eu coloco. Mas hoje vez fiz uma saladinha bem fresquinha (não no sentido literal) e ficou tão boa que resolvi fazer uma exceção.

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Leguminosas e as suas vantagens

Purê de feijão branco com brócolis

Meu amor por feijão já foi declarado nos quatro cantos desse blog. Ele entra na lista das minhas cinco comidas preferidas e sempre me traz reconforto, o que só entende quem mora longe das terras tupiniquins há muitos anos. Mas além do sabor, que adoro, o que me atrai nos feijões e leguminosas em geral é o valor nutricional desse grupo de alimentos. Alguns dias atrás uma leitora (oi, Fernanda!) deixou um comentário interessante em um post onde eu dizia que feijão é pra mim o melhor substituto da carne. Ela escreveu: “Ano passado eu assisti à uma palestra do Dr Eric (Slywitch) no Ibirapuera onde ele mostrou, por uma série de estudos e gráficos, que o melhor substituto para carne realmente são os feijões, especialmente por suas qualidades/quantidades de proteínas biodisponíveis e ferro.” O Dr Slywitch é responsável por boa parte dos meus conhecimentos em nutrição vegana (se um dia eu tiver a honra de encontrá-lo pessoalmente preciso cozinhar um jantar pra ele como forma de agradecimento) e ele confirmou o que eu já tinha descoberto de maneira intuitiva.

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O que fazer com restos de arroz

Arroz com tomate e milho

Além de não ser fã de macarrão, eu não gosto muito de arroz. Nem de batata, caso estejam interessados em saber. Meu desgosto por carboidratos brancos é geral e a razão não é, como alguns podem imaginar, porque eles são pobres do ponto de vista nutricional, mas sim porque são pobres do ponto de vista gustativo (na minha opinião). Mas a outra residente da casa adora arroz (e macarrão e batata), então sou obrigada a cozinhá-lo de vez em quando. Como só ela come, acaba sempre sobrando um pouco. No dia seguinte me deparo com aquele resto de arroz que não é suficiente pra duas porções, mas que precisa ser consumido. Pra resolver o problema faço salada de arroz (misturando com legumes crus e temperando com azeite e vinagre balsâmico), mas se o tempo estiver frio uso uma das duas receitas abaixo. O que mais gosto nessas receitas, além da praticidade e grande capacidade de adaptação, é que no final tem mais legumes do que arroz. Elas não pertencem à grande gastronomia, mas fazem parte de um grupo ainda mais bacana: o das receitas improvisadas, que limpam os restos da geladeira e transformam legumes solitários em uma refeição gostosa.

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De passagem

Salada de beterraba e laranja

Pensei que seria uma boa ideia publicar uma receita antes do último post sobre organização na cozinha. Alguém podia estar com fome.

O tempo por aqui anda louquíssimo, com tempestade, ventania e uns granizos que parecem micro bolinhas de neve. Por conta disso a internet de casa está temperamental e só funciona se eu fizer muito carinho, disser que ela é linda e chamá-la pra fumar um narguilê na praça da natividade. Mesmo assim basta um ventinho pra ela mudar de ideia e ir embora de novo. E depois dos floquinhos de neve que caíram ontem durante a noite parece que ela saiu em busca de terras mais calientes. Estou escrevendo esse post em um café, no meio de uma nuvem de fumaça de narguilê, e preciso ser breve.

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Só pela subversão

Desde que me mudei pra cá vi coisas extraordinárias acontecerem. Poderia escrever um livro (um dia, quem sabe), mas me contento, por hora, de escrever um post.

Alguns dias atrás minha grande amiga Johanna, que mora em Tel Aviv, ligou dizendo que tinha um amigo israelense precisando da minha ajuda e que era urgente. Ela não tinha tempo pra explicar, mas ele podia contar tudo direitinho. Fiquei surpresa, mas disse: “Pois não, pode falar pra ele me telefonar”. E fiquei matutando sobre esse pedido estranho. Por que cargas d’água um rapaz que não me conhecia precisava de minha ajuda? Conhecendo os amigos ativistas de Johanna, torci pra que não fosse algo ilegal, mesmo sabendo que meu espírito subversivo se deixaria convencer de qualquer coisa. Só confessei isso porque minha mãe não lê o blog e se lesse não entenderia, pois ela não sabe o que significa “subversivo”.

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Elas são inocentes

Espinafre com creme

Hoje eu gostaria de fazer alguns agradecimentos, anunciar mais uma novidade e dividir uma receita muito especial com vocês. Queridos leitores, muito obrigada pelo entusiasmo que vocês manifestaram no lançamento do Guia do Herbívoro Feliz e pelo apoio daqueles que compraram o livro. Vocês são ótimos! Ainda não atingi o meu objetivo (mas não perco as esperanças), por isso o Guia continua à venda. Criei até uma página especialmente pra ele (olhem no cabeçalho do blog) e toda divulgação é bem vinda. Passemos então ao anúncio.

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Esse aqui é ainda mais vibrante

Tabule de couve-flor

Algumas semanas atrás fiz um jantar aqui em casa e uma das convidadas tinha alergia a glúten. Foi a segunda vez que fiz um jantar inteiro sem glúten e nesses momentos me dou conta do quanto o trigo é onipresente na nossa alimentação. Porque eu conheço a frustação de chegar em um lugar (casa de amigo ou restaurante) e não poder comer nada, decidi criar pratos sem glúten pra tornar menos complicada a vida dos amigos celíacos. Fazer comida vegana e ao mesmo tempo sem glúten pode parecer impossível, mas eu encarei mais essa restrição culinária como um desafio. Aprendi que as situações difíceis são ótimos estimulantes pra criatividade e tive idéias bem interessantes. Já testei uma versão sem glúten dos meus gnocchis (o resultado foi surpreendente) e descobri um prato tradicional do sul da França naturalmente vegano e sem glúten. Mas antes de dividir essas receitas, que ainda precisam de alguns retoques, eu queria falar do prato mais simples que saiu da minha cozinha nesses útlimos dias, uma adaptação do meu querido tabule.

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Salada asiática

Está sendo difícil, muito difícil voltar ao trabalho depois das férias. Continuo pensando na paisagem da foto acima. Será que um dia vou ter um jardim desses? A piscina eu dispenso, só quero as árvores frondosas, a sombra que elas oferecem, um matinho baixo onde eu possa me deitar, um passarinho aqui e outro acolá… Confesso que, embora adore minha vida aqui na Palestina (o que sempre surpreende as pessoas), sinto falta do verde, dos espaços ao ar livre, dos parques e do ar fresco da França.

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Em casa

Quando eu estudava turismo na antiga Escola Técnica do RN, uma professora nos disse: « A gente viaja pra descobrir que o melhor lugar do mundo é a nossa casa ». Na época achei estranho uma professora de turismo falar isso, mas hoje entendo perfeitamente o que ela quis dizer. Faz dois dias que voltei pro meu lar doce lar e ainda não consegui fazer nada além de dormir, comer e me sentir extremamente feliz por estar em casa.

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Encontros que renderam receitas

Panqueca de batata alemã

Tem pessoas que entram na nossa vida pra nos ensinar algo. Enquanto alguns recebem revelações cósmicas-espirituais-filosóficas de terceiros, várias pessoas parecem ter entrado na minha vida pra me ensinar…. receitas. O universo deve saber o que o nosso “eu” profundo procura e como meu “eu” profundo parece ser meio superficial, e faminto, acho que ando pelo mundo procurando receitas. (Sigmunds de plantão: não, eu não passei fome quando era criança!)

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Descobertas

Nésperas

Morar em um país estrangeiro tem várias vantagens e uma das minhas preferidas é poder descobrir alimentos novos. Entre a primavera e o verão o número de vegetais encontrado nas feiras dobra: uma verdadeira explosão de cores, aromas e sabores. Minhas descobertas gastronômicas aqui foram muitas, mas hoje vou mostrar alguns vegetais que só aparecem entre a primavera e o começo do verão e que eu nunca tinha provado até me mudar pra Palestina. Comecemos pelas nésperas da foto acima. Essa fruta suculenta e de sabor suave é uma delícia. Eu já tinha espiado nésperas nos supermercados franceses, mas por ser um produto importado o preço alto me manteve longe delas. Hoje tenho um pé de néspera no jardim e posso desgustar a frutinha de graça. Pena que a safra só dura algumas semanas.

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Antipasti

Antipasto de beringela e abobrinha com alho e hortelã

Durante o verão do ano passado, a pedido da minha amiga Lílian, fiz uma série de posts sobre pastas e patês pra servir na hora do “aperitivo”. Esse ano pensei em publicar receitas de antipasti, que também são ótimos pra essas ocasiões e que podem até servir de refeição leve quando o calor nos impede de preparar pratos mais elaborados. Confesso que essa idéia foi muito oportuna, já que ando sem tempo nem disposição pra cozinhar algo quente. Sei que teoricamente é inverno no Brasil, mas o calor no Nordeste e no Norte continua o mesmo. O pessoal que mora nas regiões mais frias pode testar as receitas mais tarde (quem quiser se esquentar com uma sopinha é só procurar na lista de receitas do  blog).

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Antes das férias… saladas

Panzanella

Todo ano vejo o mesmo fenômeno se repetir: as quatro semanas que antecedem as férias são as mais ocupadas do ano inteiro. Parece que as atividades vão se acumulando lentamente e discretamente, pra não chamar minha atenção, durante os outros onze meses do ano e um mês antes das férias, bum!, elas explodem na minha cara. Acredito que isso aconteça com a maioria das pessoas, às vezes mais de uma vez por ano (eu também estava nesse estado antes do natal). Mas eu aguento caladinha porque no final tem uma super recompensa: férias. Só eu, minhas olheiras e meus músculos doloridos sabemos o quanto preciso de descanso. Sem contar que minha cabeça cheia precisa ser esvaziada, pelo menos parcialmente, do seu conteúdo pra deixar espaço pra idéias novas se instalarem.

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Um dia…

Crackers de linhaça e aveia

Alguns dias atrás vi a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo desse ano e fiquei muito feliz em descobrir que o paulista D.O.M. ficou em sétimo lugar (eles eram o número 18 ano passado). Se você ficou curioso pra saber quem é o número 1, a resposta é Noma, em Copenhague (lista completa aqui). Eu admiro muito o trabalho do chef Alex Atala, criador do D.O.M. Ele foi buscar inspiração na Amazônia, incorporou produtos tipicamente brasileiros, como palmito pupunha, baru, jambu, tucupi e até priprioca, nos seus pratos e sua culinária 100% tupiniquim não só provou ao mundo, e aos brasileiros, que sim, temos uma identidade gastronômica própria e digna de interesse, mas também criou um movimento de valorização dos produtos da terra que foi seguido por vários outros chefs. Só não gosto mais de Atala porque alguns anos atrás li na revista Trip uma declaração dele que me deixou chocadíssima. Ao falar do impacto da nossa alimentação na crise climática, ele disse algo como “E vegetarianismo não é a solução, já que o cultivo da soja está destruindo a Amazônia”. Eu já ouvi esse disparate da boca de algumas pessoas que nunca colocaram o pé no Brasil, mas não esperava essa ignorância de alguém que conhece a Amazônia tão bem e trabalha diretamente com nativos da região. Mas torço pra que ele tenha descoberto que a soja da Amazônia serve pra alimentar o gado que vai virar bife pro onívoro, não pra fazer tofu pro vegetariano e não pude deixar de ficar feliz pelo D.O.M. fazer parte dos sete melhores restaurantes do mundo e ter recebido o prêmio de “Melhor Restaurante da América do Sul”.

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