As últimas semanas

Hoje é o segundo dia desde que o cessar-fogo começou em Gaza (vejam as fotos do último dia de ataques e da festa quando a trégua começou no blog de Anne) e as coisas estão voltando aos poucos ao normal aqui do outro lado dos territórios palestinos. Alguns dias atrás Belém estava fervendo e várias pessoas do campo de refugiados de Aida, onde trabalho, foram presas pelo exército ocupante. Mas, como disse, a situação se acalmou bastante.

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Notícias

Nos últimos dias recebi mensagens de leitores (comentários aqui no blog, e-mails e recados na página facebook do Papacapim) perguntando como eu estava e como andava a situação aqui na Palestina. A última semana foi intensa, muito intensa. Longas horas de trabalho passadas realizando o novo projeto do grupo de mulheres no campo de refugiados (prometo contar mais em breve). Tive problemas tecnológicos : faz uma semana que o computador pifou e fui obrigada a reduzir drasticamente minhas atividades « internéticas ». E teve o ataque de Israel na faixa de Gaza.

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Manual do sanduíche vegano

Na nossa sociedade onívora tem uma categoria de comida que é extremamente ingrata com os veganos: sanduíches. Tenho a sorte de morar na Palestina, onde o sanduíche nacional, falafel, é vegano, mas a situação é bem diferente no Brasil. Já tentou ir a uma lanchonete tradicional no nosso país e pedir um sanduíche vegano? É mais provável Jodie Foster me pedir em casamento do que você achar um sanduíche vegetal por lá. A menos, claro, que você ache que pão com alface e tomate pode ser chamado de sanduíche…

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O caminho que escolhi

Ainda não expliquei aqui no blog o porquê do meu veganismo, pois sempre tive receio que isso provocasse reações negativas em alguns leitores onívoros. No início do mês fez cinco anos que me tornei vegana e pra comemorar essa data tão especial pra mim resolvi passar por cima do meu receio e escrever esse post. Mas antes de continuar a leitura aqui vai um aviso. Esse texto explica o que o veganismo significa pra mim. Não tenho ambição nenhuma de ser a porta voz do movimento e estou certa que minhas opiniões divergem consideravelmente da opinião de outros veganos. Também não é minha intenção impor meus valores aos leitores onívoros e vegetarianos, nem criticar suas escolhas. O único objetivo desse texto é dividir com vocês uma parte importante da minha história, que fez com que eu seja quem eu sou hoje e sem a qual o Papacapim não teria vindo ao mundo.

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Vegano no churrasco: guia de sobrevivência

Churrasco nunca foi a minha praia, mesmo na minha época pré-vegana. Eu detestava tudo nesse tipo de evento (ambiente, música, fumaça), então quando me tornei vegana nunca mais voltei a pensar no assunto. Porém nos últimos dois anos participei de alguns churrascos feitos por amigos estrangeiros morando aqui em Belém e fiquei menos churrascofóbica. Por razões éticas ainda prefiro não frequentar churrascos, principalmente os do tipo “três quilos de carne por pessoa, farofa e vinagrete”, que é a norma no Brasil. Mas meus amigos europeus não cresceram com a cultura do “quanto mais carne melhor” e não atribuem à carne a mesma importância (nem status social) que os brasileiros, tornando a experiência bem mais agradável pra mim (o fato desses churrascos parecerem mais com almoços/jantares ao ar livre, sem música, contribuiu bastante, claro). Eles sempre respeitaram meu veganismo, sempre preparam vários pratos vegetais pra todos (os acompanhamentos vegetais são tão importantes quanto a carne pra eles) e a quantidade de carne consumida é muito mais modesta do que no Brasil, além de ter sempre uma grelha exclusiva pros vegetais (que, como disse, são apreciados por todos).

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Mais sobre o projeto no campo

Quem acompanha a página Facebook do Papacapim viu que ontem foi um dia muito especial pro meu projeto aqui na Palestina. Dias atrás uma jornalista que trabalha pra Al Jazeera me ligou dizendo que queria escrever um artigo sobre o projeto de mulheres que dirijo no campo de refugiados de Aida, em Belém. Já falei sobre o projeto nesse post e quem quiser mais informações pode visitar o nosso site (em Inglês). Mas a alegria de ver Islam, que criou o projeto comigo, na primeira página do site Al Jazeera foi tão grande que eu precisava dividir isso com vocês. Por isso hoje eu gostaria de mostrar mais um pouco desse trabalho, que ocupa a maior parte do meu tempo e me enche de felicidade.

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Os dawalis de Draguitsa

Waraka dawali u qussa: folhas de parreira e legumes recheados com arroz.

Queria falar de duas coisas hoje: meu prato palestino preferido e Draguitsa, uma das minhas melhores amigas que, olha que coincidência maravilhosa, faz esse prato divinamente bem.

Como em vários lugares do mundo, os palestinos gostam de rechear folhas de parreira. Na Palestina esse prato é chamado de “waraka dawali” (ou só dawali, pros íntimos) e as folhas são recheadas com uma mistura de arroz e especiarias. Geralmente os dawalis são preparados com abobrinhas e berinjelas, recheadas com o mesmo arroz. Os legumes são colocados em camadas na panela, com um frango inteiro, e tudo cozinha junto. Algumas pessoas também colocam carne moída no arroz. Porém existe uma versão sem frango e sem carne (“dawali siami”), preparada pelos palestinos cristãos durante a quaresma.

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Como enfrentar a resistência dos seus pais com relação ao veganismo

Algumas semanas atrás recebi um e-mail que me tocou bastante.

Meu nome é Gabriela e tenho 13 anos, atualmente sou ovo-lacto-vegetariana e consegui isso com muito esforço, pois ninguém na minha família é vegetariano, e principalmente minha mãe, tem medo que eu fique seriamente doente por causa de minha alimentação. Meu maior desejo agora é virar vegana, li muito sobre isso, só que veganismo minha mãe não concorda de jeito nenhum, ela acha que é exagero e perigoso e como só tenho 13, tenho que obedece-la, mas tem algum jeito de eu a convencer de que o veganismo é saudável? O que você sugere?

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Dicas pra ter uma alimentação mais (ou toda) vegetal

Foto feita pelo grupo VEDDAS-RN.

Comentei aqui no blog que, a pedido do grupo VEDDAS-RN, dei uma palestra sobre alimentação vegetal durante as férias potiguares.  Na página Facebook do Papacapim alguns leitores comentaram que gostaria de ver essa palestra em suas cidades. Como, infelizmente, não posso sair em turnê pelo Brasil, pensei que seria bacana publicar o conteúdo da palestra aqui no blog.

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Chegando

Depois dos dias maravilhosos entre cariocas, cheguei em terras potiguares. Sinto que Natal ficou meio feinha depois da passagem pelo Rio, mas felizmente rever a família compensa a falta de charme da minha cidade. Por enquanto ainda estou chegando (vou chegando aos pouquinhos, espalhando meus pertences, dizendo “olá” aos familiares…), mas volto em breve com o guia vegano do Rio.

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Histórias palestinas: Khoulud Ayyad

Khoulud, de véu rosa, com a mãe, a avó e duas filhas. Foto Anne Paq.

Continuando a série “Histórias palestinas”, gostaria de apresentar uma amiga minha muito querida.

Khoulud Ayyad tem 32 anos e mora no campo de refugiados de Aida, na região de Belém, com seu marido Ayman e quatro filhos. Sua família é de Ras Abu Ammar, um vilarejo que fica a 14 quilômetros de Jerusalém. Os 719 habitantes de Ras Abu Ammar foram expulsos pelas tropas do recém-criado estado de Israel no dia 21 de outubro de 1948 e o vilarejo foi completamente destruído. Conheci Khoulud em um centro cultural no campo de Aida assim que me mudei pra cá. Trabalhamos um tempo juntas e logo nos tornamos amigas. Ela é uma das pessoas mais fortes que já encontrei e sua história merece ser contada.

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Fibras: porque comer e onde encontrar

Figos frescos

Eu não sei vocês, mas muitos dos meus parentes e amigos têm prisão de ventre. Outro dia eu estava conversando com minha amiga Samira, que sofre de prisão de ventre crônica, tentando convencê-la a comer mais fibras. Ela respondeu que não tem jeito, ela prefere arroz e pão branco. Eu já tive conversas desse tipo várias vezes. Muita gente acredita que a única maneira de aumentar a quantidade de fibras de dieta é consumindo cereais integrais e produtos (industrializados) feitos com cereais integrais. Por isso há tempos que venho ruminado esse post, pra ajudar as pessoas a entender melhor de onde vem as fibras e como se livrar da danada da prisão de ventre. Mas comecemos pelo começo. Continuar lendo “Fibras: porque comer e onde encontrar”

Histórias palestinas: Mustafa e Mohamad Alafandi

Campo de refugiados de Deheisha. Foto Anne Paq.

Alguns leitores pediram pra eu falar mais sobre a minha vida aqui na Palestina, mas sempre fico receosa quando se trata de misturar comida vegetal e conflito no Oriente Médio. Como abordar a questão sem causar indigestão nos meus leitores? Decidi então mudar o foco: ao invés de falar sobre minha experiência aqui ou o que aprendi sobre o conflito, prefiro escrever uma série de posts contando a história de alguns palestinos. Estatísticas, acordos, convenções, relatórios, nada disso traduz o que significa viver nos territórios palestinos ocupados. Mas talvez se eu apresentar pra vocês alguns dos meus amigos mais próximos, vocês terão uma ideia mais precisa da situação atual nessa terra tão castigada, mas, ao mesmo tempo, tão cativante.

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Dois anos

……

Nem parece, mas já faz dois anos que o Papacapim existe. O blog foi criado em fevereiro de 2010, mas passei meses desenvolvendo o conteúdo das páginas antes de torná-lo público.  Só avisei os amigos da existência dele no mês de maio. Então decidi comemorar o aniversário do blog em abril, pra coisa ficar ainda mais bagunçada. Organização nunca foi o meu forte e lembrar datas de aniversário menos ainda.

Pra comemorar a ocasião preparei uma lista com os melhores posts Papacapim de todos os tempos.  Dividi em categorias, pois, se no início minha intensão era criar um blog de culinária vegetal, com o passar do tempo ele foi evoluindo e passei a incluir temas mais variados, como nutrição vegana, viagens, dicas práticas e até minha vida pessoal, que aparece cada vez mais frequentemente por aqui.

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Visita

Alguns dias atrás falei que estava com visita brasileira aqui em casa. Cibele, a leitora do blog que virou minha amiga (na verdade amiga da família toda) e que foi me visitar em Natal ano passado, está passando uns dias de férias aqui conosco.  Eu estou me esforçando pra mostrar à moça as delícias veganas da culinária local como ful (pasta de feijão), hummus, tomate cozido com cebola, falafel, mutabal e mudjadara.

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Tudo sobre chocolate

No último post falei que estava com visita brasileira aqui em casa. Minha visita é muito generosa e trouxe metade da mala com presentes, a maioria comestíveis. No meio dos presentes tinha chocolate da marca “Chokolah“, que eu não conhecia. Ganhamos duas barras, uma de chocolate puro e outra com castanhas, ambas com 62% de cacau. Achei o chocolate tão bom que decidi comentar aqui no blog, pois sei o quanto é difícil achar chocolate de qualidade e vegano no Brasil. Resolvi aproveitar o ensejo pra falar um pouco sobre esse manjar dos deuses que (quase) todo mundo adora, mas que nem todo mundo parece conhecer bem.

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Cozinhas

Eu tenho um carinho todo especial por cozinhas. Na minha família a cozinha sempre foi o coração da casa. Todas as conversas, das mais triviais às mais importantes, aconteciam na cozinha, ao redor da mesa de mármore preto. O mármore foi comprado pra servir de lápide pra minha avó paterna, mas acabou não sendo usado e se transformou no tampo da nossa mesa.  Quando escutei essa história passei a ter medo da mesa e evitei ficar sozinha na cozinha durante meses. Mas, além da minha pequena pessoa, ninguém parecia achar aquilo mórbido e o local de reunião preferido de todos continua sendo a cozinha. Alguns até afirmam que a conversa é mais gostosa se os pratos da refeição anterior não forem retirados. Melhor ainda se tiver alguns farelos sobre a mesa pra entreter os dedos enquanto a boca trabalha. Reuniões de família pra discutir assuntos importantes? Anúncio de divórcio ou reconciliação? Aviso de viagem de três meses (que já passou dos dez anos) ao exterior? Tudo acontece na cozinha.

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Meu trabalho no campo de refugiados

Acredito que os leitores do blog, pelo menos os que leram a página “sobre”, sabem que trabalho em um campo de refugiados aqui em Belém.  Quando escrevi o texto “Só pela subversão” eu quebrei uma promessa que fiz a mim mesma: manter o Papacapim apolítico e não misturar ocupação militar e comida pra evitar indigestão. Mas quem eu estava tentando enganar? Comer é um ato político. A maneira como me alimento e as receitas desse blog são motivada por razões políticas (e éticas). Faz quatro anos que sou ativista pelos direitos humanos e animais em tempo integral e política ocupa a minha mente na maior parte do meu tempo acordada (dormindo também). O conteúdo desse blog é fortemente influenciado pelas minhas opiniões e princípios, logo o Papacapim é fundamentalmente político. Por isso decidi mostrar hoje uma parte da minha vida que até então ficou de fora do blog.

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Como compor um cardápio vegetal equilibrado

Depois de ter dado dicas práticas sobre organização na cozinha e ter explicado minha rotina culinária, o post de hoje mostra como compor um cardápio vegetal equilibrado. Embora o objetivo desse post seja ajudar veganos a se alimentar de maneira saudável, os onívoros vão achar informações úteis aqui, afinal aumentar a quantidade de vegetais na dieta traz benefícios pra todos.

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Minha rotina culinária

Mercearia de Tawfic

Continuando a série sobre organização e planejamento na cozinha, vou explicar hoje como organizo minha rotina culinária e revelar o que se come na casa Papacapim quando não tem ningém olhando. A intenção é mostrar exemplos de cardápios vegetais nutritivos e talvez até servir de inspiração. Mas antes, preciso responder algumas perguntas deixadas nos comentários do post anterior.

Emes falou do problema de ver folhas, principalmente alface, estragando na geladeira. A única solução é comprar quantidades menores (ou começar a comer quantidades maiores de folhas, o que seria ótimo) e guardá-las enroladas em um pano de prato úmido, dentro de um saco ou recipiente de plástico fechado, pra prolongar a vida das folhas. Isso também funciona com ervas frescas. Foi algo que aprendi com minha mama e que divido com vocês. Pretendo escrever em breve sobre como incluir mais legumes folhosos na alimentação, então aguarde as próximas dicas, Emes.

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