Receita de gênio

Polenta de milho fresco com molho de berinjela

Como prometi na sexta, aqui está mais uma receita à base de milho fresco. De todas as receitas com milho que publiquei aqui até hoje, essa é a mais sofisticada, além de ser absolutamente deliciosa. Já declarei meu amor por polenta aqui, mas só alguns dias atrás descobri que a melhor polenta do mundo não é feita com farinha de milho, e sim com milho fresco.

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Boa pra adultos, crianças e gatos

Ensopado de cenoura, lentilha coral e arroz

Dias atrás eu estava me sentindo adoentada, com uns problemas intestinais e uma ameaça de gripe. Tentando fazer algo rápido e nutritivo, usando os poucos ingredientes que eu tinha na cozinha, nasceu um ensopado muito interessante. Ralei as cenouras, pra cozinhar mais rápido, usei bastante alho, pra aproveitar o seu poder medicinal, e finalizei com um pouco de farinha de arroz branco, pra segurar o meu estômago desgovernado. Pra minha surpresa Anne, que nem estava doente, comeu também e aprovou. E enquanto comia não pude deixar de pensar que minha receita improvisada poderia se transformar, com alguns ajustes, em comida pra criança.

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Restaurante ocasional

Meu “restaurante ocasional” reabriu as portas sábado passado, depois de um longo período fechado. O conceito é simples: de vez em quando organizo jantares e brunchs pagos aqui em casa e convido os amigos, que convidam outros amigos. Parece que esse negócio de “supper club”, como dizem os anglófonos, está na moda em vários países e dá pra entender porque isso atrai tanta gente. O pessoal acha o máximo ter a possibilidade de degustar uma comida especial em um ambiente descontraído e aconchegante. E o mais bacana disso tudo é que gente que não conhece nada da culinária vegana descobre que ela pode ser extremamente saborosa. Eles chegam aqui achando que vão comer capim e alpiste e saem encantados, com a barriga cheia e falando bem dos vegetais pra todo mundo. Quando as pessoas entendem que veganismo não significa abrir mão dos prazeres da mesa, fica mais fácil simpatizar com a causa.

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17 pratos em 3 dias

Bolo salgado Assado de lentilha (clique na foto pra ver melhor).

Foi isso que fiz essa semana. Eu já falei em algum post que tenho uma vizinha américo-palestina que visita o país duas vezes por ano pra fazer shows (ela faz “stand-up comedy”) e que sempre me contrata pra preparar todas as suas refeições durante a estada. Ela está aqui no momento, mas dessa vez está hospedada em Ramalla (cidade no norte da Cisjordânia) por isso tive que preparar todas as suas refeições de uma vez. Coloquei a comida em marmitas de alumínio e ela congelou tudo pra ir comendo aos poucos. Maysoon adora os pratos que invento e a coisa que mais gosto na minha profissão, se é que posso me considerar uma profissional da cozinha, é encher a barriga das pessoas de alegria, mas que trabalheira danada! Ainda não consegui dar cabo da louça suja e mesmo depois de uma boa noite de sono e três canecas de café me sinto completamente esgotada. Além do trabalho intenso e das intermináveis horas em pé, a maratona culinária contou com a participação de dois blocos de tofu podres que empestaram a casa durante dias, uma batata malcheirosa supurante que se escondeu embaixo da cesta de frutas e me vez achar que tinha um rato morto na cozinha, até eu descobrir a origem do bodum, gatos pulando na pia em busca de comida e derrubando minhas preparações no chão, algumas micro varizes e muito mau humor. Sobrevivi, mas não aconselho ninguém a aceitar uma missão dessas.

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Mais um livro e um arroz verde

Arroz verde com maionese de abacate e manjericão

Faz tempo que meus amigos francófonos e minha família francesa pedem pra eu fazer a versão em Francês do Papacapim. Ainda não consegui arrumar tempo pra isso e, sinceramente, acho que não acontecerá tão cedo, mas queria muito que eles tivessem acesso às minhas receitas. Então durante as últimas semanas, quando não tinha ninguém olhando, traduzi quarenta e três receitas  que apareceram aqui no blog e criei um e-book em Francês. Fiz uma seleção de receitas fáceis de preparar e que foram aprovadas por onívoros, afinal o grupo francófono citado acima é composto exclusivamente de onívoros. O nome do e-book é Plaisir Végétal e se vocês também têm amigos que falam a língua de Molière, ficaria muito grata se recomendassem meu livro pra eles. Estou vendendo Plaisir Végétal no mesmo esquema do Guia do Herbívoro Feliz, ou seja, cada um escolhe o quanto quer pagar por ele.

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Soja: os mitos, o excesso e o tofu

Tofu mexido com tomate e manjericão

Tempos atrás, em um dos jantares que preparei no meu restaurante ocasional, uma convidada japonesa comentou que nunca come o tofu local, pois ele é horrível (na verdade ela disse “seboso”). Felizmente não estava servindo tofu naquela noite (compro o meu em uma loja de produtos orgânicos em Jerusalém então imaginem o constrangimento!), mas fiquei pensando que o tofu do Japão deve ser uma coisa do outro mundo. Se já acho bom esse que compro aqui, imagine o original! Continuar lendo “Soja: os mitos, o excesso e o tofu”

A polenta e os gatos

Polenta cremosa com feijão e tomate

Quando eu era criança Lila, minha irmã mais velha, gostava de fazer quarenta pra gente jantar. Quarenta é um prato à base de fubá, mas diferente do cuscuz que costumamos comer no Nordeste. O cuscuz é cozinhado no vapor, enquanto que quarenta é feito misturando o fubá com água e cozinhando em uma panela, mexendo sempre. Depois de cozido, Lila despejava a mistura em uma forma de bolo, daquelas com um furo no meio, e deixava amornar. Então era só desenformar e degustar fatias grossas do quarenta. Nunca vi ninguém preparar esse prato fora da minha família e depois que minha irmã saiu de casa* nunca mais comi quarenta. Ele virou uma memória empoeirada na gaveta dos sabores que fizeram parte minha infância (junto com, entre outros, uma fruta do sertão chamada “pêlo” que só comi uma vez quando tinha uns oito anos e desde então nunca mais vi). Até o dia que descobri polenta.

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Mais do mesmo

Salada completa com feijão branco, brócolis e pesto

Vocês pediram e aqui vai mais uma receita de salada-refeição. Acredito que salada é o tipo de prato que não precisa de receita. A gente vai misturando os ingredientes que encontramos na geladeira e o resultado, mesmo se às vezes não é nada espetacular, é sempre satisfatório. Decidi publicar mais uma das minhas saladas-refeição simplesmente pra servir de inspiração e pra mostrar, mais uma vez, como usar a fórmula que dei duas semanas atrás. Dessa vez fiz uma porção dupla, pois preparei esse prato em um dos raros dias em que tenho companhia pro almoço.

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Legumes do mar

Legumes do mar

Muito obrigada pelos comentários sobre o meu último post. Se depender de mim o Papacapim vai comemorar muitos outros aniversários. Alguns de vocês sugeriram que eu falasse mais sobre minha vida aqui na Palestina (pretendo fazer isso em breve) e uma leitora (opa, Yoko!) teve uma ótima ideia: escrever um post sobre restaurantes veganos aí no Brasil e pedir que os leitores dividam seus endereços preferidos. Pretendo escrever sobre isso na minha próxima viagem ao Brasil (em breve), mas se eu esquecer, por favor, me cutuquem novamente.

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Anatomia de uma salada

Salada de grão de bico com algas marinhas, maçã e amêndoas

No post inaugural do blog falei que tenho uma certa raiva de saladas. Na verdade salada é uma das coisas que mais adoro comer, mas as saladas que preparo em casa não têm nada a ver com as misturas anêmicas que alguns restaurantes oferecem como consolo aos veganos. Uma salada bem preparada e arquitetada pode ser deliciosa, nutritiva e servir de refeição. O segredo é misturar ingredientes de categorias diferentes, formando um prato completo. As vantagens são inúmeras. Uma salada-refeição é capaz de alimentar sem deixar aquele peso no estômago, pode ser preparada em menos tempo que um prato quente e ainda pode ser transportada sem problemas (amigos procurando ideias de marmita*, venham por aqui). Além, claro, de aumentar consideravelmente a quantidade de fibras da sua dieta. Se você gostaria de comer mais verduras (e garanto que você deveria), trocar seu almoço convencional por uma salada-refeição algumas vezes por semana é uma maneira prática e eficiente de atingir esse objetivo.

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Esse aqui não vai traumatizar ninguém

Ensopado de legumes indiano

Eu tenho uma relação ambígua com a culinária indiana. Eu adoro, mas não consigo comer muito nem com muita frequência. Acho as primeiras garfadas uma delícia, mas depois de terminar a refeição (às vezes até antes) me sinto ligeiramente enjoada. Aquela ruma de especiarias, sempre acompanhada de bastante gordura (ghee, óleo ou leite de coco), pode ser muito pesado no estômago de quem não tem costume de comer desse jeito. Sem falar na pimenta. Nunca vi comida tão ardente quanto a desse povo e olha que aprecio uma pimentinha. Minhas experiências gastronômicas na Índia foram bem traumáticas. E estômago tem memória.

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O prato preferido dela

Macarrão gratinado com brócolis

Já expliquei aqui no blog que não sou muito chegada a macarrão, mas acontece que a senhora papacapim, aquela fotógrafa francesa que casou comigo, adora. Ela poderia comer macarrão todos os dias e ser feliz. A única coisa que a impede de fazer isso é que a cozinha é o meu território (ela só tem direito de entrar lá pra lavar a louça) e quem escolhe o que a gente come aqui nessa casa sou eu (e tenho dito!). Mas, pra ninguém me chamar de tirana (não que ela esteja reclamando dos meus quitutes, longe disso!), o cardápio da sexta é ela que escolhe. E adivinha o que ela escolhe s-e-m-p-r-e? Pois é, sexta é dia de macarrão aqui em casa. Por que sexta? Porque é o dia mais puxado pra ela, quando ela cobre várias ações (pense nos fotógrafos sem fronteiras) e depois de passar horas tentando fotografar dentro de nuvens de gás lacrimogêneo, desviando das  bombas de som e se protegendo das balas, bem, ela merece um pratão de macarrão. E minha tirania gastronômica amansa quando a senhora papacapim precisa de reconforto.

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Mais aveia na minha vida

Upma com aveia

Provavelmente a descoberta culinária mais excitante que fiz esse ano foi: aveia salgada é uma delícia. Não é engraçado como alguns cereais parecem destinados a ser salgados, enquanto outros só são consumidos em receitas doces? Aveia é uma das minhas comidas preferidas e, olha como tenho sorte, acontece de ser um dos alimentos mais saudáveis que existe. Por esses dois motivos tento comer aveia regularmente. Cansada de transformar minha aveia em papa, comecei a colocá-la em bolinhos doces e salgados, no pão… Mas eu sabia que ainda não tinha explorado todo o seu potencial. Então lembrei de uma receita indiana que foi meu café da manhã durante as semanas que passei por lá.

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Menu de natal 4, parte 2

Tourte de cogumelo e espinafre

Antes que perguntem, a “tourte” acima não foi um erro de digitação. Eu estava procurando um nome que pudesse descrever o prato que criei especialmente pro quarto menu de natal e como não achei nada em Português que expressasse fielmente o conceito, optei pelo nome em Francês (leia “turt”). Na França, uma torta (“tarte” em Francês) é uma massa coberta com um recheio, enquanto que a “tourte” é uma torta fechada, ou seja, tem uma camada de massa, o recheio e uma segunda camada de massa cobrindo tudo. Pra ficar ainda mais complicado, minha tourte é individual, triangular e nada ortodoxa. Mas vamos deixar de lado esses problemas de nomenclatura e nos concentrar na gostosura, pois, como diria Shakespeare, se a tourte tivesse outro nome, ainda assim ela teria o mesmo sabor.

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Para os aventureiros

Ensopado senegalês com amendoim

Já faz alguns dias que estou em Natal e estou tentando ingerir a maior quantidade possível de macaxeira, cuscuz, tapioca, água de coco e mamão. Passo o ano inteiro sonhando com essas iguarias, que não estão disponíveis lá onde moro, e quando chego aqui faço a festa. Mas isso tem um ponto negativo: por causa da comilança sertaneja não tenho nenhuma receita interessante pra dividir (por enquanto). Felizmente tem uma receita que há tempos queria publicar aqui e a foto estava esperando sentadinha nos meus arquivos.

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Vídeo: salada de batata em Londres

Aqui vai mais um a colaboração com a Vege TV. Dessa vez fui parar em Londres pra preparar minha salada preferida. Tenho que agradecer à minha querida amiga Cida por ter deixado eu transformar sua cozinha em estúdio (a coitada nem sequer comeu da salada!). Vou aproveitar o ensejo pra mandar um recado pra ela: a vasília de plástico que aparece no final do vídeo é sua e mora hoja na minha cozinha. Desculpa. Obrigada. Da próxima vez terá salada pra você.

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Proteina vegetal: muito além da soja

Uma salada colorida e proteinada (receita no final do post)

É  impressionte como nos dias de hoje ainda sabemos pouco sobre os alimentos que comemos. Já cansei de escutar pessoas dizendo que só tem proteínas em produtos de origem animal, quando um mínimo de conhecimento em nutrição seria suficiente pra entender que o mundo vegetal também está repleto de proteínas. Outro mito é imaginar que proteína vegetal significa soja e nada mais.

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Eu prefiro assim

Yakisoba de legumes

Eu nunca fui à China e não tenho idéia se a comida servida nos restaurantes chineses mundo afora é realmente autêntica. Já me falaram que a comida japonesa foi “ocidentalizada” pra agradar paladares internacionais e imagino que o mesmo pode ser dito da culinária chinesa. Mas, autêntico ou não, aqueles pratos de yakisoba nadando em um molho marrom não identificado servidos nos restaurantes chineses ocidentais tem um lugar no coração de muita gente.

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Esses aqui me fizeram pular

Acho que já escrevi aqui no blog que tenho uma vizinha palestina-americana que faz stand up comedy e que passa por aqui de vez em quando pra fazer shows na região. Quando ela vem à Belém sempre me contrata como sua “personal chef”, o que significa que durante uma semana eu preparo todas as suas refeições. Além de poder colocar alguma coisa na carteira, é uma oportunidade pra preparar pratos ultra caprichados que eu nunca teria coragem de preparar no dia-a-dia.

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