A primeira parte foi sobre comida, a segunda será sobre todo o resto: passeios, parques, museus, LGBTs e um pequeno parênteses consumista.
Alugamos uma casa exatamente na interseção dos bairros Noe Valley, Castro e Mission e foi muito feliz, pois eles acabaram sendo os meus preferidos na cidade. Nessa área você praticamente só vê casas, as ruas são tranquilas e as pessoas parecem estarem todas de férias, tamanho o relaxamento delas.
No final de abril viajamos em lua de mel pela segunda vez. Dessa vez o destino foi São Francisco/EUA. A primeira lua de mel, anos atrás, foi na Irlanda e ainda sonho em voltar lá.
Anne sempre quis visitar São Francisco e apesar dos EUA nunca terem estado na minha lista de destinações sonhadas, SF era a única cidade de lá que me interessava. Ela sempre existiu na minha imaginação como um lugar alternativo, tolerante e totalmente diferente do resto do país. Minha irmã caçula, que morou dois anos nos EUA e visitou várias cidades lá, me falou que era exatamente isso. E o momento era perfeito. Anne já estava nos EUA, em uma turnê de um mês apresentando o último projeto dela sobre Gaza, Obliterated Families, e o final da turnê coincidia com o final do meu trabalho com os tours políticos/ativistas na Palestina. Decidimos então nos encontrar em SF, eu vindo da Palestina (com uma passagem por Paris) e ela de Seattle.
Algumas semanas atrás eu fui visitar Anne em Berlim, onde ela está morando atualmente. Eu estive na cidade alguns anos atrás, também durante o verão, e adorei. Até escrevi um Guia Vegano da cidade. As opções veganas aumentaram ainda mais desde a primeira vez que estive lá e o guia merece uma segunda parte. Berlim é sem dúvida a capital vegana da Europa. É incrível ver como veganismo é algo comum e bem aceito por lá. Comi em vários restaurantes veganos, mas também em restaurantes tradicionais, pois é comum ter opções veganas em praticamente todos os lugares. Você pode sair pra comer com suas amigas onívoras e ter a certeza que vão encontrar facilmente um lugar que vai deixar a barriga de todo mundo satisfeita.
Acabo de chegar de dez dias de férias em Marselha. “Chegar” é modo de falar, pois na verdade eu não chego, eu passo. E estou novamente de passagem no interior da França, mas já de malas prontas pra próxima aventura. (Lembrando a quem não sabe: o Papacapim está no Instagram e sempre compartilho fotos das minhas andanças e comilanças pelo mundo.)
Mas então, Marselha. Apesar de ter morado seis anos inteirinhos em Paris, nunca tinha me aventurado pelo sul da França. Um grande erro que decidi corrigir. Quando eu levava minha vida tranquila de universitária na cidade luz meus amigos parisienses diziam: “Marselha? Oh, la, la! É uma cidade suja, barulhenta e perigosa!” E eu pensava com os meus botões que essa noção de “cidade perigosa” é relativa e que não podia ser pior do que as grandes metrópoles brasileiras. Pois tenho a satisfação de informar que meus amigos parisienses estavam errados. Marselha, a segunda maior cidade da França, é incrível, vibrante, um caldeirão cultural com praias lindas de águas cristalinas e pessoas gentis e simpáticas. Sim, a criminalidade existe, principalmente em certos bairros (longe do circuito turístico), exatamente como em todas as cidades onde as desigualdades sociais são gritantes e a discriminação racial rola solta. Mas em nenhum momento me senti em perigo. E sim, a cidade é menos “arrumadinha” que a capital e tem graffiti em praticamente todos os muros e portas, mas não considero isso sujeira: adoro arte de rua. Sem falar que com tanta gente falando Árabe ao meu redor me senti em casa.
Quando escrevi o primeiro Guia Vegano de Natal, em 2012, comer fora de casa ainda era um desafio pros veganos natalenses ou de passagem pela cidade. Um ano depois as opções tinham aumentado e escrevi a segunda parte do Guia. Esse ano fiquei extremamente feliz ao perceber que, seguindo a tendência mundial, o movimento vegetariano/vegano está ganhando força na cidade. Embora ainda não possa ser considerada um paraíso vegano, hoje a lista de restaurantes veganos/vegetarianos em Natal está mais longa e, o que me deixou mais impressionada, opções de pratos 100% vegetais aparecem no cardápio de vários restaurantes onívoros. Por isso repito: o futuro é vegetal!
Ano passado fiz o Guia vegano Natal, onde reuni alguns restaurantes (vegs ou com opções vegs) e lojas de comida na cidade do sol. Durante as férias desse ano descobri novos endereços bacanas pra nós veganos/vegetarianos e interessados em ingredientes e pratos vegetais saborosos em geral. As descobertas desse ano foram: um restaurante vegetariano, mas que é quase todo vegano, uma pizzaria com ótimas opções pro pessoal veg e uma loja que vende as melhores oleaginosas e frutas secas da cidade! (Assim que cheguei ao Brasil a lente da minha câmera fotográfica quebrou e passei a usar a da minha irmã, que tem uma qualidade muito inferior. Isso explica porque as fotos não estão tão boas.)
Praia é, pra mim, o lugar mais difícil de ser vegano. Já repararam que restaurantes e barracas na praia só servem peixes, frutos do mar e outros produtos de origem animal? Se tiver macaxeira frita e feijão verde (as únicas opções veganas que esse tipo de estabelecimento serve aqui no Nordeste, além, claro, de batata frita e salada de alface com tomate) considere que é o seu dia de sorte! Por isso fiquei extremamente feliz quando uma leitora sugeriu o restaurante vegetariano/vegano La Verde Vida, em Pirangi. A praia fica a poucos quilômetros de Natal e é passagem obrigatória pras praias mais badaladas do Litoral Sul. Infelizmente chegamos tarde e já não tinha tantas opções, mas apesar disso me deparei com uma variedade boa de pratos, todos saborosos e muitos extremamente criativos. Bife de caju, torta salgada de jaca verde, ensopado de mamão verde e a famosa lasanha de jaca (único prato que não era vegano no dia) são alguns exemplos. O arroz da terra e o feijão estavam suculentos e ainda pude degustar três sobremesas veganas! Tudo regado com um chazinho de gengibre e maracujá de lamber os beiços. Junta-se a isso a atmosfera relaxada do lugar, os preços acessíveis e a simpatia sem tamanho de Gladis, a dona da casa, e o resultado é um restaurante que realmente vale a pena visitar (e voltar sempre que possível).
Vai lá: Restaurante La Verde Vida Av. São Sebastião, 241, praia de Pirangi do Norte (estacione perto do hospital, na rua paralela). Aberto para almoço aos sábados e domingos (chegue cedo!). Contato: 8873-3063 e 9150-8180.
Ano passado descobri uma pizzaria tradicional italiana em Ponta Negra e fiquei feliz da vida em poder degustar pizzas de qualidade. Esse ano, graças à minha irmã e ao meu sobrinho, visitei a pizzaria Rossopomodoro, também em Ponta Negra, e me encantei. A massa tradicional italiana, fininha, saborosa e ligeiramente crocante, é do jeitinho que eu gosto. E no longo cardápio, não faltam opções pros veganos. Na verdade só tem uma pizza vegana ( se não me engano se chama ‘marinara’ e tem molho de tomate, orégano e acho que nada mais), porém tem algumas opções vegetarianas e é só pedi-las sem queijo. Não só eles não fazem cara feia quando você pede pra fazer sua pizza sem queijo, como também é possível acrescentar ingredientes como tomate seco, rúcula, alcaparras e alcachofas. Minha preferida (a da foto acima) tem tomate seco e rúcula e sempre pedia pra acrescentar alcaparras. Como vocês podem ver, eles são generosos com os ingredientes. Eles também servem um molhinho estilo pesto que é vegano (só tem manjericão, alho e azeite), então sempre comia minhas pizzas lambuzadas com ele. E pra tudo ficar ainda melhor, os preços são camaradas.
Vai lá: Pizzaria Rossopomodoro Av. Praia de Búzios, 9055, Ponta Negra. Contato: 3219-0347. Fechado nas quartas-feiras.
O bairro do Alecrim continua sendo um ótimo lugar pra comprar cereais, leguminosas e oleaginosas com qualidade e preços bons. Mas esse ano minha irmã me levou pra loja Lucena, que é um verdadeiro paraíso pros amadores de castanhas e frutas secas. Encontrei as melhores (e maiores) castanhas do Pará que já comi, vários tipos de castanha de caju (uma especialidade do nosso estado), oleaginosas mais exóticas e todo tipo de fruta seca imaginável (morango, caju, banana, blueberry, cranberry, abacaxi…) e semente de chia pelo melhor preço da cidade (70 reais o quilo. Pode até parecer muito, mas nos supermercados da cidade o quilo sai por volta de 120 reais). Essa loja também vende cachaças envelhecidas, quinoa, amaranto, óleo de linhaça e outros produtos especiais, mas o que mais gostei lá foram as oleaginosas e frutas desidratadas. E os preços? Ainda mais em conta do que no Alecrim! Essa loja com certeza se tornou um dos meus endereços preferidos na cidade.
Vai lá: Produtos Lucena Rua Agnaldo Gurgel Júnior, 10, Candelária (perto do encontro das avenidas Integração com a Salgado Filho). Contato: 3207-8079. Vejam o site deles aqui.
Gostaria de ter visitado mais lugares e de ter organizado algum evento com os leitores de Natal (Marcela e Giselle, fiquei em dívida com vocês, perdão). Achei que dessa vez, por ficar dois meses inteiros lá, encontraria tempo pra fazer tudo, mas… Na minha lista pro ano que vem tem o restaurante A Casa, em Potilândia. É vegano, é barato e quem comeu por lá gostou. Chegue cedo, pois esse lugar pequeno é bem popular, então a comida acaba rápido (tentei ir depois das 12.30 e já não tinha mais nada). E, claro, pretendo encontrar os leitores papa-jerimuns. Talvez se eu começar a planejar agora, o evento (enfim!) aconteça.
Cinco anos morando aqui e só agora preparei um guia vegano da minha cidade preferida. Mas antes tarde do que nunca e ter esperado tanto tempo fez com que eu pudesse namorar a cidade longamente e ir descobrindo, aos pouquinhos, os tesouros que ela esconde.
Promessa é dívida e aqui está o Guia Vegano de Natal. Fiquei muito feliz em ver que o número de vegetarianos/veganos está crescendo na cidade e que ficou bem mais fácil ser herbívoro naquelas terras. O futuro é verde!