Faz tempo que não publico um post da série “Como preparar…”. Por um momento eu achei que esses posts eram simples demais pra interessar vocês. Mas algumas pessoas mencionaram a utilidade dessa série quando perguntei o que vocês gostariam de ver aqui em 2013, então ela está de volta. Meu leitores têm níveis diferentes de habilidade na cozinha, alguns são super avançados e outros são debutantes, então vou continuar misturando receitas elaboradas com algumas bem simples, pra que o Papacapim seja interessante pra todos.
Apesar de batata ser provavelmente o vegetal mais comum de todos, não tem muitas receitas com batata aqui no blog. A razão é simples, batata está longe de ser um dos meus legumes preferidos. Aliás, do ponto de vista culinário, nem considero batata um legume: pra mim ela pertence à mesma categoria do arroz, pão e macarrão. O curioso é que muitos vegs, principalmente os iniciantes, abraçam com todas as forças essa categoria. Não tem problema nenhum comer ítens dessa categoria de vez em quando (nem macarrão, pão etc.), mas é bom tomar cuidado pra eles não se tornarem a maior parte da sua dieta.
Uma palavrinha sobre nutrição. Batata em si não é necessariamente ruim pra saúde, o grande problema é a maneira como ela é preparada. Não preciso convencer ninguém que batata frita e chips são preparações nutricionalmente pobres e o purê seria até interessante, se não acrescentássemos uma carrada de gordura saturada e colesterol (na forma de manteiga, leite e às vezes até queijo). Mas batatas cozidas ou assadas são inofensivas, com a condição de acompanha-las de condimentos saudáveis.
Aainda sobre o aspecto nutricional, uma batata pequena (138g) tem 3g de proteína, 3g de fibras e 22% da vitamina C que precisamos em um dia. A ironia é que vitamina C é a mais frágil de todas e é facilmente destruída pelo oxigênio (quando expomos a batata cortada ao ar), calor (do cozimento) e se dissolve na água em que for cozinhada, ou seja, como quase ninguém come batata crua (alguns crudívoros comem) boa parte dessa vitamina será perdida. O ideal é cozinhar a batata no vapor pra diminuir a perda de vitamina C, ou consumir o líquido no qual ela foi cozinhada (no caso de sopas, isso não é problema nenhum).
Descascar a batata é opcional. A vantagem de deixar a casca é que ela é rica em fibras, ferro e magnésio, além de reduzir a perda de vitaminas e minerais durante o cozimento (principalmente se você cozinhar a batata inteira, com a casca, no vapor). O problema é que batatas são banhadas em vários agrotóxicos durante a produção e uma das maneiras de diminuir os resíduos desses venenos é lavando bem e descascando o vegetal. Reduz, mas não elimina completamente. Infelizmente os agrotóxicos contaminam também o interior da batata. Então se puder comprar batatas orgânicas, maravilha! Você poderá come-las com casca e ganhar mais nutrientes. Eu faço assim: quando consigo achar batatas palestinas, produzidas por pequenos agricultores (aqui eles usam pouco ou nenhum agrotóxico), como com a casca. Mas está cada vez mais difícil encontrar vegetais palestinos na feira (culpa da ocupação) e quando só encontro batatas vindas das grandes plantações israelenses (nada ecológicas), descasco.
Muitas luas atrás minha amiga Mona perguntou como é que eu fazia purê vegano e desde então fiz uma anotação mental: escrever um post sobre meus purês veganos (tenho várias receitas e prometo que elas são muito mais interessantes, tanto nutricionalmente quanto gustativamente, do que purês tradicionais). Um dia o post chega, mas hoje queria compartilhar com vocês algumas maneiras super simples de preparar batata .
Batata salteada com cebola e salsinha
Uma receita muito simples, mas que faz bastante sucesso aqui em casa. Essas são as batatas que preparo com mais frequência.
2-3 batatas médias (dependendo do tamanho da sua frigideira)
1 cebola (pequena ou grande, dependendo da quantidade de batata utilizada)
Um punhado de salsinha fresca
Azeite, sal e pimenta do reino a gosto
Lave, descasque (ou não) e corte as batatas em fatias finas (mas não muito) e uniformes. Aqueça uma camada fina de azeite em uma frigideira grande e com tampa e distribua as fatias de batata em uma camada (o ideal é não encher demais a frigideira). Cubra e deixe cozinhar em fogo médio. Enquanto isso descasque a cebola, parta ao meio no sentido vertical e corte em fatias. Quando as batatas estiverem bem douradas em um lado sacuda a frigideira pra virar as fatias e dourar do outro lado. Espalhe a cebola por cima, cubra e deixe cozinhar mais alguns minutos. Cheque regularmente pra ver se as batatas estão começando a queimar (nesse caso diminua o fogo) e mexa os vegetais pra que a cebola também tenha uma chance de dourar. Quando as batatas estiverem macias (teste com a ponta de uma faca) e a cebola ligeiramente dourada tempere com sal (de preferência um sal marinho mais grosso) e pimenta do reino moída na hora. Desligue o fogo e polvilhe com salsinha fresca picada. Sirva imediatamente. Rende 2-3 porções como acompanhamento.
Batata refogada
Esse foi provavelmente o primeiro prato que aprendi a cozinhar na vida! Aprendi com minha mãe, que é muito boa nos refogados. Ela junta um tiquinho de colorau (urucum) pra dar cor às batatas, mas eu gosto de usar um tomate. Além de deixar as batatas menos pálidas, isso aumenta o sabor. Às vezes uso bastante tomate e transformo o refogado em “batata com molho de tomate”, como na foto acima. Mas confesso que prefiro a simplicidade da batata refogada (com um só tomate), que me lembra a comida de casa.
3 batatas médias, descascadas e cortada em cubos pequenos
1 cebola, picada
4 dentes de alho, picados/amassados
1 tomate (ou 4, se quiser fazer a versão com molho de tomate), picado
Azeite, sal e pimenta do reino a gosto
Uma pitada de orégano (opcional)
Em uma panela média aqueça 1cs de azeite e doure a cebola. Junte o alho e deixe cozinhar mais 30 segundos. Coloque os cubos de batata na panela e refogue mais 2-3 minutos. Junte o tomate, o orégano (se estiver utilizando), sal e pimenta a gosto e 1/2x de água. Deixe cozinhar coberto, em fogo baixíssimo, até a batata ficar macia. Mexa de vez em quando pra não deixar a batata grudar no fundo da panela. Se você manter a panela coberta e o fogo bem baixo, não precisará acrescentar mais água, pois haverá vapor suficiente (da água e do tomate) pra cozinhar as batatas. Se estiver fazendo a versão no molho de tomate, junte os 4 tomates e cozinhe como indicado acima (nesse caso NÃO precisa acrescentar água nenhuma). Quando a batata estiver bem macia prove e corrija o tempero. Rende 3-4 porções como acompanhamento.
Mais receitas de batata por aqui (clique no nome do prato pra ver a receita):
E ainda tem aqueles gnocchi… Pensando bem, até que a tal da batata apareceu bastante por aqui…
Sandra, vc tem receitas com inhame. Costume colocar no arroz. O que vc acha deste legume???
Acho ele bem simpático, mas confesso que não é dos meus preferidos (prefiro, de longe, macaxeira). E como aqui não tem inhame, nunca cozinho com esse legume.
Sandra, aproveitando o post sobre batata pra contar: fiz dessa panqueca alemã outro dia. É bom demais, gente! Eu gosto bastante de batata, mas não como com frequência. Uso mais em sopa, ou quando asso legumes.
Esperando suas receitas de purê.
Essa receita é uma delícia, mesmo. A combinação de batata+cebola+maçã é uma loucura:-)
Fiquei pensando cá comigo… será que não daria certo usar leite de soja (ou algum similar) para fazer purê de batata?
Quanto a inhame, fica muito bom cozido com cenoura e nabo, no caldo feito com alga konbu ou caldo de shiitake.
Que dá, dá, mas eu tenho uma maneira bem diferente de fazer purê vegano (não sou muito chegada a leite de soja). Suspense…
Já sinto um cheiro delicioso de post novo no ar… Lene é que vai gostar de um purê vegano! rs… Beijos!
Colega… Eu amo batata! Só que costumo comer a bichinha frita ou em purê com muita (Licença) manteiga, leite e até queijo. Igualzinho vc falou….
Amei suas receitinhas simples. Rende uma jantinha delícia!!
Agora toda noite rola panela de pressão lá em casa… Faço papinha pro bubo! Se tiver sugestões de papinhas delícia, estou aberta, tá? 🙂
Beijos
Queria tanto te ajudar, colega, mas Anne e eu estamos tentando há anos e ainda nada da gente conseguir fazer um bubo:-( Resultado: continuo com zero experiência com papinha de nenem. Buuuu!
Sandra, uma licencinha para dar uma dica à sua amiga Mona?
Quando o Daniel começou a transição do peito para comidinhas, comprei alguns livros para me orientar e também conheci um blog bem bacana, que fala sobre isso.
Os livros que mais gostei foram: Mamãe, eu quero!, da Sônia Hirsch e também Alimentação Infantil Vegetariana, da Eliane Lobato. Ambos eu encontrei na Estante Virtual bem baratinhos!
O blog é http://cozinhanatureba.blogspot.com.br/2010/07/leites-vegetais-para-bebes-e-criancas.html, da Vera Falcão, que é vegetariana há mais de 20 anos e cuidou de sua filha mais nova desse jeitinho. Ela tem dicas muito bacanas, que me ajudaram muito nessa fase.
Um beijão!
Ingrid
Obrigada por ajudar minha amiga Mona, Ingrid.
Valeu, Ingrid!!! “O mamãe, eu quero” a minha médica já tinha recomendado, agora vou ver as demais dicas suas, Brigadona!!!
Sandra, tentei fazer a panqueca de batata alemã no Natal e deu errado 🙁 Fui jogando maizena atrás de maizena e nada da batata dar liga. Joguei, joguei, joguei até ter jogado o pote inteiro e a batata não ligou. Ficou só uma batata embebida numa água branca ralinha. Quando foi pro fogo (em puro desespero), só espirrou e deu liga na parte de baixo (onde cozinhou e secou) e na parte de cima nada. Eu tinha passado a batata no processador e me enganei no disco de corte e cortei em tiras grossas. Será que você consegue imaginar o que aconteceu?
OBS: Pra não parecer que o meu Natal foi puro desastre (hahahah), foi o melhor Natal que já tive! Deu tudo certo com a família, minha mãe finalmente não encrencou comigo pra que eu tivesse espaço pra planejar a ceia junto, e todos provaram a minha comida 🙂 Eu fiz o tofu e cogumelos com molho de maçã e cebola, e a sobremesa da ceia fui eu que fiz, um veganíssimo pavê de morango com ganache de chocolate seu também 🙂
Beijos!
Que triste! Uma pena não ter dado certo, pois essa receita é tão gostosa. Quem testou, aprovou, então tente mais uma vez (com o disco certo no processador:-) Que honra saber que algumas da minha receita apareceram na sua ceia de natal!
Sandra! Fiz as panquecas de novo (dessa vez escolhi o disco certo do processador…) e deu MUITO CERTO! \o/ Ficou uma delícia e fez muito sucesso. Ficou tão gostoso que se não tivesse ((riscado)cometido o erro de ter(/riscado)) feito na frente na família, eu teria ficado com tudo pra mim e teria ganho uns 10 kgs de tanta batata. Obrigada por mais uma receita 😀
Sandra, eu sou do time que adora batatas! Mas curiosamente não sou muito fã de batatas fritas. Para mim uma batata cozida, até pode ser com casca, regada com um bom azeite e um pouco de verdura cozida é um verdadeiro manjar! E batatas a murro? Não consigo resistir! Mais uma vez tenho sorte de ter batatas sem agrotóxicos e quando são “novas”, ou seja colhidas recentemente, da época, me consolo a comer batatas com casca, que está bem fina! Adorei todas as receitas com batatas que publicaste. Aliás eu sei que sou repetitiva, mas gosto de TODAS as tuas receitas!
Você me deixa enrubecida, Lina…
Apesar de fazer pouco, sempre que tenho vontade de comer batatas acabo preparando-as assadas em pedaços médios (com casca) e tempero com rodelas de pimentão, cebola, azeite e sal. Dificilmente faço purê, pois tenho certa preguiça, então é assim que prefiro comer. Sempre fica bom, não dá pra errar… 🙂
Também adoro batata no forno, Bárbara. Essa maneira de preparar batata também é muito popular aqui em casa.
Ah, eu já fiz sua Panqueca Alemã, adoro a crocância dela. E sua salada de batata, tofu defumada e uvas não tarda em aparecer aqui em casa, só preciso achar o tofu…rs
Hum… um purê ao estilo judaico, com batatas amassadas e cebola muito dourada em azeite…. amo!