Quando comecei a cozinhar pra Anne, no início do nosso relacionamento, eu me deparei com o problema que muitos veganos enfrentaram (ou enfrentarão) algum dia: eu tinha me apaixonado por uma onívora e não sabia o que preparar pro jantar. Minha amada não era só onívora, ela era francesa. Na França uma refeição só é digna desse nome se nadar na manteiga e no creme, tiver pelo menos dois tipos de bicho morto e terminar com uma bandeja de queijos. Pior ainda, minha amada onívora francesa vinha da Auvergne, uma região no coração da França, famosa por transformar porquinhos indefesos em um número inimaginável de produtos comestíveis. Lá os bebês passam do mingau diretamente pro salame (Só Jesus Cristo salva!). Pensei: “Onde fui amarrar o meu bode?” (Se você não tem família morando na caatinga e desconhece o palavriado local, aqui vai a tradução: “Onde fui me meter?”)
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