Em 2009 passei uma longa temporada em Natal e levei uma (recém adquirida) máquina de fazer leite de soja. Quem acompanha o blog há algum tempo sabe que não sou fã de leite de soja, mas acontece que adoro tofu e tinha sido informada que encontrar tofu decente em Natal é uma missão impossível. Tofu feito em casa é muito superior ao encontrado no mercado em matéria de sabor, mas sem uma prensa industrial a textura é bem mais mole do que a do tofu que eu tinha costume de comer. Então comecei a fazer patê com meu tofu caseiro mole e o sucesso foi imediato. Minha família e meus amigos adoraram e cheguei até a vender vários potinhos por semana. Meus clientes eram onívoros, mas muitos eram intolerantes à lactose e enfrentavam o mesmo problema que nós veganos enfrentamos: depois de ter tirado a manteiga, requeijão e queijo da dieta o que passar na nossa fatia de pão?
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Eu também não sei viver sem queijo
Não é mistério que a pergunta que nós veganos mais escutamos dos onívoros é : “Mas você come o que?” Porém alguém sabe o que os veganos mais escutam dos vegetarianos? “Eu não conseguiria nunca viver sem queijo”. Essa frase também entra no top 5 das frases que mais escutamos dos onívoros, logo depois de “A gente precisa de carne pra viver”, “Você vai ficar doente” e “Isso é coisa de malucos irresponsáveis e você deve ter o juízo frouxo” (ok, a última geralmente é dita com os olhos enquanto a pessoa te examina da cabeça aos pés, balançando a cabeça da esquerda pra direita e dando longos suspiros de exasperação).
Continuar lendo “Eu também não sei viver sem queijo”Patê globalizado
Cumprir minhas promessas parece missão impossível nesse fim de ano. A receita de hoje, que eu deveria ter publicado ontem, é minha última descoberta em matéria de patê vegetal. Eu estou sempre procurando/criando novas receitas de patês por vários motivos. Primeiro porque é minha maneira preferida de usar oleaginosas (se você perdeu meu último post sobre essas maravilhas da natureza clique aqui) e a garantia de me fazer comer castanhas, amêndoas e nozes diariamente. Segundo porque é uma das preparções culinárias mais práticas e versáteis que conheço. Fica ótimo dentro de um sanduíche, serve de recheio pra maki vegetal e rolinhos primavera crus, pode se transformar em molho pra macarrão e funciona até como mistura* na hora do almoço, ao lado de algum cereal e salada.
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Algumas semanas atrás falei do meu patê preferido. Na verdade eu tenho dois patês preferidos: mutabal e guacamole.
Eu nasci em uma cidade pobre em diversidade gastronômica. Tirando os restaurantes italianos (e dezenas de pizzarias), e alguns restaurantes chineses e japoneses, a Natal onde cresci só oferecia comida regional e muito, muito churrasco. Hoje a cidade conta com mais opções de comida estrangeira, incluindo um ótimo restaurante tailandês, mas quando, aos vinte anos, arrumei as malas e fui estudar na Europa, eu não tinha provado muita coisa além de tapioca, cuscuz e umas comidas pseudo-italianas que prefiro não comentar. A comida do nordeste, principalmente macaxeira, ainda tem um lugar especial no meu coração, mas confesso que depois de ter descoberto delícias de outras cozinhas senti um pouco por ter sido privada delas por tanto tempo. Comida mexicana, por exemplo. Como pude ter vivido tantos anos sem guacamole?
Melhorando o que já era bom
Há algum tempo comecei um « restaurante ocasional ». Duas vezes por mês transformo minha casa em restaurante very privê, só pra amigos e amigos dos amigos. Sábado passado servi um menu completamente cru, da entrada à sobremesa. Os dias que antecedem a comilança são preenchidos com tensão, expectativa e muito trabalho. Sou naturalmente insegura e extremamente perfeccionista na cozinha, uma combinação nem um pouco feliz. Sempre fico com medo dos convidados não gostarem da comida. Às vezes esse medo, como aconteceu sábado passado, chega perto de “pavor”. A grande maioria dos meus clientes é onívora, mas são pessoas gastronomicamente abertas e curiosas, que gostam de descobrir novos sabores. Porém um menu completamente vegano e cru talvez fosse demais pra eles. Ledo engando! Estou descobrindo a culinária viva (crua) e apesar da minha pouca experiência nessa área o jantar foi um sucesso. Não tenho a intenção de me tornar crudívora mas como cozinheira gourmet que sou, estou sempre tentando expandir meus horizontes culinários, descobrir novos ingredientes e técnicas e nesse sentido a culinária viva é uma mina de inspiração.
Esse patê vai mudar sua vida
A terceira receita da série « comida pra entreter » ou « como os veganos fazem pra preencher o espaço vazio entre duas fatias de pão” é um clássico. Quem não conhece “hummus”, o rei absoluto dos patês no Oriente Médio? Se você acha que a maior contribuição da civilização árabe ao resto do mundo foi a álgebra é porque você ainda não provou hummus. Continuar lendo “Esse patê vai mudar sua vida”
Meu patê preferido
Continuando a série “receitas pra entreter” , tenho o prazer de apresentar meu patê preferido no mundo inteiro: mutabbal. Meu amor por essa iguaria palestina é tanto que já me peguei pensando que gostaria de nadar em uma piscina de mutabbal. Essa idéia eu roubei de Maxime, a menina que cuidei durante meus anos de universitária em Paris, que sonhava em ganhar de presente de aniversário uma piscina de nutella. Sendo a pessoa estranha que sou, nunca dei a mínima pra nutella e a piscina dos meus sonhos é preenchida com purê de berinjela. Continuar lendo “Meu patê preferido”
Comida pra entreter
Minha amiga Lílian, que acompanha o blog, me pediu pra postar receitas de patês e pastinhas pra comer como aperitivo. Lílian é casada com Cédric, meu melhor amigo francês, e eles moram em Marselha, a segunda maior cidade da França. Continuar lendo “Comida pra entreter”
Abre-te sésamo
Hoje eu quero dividir com vocês uma das maiores descobertas culinárias que fiz desde que me mudei pra Palestina: tahina. Tahina, ou tahini, é uma pasta de gergelim (as sementes são moídas até liberarem o óleo e se transformar em pasta) usada em vários pratos por aqui e nos países vizinhos. Ela entra na composição do famoso humus e de outras delícias pra espalhar no pão. Também é a base de um molho super cremoso usado em saladas cruas mas que também gosto de usar em saladas cozidas, no lugar da maionese. Os palestinos e israelenses gostam tanto desse molho que eles comem puro, com pão.
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