Graças aos comentários positivos que vocês deixaram no vídeo dos gnocchi, consegui vencer a vergonha mais uma vez e fiz outro vídeo. Ele foi postado no site da Vege Tv (obrigada, Ricardo), mas não podia deixar de colocá-lo aqui no blog também.Dessa vez confesso que nem doeu muito e consegui disfarçar um pouco melhor o nervosismo (e não lambi nada, mas tenho certeza que minhas irmãs acharão outras razões pra criticar minha “performance”).
Continuar lendo “Novo vídeo”Categoria: Outros
De férias
Em 24 horas eu peguei um táxi, um ônibus, uma van, dois aviões, outra van, um carro e atraversei três fronteiras. Saí de casa domingo as 9 da manhã e cheguei na minha destinação final segunda ao meio dia. Mas essa longa e cansativa jornada valeu a pena. Meu peito se enche de alegria quando volto ao velho mundo, sem falar a felicidade de encontrar a família francesa, degustar as refeições elaboradas e as longas conversas ao redor da mesa, respirar o ar puro e fresco da Auvergne e descansar depois dos meses de trabalho intenso. E ainda tem o jardim do meu sogro…
Continuar lendo “De férias”É mais caro ser veg(etari)ano?
Algumas semanas depois de ter começado o blog escrevi pra minha querida amiga Potyra pedindo pra ela ler a seção “Tire suas dúvidas” e me dizer o que tinha achado. Potyra é uma das pessoas mais inteligentes e perspicazes que conheço e por não ser exatamente uma simpatizante do veg(etari)anismo, eu sabia que seu criticismo seria extremamente útil. Uma das coisas mais interessantes que ela disse, depois de ter lido o artigo, foi “Você devia falar dos custos de uma dieta vegetariana, se é mais caro do que uma dieta convencional…” Achei a sugestão da minha amiga ótima, porém acabei esquecendo o assunto. Mas ao ler esse artigo no ViSta-se, onde foi comentado o discurso do diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Fernando Sampaio, que afirmou “Vegetarianismo é coisa de elitista” e “Eu nunca vi um vegetariano pobre”, voltei a pensar no assunto. Alguns dias atrás uma leitora me escreveu dizendo que estava pensando em se tornar vegana, mas que o fato de ser mais caro e complicado acabava impedindo que ela adotasse um regime 100% vegetal. Então percebi que estava na hora de abordar esse mito que insiste em sobreviver no meio onívoro, a crença que é mais caro ser vegetariano.
Continuar lendo “É mais caro ser veg(etari)ano?”Descobertas
Morar em um país estrangeiro tem várias vantagens e uma das minhas preferidas é poder descobrir alimentos novos. Entre a primavera e o verão o número de vegetais encontrado nas feiras dobra: uma verdadeira explosão de cores, aromas e sabores. Minhas descobertas gastronômicas aqui foram muitas, mas hoje vou mostrar alguns vegetais que só aparecem entre a primavera e o começo do verão e que eu nunca tinha provado até me mudar pra Palestina. Comecemos pelas nésperas da foto acima. Essa fruta suculenta e de sabor suave é uma delícia. Eu já tinha espiado nésperas nos supermercados franceses, mas por ser um produto importado o preço alto me manteve longe delas. Hoje tenho um pé de néspera no jardim e posso desgustar a frutinha de graça. Pena que a safra só dura algumas semanas.
Continuar lendo “Descobertas”Surpresa!
Esse é o centésimo post que escrevo e ele vem com uma surpresa. Aquela surpresa da qual falei um tempo atrás. Um dia Ricardo da Vege TV deixou um comentário aqui no blog perguntando se eu não toparia fazer um vídeo pra eles e se eu morava em São Paulo. Respondi que morava na Palestina e que não queria fazer vídeo não, senhor, pois morro de vergonha dessas coisas e prefiro continuar escondidinha na minha caverna nos confins do Oriente Médio. Mas Anne estava do meu lado e me obrigou a aceitar o convite. Ela, além de ser uma fotógrafa super talentosa, trabalha com vídeo e já fez até um curta metragem que foi mostrado em vários países. Como ela se propos a fazer o vídeo, a perspectiva de trabalharmos juntas me animou e reescrevi o email dizendo “Claro, pois não, com todo o prazer.” Depois passei a noite acordada pensando na vergonha que ia passar.
Continuar lendo “Surpresa!”Minha irmã
Quando ela nasceu eu estava esperando um irmãozinho. Talvez seja por isso que não gostei dela logo de início. Na verdade “não gostar” é um eufemismo. Quando crianças brigávamos tanto que nossa mãe nos chamava ora de “Irã” e “Iraque”, ora de “Caim” e “Abel”. Naturalmente, eu era o Iraque e Caim pois, como toda irmã mais velha, eu detestava minha irmã mais nova. Ainda hoje minha consciência pesa quando penso nisso. Não que eu fosse extremamente malvada com ela, mas eu estava convencida que minha irmãzinha era a criatura mais chata, grudenta, imitona, mentirosa e desagradável do universo. Ela, como toda irmã mais nova, me admirava e queria fazer tudo que eu fizesse. Quanto mais eu a rejeitava, mais ela grudava em mim, o que me irritava profundamente e acabava inevitavelmente em pancada. Um dos momentos mais gloriosos da nossa infância foi quando, depois de uma briga ferrenha entre nós, nossa mãe nos puniu com uma surra embaixo do chuveiro. Apanhar pelada e molhada é bastante desagradável, mas graças ao estranho método de educação infantil utilizado pela minha mãe (Piaget? Waldorf?) a coisa ficou ainda pior quando ela disse que só pararia se a gente dissesse que se amava e trocasse abraços e beijos. Peladas e molhadas. Minha irmã me agarrou imediatamente e repetiu várias vezes “Eu te amo, Sandra!”. Eu não mexi nem um dedo e pensei: “Prefiro apanhar.” Eu realmente detestava a minha irmã.
Continuar lendo “Minha irmã”Despensa vegana
Eu me tornei vegana do dia pra noite. Minha alimentação evoluiu lentamente durante os anos e pouco a pouco fui parando de comer animais, mas minha intenção era ser vegetariana. Quando atingi esse ponto pensei que meu trabalho tinha terminado, dei um tapinha nas minhas costas e me felicitei por ter alcançado meu objetivo. Eu nem sonhava que poucas semanas depois eu tomaria uma decisão ainda mais “radical”, segundo alguns. Embora eu não lembre quando comecei a pensar em adotar uma dieta vegetariana, me recordo perfeitamente do momento em que decidi me tornar vegana. Foi no meio de uma tarde de setembro de 2007 e meu armário e geladeira estavam cheios de produtos de origem animal. Por que eu lembro desse detalhe? Porque naquele exato momento fiz um acordo comigo e com a geladeira: eu comeria aquilo tudo mas nunca mais compraria nada que não fosse vegano. Não que eu quisesse alguns dias pra me despedir dos queijos, iogurtes e sorvetes que seriam excluídos pra sempre da minha vida, de maneira alguma! Minhas convicções eram tão fortes que eu queria era começar minha nova dieta sem crueldade o mais rápido possível. Mas sendo a pessoa aversa a disperdícios que sou, a idéia de jogar comida fora era inadmissível. Então comi tudo, com uma mistura de culpa e nostalgia antecipada (“Foi muito bom te conhecer, sorvete Häagen-Dazs. Você sempre terá um lugar no meu coração, queijo de cabra. Querido Baileys, sentirei saudades!”).
Continuar lendo “Despensa vegana”Por uma alimentação mais vegetal
No começo da semana eu ajudei Anne a guiar um casal de amigos do pai dela, mais dois casais amigos dos amigos, que estavam de passagem por Jerusalém. Os seis velhinhos eram extremamente amáveis e eu, que não tenho mais nenhum dos meus avós, aproveitei pra trocar carinhos com a terceira idade durante um dia inteiro. Quando sentamos pra almoçar e eles descobriram que éramos veganas começou a chuva de exclamações que meus ouvidos estão cansados de ouvir: “Nem peixe?!”, “Nem ovo?!!”, “Então vocês não comem nada!”, “Vocês só comem salada?!”, etc. Todos pediram espetinhos de carne de gado, ovelha e frango (os três ao mesmo tempo), que vem acompanhado de batata frita. Eu queria que eles provassem algo mais típico então pedi vários “mezze”, as deliciosas entradas árabes. Os velhinhos se encantaram com os pratinhos de hummus, mut’abal, tabule, beringela frita, salada turca e afins, tanto que quase não sobrou espaço no estômago deles pro imenso prato de carnes que eles tinham pedido. Enquanto se deliciavam com os quitutes vegetais (naturalmente veganos), um deles declarou: “Se você preparar pratos como esses eu não me incomodo de comer comida vegetariana” e o resto da mesa concordou. Moral da história: uma boa parte do preconceito com relação à comida vegetariana vem do fato das pessoas não saberem preparar vegetais.
Continuar lendo “Por uma alimentação mais vegetal”Tour pela… minha cozinha
Algumas pessoas que entram na minha cozinha ficam impressionadas com a quantidade de tempeiros, ervas e especiarias que possuo. Tem uma amiga de Anne, em particular, que adora bisbilhotar (ou “curiar” como a gente diz na minha terra) minhas prateleiras, gavetas e até mesmo a geladeira pra ver as “novidades”, como ela diz. Não que isso me incomode, de jeito nenhum. Sinto o maior prazer em mostrar meus condimentos (e mantimentos) pois é uma desculpa pra fazer uma das coisas que mais gosto: conversar sobre comida. Os amigos que ficam na cozinha enquanto preparo um prato aproveitam pra perguntar como e onde usar tal tempeiro, onde comprar tal ingrediente e o que danado são esses floquinhos verdes dentro de um saco. Como acho o exercício instrutivo, e como vocês não podem vir até Belém, pensei em fazer um convite on-line pra inspecionar minha cozinha. Entrem e fiquem à vontade (como diz minha irmã, só não vale tirar a roupa). Senhoras e senhores, eu vos apresento as prateleiras de condimentos:
Continuar lendo “Tour pela… minha cozinha”Um punhado de saúde
Muitas pessoas ficam impressionados quando me vêem comer nozes e castanhas todos os dias. A foto acima é a prova do quanto gostamos de oleaginosas aqui em casa. Meus amigos sempre me perguntam “Por que você come tudo isso?” e depois dizem “Se eu fizesse a mesma coisa engordaria muito”. De tanto ouvir essa ladainha resolvi escrever esse post pra explicar a importância desses alimentos no nosso regime.
Continuar lendo “Um punhado de saúde”O que um vegano come, parte 3
Continuando a saga, aqui vai a última parte do post de ontem. Pros que chegaram agora uma explicação rápida: decidi mostrar o que comi nos últimos dias pra mostrar que o regime vegano pode, e deve, ser saboroso e variado (não, eu não como grama, embora já tenha pensado seriamente no assunto). O objetivo é inspirar veganos que procuram idéias de refeições equilibradas e 100% vegetais e provar aos onívoros que ninguém precisa abrir mão do prazer de comer pra ter uma alimentação totalmente livre de produtos de origem animal. Continuar lendo “O que um vegano come, parte 3”
O que um vegano come, parte 2
Escrever um post sobre o que os veganos comem aqui parece redundante. Afinal veganos comem…tudo que aparece aqui no blog. Mas comecei a escrever de maneira mais específica sobre o assunto já faz um tempinho e vou continuar a discussão hoje. Durante as duas últimas semanas fotografei meus almoços (e algumas vezes jantares). O objetivo é duplo. Primeiro, gostaria de ajudar os irmãos veganos (ou que gostariam de ser veganos) a ter uma idéia do que eles podem comer no dia-a-dia. Conheci um vegano que só comia salada e frutas, pois não sabia o que mais comer. Esse coitado não sabia nem que a maioria dos pães são veganos, imagine! Não quero ver ninguém sofrendo de mal nutrição e culpando o veganismo por isso! Continuar lendo “O que um vegano come, parte 2”
Que seja infinito enquanto dure
Por onde começar? Dois anos atrás eu me apaixonei perdidamente. Dois meses depois do nosso primeiro beijo decidimos morar juntas. Quatro meses depois eu tinha a certeza absoluta que queria acordar todos os dias da minha vida ao lado dela. Semana passada, depois de muitos meses de planejamento, papelada e burocracia, nós nos casamos no consulado geral da França em Jerusalém. Conclusão? O amor move montanhas e tudo é possível na Terra Santa.
O que um vegano come, parte 1
Quando digo as pessoas que sou vegana, a primeira pergunta que me fazem é “Você come o que?” e a segunda é “Por que?”. O por quê do meu veganismo foi explicado aqui e se você já deu uma olhada nas receitas do blog viu que eu tenho uma alimentação bem diversificada. É tão comum pensarem que só como salada que nem me importo mais quando dizem “Você só deve comer mato”. A prova é que escolhi chamar meu blog de “papacapim”. Mas, embora seja cansativo repetir sempre as mesmas coisas, acho que tenho a obrigação de esclarecer essa confusão. Não, eu não como capim. Eu como legumes, frutas, verduras, grãos, cereais, sementes, oleaginosas e algas marinhas. Quando escuto uma pessoa dizer “mas então você não pode comer nada”, fico triste por ela. Isso mostra o quanto sua alimentação é pobre, pouco diversificada. Estamos tão acostumados a comer carne, queijo, ovos e afins que acabamos deixando de lado os milhares de produtos de origem vegetal que a natureza nos oferece e que nosso corpo precisa e muito. Continuar lendo “O que um vegano come, parte 1”